Liga Portugal #10: A Estrela é de Amadora mas o holofote está no Sporting de (ainda) Rúben Amorim

O futebol é muito mais do que técnica e tática por mais que preencha uma grande fatia do bolo. Mais importante ainda é o mental. Se isso não estiver no sítio, o talento ajuda mas não salva sempre.

O Benfica e o FC Porto destruíram. Águias e dragões voaram bem alto e golearam respetivamente o Rio Ave e o AVS SAD por 5-0 na jornada 9 da Primeira Liga. Para o Benfica foi uma clara resposta à derrota com o Feyenoord na Champions League e o FC Porto, para Vítor Bruno, foi uma “demonstração de alguma força”. Quanto ao Sporting, não foi um jogo fácil e ainda suaram. No entanto, e apesar de não terem marcado tantos golos, conseguiram um resultado complicado de concretizar pela dificuldade do adversário, contexto e terreno que é: 3-0 em casa do Famalicão (primeira derrota da equipa em casa neste campeonato). Vamos aos outros jogos.

Fora três grandes, o melhor jogo foi porventura o Estrela Amadora 2-2 Vitória SC. Jogo de golos e de estilo ping-pong. Um marca e o outro responde. O Santa Clara continua louco e voltou a vencer (2-1 ao Gil Vicente), tendo chegado provisoriamente ao 3.º lugar da Primeira Liga. Agora está em 4.º com 18 pontos. Pela negativa, o Boavista perdeu uma vez mais e segue em 15.º com 6 pontos. Não está fácil.

Mencionar também que Gonzalo García, agora ex-treinador do Arouca, foi despedido esta semana e Vasco Seabra é oficialmente o substituto.

Sporting x Estrela Amadora: Tudo de olho no Leão

A Estrela é de Amadora, mas o brilho e holofotes estão todos no Sporting. Pelo futebol e não só. Motivo 1) o Sporting é facilmente a melhor equipa a jogar futebol em Portugal, apresentando brutal consistência defensiva e uma variabilidade ofensiva que consegue encontrar buracos mais cedo ou mais tarde. Motivo 2) Rúben Amorim vai deixar o Sporting para ser treinador do Manchester United e este é dos seus últimos jogos ao serviço dos leões. Segundo confirma Fabrizio Romano, o técnico vai orientar os próximos três desafios (Estrela Amadora, Manchester City e Braga) e depois rumar a Inglaterra.

O futebol é muito mais do que técnica e tática por mais que preencha uma grande fatia do bolo. Mais importante ainda é o mental. Se isso não estiver no sítio, o talento pode ajudar, mas não salva para sempre. E tanto os jogadores do Sporting, vítimas da incerteza futura, como Rúben Amorim (que não deixa de ser um período complicado para o técnico apesar de ter tomado a decisão) não se encontram na situação mais confortável. E isso pode trazer consequências ao momento do Sporting. Conseguirão a 10.ª vitória em 10 jogos? Filme.

Recordar que vai haver possivelmente Jovane Cabral e Nani de regresso a Alvalade. Já há Pedro Gonçalves para jogar como titular e será importante perceber as dinâmicas do Sporting no corredor esquerdo. No jogo com o Nacional para a Taça da Liga, Rúben Amorim partiu com Iván Fresneda na lateral-esquerda para «com o pé para dentro pudesse carregar a bola para dentro». Utilizou também Maxi Araújo nessa posição e, em tempos, Geny Catamo. É ver.

Farense x Benfica: Ir a Faro e depois apanhar avião para Munique

O Benfica tem uma missão frente ao Farense: vencer, mas vencer bem. Depois do triunfo sobre o Santa Clara na Taça da Liga, é importante dar ainda maior confiança à equipa de forma a solidificar uma estabilidade e olhar o jogo com o Feyenoord como um caso isolado à era de sucesso imediato de Bruno Lage. Até porque vem aí dois grandes desafios: Bayern Munique (fora, na Champions League) e FC Porto (casa, na Primeira Liga). O plantel é profundo e Bruno Lage tem qualidade à sua disposição. Desta forma, e atendendo à dificuldade dos jogos seguintes, pode haver alguma gestão frente ao Farense, atual último lugar do campeonato.

No último jogo para a Liga, a novidade foi retirar Kerem Akturkoglu da linha – onde vinha a ser destaque – e colocar o jogador com um papel mais interior desde início. Rendeu tanto que fez um hat-trick. As dinâmicas no corredor esquerdo, por isso, mudaram. Beste foi extremo e Álvaro Carreras alinhou numa construção a três junto dos centrais (já o tinha feito), controlando também sem bola a profundidade pela esquerda. Foi interessante também ver Fredrik Aursnes e Kokçu no meio-campo a dois, sem a presença de um jogador mais defensivo como Florentino.

Num contexto bem diferente, o Farense também precisa de criar estabilidade, pois vive uma situação desanimadora para os adeptos: 18.º lugar com 4 pontos. Se há jogo para apresentar uma imagem forte que transmita maior esperança aos adeptos e confiança à equipa é contra um clube de maior dimensão. Uma exibição sólida pode ser alavanca, porém uma goleada.. Depois de seis derrotas consecutivas e a demissão de José Mota, o Farense já conseguiu um empate e uma vitória. O plantel é ainda assim, ao contrário das águias, curto e há dúvidas sobre o nível competitivo de alguns jogadores.

FC Porto x Estoril: Encontro depois das goleadas

Vítor Bruno disse que a goleada ao AVS SAD foi uma “demonstração de alguma força” e é verdade. A nível ofensivo, a equipa funcionou muito bem. Fábio Vieira foi pela primeira vez titular pelo FC Porto na Primeira Liga, frente ao AVS SAD, desde que regressou ao Dragão e desequilibrou a nível técnico, relacionando-se bem com Martim Fernandes (forte na lateral direita). Pepê ofereceu soluções a partir da esquerda, Dany Namaso serviu como apoio e Samu foi… Samu. Fez um hat-trick só na primeira parte, é muito forte fisicamente e tem ligação especial com a baliza. Pode deixar uma marca.

Agora vão enfrentar o Estoril-Praia, em jogo marcado para dia 3 de novembro às 20h30. O conjunto de Ian Cathro vem de uma goleada de 4-1 frente ao Arouca na Primeira Liga: um resultado que aparece em boa altura, pois, antes dessa vitória, os canarinhos levavam duas derrotas consecutivas na Liga e só tinham conseguido vencer uma só vez desde o início do campeonato. Dá uma maior confiança aos jogadores e bem precisam, porque jogar no Dragão não é nada fácil. Já o FC Porto continua no jogo da apanhada ao Sporting, a três pontos. Vencer é o único resultado de agrado aos dragões.

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Nova lei permitirá banir investidores ou fornecedores estrangeiros com riscos de cibersegurança

  • ECO
  • 1 Novembro 2024

O novo Regime Jurídico de Cibersegurança vai dar poderes ao Governo para expandir o âmbito da deliberação que conduziu à expulsão da Huawei das redes 5G em Portugal.

Uma nova lei que será colocada em consulta pública este mês deverá permitir ao Governo banir todos os investidores e fornecedores estrangeiros caso se conclua que oferecem um elevado risco de cibersegurança em áreas estratégias ou setores críticos.

A informação, avançada esta sexta-feira pelo Diário de Notícias, que teve acesso ao diploma, irá expandir o âmbito da deliberação que conduziu ao afastamento da tecnológica chinesa Huawei do fornecimento de equipamentos e serviços para as redes 5G no país no ano passado.

Em causa está o novo Regime Jurídico de Cibersegurança, que transpõe a nova diretiva europeia NIS2, e que teve aprovação do Conselho de Ministros no dia 24 de outubro. Numa conferência de imprensa, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse que a nova lei “prevê um fortalecimento das medidas de segurança das entidades em função da sua dimensão e da natureza crítica dos serviços que gerem”.

Segundo o Diário de Notícias, o novo regime permitirá impedir a entrada de investidores estrangeiros em empresas de setores sensíveis, como energia, tecnologia, águas, infraestruturas de transporte e telecomunicações, gestão de resíduos e produção alimentar, caso se conclua que tais investimentos ou fornecedores representam potenciais ameaças do ponto de vista da cibersegurança.

O jornal detalha que, nos termos do diploma, que ainda não é final, e que deverá ser submetido à Assembleia da República como proposta de lei, é criado um “mecanismo para identificar ativos pertinentes e uma avaliação dos riscos em Portugal”. Tal mecanismo será executado através de uma Comissão de Avaliação de Segurança do Ciberespaço.

Esta comissão, à semelhança da Comissão de Avaliação de Segurança que emitiu a deliberação que conduziu à expulsão da Huawei do 5G, ficará responsável pelas “avaliações de segurança de equipamentos, componentes de serviços de tecnologias de informação e comunicação, utilizados em redes e sistemas de informações públicos ou privados, de fabricantes ou fornecedores que possam ser considerados de elevado risco para a segurança do ciberespaço de interesse nacional, designadamente nos contextos da segurança interna, defesa nacional, da integridade do processo democrático e de outras funções de soberania”.

Tal comissão será composta por representantes do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), do Gabinete Nacional de Segurança, da Anacom, do Sistema de Segurança Interna, dos Serviços de Informações, da Direção-Geral de Política Externa e da Direção-Geral da Polícia de Defesa”, segundo as informações recolhidas pelo jornal. E, apesar de não especificar nacionalidades, na mente do legislador poderão estar investimentos ou fornecimentos oriundos de países como China e Rússia, mas não só, refere a mesma notícia.

Quando anunciou a aprovação da proposta de lei, Leitão Amaro disse que entidades como os reguladores setoriais, como a Anacom, e o CNCS, ganhariam poderes reforçados em matéria de proteção da cibersegurança. O governante também indicou que o novo regime jurídico estabelecerá “três tipos de níveis de deveres” em “função do grau de criticidade”, nomeadamente “deveres de ajustamento de segurança, deveres de reporte e de sujeição a supervisão”.

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Lagarde completa cinco anos de mandato “turbulento e não consensual” no BCE

  • Lusa
  • 1 Novembro 2024

Francesa assumiu as rédeas do Banco Central Europeu (BCE) há 5 anos e já teve de enfrentar uma pandemia, guerras na Ucrânia e na Palestina e inflação elevada. Mandato ainda se prolonga por três anos.

Christine Lagarde, presidente do BCE, durante a conferência de imprensa do Conselho do BCE de 11 de abril de 2024, em Frankfurt, na Alemanha.
Christine Lagarde, presidente do Banco Central EuropeuECB

Christine Lagarde assumiu as rédeas do Banco Central Europeu (BCE) há cinco anos e já teve de enfrentar uma pandemia, guerras na Ucrânia e na Palestina e inflação elevada, num mandato “turbulento” que ainda se prolonga por mais três anos.

Este mandato, que completa esta sexta-feira cinco anos, tem sido “algo turbulento e não consensual”, destaca o economista Ricardo Amaro, da Oxford Economics, à Lusa.

Henrique Tomé, analista da XTB, também aponta que “os últimos cinco anos têm sido de altos e baixos para o crescimento económico na Zona Euro, sendo que os desafios do mandato de Lagarde têm sido inúmeros”.

A ex-ministra das Finanças francesa tem estado debaixo da luz dos holofotes da economia europeia, depois de ter sucedido a Mario Draghi ao leme do BCE para um mandato de oito anos. Foi em novembro de 2019 e passaram-se apenas dois meses até surgir a pandemia de Covid-19, um desafio para a responsável que tinha até aí estado à frente do Fundo Monetário Internacional.

As taxas estavam negativas e em setembro de 2020 ainda chegaram a passar de -0,40 para -0,50, mas depois disso o BCE não voltou a alterar até 2022, após um surto de inflação, com a reabertura das economias pós-pandemia e também a guerra na Ucrânia, que fez disparar os preços da energia.

Os últimos cinco anos têm sido de altos e baixos para o crescimento económico na Zona Euro.

Henrique Tomé

Analista da XTB

O BCE foi mais lento do que a Fed em avançar com uma subida de juros para travar a inflação, tendo avançado com uma diferença de quatro meses. Subiu as taxas pela primeira vez em julho de 2022, deixando de estar em terreno negativo, e continuou um ciclo de subidas até setembro de 2023. Desde esse mês, manteve inalteradas as taxas até junho de 2024.

Com o recuo da inflação e perspetivas de atingir a meta de 2% no futuro, o BCE avançou para a primeira descida de juros deste ciclo, em junho deste ano, que foi repetida em setembro e outubro.

Para Ricardo Amaro, “a resposta à pandemia foi o aspeto mais positivo, com o BCE a adotar de forma rápida e decidida um conjunto de medidas significativas que ajudaram a estabilizar os mercados e que permitiu que famílias e empresas continuassem a ter acesso a crédito numa fase de muito incerteza e aversão ao risco na economia mundial”.

No entanto, “a resposta à escalada da inflação será sempre mais discutida”, admite. “Alguns apontarão que o BCE devia ter reagido mais rapidamente, e haverá uma discussão acesa sobre se o BCE não exagerou na subida dos juros dada a natureza do choque inflacionário na Europa”, aponta.

“Há também um estilo de comunicação que não convence parte da comunidade analista”, sublinha, sendo que “as performances nas conferências de imprensa costumam ser pouco ricas em conteúdo, a mensagem e análise nem sempre tem sido consistente e há também a apontar um ou outro deslize pouco comuns para alguém naquela posição”.

O economista assume ainda assim que “seria sempre uma missão difícil suceder a Mario Draghi e a presidente Lagarde poderá sempre queixar-se dos desenvolvimentos muito exigentes, mas em alguns casos tem faltado alguma sensibilidade económica”.

Alguns apontarão que o BCE devia ter reagido mais rapidamente [à escalada da inflação], e haverá uma discussão acesa sobre se o BCE não exagerou na subida dos juros dada a natureza do choque inflacionário na Europa.

Ricardo Amaro

Economista da Oxford Economics

Henrique Tomé, por sua vez, destaca que os últimos cinco anos de Lagarde “têm sido assentes em três pilares: resposta à crise da pandemia provocada pela Covid-19, estabilidade de preços e o combate à inflação e transição energética que continua a decorrer na Europa”.

“Este último pilar tem sido um dos principais legados de Lagarde, a preocupação de incluir a sustentabilidade e o combate às mudanças climáticas”, nota o analista, sendo que a presidente do BCE “tem defendido que os bancos centrais devem considerar os riscos financeiros associados às mudanças climáticas, e o BCE passou a priorizar o financiamento de ativos verdes e sustentáveis (alinhados com as práticas ESG)”.

Já passou mais de metade do mandato, mas Lagarde continua com desafios pela frente. “A economia europeia está numa situação delicada” e “não está a crescer ao ritmo que o BCE perspetivava”, salienta Ricardo Amaro.

Numa entrevista ao Le Monde publicada esta sexta-feira, Lagarde admitiu que “a Europa está a ficar para trás, e a França também”, apontando que “o relatório Draghi destaca esse atraso em termos de produtividade, que se deve essencialmente ao setor de tecnologia”.

“Por outro lado, o espectro da inflação ainda persiste o que levou a uma fase inicial dos cortes dos juros cautelosa”, aponta Ricardo Amaro, pelo que se está a “entrar numa nova fase em que o BCE está a aumentar a frequência dos cortes à medida que intensificam os sinais de que a inflação ficará abaixo do que anteveu para os próximos anos”.

“Terá de haver uma certa flexibilidade por parte do BCE nos próximos meses, e à presidente Lagarde caberá tentar direcionar a narrativa dentro do BCE de forma a engendrar a chamada aterragem suave”, conclui o economista.

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Taxas Euribor voltam a subir nos três principais prazos

  • Lusa
  • 1 Novembro 2024

A Euribor subiu a três, seis e 12 meses, depois de ter terminado outubro com uma média mensal mais baixa nos três prazos.

A Euribor subiu esta sexta-feira a três, seis e 12 meses, depois de ter terminado outubro com uma média mensal mais baixa nos três prazos. Com estas alterações, a taxa a três meses, que avançou para 3,085%, continuou acima da taxa a seis meses (2,912%) e da taxa a 12 meses (2,629%).

A média da Euribor em outubro desceu a três, a seis e a 12 meses, mais acentuadamente do que em setembro e com mais intensidade nos prazos mais curtos. A média da Euribor em setembro desceu 0,267 pontos para 3,167% a três meses (contra 3,434% em setembro), 0,256 pontos para 3,002% a seis meses (contra 3,258%) e 0,245 pontos para 2,691% a 12 meses (contra 2,936%).

  • Euribor a seis meses: Passou a ser em janeiro a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável. Subiu esta sexta-feira para 2,912%, mais 0,048 pontos.
  • Euribor a 12 meses: Também avançou esta sexta-feira, para 2,629%, mais 0,082 pontos do que na quinta-feira.
  • Euribor a três meses: Subiu esta sexta-feira para 3,085%, mais 0,023 pontos do que no dia anterior.

Em 17 de outubro, o BCE cortou as taxas de juro em um quarto de ponto pela terceira vez este ano, a segunda consecutiva, para 3,25%, face a uma inflação que considera estar “no bom caminho” e a uma atividade económica pior do que o previsto.

Depois do encontro de 17 de outubro na Eslovénia, o BCE tem marcada para 12 de dezembro a última reunião de política monetária deste ano.

Em 18 de setembro foi a vez de a Reserva Federal norte-americana (Fed) cortar os juros em 50 pontos base, naquela que foi a primeira descida desde 2020.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Proprietários podem começar a pagar última prestação do IMI esta sexta-feira

  • Lusa
  • 1 Novembro 2024

Os quase três milhões de proprietários que receberam este ano uma fatura de IMI superior a 100 euros podem começar a pagar esta sexta-feira a última prestação do imposto.

Os quase três milhões de proprietários que receberam este ano uma fatura de IMI superior a 100 euros podem começar a pagar esta sexta-feira a última prestação deste imposto.

O prazo para o pagamento do Imposto Municipal sobre os Imóveis (IMI) termina no final deste mês, sendo que, para quem tem uma conta de IMI entre os 100 e os 500 euros, esta corresponde à segunda prestação, enquanto quem tem um valor acima de 500 euros esta é já a terceira.

Segundo dados oficiais, este ano (para o imposto relativo a 2023), foram emitidas 3.878.309 notas de cobrança de IMI, das quais 2.245.046 de valor entre 100 e 500 euros e 686.504 acima dos 500 euros. Somados, estes dois últimos grupos, totalizam 2.931.550.

As regras do IMI preveem que o imposto é pago numa única vez (em maio) quando o seu valor é inferior a 100 euros. Superando este valor, a fatura do imposto é automaticamente desdobrada em duas prestações (pagas em maio e novembro) quando o seu valor está situado entre os 100 e os 500 euros, e em três (pagas em maio, agosto e novembro) quando ultrapassa os 500 euros.

Há já vários anos que os proprietários passaram a ter opção de pagar a totalidade do imposto quando recebem a primeira notificação, em maio.

O IMI incide sobre o valor patrimonial tributário dos imóveis, contemplando uma taxa única de 0,8% no caso dos prédios rústicos (terrenos) e uma taxa que oscila entre os 0,3% e os 0,45% sobre os prédios urbanos (construções e terrenos para construção).

É calculado e cobrado pela Autoridade Tributária, mas são as autarquias que decidem, todos os anos, qual a taxa que pretendem aplicar no seu concelho, dentro dos referidos intervalos, cabendo-lhes também decidir sobre a aplicação das taxas agravadas nos prédios devolutos ou em ruínas.

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CTT comandam ganhos em Lisboa. Petróleo sobe mais de 2%

  • Lusa
  • 1 Novembro 2024

As ações da empresa postal estavam a subir mais de 3% na manhã desta sexta-feira, feriado nacional em Portugal, enquanto em Londres o petróleo volta a registar subidas expressivas.

A bolsa de Lisboa negoceia esta sexta-feira em alta, com as ações dos CTT a liderarem os ganhos e a subirem 2,92%, para 4,40 euros. Enquanto isso, as bolsas europeias também avançam e o petróleo segue a somar mais de 2% em Londres.

Cerca das 9h10 em Lisboa, o PSI avançava 0,23%, para 6.548,09 pontos, com oito títulos a subir, quatro a descer e três a manter a cotação (EDP Renováveis em 12,38 euros, REN em 2,30 euros e Semapa em 14,76 euros).

O PSI passou a ter 15 empresas na passada terça-feira, depois de a Greenvolt ter sido excluída na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) geral e obrigatória lançada pelos norte-americanos da Kohlberg Kravis Roberts (KKR), que conseguiram adquirir 97,64% da empresa. As ações da Greenvolt continuam cotadas mas foram excluídas do principal índice na terça-feira.

Às ações dos CTT seguiam-se as da Jerónimo Martins, Galp e Sonae, que se valorizavam 1,96%, para 18,22 euros; 1,53% para 15,91 euros; e 0,77%, para 0,92 euros. As ações da Nos, Altri e Corticeira Amorim subiam 0,71%, 0,36% e 0,24%, respetivamente. Mais moderadamente, as ações da EDP avançavam 0,19%.

Em sentido contrário, as ações do BCP e da Ibersol desciam, designadamente 0,84% para 0,46 euros e 0,82% para 7,30 euros. As outras duas ações que desciam de cotação eram as da Navigator e da Mota-Engil, que caíam 0,34% e 0,08%.

Bolsas europeias registam ganhos

As principais bolsas europeias também seguem a tendência positiva, com os olhos postos nos dados sobre o emprego nos EUA.

Às 8h55 em Lisboa, o Stoxx 600 estava a avançar 0,50%, para 507,89 pontos. As bolsas de Londres, Paris e Frankfurt subiam 0,51%, 0,46% e 0,32%, respetivamente, enquanto as de Madrid e Milão se valorizavam 0,39% e 0,30%.

Num dia em que os mercados europeus abriram as portas apesar de ser feriado do Dia de Todos os Santos em alguns países, além do relatório oficial sobre o emprego nos EUA, que será divulgado ao início da tarde, nos EUA também será publicado o PMI global da indústria transformadora para outubro, que os analistas esperam que se mantenha em contração.

Os mercados europeus, de olhos postos também nas eleições presidenciais norte-americanas, que se realizam na próxima terça-feira, estavam em alta depois de terem fechado em terreno negativo na quinta-feira.

Já a bolsa de Tóquio encerrou esta segunda-feira com uma queda de 2,63% no principal indicador, o Nikkei, arrastada pelas perdas em Wall Street, sobretudo no setor tecnológico, e antes das eleições presidenciais norte-americanas. Wall Street terminou a sessão no vermelho na quinta-feira.

Petróleo soma mais de 2%

Nas matérias-primas, o barril de petróleo Brent para entrega em janeiro de 2025 abriu hoje a subir 2,25%, a cotar-se a 74,45 dólares no Intercontinental Exchange Futures (ICE) de Londres, contra 72,81 dólares na quinta-feira. O crude de referência nos EUA, o West Texas Intermediate (WTI), subia 2,64% para 71,09 dólares por barril, antes da abertura oficial do mercado.

O preço da onça de ouro subiu 0,24%, para 2.752 dólares, longe do máximo histórico de quinta-feira de 2.790 dólares, embora tenha caído para 2.741 dólares no fecho do mercado.

A nível cambial, o euro abriu em baixa, a cotar-se a 1,0859 dólares no mercado de câmbios de Frankfurt, contra 1,0862 dólares na quinta-feira.

(Notícia atualizada às 10h39 com mais informação sobre as bolsas europeias)

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Isabel dos Santos insiste que sempre esteve localizável: “Não sou fugitiva da Justiça”

  • Lusa
  • 1 Novembro 2024

Empresária angolana, que reside no Dubai, diz-se disponível para ser ouvida num processo em que é acusada de 12 crimes associados à sua gestão na petrolífera Sonangol e nega estar a fugir da Justiça.

A empresária angolana Isabel dos Santos, que reside no Dubai, reiterou esta sexta-feira, num comunicado, que sempre esteve localizável e disponível para ser ouvida num processo em que é acusada de 12 crimes associados à sua gestão na petrolífera Sonangol.

A posição de Isabel dos Santos, que insiste que é visada num processo “político”, surge em resposta a declarações do Procurador-Geral da República de Angola, Hélder Pitta Groz, feitas na quarta-feira em Portugal, em que afirmou que o pedido de detenção de Isabel dos Santos no Dubai já foi enviado “há mais de um ano” e que continua à espera que seja cumprido.

“O tratamento é manifestamente desigual. Se não se tratasse de um processo político contra a filha do antigo Presidente da República de Angola [José Eduardo dos Santos, falecido a 8 de julho de 2022), o próprio Comité de Avaliação e Análise para o Aumento da Eficiência do Setor Petrolífero, em 2016 dirigido por Edeltrudes Costa, que ordenou e decidiu a contratação de consultores para a reestruturação da Sonangol, seria investigado, bem como os ministros que também seriam investigados e detidos. Isto se não fosse todo este processo, um processo político contra uma única pessoa: Isabel dos Santos”, afirma Isabel dos Santos no comunicado.

Nas declarações aos jornalistas em Lisboa, o PGR de Angola lamentou que as autoridades árabes não procedam à detenção de Isabel dos Santos, mas salientou que o mais importante é que a filha do antigo Presidente de Angola se coloque à disposição das autoridades.

“As declarações do Senhor Procurador-Geral da República de Angola confirmam que eu não estou (nem nunca estive) em parte incerta ou desconhecida. Ou seja, é falso que as autoridades angolanas não me conseguem localizar. Como ele próprio declarou, conhece a minha morada e o meu paradeiro há mais de ano e meio, confirmando o que eu sempre afirmei: não sou fugitiva da Justiça”, afirma Isabel dos Santos no comunicado divulgado hoje.

“Estou, e sempre estive, disponível para prestar esclarecimentos no interesse da verdade. Durante mais de quatro anos participei e respondi em todos os processos, em Angola, Portugal ou qualquer outra jurisdição, sempre que fui solicitada”, acrescenta.

É falso que as autoridades angolanas não me conseguem localizar. Como ele próprio declarou, conhece a minha morada e o meu paradeiro há mais de ano e meio.

Isabel dos Santos

Pitta Groz negou as alegações de processo político apresentadas pela defesa de Isabel dos Santos. “A melhor forma de ela [Isabel dos Santos] poder demonstrar que é um processo político é colocar-se à disposição dos órgãos de justiça de Angola e aí poder mostrar, como diz, com provas concretas, que é um processo político e não que há factos ilícitos, é o melhor caminho para isso”, disse o Procurador angolano.

No entanto, segundo Isabel dos Santos, há mais de quatro anos que os processos estão todos sob segredo de justiça, tanto em Portugal como em Angola.

“Não me é possível saber as razões ou suspeitas que existem sobre mim pois é-me negado o acesso aos processos. Em consequência do ‘segredo de justiça’ também não me é permitido prestar esclarecimentos ou apresentar provas contraditórias, que podem eliminar as suspeitas e demonstrar a minha inocência e esclarecer a verdade”, responde a empresária angolana.

“Há mais de quatro anos que tenho as contas bancárias bloqueadas, há mais de quatro anos que estou impedida de trabalhar, há mais de quatro anos que estou impedida de pagar impostos ou, até, de viajar, há mais de quatro anos que as minhas participações nas minhas empresas estão bloqueadas; há mais de quatro anos que não me posso verdadeiramente defender, pois tudo é secreto”, insistiu.

Para a defesa de Isabel dos Santos, os países que respeitam os mais básicos Direitos Humanos não sujeitam as pessoas a segredos de justiça, negando assim, há vários anos, o direito da pessoa conhecer as suspeitas que recaem sobre si, de se defender e apresentar provas ou esclarecimentos para descoberta da verdade.

“Ao contrário do que afirma a PGR de Angola, o meu caso trata-se claramente de um processo político e a realidade dos factos assim o demonstra. Caso não se tratasse de um processo político, todos os outros membros do Conselho de Administração da Sonangol, que comigo trabalharam e decidiram contratar e pagar consultores, seriam acusados e teriam ordens de detenção, bem como as empresas consultoras como a BCG, McKinsey, PWC, Vieira de Almeida — Sociedade de Advogados, entre outros, que estiveram a trabalhar na Sonangol em 2016 e 2017 com mais de 130 consultores na sua sede, em Luanda. Também estes teriam ordens de detenção e as contas bancárias e empresas bloqueadas”, argumenta Isabel dos Santos no comunicado.

Antes considerada a mulher mais rica de África, Isabel dos Santos, que vive fora de Angola há vários anos, é acusada de 12 crimes num processo que envolve a sua gestão à frente da petrolífera estatal Sonangol entre 2016 e 2017.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou em 2020 mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de Luanda Leaks, que pormenorizam alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, entretanto falecido, que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.

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Guerras comerciais, defesa e ambiente. O que está em jogo para a UE nas eleições americanas?

Uma vitória de Donald Trump poderia custar até 1% do PIB europeu. Mas, mesmo no caso de uma vitória de Kamala Harris, continuam a existir desafios para a UE.

O regresso em força do “América Primeiro” ou uma espécie de continuidade na Casa Branca? A palavra pertence aos eleitores americanos, mas não deixa o resto do mundo indiferente. Na Europa, e também em Portugal, há muito em jogo com os resultados das presidenciais da maior economia do mundo, seja nas relações comerciais, na defesa ou mesmo na política energética e ambiental. A comprovar essas preocupações têm estado algumas declarações recentes de responsáveis de instituições da União Europeia.

A presidente do Banco Central Europeu, por exemplo, deixou um aviso para o próximo inquilino da Casa Branca. Numa intervenção num evento do Atlantic Council, Christine Lagarde defendeu que os períodos de restrições e barreiras nas políticas comerciais dos EUA não foram tempos “de prosperidade e de forte liderança no mundo”. E salientou que o próximo presidente dos EUA “deveria, no mínimo, ter isso em mente”.

A líder da autoridade monetária da Zona Euro não especificou nomes. Mas, quando se fala em barreiras e restrições de política comercial, todas as atenções vão parar a Donald Trump. O candidato republicano promete uma renovada onda de tarifas e uma política musculada de protecionismo, na linha da que seguiu durante a sua administração entre 2017 e 2021.

Entre o “preço alto” e a continuidade

Num comício no final de outubro, Trump não se coibiu de ameaçar a UE. “A União Europeia soa tão bem, certo? Aqueles países pequenos todos juntos. Eles não levam os nossos carros. Não levam os nossos produtos agrícolas. Eles vendem milhões e milhões de carros nos EUA. Não. Eles vão ter de pagar um preço alto”. O candidato republicano já fez as contas. Quer aplicar tarifas adicionais de entre 10% a 20% a produtos vindos da UE e também de outras partes do mundo.

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Por seu lado, Kamala Harris, como em quase todas as políticas, dá fortes indícios de ser mais moderada. No entanto, a candidata democrata, apesar de reconhecer que o comércio internacional é importante para o crescimento, tem também apoiado algumas medidas que podem ser consideradas protecionistas.

Harris defende que as relações comerciais dos EUA com outros países precisam de defender os trabalhadores americanos. Além disso, a vice-presidente de Biden tem apoiado uma política industrial, com fortes incentivos e subsídios a setores estratégicos americanos, uma estratégia que tem também características protecionistas. A candidata democrata tem ainda, no seu histórico como senadora, a oposição a alguns acordos comerciais, argumentando tanto com a defesa de postos de trabalho nos EUA como com questões ambientais.

Os potenciais impactos de uma vitória de Trump

Ainda assim, e mesmo com algumas medidas mais protecionistas de Harris, os economistas não apontam grandes mudanças nas relações comerciais entre os EUA e a Europa no caso de uma vitória democrata. Já a eleição de Trump obriga a que se façam contas e revisões em baixa para a economia da Zona Euro.

Mas qual poderia ser o impacto? Os economistas do Goldman Sachs estimaram, num relatório a que o Eco teve acesso, que a introdução de tarifas de 10% “poderia fazer baixar o PIB da Zona Euro em cerca de 1%, com a maior parte dos efeitos negativos na Alemanha, dada a sua maior abertura e dependência da atividade industrial”.

Por seu lado, os especialistas da The Economist Intelligence Unit (EIU) apontam para um impacto de 0,3% no PIB europeu. Também esta entidade coloca a Alemanha como a mais prejudicada, o que junta ainda mais preocupações a uma economia que não aparenta ter o dinamismo de outros tempos. Já os países do sul da Europa, como Portugal, poderão sofrer menos estragos, dada a menor intensidade exportadora e uma dependência mais baixa do mercado americano.

A introdução de novas tarifas por parte de Washington terá, muito provavelmente, resposta de Bruxelas. “A UE irá inicialmente pressionar para ter exceções, oferecendo-se para comprar maiores quantidades de alguns bens americanos, mas o elevado excedente comercial da região com os EUA, sugere que isso não será eficaz. Assim, podem esperar-se tarifas retaliatórias a partir do início de 2026”, assinalam os economistas da EIU. Aliás, segundo o Politico, desta vez Bruxelas prepara-se para reagir com rapidez e força a uma eventual nova guerra comercial espoletada por Trump.

Quanto vale o mercado dos EUA para Portugal?

Apesar de a economia portuguesa não estar entre as que mais poderão ser afetadas por uma eventual guerra comercial espoletada por Trump, é bastante provável que não saia incólume.

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Os EUA têm sido um dos mercados para onde as exportações portuguesas de bens mais crescem. As vendas para a maior economia do mundo mais que duplicaram na última década. Situaram-se em 3,75 mil milhões de euros nos primeiros oito meses deste ano, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística. O mercado dos EUA absorve 7% das exportações nacionais e 29% das vendas feitas por Portugal para fora da UE. Além disso, Portugal tem um robusto excedente comercial. Entre janeiro e agosto deste ano vendeu mais 2,2 mil milhões de euros em bens do que os que comprou.

Portugal pode ainda sofrer impactos indiretos. Uma política comercial mais agressiva de Trump acabaria por afetar o mercado alemão, que é o maior destino das exportações portuguesas. E uma travagem na locomotiva alemã nunca é uma boa notícia para a economia portuguesa.

A Ucrânia e a defesa na Europa

As relações comerciais entre os EUA e a UE até podem estar na linha da frente em termos económicos. Mas as eleições americanas têm também fortes repercussões na área geopolítica. Kamala Harris tem reafirmado o compromisso em cooperar com a NATO e de continuar a apoiar a Ucrânia na defesa contra a invasão russa.

Já com Trump a história poderá ser diferente. Durante o seu mandato anterior, o republicano ameaçou sair da Aliança Atlântica para forçar os outros membros a cumprirem com a meta de financiamento da organização. Em relação à guerra lançada pela Rússia contra a Ucrânia, Trump tem prometido uma negociação que acabaria rapidamente com o conflito. No entanto, nunca especificou como conseguiria a paz e existem receios que possa retirar o apoio a Kiev, levando a Ucrânia a ceder às pretensões de Putin.

"Cumprir com os requisitos da NATO de gastar 2% do PIB em defesa e compensar uma potencial redução do apoio militar dos EUA à Ucrânia pode custar à UE um adicional de 0,5% do PIB por ano”

Goldman Sachs

Assim, os analistas do Goldman Sachs salientam que “o desfecho das eleições pode também implicar pressões renovadas para a defesa e segurança da Europa”. E isso pode levar a maior despesa pública nesta área. “Cumprir com os requisitos da NATO de gastar 2% do PIB em defesa e compensar uma potencial redução do apoio militar dos EUA à Ucrânia pode custar à UE um adicional de 0,5% do PIB por ano”, calculam os economistas do banco americano.

Porém, mesmo com uma vitória de Harris e a manutenção do apoio à Ucrânia e das garantias de segurança à Europa, vários analistas e responsáveis políticos têm sublinhado a necessidade de a UE ter uma maior autonomia estratégica nesta área, o que implica um aumento de despesa.

Em Portugal, por exemplo, o ministro da Defesa, Nuno Melo, tem reiterado que o País vai passar a gastar 2% do PIB nesta área até 2029.

Renováveis vs. combustíveis fósseis

Outra das muitas áreas que opõem Harris e Trump é a da transição energética. O antigo presidente – que retirou os EUA do Acordo de Paris – classificou a agenda verde como um “embuste” e defende que se deve fazer all in nos combustíveis fósseis, como o petróleo, o gás e o carvão. Isto apesar dos alertas sobre o papel que essas fontes de energia têm no aquecimento global e dos apelos para a necessidade urgente de se reduzirem as emissões de dióxido de carbono.

Já Kamala Harris tem um histórico de defesa de políticas que privilegiam a energia verde e a redução de emissões. A candidata democrata apoiou o regresso dos EUA ao Acordo de Paris e foi essencial na aprovação do Inflation Reduction Act, um programa de investimento sem precedentes que tem as energias limpas como um dos seus grandes pilares.

Assim, o desfecho das eleições americanas tem especial relevância para que a Europa mantenha, ou não, um aliado na luta contra as alterações climáticas. Além disso, a política energética na maior economia do mundo terá, muito provavelmente, ramificações na bolsa portuguesa. A EDP – a empresa mais valiosa do PSI – tem 27% da capacidade instalada nos EUA, praticamente toda eólica e solar, e tem beneficiado da aposta em energias limpas feita pela administração Biden.

Concorrência económica

O resultado das eleições da próxima terça-feira é incerto. Mas parece não haver grandes dúvidas de que uma vitória de Trump trará um grau de imprevisibilidade elevado, com potenciais impactos económicos significativos na Europa e também noutras partes do mundo. No entanto, mesmo que seja Harris a ganhar a corrida à Casa Branca, permanecem desafios para a UE.

“Uma presidência Trump iria marcar um período muito turbulento nas relações transatlânticas e a maior parte dos europeus ficará aliviado se Harris prevalecer”, consideram Ian Bond e Luigi Scazzieri, numa nota de análise. Os investigadores do grupo de reflexão Centre for European Reform salientam, no entanto, que “mesmo uma vitória de Harris não salvaria os europeus de tomarem decisões difíceis sobre a Ucrânia” nem alteraria a “ênfase da América na política industrial e na proteção da indústria americana às custas do comércio livre”.

Numa fase em que os principais blocos económicos dão sinais de estarem a privilegiar políticas mais protecionistas, a UE terá de continuar a aprimorar a sua estratégia no tabuleiro geopolítico e económico. Essa necessidade será mais evidente no cenário da vitória de Trump, que poderá levar a uma rápida alteração das regras do jogo. Mas mesmo com Harris na Casa Branca, o esforço da Europa em aumentar a sua autonomia estratégica e económica deverá manter-se.

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Conselho de administração da ULS do Algarve tem nova direção

  • ECO
  • 31 Outubro 2024

Tiago Botelho, até agora administrador do departamento cirúrgico, assume a direção do conselho de administração da ULS do Algarve que foi exonerada esta quinta-feira pela Direção Executiva do SNS.

Já há nova direção para o conselho de administração da ULS do Algarve, sendo assumida por Tiago Botelho até agora administrador do departamento cirúrgico e também coordenador da Unidade Local de Gestão do Acesso da área hospitalar nesta unidade, avança a RTP.

A nomeação foi conhecida no dia em que se soube que a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tinha exonerado o conselho de administração da ULS do Algarve.

De acordo com um documento, datado de 30 de outubro, o conselho de gestão da direção executiva do SNS, “sob proposta” do seu diretor executivo, deliberou exonerar os seguintes membros do Conselho de Administração da ULS Algarve: João Ferreira (presidente), José Manuel Almeida (diretor clínico para a área dos cuidados de saúde hospitalares), Carla José Aleluia (vogal executiva), Paulo Neves (vogal executivo) e Mariana Santos (enfermeira diretora).

Da nova direção faz ainda parte Ana Paula Fidalgo, diretora clínica para a área dos cuidados de saúde hospitalares e até agora diretora da unidade AVC da ULS Algarve, e Anabela Simões, enfermeira diretora e até agora coordenadora da unidade de cuidados na Comunidade Dunas de Portimão. Já Rubina Correia, nomeada pelo anterior Governo em janeiro, mantém-se como diretora clínica dos Cuidados de Saúde Primária.

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Diretor do Serviço de Cirurgia do Amadora-Sintra demite-se e saem 10 cirurgiões

  • Lusa
  • 31 Outubro 2024

O diretor do Serviço de Cirurgia Geral, Paulo Mira, demitiu-se depois de dez cirurgiões terem saído devido ao regresso de dois médicos que denunciaram más práticas no serviço.

O diretor do Serviço de Cirurgia Geral da Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora/Sintra demitiu-se e dez cirurgiões deixaram o serviço, confirmou esta quinta-feira à Lusa a instituição, que prevê constrangimentos no serviço.

Uma fonte ligada ao processo disse à Lusa que o diretor do Serviço de Cirurgia Geral, Paulo Mira, tinha apresentado o seu pedido de demissão ao Conselho de Administração e que tinham saído os 10 cirurgiões que apresentaram a demissão devido ao regresso de dois médicos que denunciaram más práticas no serviço.

Contactada pela Lusa, a ULS Amadora/Sintra confirmou “a saída de 10 elementos do Serviço de Cirurgia Geral e a demissão do atual diretor do Serviço com efeitos a 31 de dezembro”, adiantando que a situação está a ser acompanhada pela tutela.

Adiantou que “estão a ser efetuados esforços de resolução com a maior brevidade possível, com o apoio dos elementos do Serviço e restante equipa”. A ULS prevê constrangimentos na escala de Cirurgia Geral e avança que “serão informadas as autoridades competentes, incluindo INEM, caso seja necessário”.

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Square Asset Management notifica AdC da compra do Alegro Montijo

  • Lusa
  • 31 Outubro 2024

O portfólio gerido pela Square inclui 11 centros comerciais. Agora quer ficar com o controlo exclusivo do centro comercial Alegro Montijo.

A Square Asset Management notificou a Autoridade da Concorrência (AdC) da compra do controlo exclusivo sobre o Alegro Montijo e a sua subsidiária Brafero, dona do imóvel onde está instalado o centro comercial.

A operação de concentração consiste na aquisição pela Square Asset Management – Sociedade Gestora de Organismos de Investimento Coletivo, do controlo exclusivo sobre a Alegro Montijo e a sua subsidiária Brafero, através da sua nomeação como entidade gestora no contexto da conversação das adquiridas em sociedade de investimento coletivo”, lê-se na informação publicada esta quinta-feira no site da Concorrência.

A Square Asset Management é uma sociedade que se dedica à administração, gestão e representação de fundos de investimento imobiliário. Esta sociedade é controlada pela Right – Square, que presta serviços de consultoria imobiliária. O portfólio gerido pela Square inclui 11 centros comerciais.

Quaisquer observações sobre esta operação devem ser enviadas à AdC no prazo de 10 dias.

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Startup do Porto está à procura de investidores para levar lanches saudáveis para os EUA

Fernanda Vasconcelos despediu-se de diretora de marketing do Impacting Group para dedicar-se inteiramente à Nolita, startup que desenvolve produtos sem qualquer adição de açúcares ou adoçantes.

O casal Fernanda Vasconcelos e Nuno Gama decidiram mudar a alimentação da família em 2017 e deparam-se com a falta de opções no mercado para pequenos-almoços e lanches. Fernanda meteu as mãos na massa e decidiu começar a criar as próprias receitas em casa sem adição de açúcar. Entre tentativa e erro, criou uma granola que fez sucesso entre os amigos e familiares. No final de 2019 despediu-se do cargo de diretora de marketing do Impacting Group para dedicar-se a 100% à Nolita.

A decisão de se demitir aconteceu quando a startup de Fernanda Vasconcelos participou na 2ª edição do From Start to Table, da Startup Lisboa e foi esta candidatura que marcou o rumo da empreendedora. “Na altura, pensei: se não for selecionada é porque o que estou a fazer não presta; caso seja selecionada, é porque há esperança“, conta ao ECO/Local Online, Fernanda Vasconcelos, cofundadora e diretora geral da Nolita.

Acabou o programa de incubação em dezembro de 2019 e em março seguinte viu chegar o primeiro confinamento provocado pela pandemia da Covid-19. “Foi um balde de água fria, mas foi também uma oportunidade de trabalhar no desenvolvimento do produto”, diz Fernanda Vasconcelos que tem um curso de marketing digital na General Assembly em Londres e um MBA na Porto Business School. Para melhorar o conhecimento na área da nutrição, Fernanda decidiu fazer um curso de ciências da nutrição na Universidade de Medicina de Stanford, em 2022.

A startup portuense, sediada perto da rotunda da Boavista, desenvolveu uma tecnologia que permite eliminar açúcares e adoçantes adicionados, utilizando apenas fibras prébióticas. A grande maioria dos produtos vendidos pela Nolita contém uma dose de 30 gramas de fibra por cada 100 gramas, cinco vezes mais do que o mínimo exigido por lei para um produto ser considerado rico em fibra. Ao aumentar este componente, o açúcar foi reduzido: grande parte dos produtos tem entre dois e quatro gramas de açúcar em cada 100 gramas de produto, dose que corresponde ao açúcar naturalmente presente nos ingredientes (frutos secos e sementes).

Empreendedora procura investidores para expandir para os EUA

Os produtos Nolita estão disponíveis em mais de 100 pontos de venda físicos de Norte a Sul do país, como lojas Celeiro e El Corte Inglès, além de várias lojas online e marketplaces nacionais e internacionais. O retalho pesa 90% da faturação. A portuguesa já exporta 5% da produção para Espanha, França, Itália e Holanda. Para adoçar o negócio, a Nolita está à procura de investidores que possam ajudar a escalar nos Estados Unidos.

“Estivemos recentemente na Fancy Food Show, em Nova Iorque, e percebemos o potencial deste mercado para os produtos Nolita. Acreditamos que podemos chegar a 1 milhão de euros em 2026 com o mercado dos EUA,” afirma Fernanda Vasconcelos.

Estivemos recentemente na Fancy Food Show, em Nova Iorque, e percebemos o potencial deste mercado para os produtos Nolita. Acreditamos que podemos chegar a 1 milhão de euros em 2026 com o mercado dos EUA.

Fernanda Vasconcelos

Cofundadora e diretora geral da Nolita

A empresária detalha que estão a negociar com dois tipos de entidades diferentes: “empresas tradicionais já com instalações fabris, logística e equipas comercias que já vão a feiras internacionais, ou business angels e capitais de risco“. Neste segundo cenário, a empreendedora revela que está a falar em injeções que rondam o meio milhão de euros. “Ainda estamos em fase de namoro com várias empresas“, afirma a gestora, que trabalhou também para o grupo Sonae na equipa de e-commerce como responsável de aplicações móveis.

Em março deste ano, a empresa portuguesa registou a primeira patente, uma inovação que permite criar produtos sem qualquer adição de açúcares/adoçantes. Para caramelizar e adoçar os seus produtos, a Nolita utiliza fibras prébióticas naturais, graças ao processo proprietário, uma técnica termomecânica que molda as propriedades das fibras. Esta inovação pode ser aplicada em diversas categorias de alimentos, como granolas, barras de cereais, bolachas e muito mais.

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