Petróleo em máximos aumenta preço das passagens aéreas
Subida na cotação do combustível usado nos aviões está a levar a um aumento do preço das viagens. Transporte de carga também está mais caro e em algumas rotas os voos são agora mais demorados.
“O impacto nos custos das companhias aéreas é inegável. Infelizmente, na situação que está o setor, estes aumentos vão impactar os preços das passagens. É uma pena, especialmente em um momento no qual o que mais queremos é voltar a voar!” As palavras deixadas pelo CEO da LATAM Airlines Brasil, Jerome Cadier, num post na rede social LinkedIn não deixam dúvidas: a subida do preço do combustível utilizado nos aviões, devido ao disparo na cotação do petróleo, vai chegar ao bolso dos consumidores.
O texto de Jerone Cadier foi publicado há uma semana. Desde então, a cotação do jet fuel disparou 43% na Europa nas últimas seis sessões, dos 110,92 dólares por barril para 158,68 dólares, segundo dados da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) e da Platts.
No sábado, a Malasya Airlines introduziu uma taxa para combustível no valor das passagens, o que não acontecia desde 2015. De acordo com a agência de notícias Reuters, as companhias chinesas, a Emirates, a Japan Airlines e a ANA Holgdings também aumentaram este sobrecusto.
Questionada pelo ECO sobre o impacto deste aumento no custo do jet fuel no preço dos bilhetes, fonte oficial da TAP salienta apenas que “além do hedging, a companhia melhorou a eficiência no consumo de combustível e está a monitorizar a situação”.
É provável que o custo do combustível continue a subir, tendo em conta que esta segunda-feira o petróleo chegou muito perto dos 140 dólares por barril, abeirando-se do máximo histórico de 147,50 dólares registado em julho de 2008. Em Nova Iorque, o crude esteve muito próximo dos 125 dólares.
De acordo com o site da IATA (com dados até 4 de março), o preço médio do combustível usado nos aviões está este ano nos 110,2 dólares por barril, quase 42% acima dos 77,7 dólares de 2021. A associação calcula que a fatura de carburantes da indústria terá um acréscimo de 78,3 mil milhões de dólares em 2022, devido ao custo mais elevado.
Um custo que as companhias aéreas terão de refletir no valor das passagens aéreas, pelo menos em parte. “Uma vez que o combustível representa cerca de 30% dos custos totais… não conseguem absorver [o aumento], por isso terão de passar para o consumidor”, afirma Jim Scott, managing partner da Royal Pacific Consulting Group, em declarações à canadiana Global News.
As companhias que tenham contratos financeiros que permitem proteger contra a subida da cotação do jet fuel (hedging), poderão conseguir atenuar o impacto e o reflexo no valor das passagens. Mas algumas não têm qualquer cobertura, como é o caso da United Airlines, da American Airlines ou da Delta Airlines (esta última é proprietária de uma refinaria).
Não é só o preço cobrado aos passageiros que sobe. Também o transporte de carga está a ficar mais caro. A CNBC escrevia na sexta-feira passada, citando a plataforma Freightos, que as tarifas da China para a Europa dispararam 80% na semana passada para os 11,36 dólares por quilo, o valor mais alto desde outubro. O período a seguir ao Natal e Ano Novo é considerado “época baixa” no transporte de mercadorias, pelo que os valores costumam ser mais baixos.
A proibição de as companhias ocidentais atravessarem o espaço aéreo russo, decido por Moscovo em retaliação por uma medida idêntica contra as suas transportadoras aéreas, vai ainda aumentar a distância percorrida e o tempo de viagem em várias rotas entre a Europa e a Ásia. O que também impulsiona o preço.
“Dependendo das condições de vento, alguns voos nas rotas entre Singapura, Dinamarca, Países Baixos e Reino Unido podem registar um tempo de voo de cerca de mais uma hora”, respondeu a Singapore Airlines ao jornal The Strait Times. A Air France cancelou inicialmente os voos para a China, Coreia do Sul e Japão para implementar novas rotas, também elas mais demoradas.
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