Juros a 10 anos de Portugal nos 1,5%, máximo de três anos

A taxa portuguesa a dez anos chegou aos 1,5%, tendo ultrapassado o pico da pandemia e atingindo o valor mais elevado desde fevereiro de 2019.

No mercado secundário de dívida pública, os juros da dívida portuguesa a dez anos tocaram esta terça-feira nos 1,5%, superando o pico atingido no início da pandemia em março de 2020 e alcançando um máximo de três anos. Desde fevereiro de 2019 que a taxa portuguesa não era tão elevada. Neste momento, negoceia nos 1,521%.

Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro têm subido nas últimas semanas à medida que a taxa de inflação tem acelerado mais do que o esperado, primeiro por causa da reabertura da economia e depois por causa do impacto da invasão russa na Ucrânia. Os investidores estão a incorporar cada vez mais a expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) irá subir os juros em breve, após ter arrancado a normalização da política monetária com a redução da compra de ativos. Quando exatamente é a dúvida que persiste.

Este agravamento dos juros acontece no dia em que se sabe que o IGCP, a agência que gere a dívida pública, contratou bancos para emitir novas obrigações a 10 anos. Se o mercado secundário — que serve de referência para estas operações — não inverter até esta quarta-feira, é expectável que Portugal pague bem mais do que na última emissão comparável. No início deste ano, o IGCP captou um financiamento de três mil milhões de euros com títulos a 20 anos, com uma taxa de juro a rondar os 1,2%.

Esta subida dos juros da dívida pública de Portugal no mercado secundário tem paralelo no que também acontece nas yields dos outros países da Zona Euro, ainda que penalize mais os países periféricos. Por exemplo, os juros a 10 anos da dívida francesa no mercado secundário estão a subir para os 1,13%, registando a maior subida diária em mais de um mês.

O receio relativamente ao resultado das eleições presidenciais em França este mês está a alargar a diferença (spread) entre os juros franceses e os juros alemães, os quais continuam a ser a referência (benchmark) do mercado. Esta diferença está neste momento em máximos de dois anos, coincidindo com o período de início da pandemia na Europa.

Os juros das bunds (obrigações alemães) a dez anos também sobem, mas menos, situando-se neste momento nos 0,6%. Em março, devido ao impacto da guerra na Ucrânia, a yield alemã já tinha registado a maior subida mensal desde 2019.

Além da aceleração da inflação na Zona Euro e o aperto monetário, a contribuir para esta subida do custo da dívida deverá estar a perspetiva de mais sanções contra a Rússia. A Comissão Europeia apresentou esta terça-feira o quinto pacote de sanções que inclui desta vez a energia, colocando a mira nas importações europeias de carvão russo.

No caso dos Estados Unidos, onde a Reserva Federal norte-americana já começou a subir os juros diretores, a yield a dez anos da dívida pública está a subir para os 2,51%. Do outro lado do Atlântico, uma das governadoras da Fed, Lael Brainard, indicou que pode começar em breve o processo de redução do balanço de ativos que comprou na última década, mais um sinal de aperto monetário.

(Notícia atualizada às 17h25 com mais informação)

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