Tarifas já custaram 1.300 milhões de euros à Volkswagen e obrigam a “acelerar” reestruturação
Impacto das tarifas dos EUA nos cofres do grupo alemão levou a revisão em baixa das previsões de vendas e da margem de lucro para o ano de 2025. CEO recusa assumir guerra comercial como temporária.
A Volkswagen reportou um lucro operacional de 3,8 mil milhões de euros no segundo trimestre, 29% abaixo do resultado registado no mesmo período de 2024. O grupo automóvel alemão justifica esta quebra com as tarifas norte-americanas, que terão tido um impacto de 1,3 mil milhões de euros nos cofres da empresa nos primeiros seis meses do ano, assim como com os custos de reestruturação e as vendas de veículos 100% elétricos com margens mais baixas.
Estes resultados levaram a fabricante alemã a rever em baixa as suas previsões de vendas e da margem de lucro para 2025: enquanto as vendas anuais devem ficar num nível semelhante ao do ano passado, contra uma previsão anterior de aumento de até 5%, a margem de lucro operacional para este ano é estimada entre 4% e 5%, o que compara com a projeção anterior de 5,5% a 6,5%.
A indústria automóvel europeia tem pressionado Bruxelas a chegar a um acordo com Washington para reduzir a tarifa de 25% que enfrentam desde abril. Uma proposta do setor é usar os seus investimentos e as exportações nos EUA como alavanca para amenizar qualquer impacto das taxas norte-americanas.
Segundo a Volkswagen, os seus resultados anuais ficarão na extremidade inferior das previsões se as tarifas permanecerem inalteradas até ao final do ano, ou na extremidade superior num cenário com uma taxa reduzida de 10%. “Existe uma grande incerteza sobre os desenvolvimentos futuros no que diz respeito às tarifas, ao seu impacto e a quaisquer efeitos recíprocos”, afirma a companhia, em comunicado citado pela Reuters.
Esta sexta-feira, o CEO Oliver Blume assinalou que a Volkswagen enfrentou “grandes desafios” no início deste ano devido ao impacto imprevisto das tarifas aplicadas pelos EUA, acrescentando que a empresa deve intensificar os seus esforços de redução de custos.
“Precisamos de acelerar os nossos esforços de redução de custos e acelerar a implementação. Afinal, não podemos assumir que a situação das tarifas é apenas temporária“, afirmou Blume aos investidores.
Os dados de vendas de veículos no mês de junho reforçaram o cenário de desaceleração no setor automóvel europeu e mostraram a Volkswagen entre as empresas mais afetadas, isto numa altura em que atravessa uma grande reestruturação para cortar mais de 35.000 postos de trabalho até ao final da década.
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