Relatório europeu propõe tornar públicos dados relativos a desastres naturais

Instituições financeiras consideram que a literacia para os seguros, medidas de adaptação, mutualização dos riscos e partilha de dados podem ser a chave para reduzir a lacuna de proteção.

O relatório ‘Diálogo sobre a Resiliência Climática’ considera necessário o regulador europeu de seguros (EIOPA) considerar recolher dados sobre perdas seguradas e exposição a catástrofes naturais e de torná-los públicos para garantir avaliações de risco corretas e reduzir a lacuna de proteção face a eventos climáticos. O estudo parte da iniciativa da Comissão Europeia e foi realizada pelos participantes, entre eles a InsuranceEurope, a EIOPA e a Agência Europeia do Ambiente.

Ainda relativamente à partilha de informações, a EIOPA propôs a criação de um centro público de dados relativos a catástrofes naturais a nível da UE, que resultaria da cooperação entre o setor segurador, autoridades da União Europeia e estados-membros.

O responsável pelos seguros pessoais e gerais da InsuranceEurope e coautor do relatório realçou que, para as seguradoras continuarem capazes de oferecer seguros “amplos e acessíveis”, a cooperação entre a sociedade civil, empresas, decisores políticos e empresas de seguros é essencial. Nicolas Jeanmart assinalou ser necessário reduzir radicalmente as emissões de gases com efeito de estufa e reforçar a resiliência das comunidades. Reunir (re)seguradoras, consumidores, empresas e decisores políticos para ouvir, aprender e oferecer soluções concretas é um dos caminhos a seguir”.

Embora ainda não se saibam detalhes, este último tema tem dado que falar em Portugal. Principalmente no que respeita ao Fundo Sísmico. Este deverá assumir forma de parceria público-privada que terá como receitas contribuições incorporadas nos prémios de seguros de habitação e empresas, sendo os danos com sinistros cobertos a sua totalidade por diferentes níveis de responsabilidades pelas seguradoras, resseguradoras e Estado. Neste momento, a ASF está a preparar um regulamento para a criação do fundo que devera entregar ao governo até ao final do ano.

Literacia e adaptação também são chaves para reduzir a exposição ao risco

O relatório também propõe fomentar a literacia para os seguros para reduzir a lacuna de proteção. Nesse âmbito sugere “desenvolver ferramentas acessíveis para os consumidores e oferecer mais informações específicas às necessidades de cada localidade”. Incentivar os tomadores de seguro a adotar medidas de adaptação e assim mitigar os riscos, outra forma de reduzir a lacuna de proteção.

Todas as propostas mencionadas têm sido referidas pelos atores do setor em Portugal e aplicadas por algumas empresas e instituições públicas. A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões criou um portal para o consumidor dedicado a literacia financeira e há ferramentas de IoT (Internet das Coisas) utilizadas para a atribuição de descontos no seguro automóvel, por exemplo.

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Caixabank empresta 275 milhões ao BPI para reforçar defesas

BPI reduz custo da dívida perpétua com nova emissão de AT1 e recompra de AT1 emitidos há cinco anos. Acionista espanhol volta a tomar a operação.

O BPI concretizou esta terça-feira uma emissão de dívida perpétua subordinada, no montante de 275 milhões de euros, que servirá para reforçar as suas defesas, com a operação a ser integralmente subscrita pelo acionista CaixaBank.

A emissão destes títulos AT1 (Additional Tier 1, ou seja, que são equiparáveis a fundos próprios de nível 1) terá uma taxa de cupão fixa de 7,125% durante os cinco primeiros anos e dois meses, sendo a partir de então refixada de cinco em cinco anos, com base na taxa midswaps de cinco anos acrescida de um spread de 4,821%, detalha o banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa.

Ao mesmo tempo, o BPI reembolsa antecipadamente outros AT1 de 275 milhões de euros, que também tinham sido comprados pelos donos espanhóis. Porém, os novos títulos vão ter um custo inferior caso optasse por manter os títulos da emissão que agora vai ser reembolsada.

O banco salienta que a emissão igualmente o contributo para os instrumentos elegíveis no cumprimento do requisito de MREL (Minimum Requirement for Own Funds and Eligible Liabilities). Esta exigência visa reforçar a capacidade do banco de absorverem e restaurarem o capital, minimizando o risco de utilização de fundos públicos, em caso de dificuldades.

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Zelensky prepara remodelação de mais de metade do Governo

  • Lusa
  • 3 Setembro 2024

"Esta semana podemos esperar uma mudança importante no Governo. Mais de 50% dos membros do Conselho de Ministros vão sofrer alterações", anunciou o porta-voz do partido de Zelensky.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, deverá anunciar na quarta-feira mudanças em mais de metade do Governo, segundo o porta-voz do seu partido, Servo do Povo, no parlamento, David Arajamia. “Tal como prometido, esta semana podemos esperar uma mudança importante no Governo. Mais de 50% dos membros do Conselho de Ministros vão sofrer alterações”, anunciou Arajamia no Telegram, quando começaram a circular vários nomes que estão de saída do executivo.

Trata-se dos ministros das Indústrias Estratégicas, Alexander Kamishin, da Justiça, Denis Maliuska, do Ambiente e Recursos Naturais, Ruslan Strilets, bem como do diretor do Fundo de Propriedade do Estado, Vitali Kova, segundo confirmou o presidente do parlamento, Ruslan Stefanchuk. Arajamia explicou na sua conta de Telegram que as demissões serão anunciadas na quarta-feira e as nomeações dos novos membros do Governo um dia depois.

A confirmar-se, a remodelação governamental ocorre numa fase sensível da invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022. Enquanto as forças ucranianas reivindicam o controlo de parte da província russa de Kursk, as tropas de Moscovo continuam a progredir na frente de Donetsk, no leste da Ucrânia, ao mesmo tempo que os seus raides aéreos castigam as infraestruturas energéticas do país, antes da chegada do inverno.

Um bombardeamento russo com dois mísseis balísticos Iskander-M contra o Instituto Militar de Comunicações da cidade de Poltava, no centro da Ucrânia, matou esta terça pelo menos 51 pessoas, segundo o último balanço das entidades oficiais, sendo já um dos ataques mais mortíferos do conflito.

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MAI inicia processo de indemnização a familiares das vítimas do Douro

  • Lusa
  • 3 Setembro 2024

O despacho "desencadeia a tramitação legal que conduz ao pagamento das indemnizações devidas aos familiares daqueles que perderam a vida em serviço".

A ministra Margarida Blasco assinou o despacho de abertura do processo de indemnização aos familiares dos cinco militares da GNR que morreram na sequência da queda do helicóptero no rio Douro, anunciou esta terça-feira o Ministério da Administração Interna (MAI).

“A ministra assinou ontem [segunda-feira] o despacho que determinou a abertura dos processos de indemnização. O Governo, através da ministra da Administração Interna, não esquece, nem irá esquecer, quem deu a sua vida pelos outros”, afirma o MAI em comunicado divulgado esta terça-feira.

Na nota de imprensa, o gabinete da ministra Margarida Blasco, destaca que o despacho foi assinado “ainda no dia” em que foi realizado o funeral da última vítima a ser encontrada, na tarde de sábado. O despacho “desencadeia a tramitação legal que conduz ao pagamento das indemnizações devidas aos familiares daqueles que perderam a vida em serviço”, os cinco militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da Guarda Nacional Republicana (GNR).

“Após ter acompanhado, de perto, as famílias e ter participado nos funerais dos cinco militares da GNR que faleceram na passada sexta-feira, dia 30 de setembro, na sequência da queda, no rio Douro, de um helicóptero onde seguiam os militares”, o Governo, através da ministra da Administração Interna, “iniciou, assim, o procedimento que pretende seja o mais célere possível, sendo que, no cumprimento da legalidade, tudo se fará para que assim o seja”, assegura.

O Governo não esquece, nem poderia esquecer, quem deu a sua vida pelos outros, ao serviço da comunidade. Sendo certo que nada poderá compensar a perda de uma vida humana, há, porém, a determinação e garantia de prestar toda a ajuda e apoio às famílias das vítimas, que foram devastadas por tamanha tragédia”, refere.

“Portugal sabe, sempre, reconhecer o brio e a dedicação de todos aqueles que se alistam, ano após ano, para com o risco da própria vida, se colocarem ao serviço das forças de segurança para protegerem” a comunidade, sustenta.

Portugal prestou, assim, uma pública e sentida homenagem e reconhecimento coletivo, a estes cinco militares que deram a vida ao serviço da comunidade. É, agora, tempo de não esquecer as famílias que ficam e que precisam de toda a solidariedade e apoio que possa contribuir para que consigam, com a dignidade devida, prosseguir com a suas vidas mantendo sempre viva a memória de quem partiu fazendo jus à divisa da Guarda Nacional Republicana “pela lei e pela grei””, conclui.

O helicóptero de combate a incêndios florestais caiu no rio Douro na sexta-feira, próximo da localidade de Samodães, Lamego, transportando um piloto e uma equipa de cinco militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS). A equipa helitransportada regressava ao Centro de Meios Aéreos (CMA) de Armamar, onde estava sediada, vindos de um fogo no concelho de Baião.

O piloto da aeronave foi resgatado com vida, apenas com ferimentos ligeiros. Ainda na sexta-feira foram localizados os corpos de quatro militares da GNR. O quinto foi localizado no sábado à tarde, depois de intensas buscas no local. As causas do acidente ainda não são conhecidas. O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), organismo do Estado Português, tem uma equipa no terreno e que está a investigar o acidente.

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Acidente no Douro causado por ave, diz piloto de helicóptero

  • Lusa
  • 3 Setembro 2024

O piloto, único sobrevivente, terá observado uma ave de médio porte à mesma altitude e na trajetória do helicóptero, que o obrigou a executar um desvio à direita.

O piloto do helicóptero que caiu no rio Douro disse ter observado, antes do acidente, “uma ave de médio porte” na mesma linha de voo, obrigando a “um desvio”, mas a investigação ainda não determinou onde executou essa manobra.

Os dados constam de uma Nota Informativa (NI) divulgada esta terça-feira pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), a que a agência Lusa teve acesso, com as primeiras evidências do acidente, ocorrido na sexta-feira, em Lamego, e que causou a morte a cinco militares da GNR/Unidade de Emergência, Proteção e Socorro (UEPS), que regressavam de um incêndio, no concelho de Baião.

Este organismo refere que “no voo de regresso à base de Armamar (Viseu) a aeronave iniciou uma descida constante, onde sobrevoou a margem esquerda (sul) do rio Douro em direção à cidade de Peso da Régua”.

“No decurso dessa descida, segundo as declarações do piloto [único sobrevivente], este terá observado uma ave de médio porte à mesma altitude e na trajetória do helicóptero, que o obrigou a executar um desvio à direita, retomando a rota logo de seguida. Dos dados recolhidos até ao momento não foi possível determinar de forma independente o ponto de execução dessa manobra”, sublinha o GPIAAF.

Em sequência, pelas 11:32, acrescenta a investigação, “mantendo a descida em direção ao rio em volta à esquerda, a aeronave colidiu com a superfície da água com uma velocidade em torno dos 100 nós (185 km/h) por motivos a determinar”. “No processo de dissipação de energia ocorrido durante a colisão, o piloto, sentado à direita, e o ocupante da cadeira esquerda do cockpit foram projetados para fora da aeronave. Da colisão resultaram ferimentos fatais para os 5 elementos da UEPS e ferimentos graves do piloto, que conseguiu vir à superfície e ser resgatado por pessoas no local”, lê-se ainda na NI.

Segundo o GPIAAF, “as evidências sugerem que o motor da aeronave estava a produzir potência no momento da colisão”. “Da violenta colisão com a água, o helicóptero sofreu uma deformação da cabine incompatível com a sobrevivência dos seus ocupantes. A integridade estrutural ficou comprometida, libertando parte dos elementos de revestimento em material compósito”, descreve o documento.

Os componentes de baixa densidade ficaram à superfície enquanto os restantes destroços assentaram no leito do rio “entre quatro e seis metros de profundidade numa área de aproximadamente 3.600 metros quadrados”. O GPIAAF refere ainda que o helicóptero regressou à base de Armamar depois de constatar que não era necessária a sua intervenção.

Ao sobrevoarem a localidade de Fojo, [concelho de Baião], após avaliação do cenário pelo chefe de equipa da UEPS a bordo, às 11:30 foi decidido o regresso da aeronave à sua base por não se justificar o emprego dos meios num incêndio com o perímetro já circunscrito”, indica a NI. A bordo, aquando do acidente que aconteceu na zona de Samodães, concelho de Lamego (Viseu), seguiam cinco militares UEPC da GNR e o piloto, o único sobrevivente, que continua internado no hospital, mas fora de perigo.

Na sexta-feira foram recuperados os corpos de quatro militares e, no sábado à tarde, a quinta vítima mortal. Os militares que perderam a vida neste acidente tinham entre os 29 e os 45 anos, três eram naturais de Lamego, um de Moimenta da Beira e outro de Castro Daire, no distrito de Viseu. O helicóptero acidentado, do modelo AS350 – Écureuil, era operado pela empresa HTA Helicópteros, sediada em Loulé, Algarve, e o acidente aconteceu quando regressava ao Centro de Meios Aéreos de Armamar.

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ONU pede investigação independente a alegadas execuções de reféns em Gaza

  • Lusa
  • 3 Setembro 2024

Netanyahu diz que os reféns israelitas foram abatidos com um tiro na nuca. O Hamas rebateu a acusação, alegando que os reféns foram mortos "por tiros e bombardeamentos do ocupante".

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos pediu est terça-feira uma investigação “independente, imparcial e transparente” sobre a alegada execução sumária de seis reféns israelitas em posse do grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza. “Gaza: Estamos horrorizados com os relatos de que grupos armados palestinianos executaram sumariamente seis reféns israelitas, o que constituiria um crime de guerra”, declarou na rede X o gabinete do comissário, Volker Turk, que apela também para a responsabilização dos autores.

O Exército israelita anunciou no domingo a descoberta, num túnel na Faixa de Gaza, dos corpos de seis reféns, que, segundo os militares, foram mortos “à queima-roupa” pelo Hamas. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acrescentou na segunda-feira que os reféns foram abatidos com um tiro na nuca.

O Hamas rebateu a acusação, de acordo com um dirigente do grupo palestiniano citado sob anonimato pela agência France Presse (AFP), alegando que os reféns foram mortos “por tiros e bombardeamentos do ocupante”, ou seja, de Israel.

Durante o ataque sem precedentes do Hamas a Israel que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza, em 7 de outubro, 251 pessoas foram raptadas, 97 continuam detidas na Faixa de Gaza, incluindo 33 consideradas mortas pelo Exército.

O ataque provocou também a morte de cerca de 1.200 pessoas, sobretudo civis. Em resposta, Israel lançou uma grande ofensiva aérea e terrestre na Faixa de Gaza, que fez pelo menos 40.819 mortos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, na maioria mulheres e menores. O anúncio no domingo causou intensa agitação em Israel e intensificou ainda mais as críticas ao primeiro-ministro, acusado de não fazer o suficiente para libertar os reféns ainda detidos.

O próprio Presidente norte-americano, Joe Biden, cujo país é o principal aliado de Israel, criticou Netanyahu por não ter ainda feito a sua parte para alcançar um acordo com o Hamas. Na noite de segunda-feira, o chefe do Governo de Telavive reiterou que não cederia à pressão e que iria manter a operação militar contra o grupo palestiniano, recusando-se a ceder o controlo da faixa estratégica do Corredor de Filadélfia, no sul do enclave, e que tem sido uma das principais fontes de bloqueio das negociações.

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Moedas pede “ainda menos” movimentos no Aeroporto de Lisboa ao Governo

Obras no aeroporto de Lisboa preveem um aumento das movimentações por hora dos atuais 38 para 45, e embora o valor seja inferior ao decretado pelo anterior Governo, Moedas pede uma redução maior.

O presidente da Câmara de Lisboa garante que a sua posição em relação ao aeroporto Humberto Delgado “nunca mudou” e apela ao Governo que vá mais longe na diminuição dos movimentos por hora face às queixas associadas ao ruído noturno e poluição.

À margem da Assembleia Municipal, que decorreu esta terça-feira na Câmara de Lisboa, Carlos Moedas recordou que o atual Governo decidiu não concretizou o aumento de 38 para 72 movimentos por hora, recorrendo a outras pistas, tal como intencionava o Governo socialista, para 45, no âmbito das obras de expansão do aeroporto de Lisboa. E, embora admita que essa redução seja positiva face à decisão socialista, Carlos Moedas admite que “preferia que fosse ainda menos“. É uma “decisão dos reguladores”, defendeu-se.

Esse aumento não depende da Câmara Municipal de Lisboa. Como presidente da câmara, quero ter o mínimo de movimentos por hora e esse mínimo só será zero quando Alcochete estive pronto”, declarou, defendendo que o prazo previsto para a construção do novo aeroporto deveria ser inferior aos 10 anos previstos. “Queremos uma diminuição dos movimentos que este Governo diminuiu face ao Governo anterior, mas que deveria baixar. Chegaremos a zero em 2034, mas se chegarmos mais cedo ainda melhor“, concluiu.

Face às obras para o aumento de capacidade temporária do Aeroporto Humberto Delgado, Carlos Moedas exige à ANA Aeroportos que o município e os munícipes de Lisboa sejam compensados, seja por via da taxa de carbono ou pela realização de obras nas habitações para estarem melhor protegidas do ruído. Sobre esta última, o autarca alerta que isso “não tem sido feito, e tem de ser feito”.

“Mais uma vez digo às pessoas, reclamem. A Câmara [tem reclamado] e temos ajudado as pessoas, indicando o caminho [que devem seguir]”, frisou.

Esta terça-feira, a associação ambientalista Zero divulgou um estudo realizado com base nos dados da ANA Aeroportos que revela que, entre 26 de agosto e 1 de setembro, foram registados 161 voos a aterrar ou descolar do aeroporto Humberto Delgado, entre a meia noite e as seis da manhã. Este número de voos noturnos equivale a quase o dobro dos permitidos por lei, que são 91 por semana.

Ambientalistas manifestam a Carlos Moedas a sua oposição à expansão da Portela

Associações ambientalistas e cívicas manifestaram esta terça-feira ao presidente da Câmara de Lisboa a sua oposição à expansão do Aeroporto Humberto Delgado, devido ao ruído e à poluição, e defenderam que a aposta deve ser feita no alargamento da ferrovia. Dezenas de associações ambientalistas e de moradores da cidade de Lisboa estão a ser esta tarde ouvidas numa reunião pública extraordinária do executivo municipal para debater os efeitos do aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado.

Numa curta intervenção inicial, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), assegurou que o executivo está de acordo com as limitações de voos, mas ressalvou que “deve existir um equilíbrio com a atividade turística e económica”. Contudo, as entidades que estão a ser ouvidas manifestaram a sua oposição à expansão do aeroporto, alertando para as consequências que “já são visíveis”, nomeadamente a nível do ruído e da poluição ambiental.

O presidente da Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Pedro Amaral, sublinhou que “um aumento da oferta irá aumentar a procura, agravando as consequências já negativas do funcionamento do Aeroporto Humberto Delgado”. “As verbas públicas deviam ser canalizadas para o transporte ferroviário”, defendeu.

No mesmo sentido, o presidente da associação Zero, Francisco Ferreira, referiu que a Declaração de Impacto Ambiental (DIA) do aeroporto de Lisboa é de 2006 e que previa o encerramento daquela infraestrutura em 2015. “É inacreditável como é que nenhuma entidade põe isto em causa”, declarou.

Já José Rodrigues, do GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente) defendeu a abolição total dos voos noturnos e a aposta na ferrovia, “tornando viável o Aeroporto de Beja”. “É totalmente viável que se faça uma viagem de Beja para Lisboa de comboio”, apontou.

Por seu turno, várias associações de moradores, como a Associação Residentes do Alto do Lumiar e da Serafina, descreveram os impactos negativos que a atividade do aeroporto tem no seu dia-a-dia, especialmente no período noturno. “Não podemos subscrever este alargamento. Pedimos também à Câmara e ao senhor presidente que não subscreva este alargamento”, afirmou José Almeida, daquela associação.

A discussão sobre o aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado teve lugar esta tarde, na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho de Lisboa, e decorre de um pedido do PS. Segundo a vereação socialista, vivem nas freguesias contíguas ao aeroporto “cerca de 100 mil pessoas, já sujeitas a impactos negativos em matéria de ruído, poluição e congestionamentos viários”.

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Pedrosa considera “leviano” afirmar que TAP foi comprada com dinheiros próprios

  • Lusa
  • 3 Setembro 2024

Humberto Pedrosa defendeu que a Atlantic Gateway adquiriu a sua participação na TAP por dez milhões de euros com fundos próprios dos acionistas.

O empresário Humberto Pedrosa considerou esta terça-feira ser “falso e leviano” afirmar que a TAP foi comprada com dinheiros próprios e garantiu que ficou com prejuízo após ter injetado dinheiro na empresa. “É falso, por não corresponder à verdade, e leviano dizer que a TAP foi adquirida, no âmbito da privatização, por fundos da própria companhia”, afirmou Humberto Pedrosa, em declarações enviadas à Lusa, reagindo às conclusões do relatório da Inspeção Geral de Finanças (IGF) sobre a TAP.

Pedrosa integrou uma das acionistas privadas da TAP – a Atlantic Gateway –, em consórcio com David Neeleman, mas abandonou a estrutura acionista da companhia no final de 2021. O empresário referiu que, quando entrou como acionista na Atlantic Gateway, o acordo com a Airbus já estava negociado por David Neeleman.

Pedrosa garantiu ter analisado com a sua equipa jurídica o modelo de capitalização da TAP, que permitia à empresa cumprir as suas obrigações financeiras e dar continuidade à sua operação. “Este processo foi conduzido com total transparência, não tendo sido levantada qualquer questão relativa à legalidade do modelo”, vincou.

O relatório da IGF sobre a TAP refere que a Atlantic Gateway, consórcio de David Neeleman e Humberto Pedrosa, adquiriu 61% do capital da TAP, SGPS, “comprometendo-se a proceder à sua capitalização através de prestações suplementares de capital, das quais 226,75 milhões de dólares americanos (MUSD) foram efetuadas através da sócia DGN Corporation (DGN) com fundos obtidos da Airbus”.

Aquele montante de capitalização, acrescenta, “coincide com o valor da penalização (226,75 MUSD) assumida pela TAP, SA, em caso de incumprimento dos acordos de aquisição das 53 aeronaves (A320 e A330), o que evidencia uma possível relação de causalidade entre a aquisição das ações e a capitalização da TAP, SGPS e os contratos celebrados entre a TAP, SA e a Airbus”.

A IGF sugere o envio do relatório ao MP sobretudo tendo em conta as conclusões relacionadas com o processo de privatização da TAP e sua relação com os contratos de aquisição de 53 aviões à Airbus em 2015, bem como com as remunerações dos membros do Conselho de Administração.

Segundo o relatório, este procedimento “afigura-se irregular no pagamento/recebimento das remunerações aos membros do Conselho de Administração, que, assim, eximiram-se às responsabilidades quanto à tributação em sede de IRS e contribuições para a Segurança Social”.

Humberto Pedrosa defendeu que a Atlantic Gateway adquiriu a sua participação na TAP por 10 milhões de euros com fundos próprios dos acionistas e que o dinheiro proveniente da Airbus serviu para a capitalização da empresa. Quanto ao recebimento de 4,2 milhões de euros, em cinco anos, no âmbito de um contrato de prestação de serviços, o empresário disse que em causa não está um encargo adicional para a TAP.

“É relevante partilhar que, durante a nossa participação no capital da TAP, injetámos 12 milhões de euros em prestações acessórias para cumprimento de diversos compromissos, que acabaram por ficar na TAP, para meu prejuízo”, rematou.

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Mongólia ignora mandado de detenção contra Putin, Kiev pede reação forte

  • Lusa
  • 3 Setembro 2024

Esta foi a primeira deslocação de Putin a um país membro do TPI desde a emissão do mandado em março de 2023. O líder russo foi recebido por uma guarda de honra.

Vladimir Putin foi recebido esta terça-feira com honras de Estado na Mongólia, país que ignorou os apelos à detenção do Presidente russo face ao mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI), levando a Ucrânia a pedir uma reação internacional forte. O líder russo foi recebido na praça principal de Ulan Bator por uma guarda de honra vestida com uniformes vermelhos e azuis, inspirados nos da guarda pessoal do governante do século XIII, Genghis Khan, o fundador do Império Mongol.

Uma multidão de pessoas assistiu, por detrás de barreiras, ao encontro entre Putin e o Presidente da Mongólia, Khurelsukh Ukhnaa, que subiu os degraus do Palácio do Governo, com tapetes vermelhos, e fez uma vénia perante a estátua de Gengis Khan, antes de entrar no edifício para reuniões. Um pequeno grupo de manifestantes tentou desfraldar uma bandeira ucraniana antes da cerimónia, mas foi levado pela polícia. Cinco outros manifestantes, que se reuniram a alguns quarteirões a oeste da praça, ergueram uma faixa anti-Putin e uma bandeira ucraniana, mas dispersaram depois de saberem das detenções.

Esta foi a primeira deslocação de Putin a um país membro do TPI desde a emissão do mandado em março de 2023 devido a alegados crimes de guerra decorrentes da invasão da Ucrânia por Moscovo, em fevereiro de 2022. Na véspera da visita, a Ucrânia instou a Mongólia a entregar Putin ao tribunal de Haia e a União Europeia manifestou a sua preocupação com a possibilidade de não ser executado o mandado contra Vladimir Putin pelo seu papel no rapto de milhares de crianças ucranianas.

Já hoje, Kiev apelou a uma forte reação internacional, alertando para o facto de a Mongólia não ter cumprido o mandado de captura do Tribunal Penal Internacional (TPI). “Isto é um golpe sério para a reputação do TPI e para todo o sistema de direito internacional”, disse à agência noticiosa EFE Oleksandr Merezhko, presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do parlamento ucraniano e deputado do partido governamental Servo do Povo.

Segundo Merezhko, é fundamental não permitir que a “provocação” de Putin crie um precedente, através da condenação do comportamento da Mongólia pela comunidade internacional, para impedir que outros países desobedeçam também às ordens do TPI. O mandado do TPI colocou o governo da Mongólia numa posição difícil. Após décadas de comunismo, com laços estreitos com a União Soviética, o país fez a transição para a democracia nos anos 90 e estabeleceu relações com os Estados Unidos, o Japão e outros novos parceiros.

Mas o país sem litoral continua economicamente dependente dos seus dois vizinhos muito maiores e mais poderosos: Rússia e China. O TPI acusou Putin de ser responsável pelo rapto de crianças da Ucrânia e os países membros são obrigados a deter os suspeitos se tiver sido emitido um mandado, mas a Mongólia precisa de manter os laços com a Rússia e o tribunal não dispõe de um mecanismo para fazer cumprir os seus mandados.

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Portugal é terceiro comprador e quarto vendedor no mercado futebolístico

  • Lusa
  • 3 Setembro 2024

Os emblemas nacionais contrataram 394 jogadores, menos oito face ao período homólogo de 2023, num valor apenas suplantado em Inglaterra (526) e no Brasil (412).

Os clubes portugueses foram os terceiros mais compradores na última janela de transferências de futebolistas, atrás dos ingleses e dos brasileiros, e os quartos mais vendedores, segundo um relatório internacional da FIFA divulgado esta terça-feira.

No período de transferências entre 1 de junho e segunda-feira, último dia em que a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) aceitou inscrições, os emblemas nacionais contrataram 394 jogadores, menos oito face ao período homólogo de 2023, num valor apenas suplantado em Inglaterra (526) e no Brasil (412). Esse volume aquisitivo foi correspondido por um significativo número de saídas, com 444, acima das 437 no verão anterior, que colocaram a I Liga portuguesa no quarto posto entre os vendedores, atrás dos ingleses (523), dos brasileiros (469) e de Espanha (454).

Quanto aos montantes envolvidos, Portugal foi o sétimo país mais gastador, com 227,9 milhões de euros, subindo uma posição em relação ao ano passado, quando investiu 202,2 milhões de euros, numa lista liderada por Inglaterra, com 1,53 mil milhões de euros, seguida de Itália (746 milhões), França (630 milhões), Espanha (542 milhões), Alemanha (517 milhões) e Arábia Saudita (390 milhões), segunda em 2023.

Nas receitas, a I Liga ascendeu do sétimo para o quarto lugar, com 448 milhões, acima dos 292 milhões no verão anterior, perseguindo os ingleses – que, com um recorde de 1,13 mil milhões, destronaram os germânicos, apenas quintos, com 436 milhões –, os franceses (685 milhões) e os espanhóis (504 milhões).

O relatório anual da FIFA confirma a tendência crescente do número de negócios no futebol masculino, ao progredirem de 10.490 para um recorde de 11.000, numa subida de 4,9%, mas também um decréscimo de 13,4% nos investimentos, que tinham atingido um máximo de 6,7 mil milhões em 2023 e cifraram-se agora nos 5,8 mil milhões, o segundo maior valor de sempre.

Mais de metade dos jogadores transacionados estava sem vínculo (6.270, 57%), numa fasquia bem acima dos contratados a título definitivo (2.192, 19,9%), por empréstimo (1.340, 12,2%) ou em regresso após cedência (1.198, 10,9%). O futebol feminino também atualizou recordes de movimentações internacionais, com 1.125, num crescimento de 31,9% face às 853 do ano passado, e nos montantes cobrados, ao totalizar 6,2 ME, mais do dobro dos 2,7 ME anteriormente contabilizados.

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Imovendo lança campanha e apresenta novo posicionamento e aplicação

  • + M
  • 3 Setembro 2024

A nova imagem, "mais madura, foi pensada para transmitir a simplificação em todo o processo de venda de um imóvel que a Imovendo quer trazer ao mercado".

É sob o mote “A Chave para vender bem” que, quando celebra cinco anos, a agência imobiliária digital Imovendo lança uma nova campanha e abre as portas a um novo posicionamento e a uma nova app,

O novo posicionamento é o resultado do nosso crescimento enquanto marca, e mostra como queremos evoluir e acompanhar a maturidade do mercado. Agora estamos mais próximos do cliente e colocamos o proprietário como protagonista do negócio“, diz Miguel Mascarenhas, CEO da Imovendo, citado em comunicado.

A campanha multimeios marca presença em televisão, imprensa, rádio e mobiliário urbano durante o mês de setembro. A criatividade foi desenvolvida internamente, enquanto o planeamento de meios ficou a cargo da Mindshare.

A nova imagem, “mais madura, foi pensada para transmitir a simplificação em todo o processo de venda de um imóvel que a Imovendo quer trazer ao mercado”, explica-se em nota de imprensa.

Já com a nova app, disponível para download na Apple Store e Play Store, a imobiliária pretende aproximar-se mais dos seus clientes, com a aplicação a permitir funcionalidades como o upload de documentação dos imóveis ou gestão de visitas.

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Governo quer reforçar independência da Lusa para que seja imune a mudanças políticas

  • Lusa
  • 3 Setembro 2024

o governante reconheceu que tornar o serviço da Lusa gratuito “talvez não seja um bom caminho”, notando que existem muitas dúvidas de que tal “tenha mais vantagens do que desvantagens”.

O ministro dos Assuntos Parlamentares defendeu que o Governo quer reforçar a independência da Lusa, para que seja imune a mudanças políticas, e valorizar o seu papel, ressalvando que a gratuitidade talvez não seja um bom caminho.

“Felizmente, a Lusa tem dado provas evidentes de que é independente no seu funcionamento e, mais particularmente, no que diz respeito à componente editorial. Queremos reforçar isso para nos prevenirmos para qualquer eventualidade”, afirmou o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, após visitar a agência.

O Governo está a trabalhar para encontrar uma “solução estatutária”, que reforce os níveis de independência do Conselho de Administração da Lusa e dos diferentes órgãos sociais, apontou, acrescentando que tal pode passar por uma “camada intermédia”, que não dependa do Governo.

Para o ministro dos Assuntos Parlamentares, a Lusa tem de manter a sua atividade regular, “independentemente de mudarem os ministros ou o Governo ou de mudar a opinião de um ministro ou Governo. A Lusa tem de ser imune a isso”.

O governante visitou esta terça-feira a sede da agência, na qual reuniu com a administração e a direção da Lusa. No final do encontro, visitou as áreas de trabalho da agência e prestou algumas declarações.

Pedro Duarte referiu que o Governo tem a “intenção muito firme” de valorizar o papel da Lusa, sobretudo perante os atuais “tempos desafiantes”, com a informação a circular de “forma massiva”, o que disse acarretar problemas, nomeadamente no que diz respeito à factualidade dos acontecimentos.

Assim, conforme disse, é importante que haja um serviço público, através da Lusa, que continue a ser um exemplo de “rigor e credibilidade”, que deve ser preservado e valorizado.

No final de julho, o Estado comprou os 45,71% da participação da Global Media e da Páginas Civilizadas na Lusa por 2,49 milhões de euros, passando a deter 95,86% do capital da agência noticiosa.

Os contratos foram assinados nas instalações da agência Lusa, em Lisboa, entre a subdiretora da Direção-geral de Tesouro e Finanças, Lurdes Castro, em representação do Estado, Marco Galinha, das Páginas Civilizadas, e Vitor Coutinho, Diogo Queirós de Andrade e Mafalda Campos Forte, pelo grupo Global Media.

Com esta decisão, o Estado fica detentor de 95,86% do capital da agência noticiosa portuguesa.

O anterior Governo, chefiado por António Costa (PS), pretendia avançar com a compra das participações da Global Media e Páginas Civilizadas, mas, em 30 de novembro de 2023, o negócio falhou por “falta de consenso político alargado”, tendo agora sido retomado pelo executivo PSD/CDS, de Luís Montenegro, que tomou posse em abril.

Pedro Duarte sublinhou que este reforço da posição no capital social da Lusa foi importante, uma vez que existia dificuldade em alinhar objetivos com os anteriores acionistas, tendo em conta que estes eram diferentes dos objetivos do serviço público.

Queremos valorizar a Lusa, quer tentando encetar uma modernização tecnológica importante para acompanhar os tempos que aí vêm, quer tentando fazer com que o serviço que a Lusa presta, de grande qualidade, possa chegar a mais pessoas, desde logo, a mais órgãos de comunicação social”, sublinhou.

Contudo, o governante reconheceu que tornar o serviço da Lusa gratuito “talvez não seja um bom caminho”, notando que existem muitas dúvidas de que tal “tenha mais vantagens do que desvantagens”.

A gratuitidade do serviço da Lusa poderia levar a uma uniformidade da informação, com a mesma fonte, “a circular por toda a gente e por todo o lado”, alertou, vincando que a Lusa não existe para substituir os vários órgãos de comunicação social.

O titular da pasta dos Assuntos Parlamentares adiantou que a solução pode assim passar pelo preço dos pacotes de serviços da Lusa vendidos aos clientes. “Podemos também assim ajudar no que diz respeito à estrutura de custos” desses órgãos de comunicação social, concluiu.

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