Lucros da Jerónimo Martins sobem 48% em 2021

A dona do Pingo Doce e da Biedronka viu o resultado líquido crescer 48,3% no ano passado, para 463 milhões de euros. Grupo de distribuição vai pagar um dividendo de 78,5 cêntimos aos acionistas.

Os lucros da Jerónimo Martins aumentaram 48,3% em 2021, para 463 milhões de euros. No ano anterior, o primeiro da pandemia, a retalhista alimentar tinha lucrado 312 milhões de euros. Os resultados foram comunicados esta quarta-feira pela dona do Pingo Doce à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A administração liderada por Pedro Soares dos Santos informa ainda que “apesar da incerteza que ainda marca os ambientes em que [opera], este desempenho e a robusta situação financeira” do grupo levam a propor aos acionistas a distribuição de um payout extraordinário de 100% dos resultados líquidos (sem IFRS16), o que corresponde a um dividendo bruto de 0,785 euros por ação.

No que toca às receitas, a retalhista alimentar apresentou um crescimento de 8,3% em termos homólogos, atingindo um total de 20,9 mil milhões de euros no ano passado, que foi “pautado por desafios e incertezas, ao longo do qual as equipas, em particular as que estiveram na linha da frente do negócio, em circunstâncias especialmente desafiantes, serviram com dedicação os consumidores”.

“A sólida evolução das vendas em todas as áreas de negócio, conjugada com a gestão criteriosa do mix de margem e com o foco na eficiência das operações, permitiu limitar a pressão do imposto sobre as vendas introduzido em janeiro de 2021 na Polónia; beneficiar da alavancagem operacional em Portugal; e concretizar avanços importantes rumo à rentabilidade na Colômbia, com a Ara a entregar, pela primeira vez, EBITDA positivo (sob IFRS16)”, salienta a empresa.

Ao nível do grupo, os resultados consolidados mostram que a margem EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) subiu de 7,4% em 2020 para 7,6% em 2021. O desempenho operacional refletiu-se numa “forte geração de fundos” e levou a retalhista a encerrar o ano com uma posição líquida de caixa (excluindo responsabilidades com locações operacionais capitalizadas) de mil milhões de euros.

Na habitual nota a acompanhar as contas, o presidente e administrador-delegado, Pedro Soares dos Santos sustenta que “embora à luz dos recentes eventos na Ucrânia, 2021 nos pareça já muito distante, é justo reconhecer que as equipas superaram novamente os desafios colocados pelas difíceis circunstâncias”, pois “ainda num contexto de pandemia estabeleceram-se novos recordes de vendas e confirmou-se o valor e a relevância das propostas das insígnias para o consumidor”.

Salientando que “o caminho é cheio de desafios e de incertezas que o conflito militar só veio reforçar”, o gestor destaca a “resiliência e capacidade de superação” da Biedronka na Polónia, a “juventude e expansão da Ara” na Colômbia e o “profundo conhecimento do negócio” em Portugal. Onde lamenta “continuar a encontrar problemas estruturais, elencando “uma população a envelhecer, uma economia frágil e pressionada pela elevada carga fiscal, a escassez de investimento produtivo e a falta de oportunidades para os jovens”.

Motor na Polónia em risco de “gripar”

A polaca Biedronka continua a ser o motor das vendas do grupo, ao registar uma subida de 8% face a 2020, atingindo 14,5 mil milhões de euros. Ainda na Polónia, a Jerónimo Martins viu as vendas da cadeia de beleza Hebe evoluírem 13,5%, para 278 milhões de euros. E na Colômbia, as receitas da Ara ultrapassaram, pela primeira vez, a fasquia dos mil milhões de euros (+29%).

Em Portugal, as vendas do Pingo Doce superaram o “marco histórico” de 4 mil milhões de euros num ano em que abriu 14 novas lojas (12 adições líquidas) e renovou 15 localizações. Ficou 4,6% acima de 2020 (LFL, excluindo combustível, de 2,7%), tendo contribuído para este desempenho “uma intensa dinâmica promocional e de aposta no preço, que se traduziu, no ano, em deflação no cabaz”. O programa de investimento para 2022 prevê inaugurar uma dezena de novas lojas e remodelar perto de 30.

a cadeia grossista Recheio continuou a sofrer com a reduzida atividade turística e com as restrições da pandemia, que continuaram a “limitar a trajetória de subida das vendas” da insígnia, que fecharam o ano a crescer 7% (para 906 milhões de euros), com um LFL de 7%. O EBITDA de 43 milhões de euros, 30,3% acima de 2020, e o aumento da respetiva margem para 4,7% em 2021 “refletem a tendência de recuperação da alavancagem operacional”.

Neste comunicado à CMVM, o grupo diz que espera poder manter o plano de expansão que tinha previsto para a Biedronka na Polónia (abrir um novo centro de distribuição, mais 130 lojas e remodelar outras 350), mas admite que “a situação atual exige uma monitorização ainda mais rigorosa e uma maior capacidade de adaptação”. “Iremos, de forma contínua, reavaliar as necessidades e prioridades”, acrescenta.

A retalhista diagnostica o aumento rápido da inflação dos produtos alimentares, da energia e dos transportes, intensificado pelo conflito militar na vizinha Ucrânia e por “crescentes limitações” nas cadeias de abastecimento internacionais, além da “visível depreciação” das moedas da Europa de Leste, nomeadamente do zloty. Mas diz-se preparada para “reforçar o investimento em preço e garantir a sua competitividade, o que irá aumentar a pressão sobre as margens”.

“Num contexto de maior inflação alimentar, a competitividade de preço e a criação de oportunidades de poupança para o consumidor através da atividade promocional tornam-se ainda mais críticas na agenda de todas as companhias. A Biedronka está consciente das dificuldades acrescidas de gerir o equilíbrio entre o crescimento das vendas e a proteção da rentabilidade. Nas atuais circunstâncias, a sua principal prioridade é estar ao lado dos consumidores polacos e fazer justiça à promessa da insígnia num momento de diminuição do rendimento disponível das famílias”, conclui.

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