Portugal entre os mais expostos ao risco de rutura no abastecimento de gasóleo
Portugal resistia cerca de 64 dias apenas com as reservas de diesel, sem nenhuma outra fonte de abastecimento. Este número é o oitavo pior da Europa, segundo a Bloomberg.
As preocupações com a possível escassez de gasóleo no mercado se a Rússia deixar de exportar têm vindo a crescer, nomeadamente depois de corretores de combustíveis alertarem para este risco. A Europa tem apenas cerca de 40 dias de abastecimento do combustível em reserva, sendo que Portugal seria das regiões mais rapidamente afetadas pela falta de outras fontes de fornecimento.
As contas são da Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês), que adianta que existiam 247,4 milhões de barris da categoria de combustível que conta com o diesel como o maior componente armazenados em países europeus no final de janeiro, segundo a Agência Internacional de Energia.
Estes são então suficientes para responder a cerca de 40 dias de procura, mesmo que a região não tenha produzido ou importado um único barril a mais do combustível. Os países europeus vão continuar a produzir gasóleo e importá-lo das fontes tradicionais não russas, mas a velocidade com que as reservas são esgotadas dependerá da eficácia na substituição do abastecimento que atualmente vem da Rússia.
Caso as reservas que existem na Europa fossem a única fonte de fornecimento de gasóleo, Portugal está entre os países que teriam mais dificuldades. O país resistia cerca de 64 dias apenas com as reservas, das quais 41,8 dias correspondem ao stock da indústria e 22,8 às reservas públicas. Este número é o oitavo pior da Europa.
Estas reservas não estão assim distribuídas de forma uniforme, pelo que a escassez surgirá mais cedo em alguns locais do que em outros. Enquanto a Finlândia e a Dinamarca detêm stock privado e controlado pelo governo suficiente para manter a indústria a funcionar por mais de seis meses, o Reino Unido e a Noruega detêm o suficiente para pouco mais de 30 dias.
Os responsáveis de três dos maiores traders de matérias-primas do mundo tinham estimado, segundo o Financial Times, que cerca de três milhões de barris diários de petróleo e seus derivados podem desaparecer do mercado devido às sanções à Rússia. Cerca de 15% do gasóleo consumido na Europa tem origem na Rússia e o petróleo daquele país é usado em refinarias no continente para produzir diesel.
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