Seca castiga produção de cereais e pecuária, aumentando preços

Quase metade do território nacional está em seca severa ou extrema, prejudicando a produção agrícola. Cereais e pecuária são dos mais castigados e custos de produção começam a subir.

O cenário de seca meteorológica severa e extrema que se regista em Portugal já está a ter efeitos negativos ao nível do aumento do preço dos meios de produção na agricultura. De acordo com o mais recente Boletim de Previsões Agrícolas do INE, no final de janeiro, a seca afetava 45% do território continental.

As estatísticas apontam que um dos setores mais penalizados tem sido o da produção pecuária, em particular a extensiva, devido às fracas condições de pastoreio, que obrigam a uma suplementação extraordinária dos animais. Nas regiões mais afetadas pela seca severa ou extrema (Sul e interior Norte e Centro), as condições de pastoreio agravaram-se, sendo muito deficitárias nas pastagens de sequeiro

“O recurso a forragens armazenadas, palhas e rações industriais tem sido bastante superior ao normal para a época, o que penaliza o setor agropecuário devido ao aumento dos custos de produção. De referir que entre setembro e dezembro de 2021 o preço dos alimentos para animais aumentou 17%”, refere o relatório do INE.

Na produção de cereais também se registam fortes impactos, como a diminuição da área semeada (apenas 103 mil hectares, a menor dos últimos 100 anos) e um fraco desenvolvimento das searas de sequeiro.

“Este cenário de seca, aliado à subida dos preços dos meios de produção, tem gerado incerteza e preocupação crescente no setor”, refere o INE, acrecentando que desde setembro de 2021, o preço dos adubos aumentou 73% e o do gasóleo colorido 7%, fazendo aumentar a incerteza e anulando o potencial efeito que a tendência em alta dos preços dos cereais, como o trigo, centeio, cevada e aveia (mas sobretudo o trigo) nos mercados internacionais, poderiam ter no aumento das áreas semeadas.

Como conclusão, as áreas de cereais de inverno para grão deverão ser inferiores às do ano anterior (-5%), diz o INE. Para a aveia prevê-se uma redução na produtividade na ordem dos 40%

Boas notícias só no azeite, com produção recorde

As previsões agrícolas do INE, a 31 de janeiro, apontavam para que a campanha oleícola de 2021 atinja a maior
produção de azeite de sempre (2,25 milhões de hectolitros, +46% do que a produção de 2019, o segundo melhor registo desde 1915), consequência da condições meteorológicas favoráveis, principalmente na floração e vingamento dos frutos.

O aumento do peso dos olivais intensivos de regadio na estrutura do olival nacional também contribuiu de forma determinante para esta produção histórica de azeite, conclui o INE

“De um modo geral, o azeite produzido apresenta boa qualidade, com baixa acidez e boas características organoléticas. Como aspeto menos positivo, destaca-se o esgotamento da capacidade instalada para o processamento do bagaço de azeitona, que levou mesmo à interrupção da laboração em alguns lagares”. refere o Boletim.

(Notícia atualizada)

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