Lã portuguesa ‘desenrola’ exportações para a China ao fim de cinco anos

Acordo assinado pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária permite aos produtores nacionais de ovinos reabrir canal de vendas de lã suja para a China, que concentra 90% dos lavadouros no mundo.

Quase cinco anos depois de as autoridades de Pequim terem suspendido unilateralmente a possibilidade de exportação de lã portuguesa para a China, os produtores nacionais de ovinos veem finalmente reaberto o canal comercial para este produto no gigante mercado asiático, onde são lavadas cerca de 90% das lãs a nível mundial.

O Ministério da Agricultura confirma ao ECO este “avanço significativo para o setor agropecuário nacional, ao permitir a valorização de um recurso anteriormente classificado como subproduto de origem animal de categoria 3”, destacando que “não só contribui para a diversificação dos mercados de escoamento, como também gera uma nova fonte de rendimento para os produtores”.

O protocolo que “reduz os encargos associados à eliminação deste subproduto” e promove uma “abordagem mais sustentável e economicamente viável para o setor” foi assinado no final do ano passado entre a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e a Administração Geral das Alfândegas da República Popular da China (GACC), responsável pelo controlo das importações chinesas.

Portugal passa a dispor de um novo canal comercial para este produto, garantindo que todas as exigências sanitárias e regulamentares sejam devidamente cumpridas.

Fonte oficial do Ministério da Agricultura

Desde julho de 2020 que a exportação de lã portuguesa para a China se encontrava suspensa por decisão unilateral das autoridades chinesas. Uma restrição que, contextualiza a tutela, resultou então de uma “reavaliação das condições sanitárias e regulamentares impostas pelo governo chinês, o que levou a um período de negociação e adaptação dos procedimentos nacionais para garantir o cumprimento dos requisitos exigidos”.

Garantido com este acordo o cumprimento de “todas as exigências sanitárias e regulamentares”, o Ministério tutelado por José Manuel Fernandes perspetiva que “o acesso ao mercado chinês venha a reforçar a dinâmica [do setor] e a criar oportunidades comerciais” para os potenciais beneficiários deste protocolo.

As estimativas oficiais apontam para a existência de perto de 42.600 explorações de ovinos em Portugal – dois terços situadas a sul do Tejo –, com um efetivo de 1,8 milhões de animais. Dependendo das raças (merinas, bordaleiras ou churras), geram lãs finas que são destinadas sobretudo à produção de vestuário, ou lãs grosseiras que podem ser usadas em artigos como tapeçarias, feltros ou isolamentos.

A proibição da entrada de lãs no mercado chinês provocou uma acumulação deste produto nos armazéns e nas explorações pecuárias, mas também o abandono de lã em locais inadequados, como lixeiras e caixotes do lixo, com riscos ambientais e sanitários.

O Governo reconhece que estes episódios têm sido “reportados”, mas garante que “sempre que tais situações são identificadas, a DGAV ativa mecanismos de averiguação para identificar os responsáveis pelo descarte inadequado e proceder à remoção e destruição da lã, garantindo o cumprimento das normas de saúde pública e segurança ambiental”.

“Retaliação” pela Huawei e contacto com embaixada

Para os criadores de ovinos, o “sustento” é a produção de carne, cujo mercado está “neste momento num momento extraordinário”. Embora a lã sempre tenha sido um produto de mais baixo valor comercial, Tiago Perloiro atesta ao ECO que nos últimos anos “pura e simplesmente deixou de ser transacionada” e passou a ter “um saldo negativo na conta de exploração porque não se consegue vender” depois da tosquia.

Tal como a maior parte dos operadores, tenho a lã aqui num armazém em Évora porque nos últimos anos o mercado esteve completamente parado, à espera que a China voltasse a abrir.

Tiago Perloiro

Diretor-geral da Ancorme

“Tal como a maior parte dos operadores, tenho a lã aqui num armazém em Évora porque nos últimos anos o mercado esteve completamente parado – o que me oferecem é completamente ridículo – e à espera que este mercado da China voltasse a abrir”, relata o diretor-geral da Ancorme, a associação nacional dos criadores de ovinos da raça merina, associando a demora no restabelecimento deste canal de exportação a uma “retaliação” pela exclusão da chinesa Huawei do 5G em Portugal.

Tiago Perloiro refere que a reabertura do mercado chinês é “muito positiva” e espera que “comece a surtir efeito”, estando já a “fazer diligências para tentar encontrar operadores na China para este produto que [tem] em armazém”, inclusive através do contacto com a embaixada em Lisboa. Ainda assim, adverte que não sabe quanto tempo vai ser preciso para a situação “normalizar”, lembrando a “muita lã armazenada na casa dos agricultores” portugueses.

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Luís Montenegro vs Pedro Nuno Santos: os argumentos do debate para convencer os indecisos

  • Luis Claro
  • 28 Abril 2025

É a segunda vez que Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos vão debater nas televisões, mas os temas principais serão outros. AD está confiante nos "resultados" da governação e PS quer recuperar terreno.

O debate mais importante destas eleições legislativas antecipadas acontece esta segunda-feira, a partir das 21 horas e será transmitido em simultâneo pela RTP, SIC e TVI. É a segunda vez que Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos se enfrentam nas televisões, embora as circunstâncias sejam diferentes do debate que aconteceu há pouco mais de um ano. Montenegro passou a ser primeiro-ministro e o PS está na oposição.

O politólogo José Palmeira prevê que seja um debate “equilibrado”, porque estamos a falar de dois políticos com “muita experiência política e que são bons comunicadores“.

O atual primeiro-ministro e o líder socialista têm pontos fortes e pontos fracos, mas uma das preocupações das equipas dos candidatos é prepará-los para não cometerem nenhum erro grave. “Os debates são muito preparados pelas equipas dos candidatos e as falhas dificilmente acontecem”, diz o professor de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade do Minho.

“No caso de Montenegro as maiores fragilidade são a questão pessoal”, na sequência do caso com a empresa familiar que acabou por conduzir à realização de eleições antecipadas, e os “problemas na área da saúde”, afirma José Palmeira. Pedro Nuno Santos tem como desvantagem “o facto de ir debater com o primeiro-ministro na medida em que quem está no governo tem mais conhecimento dos dossiês“. E pode também ser prejudicado por Montenegro ter “alguns trunfos em função dos resultados da governação”.

Os debates são muito preparados pelas equipas dos candidatos e as falhas dificilmente acontecem.

José Palmeira

Politólogo

Para o politólogo, Pedro Nuno Santos está mais pressionado a vencer, porque a AD está à frente nas sondagens, e, apesar da “vasta de informação que hoje existe”, este debate pode “servir para alguns eleitores confirmarem o seu voto ou para retirar da abstenção pessoas que estavam inclinadas a não votar”. Palmeira realça ainda que os debates “influenciam os apoiantes e se correrem bem fazem com que os partidos vão para a campanha com mais ânimo”.

O último debate entre Montenegro e Pedro Nuno foi há pouco mais de um ano, mas os principais temas do frente-a-frente desta segunda-feira deverão ser outros. Nas últimas legislativas, o confronto ficou marcado pela manifestação dos polícias que ficou conhecida como cerco ao Capitólio e, além das reivindicações das forças de segurança, destacaram-se temas como a recuperação do tempo congelado aos professores, o caos na saúde, a descida dos impostos, a habitação e a estabilidade governativa.

Montenegro pode argumentar que resolveu alguns destes problemas que se arrastavam há alguns anos. Pedro Nuno Santos estará mais interessado em destacar áreas como a saúde em que os planos do Governo não conseguiram travar as falhas no SNS.

A empresa familiar de Luís Montenegro e a comissão de inquérito ao primeiro-ministro, que conduziram à realização de eleições antecipadas, bem como a investigação preventiva a dois imóveis de Pedro Nuno Santos são temas obrigatórios no último frente-a-frente destas legislativas antecipadas. Defesa, Saúde, habitação, salários, impostos e governabilidade são outros dos assuntos que os dois candidatos querem colocar em cima da mesa.

“Há um ano os dois líderes estavam quase em pé de igualdade, mas agora temos um primeiro-ministro em funções e vamos puxar por esses galões”, diz Duarte Pacheco. O ex-deputado social-democrata não tem dúvidas de que Montenegro vai realçar “os resultados positivos” em algumas áreas da governação e lembrar que só não foi mais longe porque o impediram.

O social-democrata considera que “o debate será muito relevante, porque pode marcar uma diferença de estilo e de opção política e levar a um apelo ao voto útil”. E espera que sirva para deixar claro que a AD e os socialistas propõem “caminhos diferentes para áreas como a economia, a saúde ou a educação”.

Há um ano os dois líderes estavam quase em pé de igualdade, mas agora temos um primeiro-ministro em funções e vamos puxar por esses galões.

Duarte Pacheco

Ex-deputado do PSD

Do lado do PS este frente-a-frente é encarado como “um momento decisivo” para conquistar os indecisos. “O desempenho de Pedro Nuno tem sido bom nestes debates”, diz um deputado socialista, convicto de que, mais do que “falar sobre a Spinumviva”, o líder socialista deve apostar em convencer os eleitores de que as suas propostas são mais ambiciosas e mais realistas para dar qualidade de vida às pessoas. “Há muitos indecisos e este debate vai ser visto por muita gente. É um momento crucial para olhar para os indecisos”, remata.

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Lucro da Galp cai 41% no primeiro trimestre para 192 milhões de euros

A petrolífera portuguesa justifica a quebra nos resultados com as paragens para manutenção em unidades de produção no Brasil e com a queda nas margens de refinação no arranque do ano.

A Galp Energia arrancou o ano com lucros de 192 milhões de euros, o que representa uma descida de 41% face aos primeiros três meses do ano passado. Segundo a empresa, reflete o aumento das paragens programadas para manutenção em unidades de produção no Brasil e a diminuição das margens de refinação internacionais.

Há duas semanas, no tradicional trading update, o grupo já tinha reportado uma queda de 53% da margem de refinação para 5,6 dólares por barril (vs. 12 dólares no período homólogo), refletindo o impacto da conjuntura internacional sobre o setor energético.

De acordo com a informação enviada esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o lucro da petrolífera antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de 669 milhões de euros entre janeiro e março, 29% abaixo do que tinha registado no mesmo período do ano passado.

A descida neste indicador ficou “em linha” com a diminuição nos resultados das duas principais áreas de negócios da Galp: a exploração e produção de petróleo (upstream) no Brasil – cujo Ebitda caiu 32% para 385 milhões -; e o industrial & midstream (onde se inclui a refinação), que teve uma queda de 28% para 218 milhões.

O negócio comercial, que inclui a venda de combustível nas bombas, registou um “trimestre positivo nas vendas”, tanto de produtos petrolíferos como de gás natural e eletricidade, beneficiando do aumento do número de clientes e da expansão da rede de carregamento de veículos elétricos. O Ebitda desta área cifrou-se em 61 milhões, equivalente a uma ligeira redução de 2%.

Já a unidade de negócios das renováveis diminuiu ligeiramente a produção, o que, assinala, seria “previsível num dos trimestres mais chuvosos de que há registo nos últimos anos”. No entanto, frisa que “uma gestão mais ativa da produção, com uma forte aposta no mercado dos serviços de sistema, permitiu sustentar o preço médio de venda”, o que resultou numa melhoria de 12% no Ebitda da área para um total de 10 milhões de euros.

Apesar deste ter sido o primeiro trimestre com a maior queda nos lucros dos últimos três exercícios, citados em comunicado, Maria João Carioca e João Diogo Marques da Silva, que vão continuar como co-CEO até ao final do mandato em 2026, descrevem “um início de 2025 sólido para a Galp, revelando resiliência operacional num ambiente de mercado cada vez mais volátil”.

“Os sólidos desempenhos em todos os negócios e a conclusão bem-sucedida do desinvestimento na participação na Área 4, em Moçambique, colocaram a Galp numa posição privilegiada para reforçar ainda mais a sua posição ao longo do ano. O nosso foco na execução manteve-se forte, progredindo com os nossos projetos de crescimento e transformação, incluindo a conclusão bem-sucedida de mais um poço na Namíbia“, apontam os gestores.

É um início de 2025 sólido para a Galp, revelando resiliência operacional num ambiente de mercado cada vez mais volátil.

Maria João Carioca e João Diogo Marques da Silva

Co-CEO da Galp

Em termos operacionais, a produção total de petróleo e gás da Galp no Brasil diminuiu 3% para 104 mil barris diários. Apesar disso, a Galp mantém as metas de produção média até ao final do ano, sublinhando que em três meses foram concluídas 40% das operações de manutenção previstas para o total do ano.

Em Portugal, a refinaria de Sines exportou 31% dos volumes produzidos e a rede
de carregamento de veículos elétricos cresceu para 6.900 pontos. No gás e eletricidade diz ter atingido pela primeira vez a marca de 430 mil clientes no país, enquanto na divisão das renováveis assinalou entrada em operação da sua primeira bateria de grande escala no parque fotovoltaico de Alcoutim.

A empresa, que no final de março contabilizava a estabilização da dívida em 1.200 milhões de euros, espera efetuar durante o segundo trimestre deste ano um segundo pagamento interino de dividendo relativo aos resultados de 2024, no valor de 34 cêntimos por ação, que ainda depende da aprovação dos acionistas na assembleia geral agendada para 9 de maio.

Entre janeiro e março deste ano, a Galp investiu um total de 295 milhões de euros, o equivalente a 1,5 vezes do resultado líquido. A maior parte desse valor foi para a avaliação das reservas de petróleo na Namíbia, para o projeto Bacalhau (Brasil) e para a construção das unidades de produção de hidrogénio verde e de biocombustíveis avançados em Sines, que deverão começar a operar já no próximo ano.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 28 Abril 2025

Galp marca arranque da época de resultados trimestrais das cotadas do PSI. Dia ficará marcado pelo debate entre Montenegro e Pedro Nuno Santos. Benfica divulga resultados do empréstimo obrigacionista.

O arranque da época de resultados trimestrais das cotadas do PSI está marcado para esta segunda-feira, com a Galp Energia a divulgar os resultados. O INE divulga a procura turística dos residentes e o Benfica os resultados do empréstimo obrigacionista. O dia ficará ainda marcado pelo debate entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos.

Galp divulga resultados do primeiro trimestre

A Galp divulga os resultados do primeiro trimestre, depois de ter fechado 2024 com lucros de 961 milhões de euros, menos 4% do que em 2023, ano em que tinha alcançado um resultado líquido recorde superior a mil milhões de euros. Ainda assim, o lucro anual do ano passado foi o segundo mais elevado de sempre.

INE publica procura turística dos residentes

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga a procura turística dos residentes do quarto trimestre do ano passado. No terceiro trimestre, as viagens realizadas pelos residentes em Portugal cresceram 2,6%, após terem caído 13,4% nos três meses precedentes, totalizando 8,2 milhões. As viagens em território nacional inverteram a trajetória descendente dos dois trimestres anteriores e aumentaram 1,4%, atingindo 6,9 milhões, enquanto as viagens com destino ao estrangeiro registaram uma subida de 9,8%, totalizando 1,3 milhões de deslocações.

Debate Legislativas: AD vs PS

A AD – Coligação PSD/CDS-PP e o PS têm hoje o grande frente-a-frente sobre as eleições legislativas de 18 de maio, encerrando o calendário de debates a dois. O encontro que opõe Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos está marcado para as 21h, tem a duração de 75 minutos e transmissão simultânea nos três canais generalistas (RTP, SIC e CNN). Na quarta-feira será a vez do debate com todos os partidos com assento parlamentar.

Benfica anuncia resultados do empréstimo obrigacionista

A SAD do Benfica e a Euronext anunciam os resultados do empréstimo obrigacionista de 55 milhões de euros. A sessão especial da bolsa está marcada para as 16h30 e contará com a presença de Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisbon, e de Nuno Catarino, vice-presidente do conselho de administração da SAD das águias.

Governo prevê enviar a Bruxelas relatório anual de progressos do Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo

O Ministério das Finanças prevê remeter à Comissão Europeia o relatório anual de progressos do Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo a 28 de abril, de acordo com a informação remetida ao Parlamento na primeira quinze de abril. No entanto, a data é indicativa, já que o prazo termina apenas na quarta-feira. O plano orçamental substituiu, no âmbito das novas regras europeias, o Programa Nacional de Reformas (PNR) e o Programa de Estabilidade (PE), tendo sido remetido pelo Governo português à Comissão Europeia em outubro e aprovado pelo Conselho da União Europeia em janeiro.

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Mini-Maratona Madrid-Nebrija reúne 4.000 jovens em Madrid para promover o desporto e combater a solidão indesejada

  • Servimedia
  • 28 Abril 2025

A iniciativa, organizada pela Fundação Nebrija, tem como objetivo promover o desporto, a saúde e valores como o esforço, o respeito e a superação pessoal.

Um total de 4.000 jovens entre o 5º ano do Ensino Básico e o 2º ano do Ensino Secundário, bem como estudantes universitários, participaram esta sexta-feira na 6ª edição da Mini-Maratona Madrid-Nebrija, realizada no Parque El Retiro, numa distância de 4,2 quilómetros.

“É uma iniciativa extraordinária que tem a ver com o desporto, a saúde e valores como o respeito pelos adversários, a boa competição, o esforço e a vontade de fazer bem as coisas”, afirmou o presidente do Consejo Superior de Deportes, José Manuel Rodríguez Uribes, segundo a Fundação Nebrija.

Este ano, a corrida também se centrou na luta contra a solidão indesejada entre os jovens, com o apoio da Fundação Social Padre Ángel. “Esta Mini-Maratona é uma ferramenta muito poderosa para sensibilizar e combater a solidão entre os jovens, uma questão sobre a qual não há muita informação”, disse Gadea Gómez Vega, diretora da fundação.

Além disso, como novidade, foram atribuídas duas bolsas Nebrija Excellence MiniMaratón Madrid-Nebrija de 50% aos corredores mais rápidos do 2º ano do Bachillerato. As bolsas cobrem 50% das despesas de ensino e podem ser renovadas anualmente se forem cumpridos os requisitos estabelecidos.

No total, participaram estudantes de 54 escolas e institutos e 16 universidades. A Escola de San Saturio foi a escola com o maior número de participantes, com 400 corredores.

O evento contou com o apoio da Câmara Municipal de Madrid, da Fundação Deporte Joven del CSD e da Fundação Social Padre Ángel, bem como com o patrocínio e a colaboração de entidades privadas como Acciona, Generali, El Corte Inglés, Cadena Ser, Magisterio, Sapos y Princesas e Voluntarios por Madrid.

 

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CEO das seguradoras portuguesas alertam para aumento de custos

Repartir a explosão de custos com sinistros é inevitável segundo os CEO das maiores seguradoras portuguesas. Inovação tecnológica e digitalização devem absorver impactos oferecendo eficiência.

Os principais dirigentes das maiores seguradoras alertaram para o aumento acentuado das despesas das seguradoras com sinistros nos próximos anos durante a conferência “A Inovação e a Transformação nas Seguradoras em Portugal” realizado na Católica-Lisbon, na última quinta-feira. Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade, Luís Menezes, CEO do Grupo Ageas Portugal, Pedro Carvalho, CEO da Generali Tranquilidade e Teresa Brantuas, CEO da Allianz Portugal, debateram as tendências emergentes, os desafios e as oportunidades do setor num contexto de digitalização acelerada, com a moderação de Nuno Castro, partner da NTT Data e especialista em seguros, e Paulo Bracons, diretor do Programa “Inovação e Transformação em Seguros” da Católica-Lisbon.

A CEO Teresa Brantuas, esteve no debate com Rogério Campos Henriques, Pedro Carvalho e Luís Menezes, num evento realizado na Católica-Lisbon com a moderação de Paulo Bracons e Nuno Castro.

Com perguntas repartidas pelos oradores, foram tratados diversos temas, nomeadamente, alterações climáticas, alterações demográficas causadas pelo envelhecimento populacional – a que a Fidelidade chama longevidade – prevenção de riscos, literacia financeira, lacunas de proteção (protection gaps) e os efeitos da digitalização numa maior eficiência de processos.

“Não estamos a ver a avalanche de custos de saúde que vem aí”

Rogério Campos Henriques foi autocrítico, enquanto parte do setor segurador, em relação à falta de eficácia da indústria em conseguir convencer as pessoas a aumentar a sua proteção por seguros. Também alertou para a subida de custos e para a exigência de tornar esses custos comportáveis para a sociedade.

Declarações em destaque:

  • “As tecnologias existem para nos ajudar a cumprir as missões de negócios, eu gosto de pôr as coisas já nesse patamar, por isso não quero reduzir isto a transformação digital, é uma coisa muito mais abrangente do que isso”.
  • “Temos (nos seguros) mais desafios na sustentabilidade do que outros negócios, mesmo quando olhamos para o tema climático temos uma coisa que chamamos de matriz da dupla materialidade querendo dizer que as seguradoras podem influir no que vai acontecer e também são vítimas porque, quando as coisas correm mal, nós pagamos a conta”.
  • “Não há nada que nos preocupe mais do que a sustentabilidade do ponto de vista climático, portanto, nós decidimos endereçar e levá-lo muito a sério internamente temos uma série de medidas que passam muito naturalmente por reduzir a nossa pegada mas passam também e sobretudo por fazer com que os nossos clientes e a sociedade como um todo faça este caminho de ter uma conduta ambientalmente mais responsável”.
  • “Nós somos responsabilizados pelas emissões dos seguros que vendemos, as dos clientes que compram os nossos seguros e também dos investimentos que fazemos”.
  • “Já toda a gente percebeu que conseguimos viver mais anos, nós dominamos a ciência de viver mais anos, mas não dominamos a arte de viver esses anos com qualidade e de uma forma saudável”.
  • “Temos que atuar do nosso ponto de vista em três eixos diferentes. Em primeiro lugar, do lado da saúde sobretudo promovendo uma vida saudável que vai garantir que estes anos que temos pela frente sejam anos mais saudáveis. Em segundo, podemos ter um papel muitíssimo relevante na assistência às pessoas ao longo do seu ciclo de vida, mas sobretudo a partir de uma certa idade, e depois, em terceiro, naturalmente do lado da poupança. Temos que garantir que, ao vivermos mais anos, temos a sustentabilidade financeira para podermos viver esses anos com serenidade, e já agora para suportar o adicional dos custos com saúde que temos pela frente, que é absolutamente gigantesco”.
  • “As nossas ferramentas digitais Fidelidade Drive e Multicare Vitality são apenas dois exemplos em como a tecnologia é um auxiliar para aquilo que nós queremos fazer, não só na transformação do negócio, mas também na transformação dos hábitos e dos comportamentos que temos como sociedade”.
  • “Nós na indústria seguradora, temos um enorme desafio pela frente porque ainda não conseguimos criar soluções que sejam atrativas que tenham um preço razoável nas quais as pessoas confiem em nós”.
  • “O problema é gravíssimo, mas nós ainda não conseguimos de facto sensibilizar o suficiente, não conseguimos aumentar a literacia dos nossos clientes o suficiente para eles perceberem que têm que aumentar significativamente os níveis de proteção nas várias dimensões. Quando falamos de longevidade estamos a falar da saúde, estamos a falar da poupança, estamos a falar em última análise de soluções de assistência que vamos todos ter de pensar”
  • “Na Fidelidade temos andado, como todos os outros, a ter uma série de iniciativas, mas coletivamente não conseguimos encontrar ainda um mecanismo que nos permita ter uma visão integrada e ter soluções que sejam escaláveis. Tudo é muito interessante, mas quando estivermos a falar de longevidade não interessa ter uma solução que não consegue escalar”.
  • Fazemos umas inovações que são ‘giríssimas’ e que fazem tique lá na escala das inovações, só têm sentido se conseguirmos criar a escala suficiente para ter um efeito significativo na sociedade portuguesa para colmatar o gap que temos, por exemplo, nas soluções públicas”.
  • “Acho que nós não estamos todos a ver a avalanche de custos de saúde que vem aí. Estamos a dizer que os custos com os seguros estão a subir, mas isto vai piorar. O desafio não está em discutir se os custos com saúde vão aumentar. Eles vão aumentar. O nosso desafio é em sermos capazes de ter soluções, tecnologia, mudar os hábitos das pessoas, para que nós, enquanto sociedade, consigamos suportar o que aí vem”.
  • “Há dez anos não tínhamos os contactos dos nossos clientes. Quem estava na indústria sabe que não tínhamoa a maior parte dos contactos dos clientes. Portanto, isto quer dizer que fizemos uma evolução enorme, colossal, nos últimos dez anos, de transformação do negócio, de transformação digital, e claramente, de nos aproximarmos dos nossos clientes”.

“Não nos sabemos vender bem! As pessoas nem sabem que somos veículos de poupança personalizados”

Luís Menezes, recém-chegado ao setor enquanto CEO do Grupo Ageas, reconheceu a necessidade de repensar todos os sistemas tecnológicos de forma a produzir resultados mais confiáveis. Voltou a criticar os prestadores na área da saúde e a necessidade de maior controlo dos custos pelas seguradoras.

  • “No Grupo Ageas em termos de Dados e de Gen AI, estamos literalmente a querer fazer uma refundação de tudo dentro da companhia, porque a companhia tem muitos dados, mas o problema foi a forma como apanhámos dados dentro da companhia não foi aquele que conduz a termos uma single source of truth (fonte confiável)”.
  • “Todas empresas que têm muito legacy (herança ou dívida tecnológica) para trás, não começámos ‘ontem’ todos a programar e a desenhar com o que existe atualmente. Por isso, uns têm maiores problemas para trás, outros têm menos, nós temos um desafio digital grande pela frente”.
  • “No que diz respeito ao tema da prevenção, eu tenho uma visão muito clara, não sei se é popular ou não, mas também não me interessa muito. Estou a pensar nos meus clientes e estou a pensar no resto dos meus stakeholders: Não há nenhum controle, nem da forma como o dinheiro é gasto, mas pior que isso, tocando no tema da prevenção, não há dentro dos prestadores a vontade de querer montar sistemas verdadeiros de prevenção, porque isso no fim do dia vai reduzir as vendas no final do ano. Porque vai”.
  • “Nós acreditamos que a prevenção é muito importante por dois temas. Em primeiro lugar, no caso da saúde é fácil de ver, estamos a contribuir para a saúde de cada indivíduo. Do ponto de vista do risco, diminuímos o risco de cada indivíduo e por isso o risco total mutualizado diminui, mas alguém tem que pagar o preço, neste caso são os prestadores de saúde”.
  • Os aumentos de preço têm sido muito grandes para os segurados e por isso nós já estamos a trabalhar nessa área. Queremos ir mais para o centro da prestação e isso passa por ter centros de saúde próprios numa fase, vai passar por ter centros de diagnóstico numa segunda fase e, numa última fase, o tema de ter hospitais é inultrapassável. É onde está a pressão sobre os custos e vai obrigar as seguradoras a ter uma atitude e uma gestão muito mais proativa.
  • “Não é solução andarmos a fazer produtos para o prémio A, B, C ou D, mas depois não ganham escala e ao fim de um ou dois anos já não têm sequer razão de existir. Não faz sentido nenhum”.
  • “Não nos sabemos vender bem. A maior parte das pessoas, e eu incluído, até entrar nesta aventura (da gestão seguradora), não fazia a mínima ideia e não via o setor segurador enquanto veículo de poupança. As ordens profissionais veem, porque há uma ligação muito próxima de várias das seguradoras, nós também, mas a maior parte das pessoas nem sabe que somos veículos de poupança personalizados”.
  • “O setor tem que saber cooperar em algumas áreas, porque é um setor altamente concorrencial. Nós trabalhamos na rua, no trabalho de rua, no street fighting, os canais de distribuição e as seguradoras são muito aguerridos, altamente competitivos. O setor é financeiramente interessante, é comercialmente desafiante, é operacionalmente um dos setores que vai ter maiores transformações com a introdução de novas tecnologias, mas o tema da literacia financeira é um desafio que eu deixo”.
  • “Temos que começar todos também a olhar para os quase 1.000 relatórios que fazemos por ano (referindo-se às obrigações de reporte à ASF – autoridade de supervisão). Acho que devemos fazer todos os relatórios necessários, mas quem é que os lê? Quem é que analisa aquilo que temos centenas de pessoas a produzir? Eu digo isto por uma questão de respeito às nossas equipas. Quem vê os milhares de relatórios que produzimos?”
  • Na Europa queremos regular tudo. No tema da tecnologia ainda não temos empresas no continente europeu com dimensão para fazer face às americanas na área da inteligência artificial generativa, mas já temos a primeira grande peça regulatória mundial de inteligência artificial. Tivemos todos que tirar a cabeça do nosso dia a dia e dos nossos clientes e preocupar-nos com este relatório em particular, que sendo relevante, nesta fase devia estar muito mais uma lógica de autorregulação”.
  • Este setor cinzento, descrito há 15 anos, não é o setor segurador que temos hoje. Basta ver a faixa etária média das pessoas, andar pelos escritórios de empresas e ver a quantidade de pessoas novas, não só pessoas novas de idade, é pessoas também de outros setores a virem para dentro do setor de seguros”.

“Iliteracia? As pessoas quando deixam de ter o crédito da habitação, deixam de ter o seguro”

Pedro Carvalho louvou a tecnologia por permitir melhorias na deteção e avaliação de riscos, lembrou a falta de consciência política e reserva financeira convincente para responder a fenómenos climáticos extremos, como um fundo para catástrofes como sismos. Lamentou ainda a falta de literacia financeira que leva, por exemplo, as pessoas a terminar o seu seguro de vida quando acaba a prestação do seu crédito imobiliário.

  • “A tecnologia vai ajudar porque ajuda a identificar os riscos de uma forma mais precisa e mais quantificada. Vai certamente identificar riscos que hoje não os conseguimos identificar e não os conseguimos, desde logo, nem sequer avaliar. Vai também permitir atuar muito mais na prevenção. A prevenção que podemos fazer através da tecnologia em relação a fenómenos ambientais é enorme”.
  • “Tipicamente as maiores vítimas de eventos extremos são as pessoas com menores recursos e as empresas com pior planeamento, menor dimensão, pior escala”.
  • “A tecnologia vai permitir, finalmente, convencer os políticos e os portugueses da necessidade imperiosa de nos protegermos contra catástrofes e fenómenos de grande dimensão. O Haiti, sempre que há um tremor de terra ou um problema, vai de mão estendida aos Estados Unidos, recebe alguma ajuda, mas a coisa não faz sentido. E nós? O que vamos fazer? Vamos de mão estendida à União Europeia para ir para ajudar a reconstruir cinco pontes? Vai demorar muitas décadas para recuperar um fenómeno desses”.
  • “Por exemplo, as pessoas quando deixam de ter o crédito da habitação, deixam de ter o seguro. Portanto, a falta de literacia financeira e de conhecimento e de perspetiva sobre as necessidades financeiras e de proteção que as próprias pessoas têm sobre elas, é enorme. Temos uma cultura errada, que vem já há muitos anos, não é exclusivo deste regime, de que o Estado existe para proteger, com o Serviço Nacional de Saúde, a Segurança Social, e todos estes mecanismos a terem de estar prontos, têm essa obrigação”.
  • Ainda estamos em processo de integração (da Generali com a Liberty) e eu, sinceramente, subestimei a complexidade desta integração, que é diferente de outras. Desde logo, a grande diferença é cultural. Não é melhor nem pior… é diferente”.

“Há 15 anos ninguém pensaria que uma empresa de seguros fosse um lugar atrativo para trabalhar. Hoje é”

Teresa Brantuas acredita na eficiência acrescida pelo uso de teconologia. Afirma que a Allianz virou estratégia e até linguagem a favor do cliente. Considera que parte do aumento de custos dos seguros tem de ser muito absorvido por ganhos de eficiência interna das seguradoras.

  • “Vamos pôr o cliente no centro da nossa estratégia e acreditar que a experiência do cliente vai limitar e condicionar o nosso crescimento. Nós fizemos essa cambalhota e, no ano passado, o grupo Allianz disse que não vamos delinear uma estratégia com linguagem de seguros, vamos delinear uma estratégia que seja linguagem dos próprios clientes”.
  • A estratégia muito simples, porque as coisas não têm que ser muito complicadas. É como conseguimos proteger os nossos clientes, ou dito pelos clientes, como é que nós vamos estar protegidos e também como vamos planear a nossa reforma”.
  • “A tecnologia é um facilitador, não conseguimos de maneira nenhuma melhorar a qualidade de serviço, a nossa produtividade e a nossa performance se não investirmos em tecnologia e em transformação digital”.
  • “O cliente não sabe qual é a oferta que uma seguradora tem. Há múltiplas ofertas das seguradoras que os clientes não têm presentes na sua cabeça. Claro que temos os nossos intermediários, mas também temos sistemas que podem ajudar e auxiliar os nossos intermediários para que os clientes consigam perceber qual é que é a melhor solução para as necessidades e para as expectativas deles”.
  • “Há 30 anos ou há 15 anos nunca pensaria que realmente uma empresa seguradora, uma empresa de seguros fosse um lugar atrativo para as pessoas trabalharem, como são hoje”.
  • “Já estamos muito próximos dos clientes, com a transformação digital com as novas tecnologias estamo-nos a aproximar deles, estamos a ir ao encontro das necessidades e das expectativas deles muito melhor do que fazíamos aqui há uns anos atrás”.
  • Temos que ter uma estrutura ágil, temos que ter uma estrutura que seja o mais magra possível, o mais eficiente possível, temos que diminuir níveis hierárquicos, temos que ter muita atenção aos talentos das pessoas e alocá-las porque queremos equipas motivadas, e temos que ir à busca da tecnologia para aumentar essa produtividade”.
  • “Temos que mudar estruturas dentro das nossas empresas, mudar estruturas de custo, aumentar a produtividade, melhorar a performance, para que tenhamos capital para reinvestir nos nossos recursos, em tecnologia, nas nossas marcas”.
  • “Temos que reinventar a nossa estrutura também, de forma a que parte dos custos se reflitam nos prémios dos nossos clientes, mas outra parte que é obrigação nossa, à custa de uma melhor performance e de uma maior produtividade, conseguirmos amortizar e amortecer custos dentro das nossas estruturas”.

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Novo curso da APS é sobre responsabilidade penal no setor segurador

  • ECO Seguros
  • 28 Abril 2025

Na formação serão abordadas as sanções aplicáveis às seguradoras e respetivos colaboradores. Será presencial na sede da associação em Lisboa.

A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) anunciou o curso sobre responsabilidade penal e contraordenacional no regime da atividade seguradora.

O curso expõe aos formandos os riscos relacionados com infrações penais e contraordenacionais no setor segurador que podem gerar responsabilidades para pessoas singulares e para as seguradoras.

Para tal, o programa aborda a legislação relevante e enquadramento regulatório, os ilícitos penais e contraordenacionais, a responsabilidade de pessoas coletivas e pelo exercício de funções, os poderes de supervisão e decisões relevantes.

O objetivo da APS é apresentar e incentivar a análise de potenciais sanções aplicáveis ao setor segurador. Além do seu papel de sensibilização, o curso foi desenhado para os formandos identificarem os mecanismos e sistemas de deteção e prevenção de infrações e quer preparar os participantes para uma reposta legal e estratégica às infrações.

A formação destina-se a administradores, diretores e colaboradores do setor segurador afetos às áreas judicias, de auditoria interna e de compliance, mas também estão convidados todos os profissionais interessados em adquirir ou aprofundar conhecimentos nas matérias lecionadas.

Os formadores são Mafalda Rodrigues Branco, Associada Coordenadora Vieira de Almeida & Associados e Filipa Baeta, Associada Vieira de Almeida & Associados.

Este é o quinto curso de um total de 11 que compõem o Ciclo de Formação sobre Compliance no Setor Segurador que decorrem ao longo deste ano e que visam proporcionar uma visão abrangente do ambiente regulatório nacional no setor segurador, nomeadamente, fiscal, proteção de dados, inteligência artificial, branqueamento de capitais, entre outros.

A formação será presencial na sede da associação em Lisboa e está marcada para 15 de maio entre as 9h15 e 12h30. Para mais informações, aqui.

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Mercados nervosos são oportunidade para os investidores<span class='tag--premium'>premium</span>

A volatilidade a que se tem assistido nas bolsas gera receios, mas também abre portas únicas para investidores pacientes e disciplinados.

Este artigo integra a 14.ª edição do ECO magazine, que pode comprar aqui.O ano de 2025 está a ser marcado por um sobe-e-desce acentuado nas principais bolsas que não se via há algum tempo.A queda repentina de 8% do índice norte-americano S&P 500 entre o máximo histórico alcançado a 19 de fevereiro e meados de março, e os 4 biliões de dólares evaporados na bolsa americana entre janeiro e 10 de março fizeram disparar o Vix, o “índice do medo”, para máximos de oito meses. O medo tomou conta do mercado.Mas enquanto muitos veem nesta turbulência um sinal para fugir dos mercados, Warren Buffett, o lendário investidor que transformou volatilidade em fortuna, olha para estes períodos de maior tensão das bolsas de outra forma. “Um mercado com muitas oscilações significa que as empresas sólidas

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Missão portuguesa procura negócios no Web Summit Rio

  • Lusa
  • 27 Abril 2025

A missão portuguesa na Web Summit no Rio de Janeiro, que arranca este domingo, quer ajudar a criar negócios nos dois lados do Atlântico, disse o diretor executivo da Startup Portugal.

A missão portuguesa na Web Summit no Rio de Janeiro, que arranca hoje, quer aproveitar a relação crescente entre os dois povos e ajudar a criar negócios nos dois lados do Atlântico, disse o diretor executivo da Startup Portugal. “Caracterizar Portugal como um dos principais ‘hubs’ de empreendedorismo“, resumiu assim à Lusa António Dias Martins, no Palácio de São Clemente, no Consulado de Portugal no Rio de Janeiro, no arranque da equipa portuguesa desta terceira edição da Web Summit na “cidade maravilhosa”.

O líder da Startup Portugal frisou que tem sentido um crescente número de ‘startups’, investidores brasileiros e operadores brasileiros a quererem mudar-se para Portugal. “A presença aqui desta delegação na Web Summit também serve para mostrar o que Portugal está a fazer“, sublinhou António Dias Martins. O país tem-se consolidado como um dos principais ‘hubs’ de empreendedorismo da Europa, atraindo startups brasileiras que veem o país como porta de entrada para o continente.

Além da proximidade cultural, o clima, a segurança e a qualidade de vida, Portugal oferece benefícios fiscais competitivos, como o melhor regime de ‘stock options’ da Europa e taxas de IRS reduzidas para profissionais estrangeiros. “Portanto, a expectativa que eu tenho em relação ao Web Summit Rio este ano é que aconteça o que já aconteceu no passado com as edições anteriores e que permita que ‘startups’ portuguesas sejam bem sucedidas aqui no Brasil“, disse.

António Dias Martins espera que se repitam estes casos de sucesso, “mas também que o fluxo inverso do Brasil para Portugal seja facilitado e que esta delegação também permita acolher, suportar, criar uma rede de apoio a futuros parceiros brasileiros que queiram deslocalizar as suas atividades para Portugal e para a Europa“.

Questionado se a guerra comercial iniciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, reforça a importância do mercado brasileiro, o responsável português respondeu: “Sem dúvida”. “Obriga-nos a reinventar, a redescobrir e a sermos mais autónomos em relação ao mercado dos Estados Unidos, é inevitável e de facto estamos a aprender a fazê-lo de uma forma um bocadinho forçada e repentina, mas muitas vezes desta forma é quando se consegue de facto criar soluções alternativas muito eficazes e que podem ser muito boas para nós no futuro”, considerou.

O Rio de Janeiro é, a partir deste domingo, o centro mundial da inovação tecnológica, com 28 ‘startups’ portuguesas entre as mais de 1.000 na Web Summit Rio, que quer criar novas pontes num momento de mudança nas alianças comerciais. O Riocentro, na Barra da Tijuca, vai receber até quarta-feira mais de 34.000 participantes, mais de 1.000 ‘startups’, 600 investidores de fundos globais e 300 palestrantes, de acordo com a organização.

A inteligência artificial, a sustentabilidade, as ‘fintech’, a regulamentação das plataformas e a diversidade na tecnologia serão outros dos focos do evento que vai na sua terceira edição no Rio de Janeiro e que, segundo o Governo carioca, tem potencial para atrair mais de 800 mil pessoas e injetar na economia carioca cerca de 1,2 mil milhões de reais (cerca de 250 milhões de euros) até 2028.

Do lado português, estão presentes 28 ‘startups’ com o foco em soluções de inteligência artificial, recursos humanos e ‘sports & fitness’, apoiada pela Startup Portugal e pela Unicorn Factory Lisboa, das quais 11 participam na conferência no âmbito da iniciativa Business Abroad”, indicou a organização hoje em comunicado.

O evento tecnológico, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se na zona do Parque das Nações, em Lisboa, em 2016 e vai manter-se na capital portuguesa até 2028. A empresa registou também, além do Rio de Janeiro, uma expansão para o Médio Oriente, com a Web Summit Qatar que se realizou no início de 2024.

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PS questiona Governo sobre eliminação no RASI de capitulo sobre extrema-direita

  • Lusa
  • 27 Abril 2025

O PS questionou o primeiro-ministro sobre a eliminação de um capítulo do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) 2024 que continha informação sobre grupos de extrema-direita

O PS questionou o primeiro-ministro e ministras da Administração Interna e da Justiça sobre a eliminação de um capítulo do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) 2024 que continha informação sobre grupos de extrema-direita presentes em Portugal. Este requerimento, dirigido a Luís Montenegro e às ministras Margarida Blasco e Rita Alarcão Júdice, consta de um a nota divulgada este domingo pelo grupo parlamentar do PS.

O PS refere-se a notícias publicadas em vários órgãos de comunicação social, segundo as quais o capítulo, da autoria da Polícia Judiciária e intitulado “Ameaças Híbridas e Extremismos”, terá sido removido da versão final do relatório entregue à Assembleia da República.

Essa eliminação terá ocorrido, de acordo com a bancada socialista, apesar de essa parte “constar da versão discutida no Gabinete Coordenador de Segurança, em reunião realizada a 21 de março, e previamente enviada aos participantes — incluindo os ministérios — no dia 17 de março”.

“Este capítulo referia, entre outros dados, a presença em Portugal de um ramo da organização Blood&Honour, classificada como terrorista em alguns países, responsável por atos violentos e mortes, e objeto de sanções por incitamento e financiamento do terrorismo. A investigação da PJ destacava ainda o uso de plataformas digitais por estes movimentos para radicalizar jovens, incluindo menores de 16 anos”, aponta-se no requerimento.

O PS pergunta se o primeiro-ministro, Luís Montenegro, “tem conhecimento se os ministérios da Justiça e da Administração Interna tiveram acesso, no dia 17 de março, à versão preliminar do RASI que incluía o capítulo sobre “Extremismos e Ameaças Híbridas”.

“Por que razão foi eliminado esse capítulo do RASI entregue à Assembleia da República? Quem ordenou essa eliminação? A decisão foi ou não discutida na reunião do Conselho Superior de Segurança Interna?”, questiona a bancada do PS.

O PS quer ainda saber se o Governo considera que, “sendo o RASI essencial para a formulação da política criminal e prevenção de fenómenos de criminalidade organizada ou extremismo, deve conter toda a informação recolhida, incluindo a referente a movimentos de extrema-direita”.

Este requerimento é assinado pelos deputados socialistas Pedro Vaz, André Rijo, Isabel Oneto, Isabel Moreira, Patrícia Faro, Elza Pais e Eurídice Pereira. “O grupo parlamentar do PS considera que a transparência e o rigor na produção de informação oficial sobre segurança interna são indispensáveis ao funcionamento democrático e ao escrutínio”, acrescenta-se na nota sobre este requerimento.

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Sindicatos da CP acusam empresa de recuar em acordo por falta de aval do Governo

  • Lusa
  • 27 Abril 2025

Os sindicatos representativos dos trabalhadores da CP acusam a empresa de ter voltado atrás nas negociações com a justificação de que o Governo não autorizou a proposta aos trabalhadores.

Os sindicatos representativos dos trabalhadores da CP — Comboios de Portugal acusam a empresa de ter voltado atrás nas negociações com a justificação de que o Governo não autorizou a proposta que a transportadora iria assinar com os trabalhadores.

Num comunicado assinado por 13 estruturas sindicais, os representantes dos trabalhadores dão conta de que houve uma reunião no sábado à tarde entre a CP e os sindicatos, na qual “o presidente da administração da CP informou todas as organizações sindicais de que o governo não autorizou a administração a aplicar a última proposta” apresentada. Segundo os sindicatos, trata-se de um “processo inédito”, já que a administração tinha apresentado uma contraproposta na quinta-feira para, dois dias depois, “dar o dito por não dito” e retirar essa proposta da mesa das negociações.

As estruturas sindicais afirmam que estavam “dispostas a aceitar” as condições da proposta apresentada pela empresa na quinta-feira, e que poderia ser “um passo importante para a solução de um problema estrutural na CP”, mas que agora a situação é de não haver qualquer acordo.

O presidente da administração informou [os sindicatos, na reunião de sábado] que o Governo recusou a proposta com o argumento de se encontrarem em gestão e não poderem autorizar as medidas previstas no acordo“, lê-se no comunicado conjunto.

A Lusa contactou a CP e o Ministério das Infraestruturas e Habitação, mas só obteve uma curta resposta por parte do ministério de Miguel Pinto Luz, que confirmou que a proposta da empresa “não é enquadrável no âmbito das competências de um Governo em gestão”. Diz ainda que a proposta em causa mereceu “a melhor atenção” e felicitam “o espírito colaborativo em que decorreram as negociações e que permitiram o encontro de soluções comummente aceites”. Fica assim por explicar que soluções são essas, tendo em conta que a proposta que os sindicatos se preparavam para aceitar foi retirada pela empresa.

Segundo os sindicatos, a proposta da CP passava por um novo aumento a partir do mês de janeiro de 2025, a somar aos 34 euros aplicados por ato de gestão, de modo que seja reposta a diferença com o SMN — Salário Mínimo Nacional de 2018, um aumento variável em função de cada índice.

A empresa iria também aumentar em 4% todos os trabalhadores em dezembro de 2025, além de reduzir os tempos de permanência no primeiro índice para 1 ano, no segundo para 2 anos, nos seguintes para 3 e no último para 4, a partir de janeiro deste ano.

“Apresentaram-nos uma proposta de acordo para a qual não tinham aval do governo, pelo que poderemos questionar: que credibilidade é que terá qualquer negociação que façamos futuramente com esta administração?”, questionam as estruturas sindicais.

Por outro lado, criticam que “o mesmo governo que diz não poder decidir porque está em gestão, [seja] o mesmo que, muito recentemente, veio anunciar o novo plano ferroviário”. “Ou seja, está em gestão para umas coisas, mas noutras podem decidir sem problemas. Não entendemos esta decisão”, afirmam.

De acordo com os sindicatos, “a CP não ia necessitar de um único cêntimo para cumprir com a proposta, [uma vez que] a verba a utilizar seria do próprio orçamento, com recurso à utilização de rubricas que tinham capitação em excesso ou desnecessária para este ano”.

Dizem ainda que se mantém a greve de dois dias, em 07 e 08 de maio.

 

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Ex-governante critica mudanças na Microsoft. “Decisão carece de alinhamento com a história”

André de Aragão Azevedo, ex-governante com a Transição Digital, critica integração de operação portuguesa num grupo que inclui a Albânia, Malta e Chipre. Em carta aberta, pede reavaliação da decisão.

A notícia, avançada pelo ECO em primeira mão, foi uma surpresa: A partir de 1 de julho, a Microsoft Portugal passará a integrar um amplo cluster denominado “South MCC” na área da “Europa do Sul, que incluirá países como Chipre, Malta e Albânia, uma opção que, internamente, é considerada um desinvestimento e uma perda de autonomia da companhia. Em carta aberta, dirigida ao presidente da Região Sul da Microsoft, o antigo governante André de Aragão Azevedo, pede uma reavaliação desta decisão, integrando Portugal num cluster ibérico ou num grupo “mais coerente, ao lado de países como Itália, Espanha e Israel“.

Foi com surpresa e perplexidade que tomei conhecimento, através da comunicação social [no ECO], da decisão da organização que agora lidera, de integrar Portugal num novo cluster regional designado “South MCC”.
Uma decisão que considero carecer de alinhamento com a história, o impacto e a relevância de Portugal no percurso da Microsoft, que pude testemunhar pessoalmente ao longo de 12 anos“, escreve o gestor, que trabalhou na Microsoft antes e depois das funções como secretário de Estado da Transição Digital no governo de Costa, numa carta aberta a Charles Calestroupat.

Segundo um email interno a que o ECO teve acesso, a partir de 1 de julho, a Microsoft Portugal passará a integrar um amplo cluster denominado “South MCC” na área da “Europa do Sul, que incluirá também países como Turquia, Grécia, Chipre, Malta, Albânia, Bósnia, Eslovénia, Sérvia, Macedónia do Norte, Montenegro, Kosovo, Croácia e Bulgária. Segundo indicações da Microsoft, esta reorganização enquadra-se numa estratégia global da tecnológica para o ano fiscal de 2026. No documento interno, a empresa destaca que tem três grandes pilares organizacionais para apoiar a sua estratégia de crescimento: “Evolução das nossas Áreas de Solução, Aceleração da Competência Regional em Escala e Alinhamento das nossas equipas SME e de Canal”.

Inicialmente, a Microsoft não respondeu às perguntas do ECO, mas já depois da sua publicação, fez chegar uma resposta por escrito. “Recentemente, anunciámos uma mudança na estrutura da nossa área EMEA da Microsoft. A Microsoft Portugal, que atualmente reporta à nossa área da Europa Ocidental, passará – a partir de 1 de julho – a fazer parte de uma nova estrutura de área, denominada Europa do Sul, liderada por Charles Calestroupat. Portugal continua a ser liderado por Andrés Ortolá“, justifica a companhia. Por outras palavras, a Microsoft garante que não haverá mudanças de relevo, porque a operação portuguesa passa de um cluster para outro.

Esta explicação, contudo, não colhe junto de quadros superiores da Microsoft, que, sob anonimato, denunciam a perda de autonomia e relevância da operação portuguesa, desde logo pela composição deste novo grupo regional. Para a operação portuguesa, esta reorganização representa uma significativa perda de autonomia. Se até agora a Microsoft Portugal tem funcionado como subsidiária independente com liderança local, passará a ser apenas uma parte de um cluster multinacional que engloba mercados bastante diversos, desde a Turquia até aos Balcãs.

Agora, por escrito, as críticas são do ex-governante. “A nova configuração agrupa Portugal com países sem continuidade geográfica ou tradição histórica comum. Perde-se, assim, a possibilidade de potenciar sinergias naturais — como acontece, por exemplo, entre Portugal e Espanha, cuja proximidade cultural, económica e histórica é reconhecida e valorizada por múltiplas multinacionais. Por comparação, a atual decisão parece ignorar a realidade construída ao longo de mais de 30 anos de presença da Microsoft em Portugal“.

André de Aragão Azevedo pede uma reavaliação desta organização. Na carta aberta, a que o ECO teve acesso, o ex-governante dá duas alternativas possíveis: “Estamos ainda no início desta reorganização. Por isso, gostaria de apelar a que Portugal pudesse ser retirado do South MCC e integrado num cluster mais coerente, ao lado de países como Itália, Espanha e Israel, respeitando a sua verdadeira dimensão estratégica. Caso tal não seja possível, proponho, em alternativa, a criação de um cluster ibérico, integrando Portugal e Espanha, que respeitaria a história, a cultura e a lógica de mercado que tantas outras organizações globais seguem“.

No email da Microsoft que o ECO revelou, a Microsoft justifica estas alterações com o foco na aceleração do crescimento num momento de forte adoção da inteligência artificial. “Em tempos de incerteza e desafio que a nossa região enfrenta, clientes e parceiros procuram-nos para liderança – não apenas sobre como adotar IA, mas sobre como isso pode remodelar a forma como compram, constroem e crescem de maneira responsável”, refere Samer Abu-Ltaif, presidente da Microsoft para a Europa, Médio Oriente e África desde janeiro deste ano, na referida comunicação.

“Portugal sempre foi um país de inovação para a Microsoft, com uma história consistente de criação de valor, muito acima do seu peso económico relativo. Seja em termos de contributo para o PIB nacional, seja em valor acrescentado per capita, a operação portuguesa demonstrou, ao longo de décadas, uma capacidade de inovação, criatividade, desenvolvimento de talento e impacto nos clientes que a distingue claramente dentro da Europa”, responde Aragão Azevedo. “Portugal não é apenas mais um país do cluster: é uma operação estratégica, inovadora, um polo de talento que a Microsoft ajudou a construir — e que construiu a Microsoft em Portugal”.

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