Embaixador russo na UE defende direito a retaliação no leste da Ucrânia

  • ECO
  • 14 Fevereiro 2022

Vladimir Chizhov diz que a Rússia irá responder se a Ucrânia lançar uma ofensiva contra os russos que vivem no leste do país. Crescem receios de uma operação encenada com vista a legitimar a invasão.

O embaixador da Rússia na União Europeia, Vladimir Chizhov defendeu, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, que o seu país tem o direito a contra-atacar se a Ucrânia lançar uma ofensiva contra cidadãos russos no leste da Ucrânia. Os EUA têm acusado Moscovo de estar a preparar um ataque encenado que sirva de pretexto a uma invasão.

“Não invadiremos a Ucrânia a menos que sejamos provocados”, disse Vladimir Chizhov, que representa a Rússia em Bruxelas desde 2005. “Se os ucranianos lançarem um ataque contra a Rússia, não deve surpreender-se se contra-atacarmos. Ou, se eles começarem a matar descaradamente cidadãos russos em qualquer lugar – Donbas ou onde quer que seja”, afirmou Chizhov.

“O que quero dizer com provocação é que eles podem levar a cabo um incidente contra as autoproclamadas repúblicas do Donbas, provocando-as e depois atingindo-as com todas as suas forças, provocando assim a Rússia a reagir para evitar uma catástrofe humanitária nas suas fronteiras”, acrescentou o diplomata.

O Governo dos EUA acusou Moscovo, há um mês, de estar a preparar um ataque encenado de forças ucranianas contra russos no leste do país, que serviria de pretexto para uma invasão. No domingo, acrescentou que a invasão podia acontecer já a partir de quarta-feira, segundo informações conseguidos pelos serviços secretos.

A região mais a leste da Ucrânia é controlada por rebeldes russos, armados e financiados por Moscovo desde 2014, embora o Kremlin desminta essa auxílio. Perto da fronteira com o país estarão já cerca de 140 mil tropas russas, segundo os jornais internacionais.

Vladimir Chizhov rejeitou que uma invasão estivesse iminente, afirmando ao The Guardian que o número de tropas era equivalente ao exercício militar Zapad 21, realizado em setembro. “E ninguém disse nada na altura”, acrescentou.

John Kirby, porta-voz do Departamento de Defesa norte-americano, afirmou esta segunda-feira que a Rússia reforçou ainda mais as forças militares na fronteira durante o fim de semana. Moscovo diz que parte das tropas fazem parte de um exercício conjunto com a Bielorrússia que está a terminar.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, manteve esta segunda aberta a possibilidade de um entendimento diplomático. Numa conversa para as câmaras, Vladimir Putin faz uma questão a Lavrov: “Há a possibilidade de chegar a um acordo com os nossos parceiros sobre questões fundamentais ou é uma tentativa de nos arrastar para negociações intermináveis?”

“Como responsável pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, devo dizer que há sempre uma hipótese”, respondeu o ministro russo. As oportunidades de diálogo “não estão esgotadas, (mas) não devem durar indefinidamente”, disse Lavrov, acrescentando que Moscovo está “pronto para ouvir contrapropostas sérias”.

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