Seguro só cobre perdas de exploração do apagão se houver dano no material

  • ECO Seguros
  • 4 Maio 2025

Seguradoras excluem compensações por paragens de produção se não houver dano material direto. Coberturas variam caso a caso.

A corretora de seguros MDS veio esclarecer que as consequências económicas do recente “apagão” que afetou parte significativa das infraestruturas elétricas e tecnológicas em Portugal não estão automaticamente cobertas pelos seguros padrão, incluindo o que diz respeito a perdas de exploração.

“A redução, ou paragem total de produção ou prestação de serviços, os quais, não tendo como origem um dano material nas próprias instalações do segurado, não terão por tal enquadramento no âmbito da cobertura de Perdas de Exploração”, explicou fonte oficial da MDS. Na prática, se uma empresa não sofreu um dano físico direto – como uma máquina danificada por uma descarga elétrica – mas apenas ficou inoperacional devido à interrupção da rede, dificilmente poderá acionar o seguro por essa via.

No campo dos danos materiais, a MDS indica que os prejuízos causados por efeitos diretos de corrente elétrica em máquinas, transformadores, aparelhos ou instalações elétricas podem estar cobertos, mas apenas se a apólice de seguros patrimoniais incluir a cláusula de Riscos/Danos Elétricos, estando ainda sujeitos a franquias específicas. Já os stocks de bens refrigerados que se tenham deteriorado poderão estar protegidos ao abrigo da cobertura de Deterioração de bens refrigerados, também dependente do contrato.

Ainda assim, a corretora sublinha a aplicação destas coberturas “não é automática, devendo por isso serem lidos os clausulados caso a caso”

Quanto aos seguros de viagem, a MDS é clara: os efeitos do “apagão” são tratados como acontecimentos raros e, tal como sucedeu com a pandemia de covid-19, as consequências não estão abrangidas pela maioria das apólices standard. Não obstante, existem contratos que preveem compensações por cancelamentos ou atrasos de viagens provocados por falhas na rede elétrica ou tecnológica.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Royalties musicais atraem investimento de seguradoras

  • ECO Seguros
  • 4 Maio 2025

Direitos musicais de Katy Perry, Keith Urban e Benny Blanco entram no interesse das seguradoras por ativos de longo prazo com fluxos de rendimento estáveis.

A Carlyle Group está a ultimar a venda de 464 milhões de dólares em obrigações garantidas por direitos musicais de artistas como Katy Perry, Keith Urban e Benny Blanco, numa operação que contou com forte interesse por parte de companhias de seguros e gestores de ativos ligados ao setor segurador, avançou o Insurance Business.

Os direitos musicais de artistas como Katy Perry, entram como garantia de obrigações subscritas por seguradoras.

De acordo com uma fonte próxima do processo, mais de uma dúzia de investidores, incluindo seguradoras, vão participar nesta transação. A emissão tem uma maturidade de 40 anos, com reembolso antecipado previsto ao fim de cinco anos, e está garantida por um portefólio musical avaliado em mais de 750 milhões de dólares. O produto da venda será utilizado para refinanciar dívida existente e distribuir um dividendo aos acionistas da Litmus Music, a plataforma criada pela Carlyle em 2022 com um compromisso de investimento de 500 milhões de dólares, entre capital próprio e dívida.

O interesse das seguradoras por este tipo de operação insere-se na estratégia de diversificação e procura por ativos de longo prazo com fluxos de rendimento estáveis, características valorizadas especialmente no segmento de seguros de vida, produto em que as seguradoras têm compromissos a longo prazo.

O mercado de financiamento baseado em direitos musicais tem ganho tração entre investidores institucionais, apoiado no crescimento das plataformas de streaming e na estabilidade das receitas geradas por catálogos com histórico comprovado. Em 2024, a Hipgnosis Song Management, apoiada pela Blackstone, concretizou uma emissão de 1,47 mil milhões de dólares com base em catálogos de artistas como Red Hot Chili Peppers e 50 Cent. No mesmo ano, Ares Management e HPS Investment Partners participaram num financiamento privado para apoiar a aquisição da Global Music Rights, uma entidade de gestão de direitos sediada em Los Angeles.

Apesar de algum abrandamento no crescimento do streaming e da descida nos preços de aquisição de catálogos, os investidores continuam a considerar os royalties musicais como um ativo relativamente resiliente à volatilidade dos mercados financeiros tradicionais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Petrolífera britânica Shell avalia aquisição da BP

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

A petrolífera Shell está a avaliar uma potencial aquisição da BP, embora esteja a aguardar novas quedas nas ações e no preço do petróleo antes de decidir se fará uma oferta.

A petrolífera Shell está a trabalhar com consultores para avaliar uma potencial aquisição da BP, embora esteja a aguardar novas quedas nas ações e no preço do petróleo antes de decidir se fará uma oferta. A informação foi avançada pela Bloomberg, que cita pessoas familiarizadas com o assunto.

A gigante do petróleo tem discutido mais seriamente a viabilidade e os méritos de uma aquisição da BP com os consultores nas últimas semanas, disseram as fontes ligadas ao processo, que pediram para não serem identificadas por se tratar de informação confidencial. Qualquer decisão final provavelmente dependerá da continuação da queda das ações da BP, segundo foi sinalizado.

As ações da BP já perderam quase um terço do seu valor nos últimos 12 meses, com o fracasso de um plano de recuperação com os investidores e a queda dos preços do petróleo.

A Shell também pode esperar que a BP entre em contacto ou que outro pretendente dê o primeiro passo, e este trabalho que está a desenvolver pode ajudar a preparar-se para este cenário.

As deliberações estão numa fase inicial e a Shell pode optar por se concentrar em recompra de ações e aquisições complementares em vez de uma megafusão, disseram as fontes.

Outras grandes empresas de energia também estão a analisar uma eventual oferta sobre a BP, segundo as pessoas próximas do assunto. “Como já dissemos diversas vezes, estamos fortemente focados em trazer valor para a Shell, continuando a focar em desempenho, disciplina e simplificação“, afirmou um porta-voz da petrolífera em comunicado enviado por e-mail à Bloomberg, enquanto a BP não quis comentar.

Uma combinação bem-sucedida entre a Shell e a BP seria uma das maiores aquisições da história da indústria petrolífera, unindo as grandes empresas britânicas num acordo que tem sido discutido há décadas.

A BP tem lutado com um desempenho inferior e registou, no primeiro trimestre deste ano, um lucro atribuível de 604 milhões de euros (687 milhões de dólares) uma descida de 69% em relação ao mesmo período do ano passado, devido à queda dos preços do petróleo.

Desde que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas tarifas globais, o preço do petróleo caiu acentuadamente no início do mês e está atualmente a ser negociado a cerca de 65 dólares por barril.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Emirados Árabes Unidos incluem IA no currículo educativo desde o jardim de infância

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) aprovaram a inclusão da disciplina de Inteligência Artificial (IA) no currículo educativo de todos os níveis académicos, incluindo o jardim de infância.

Dubai, 04 mai 2025 (Lusa) — Os Emirados Árabes Unidos (EAU) aprovaram hoje a inclusão da disciplina de Inteligência Artificial (IA) no currículo educativo de todos os níveis académicos, incluindo o jardim de infância, a partir do próximo ano letivo. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro do país, Mohammed bin Rashid al-Maktoum, na rede social X.

O governo dos EAU “aprovou hoje o currículo final da disciplina de IA em todos os níveis da educação pública […], desde o jardim de infância até ao 12.º ano, a partir do próximo ano letivo“, escreveu. Mohammed bin Rashid al-Maktoum explicou que a medida faz parte dos planos a longo prazo do Estado para preparar as gerações futuras para “um futuro diferente, um novo mundo de competências avançadas”.

Neste sentido, manifestou o seu apreço pelos esforços do Ministério da Educação no desenvolvimento do currículo e afirmou que a IA “vai mudar a natureza da vida do mundo”. “O nosso objetivo é ensinar às crianças e às nossas gerações uma compreensão da IA numa perspetiva técnica“, mas também “incutir nas consciências a ética desta nova tecnologia, fortalecendo a sua compreensão dos seus dados, algoritmos, aplicações, riscos e como se liga a sociedade à vida“, detalhou.

A ministra da Educação, Sarah Bint Yousef Al Amiri, confirmou que a nova disciplina abrange sete áreas principais de conceitos fundamentais: dados, algoritmos, aplicações de ‘software’, consciência ética em IA, aplicações de IA no mundo real, inovação e ‘design’ de projetos liderados por IA, políticas e envolvimento social.

De acordo com Sarah Bint Yousef Al Amiri, o novo currículo oferece módulos adequados à idade, desde o jardim de infância até ao 12.º ano.

Em 2017, os EAU tornaram-se o primeiro país do mundo a nomear um ministro de Estado para a IA e foram pioneiros no desenvolvimento e investimento nesta tecnologia, com o objetivo de se tornarem líderes no setor e diversificarem a sua economia altamente dependente de hidrocarbonetos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Montenegro recusa processo acelerado de saída de imigrantes, Pedro Nuno fala em ‘trumpização’

  • Lusa e ECO
  • 4 Maio 2025

O líder do PSD recusou que o processo de notificação a milhares de imigrantes para deixarem Portugal tenha sido acelerado devido às eleições. Secretário-geral do PS acusa-o de 'trumpização'

A imigração entrou de rompante no primeiro dia da campanha eleitoral, depois do anúncio do Governo de que notificou mais de 4500 imigrantes a deixarem o país por estarem em situação ilegal. O líder do PSD recusou que o processo de notificação a milhares de imigrantes tenha sido acelerado devido às eleições, mas as críticas de Pedro Nuno Santos já tinham sifo particularmente duras. O secretário-geral do PS disse que Montenegro está mais preocupado em se aproximar do Chega e falou numa “trumpização” de Luís Montenegro.

A meio de uma visita à Feira das Cantarinhas, em Bragança, no primeiro dia da campanha oficial, a comitiva da AD parou para um café e Luís Montenegro voltou a ser questionado sobre o tema que marcou o sábado de pré-campanha: o anúncio do Governo de que a Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) vai começar a notificar 4.574 cidadãos estrangeiros, na próxima semana, para abandonarem o país voluntariamente em 20 dias. “As coisas não estão a acontecer por haver eleições. As coisas estão a acontecer porque o processo começou em junho do ano passado. Não foi acelerado agora. Não foi acelerado mesmo“, assegurou, dizendo que “o processo tem de correr e não pode parar” devido às legislativas antecipadas de 18 de maio.

Sobre este tema, Montenegro referiu que o Governo começou por criar uma estrutura de missão e centros de atendimento, e multiplicou “por sete a capacidade de atendimento da AIMA”. “Nós temos mais de 450 colaboradores espalhados pelo país, mais de 500 advogados envolvidos nesta operação. A operação que nós estamos neste momento a executar é muito, muito significativa. São mais de 400 mil processos que nós estamos a recuperar e a tratar“, salientou.

Pouco tempo antes, o secretário-geral do PS tinha criticado aquela iniciativa. “Ainda ontem [sábado] assistimos a um líder da AD que está mais preocupado em se aproximar do Chega e em se dirigir ao Chega. Eu queria dizer-vos que o número que a AD e que o Governo tem feito à volta da imigração tem como único objetivo disputar com o Chega, aproximarem-se do Chega porque na realidade não há nenhuma diferença do ponto de vista da política e das notificações para abandono voluntário este ano, têm sido prática ao longo dos últimos anos”, afirmou Pedro Nuno Santos, no início de uma ação de contacto de rua com a população de Ponte de Lima, distrito de Viana do Castelo.

Questionado sobre as críticas do PS, de que se está a assistir a uma ‘trumpização’ da campanha da AD, Montenegro disse não querer comentar “o que os outros dizem”, mas acabou por responder. “Há um problema com as oposições em Portugal neste momento: é que elas estão muito focadas só em dizer mal do Governo. Eu já fui da oposição, eu às vezes dizia bem do Governo, eu também reconhecia as coisas que o Governo fazia bem. E eu acho que os eleitores gostam disso, gostam de alguém que está na oposição e mesmo assim reconhece que é preciso trabalhar no mesmo sentido“, afirmou.

A lei é obviamente para cumprir por todos e quando a lei não é cumprida há notificações para abandono voluntário. Em 2019, por exemplo foram mais do que os 4.500 que soubemos agora, desse ponto de vista não há diferença”, clarificou Pedro Nuno Santos.

A diferença, realçou o líder do PS, é que “desta vez temos um primeiro-ministro que diz que há pessoas que tem de ser expulsas do território nacional, diz isso a sorrir e ainda pede ao Chega para elogiar a sua política”. “É verdadeiramente a única diferença e nesse caso há uma ‘trumpização’ de Luís Montenegro”, afirmou, referindo-se às políticas do presidente norte-americano Donald Trump.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marshmallow: seguradora para emigrantes levanta 79,4 milhões de euros de investidores

  • ECO Seguros
  • 4 Maio 2025

A seguradora quer expandir a sua proposta para uma gama mais ampla de serviços financeiras, com o objetivo de ser o único fornecedor para quem se muda para o Reino Unido.

A insurtech Marshmallow levantou 79,4 milhões de euros numa nova ronda de investimentos para expandir a sua oferta e a sua presença global. Segundo avançou a EU-Startups, o investimento, numa combinação de capital próprio e dívida, contou com a participação da Portage, BlackRock e Columbia Lake Partners.

Oliver Kent-Braham, Co-CEO e Co-fundador da Marshmallow: “Ainda existem grandes barreiras nos serviços financeiros que dificultam a integração e participação dos recém-chegados na vida quotidiana. Este financiamento dá-nos o capital necessário para resolver esses problemas e cumprir a nossa missão”.

Este anúncio surge três anos após a seguradora automóvel sediada no Reino Unido ter duplicado o seu valor para pouco mais de 1,7 mil milhões de euros numa ronda de série B.

O público-alvo da seguradora são as pessoas recém-emigradas no Reino Unido. Segundo a empresa, o seu objetivo é tornar a vida no Reino Unido economicamente mais acessível, pois acredita que os emigrantes encontram preços mais elevados do que os nativos.

Após esta angariação de fundos, a empresa pretende expandir a sua proposta para apoiar os recém-chegados numa gama mais ampla de serviços financeiras ainda não satisfeitos. O objetivo é tornar-se no único fornecedor de serviços financeiros para quem se muda para o Reino Unido.

A Marshmallow também quer expandir a sua proposta a nível internacional, com planos para oferecer produtos financeiros a pessoas que se mudaram para outros países, indo além do apoio exclusivo a quem se mudou para o Reino Unido.

“A nossa ambição é tornar-nos uma solução financeira completa para os recém-chegados, para que sintam que é fácil mudar-se e viver num país diferente. Já apoiámos mais de um milhão de pessoas no Reino Unido com as suas necessidades de seguro, mas estamos apenas a começar”, afirma Oliver Kent-Braham, Co-CEO e Co-fundador da Marshmallow. “Ainda existem grandes barreiras nos serviços financeiros que dificultam a integração e participação dos recém-chegados na vida quotidiana. Este financiamento dá-nos o capital necessário para resolver esses problemas e cumprir a nossa missão.”, acrescenta.

Devon Kirk, Sócia Geral e Co-Responsável da Portage Capital Solutions, comentou: “A Marshmallow é claramente uma líder na inovação para resolver desafios financeiros importantes para os consumidores. Confiamos na capacidade da empresa para continuar a desenvolver soluções que contribuam para um ecossistema financeiro mais justo, e estamos entusiasmados por apoiar esta equipa sólida na sua próxima fase de crescimento.”

A insurtech foi fundada em 2017 pelos irmãos gémeos Alexander Kent-Braham e Oliver Kent-Braham e o engenheiro de software David Goaté.

A Marshmallow já prestou cobertura a mais de um milhão de clientes, sendo a maioria recém-chegados ao Reino Unido. A empresa alcançou o estatuto de unicórnio em 2021 e apresenta um volume de negócios anual superior a 439 milhões de euros. Conta com uma equipa de 700 colaboradores distribuídos entre Londres e Budapeste.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Culpar energias renováveis pelo apagão “é irresponsável”

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

A ministra da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhola, Sara Aagesen, disse que é "irresponsável e simplista" culpar as energias renováveis pelo apagão que afetou Portugal e Espanha.

A ministra da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhola, Sara Aagesen, disse que é “irresponsável e simplista” culpar as energias renováveis pelo apagão que afetou Portugal e Espanha na segunda-feira passada. Numa entrevista publicada este domingo, Aagesen admitiu que serão necessários “muitos dias” para determinar a origem da falha e não descartou nenhuma causa possível, incluindo um ciberataque, acrescentando que o Governo agirá quando houver certezas.

Ao jornal El País, a vice-ministra defendeu ainda que é absurdo ligar o apagão ao calendário de encerramento das centrais nucleares em Espanha, acordado pelas empresas de energia com o Governo. “Estamos a investigar com extrema cautela e responsabilidade“, explicou Aagesen, “para termos certezas e podermos comunicá-las com total transparência. E para procurar medidas para evitar que isto volte a acontecer.”

Por outro lado, a ministra disse acreditar que a França deve perceber que “as interligações devem ser implementadas, independentemente do que aconteça”, para tornar a rede eléctrica da Península Ibérica mais segura. “Houve algumas flutuações, uma primeira e uma segunda, e que o sistema finalmente chegou a zero com a desconexão com a Europa. Milhares e milhares de pontos de dados precisam de ser analisados e, assim que possível, descobriremos a causa“, garantiu.

O apagão foi “algo completamente invulgar” porque nunca tinha acontecido nada semelhante em Espanha, sublinhou Aagesen. “É difícil determinar a causa porque, nos cinco segundos em que estas flutuações ocorrem, há muitas variáveis em cada milissegundo que agora precisam de ser analisadas. Além disso, os diferentes operadores precisam de ser analisados“, explicou.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico deixou na segunda-feira passada Portugal continental, Espanha e Andorra praticamente sem eletricidade e também uma parte do território de França.

Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do apagão.

Na quinta-feira, o Ministério da Saúde português anunciou que ordenou uma averiguação das circunstâncias da morte de uma mulher septuagenária que estava ventilada e que terá morrido, alegadamente, em consequência do apagão.

A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade vai criar um comité para investigar as causas do ‘apagão’ “excecional e grave” que deixou Portugal e Espanha às escuras na segunda-feira, foi anunciado na quinta-feira.

A organização disse que vai “investigar as causas essenciais, elaborar uma análise exaustiva e avançar com recomendações num relatório final” sobre o incidente de segunda-feira.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Campanha para as legislativas arranca hoje com debate entre todos os partidos parlamentares

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

A campanha eleitoral para as legislativas de maio começa marcada pelo debate entre todos os partidos, mas também com agenda na estrada, com AD e PS a arrancarem no norte do país.

A campanha eleitoral para as legislativas de maio começa este domingo marcada pelo debate entre todos os partidos com assento parlamentar, mas também com agenda na estrada, com AD e PS a arrancarem no norte do país. Apesar de a chamada pré-campanha já estar a decorrer, o período de campanha eleitoral inicia-se hoje, 14 dias antes das eleições – agendadas para 18 de maio -, e termina à meia noite da antevéspera da ida às urnas. O dia terá como destaque o debate televisivo entre os oito líderes da forças atualmente representadas no parlamento.

O debate está agendado para as 21h30 e será transmitido em simultâneo pela RTP1 e RTP3 a partir da faculdade Nova School of Business and Economics (Nova SBE), em Carcavelos, Lisboa, com moderação do jornalista Carlos Daniel.

Durante o dia, apesar do debate na capital, os três maiores partidos optam por começar o contacto com os eleitores no norte do país, com a AD, liderada por Luís Montenegro, a ter agenda nos distritos de Bragança, onde estará, de manhã, em contacto a população na Feira das Cantarinha, e Braga, onde passará a tarde no concelho de Barcelos, na Festa das Cruzes.

A comitiva socialista, liderada pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, vai começar o dia no distrito de Viana do Castelo, no concelho de Ponte de Lima, e segue daí para, tal como Montenegro, passar a tarde no distrito de Braga, mas no concelho de Guimarães, numa ação de contacto com a população.

O debate está agendado para as 21h30 e será transmitido em simultâneo pela RTP1 e RTP3 a partir da faculdade Nova School of Business and Economics (Nova SBE), em Carcavelos, Lisboa, com moderação do jornalista Carlos Daniel.

André Ventura, líder do Chega, estará pelo centro do país, tendo na agenda um almoço de campanha no distrito da Guarda.

Num dia que terminará em Carcavelos para todos os líderes, IL, Livre, CDU, BE e PAN mantêm-se por perto, com agendas distribuídas entre os distritos de Lisboa e Setúbal.

A comitiva liberal, no primeiro dia de campanha oficial, passará a manhã no distrito de Setúbal numa visita ao Mercado do Livramento, seguida de uma ação de contacto com a população e um almoço.

O Livre tem agenda na manhã de domingo, com uma ação de campanha, às 10:00, no Mercado da Vila em Cascais.

A CDU tem marcado um almoço em Vila Franca de Xira de onde seguirá para a Marcha do Trabalho, no Seixal.

O Bloco de Esquerda estará por Almada, distrito de Setúbal, numa iniciativa intitulada “A Esquerda Europeia com o Bloco”, que contará com a intervenção de figuras de partidos da esquerda da Finlândia, Espanha e França. A líder do PAN, Inês de Sousa Real, tem agenda em Cascais.

As eleições legislativas realizam-se a 18 de maio, pouco mais de um ano e dois meses depois das últimas (também antecipadas), na sequência da demissão do Governo PSD/CDS-PP liderado por Luís Montenegro imposta pela rejeição pelo parlamento da moção de confiança ao executivo a 11 de março. Concorrem 21 partidos e/ou coligações às eleições.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Autarquias de todo o país afetadas por concursos desertos

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

A falta de mão-de-obra e o aumento dos custos de construção são os dois fatores apontados por autarquias para justificar o número de concursos públicos sem empresas concorrentes.

A falta de mão-de-obra e o aumento dos custos de construção são os dois fatores apontados por autarquias de todo o país para justificar o número de concursos públicos sem empresas concorrentes.

No Algarve, o vice-presidente da Câmara de Loulé, David Pimentel (PS), afirma que “a tendência está a agravar-se“, exemplificando que só este ano, até abril, ficaram desertos um quarto dos 32 concursos públicos lançados, quando em 2024 e 2023 esse valor tinha sido residual.

Em Albufeira, também no distrito de Faro, o presidente do executivo, José Carlos Rolo (PSD), aponta, além dos vários concursos desertos, casos em que surge apenas um candidato, como um concurso de cerca de nove milhões de euros que está a decorrer no concelho e cujo avanço ficará comprometido se o concorrente desistir.

A Universidade do Algarve, só nos últimos dois anos, ficou com seis concursos públicos desertos, e, segundo a reitoria, cinco das nove empreitadas no âmbito do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), começaram por ficar desertas. A sua adjudicação só foi possível devido à “reabertura dos concursos com um preço base mais elevado”.

O mercado tem crescido significativamente e as empresas debatem-se cada vez mais com falta de mão-de-obra, o que as leva, certamente, a uma maior seleção dos concursos aos quais concorrem.

Fonte oficial da Câmara do Porto

No Alentejo, “as empresas queixam-se de que os preços dos concursos são baixos e, mesmo após rever e subir preços, não os consideram atrativos“, diz à Lusa o presidente da Câmara de Montemor-o-Novo (distrito de Évora), Olímpio Galvão (PS), acrescentando que “todas elas se queixam da falta de mão-de-obra e da falta de capacidade para fazerem face a tanta pressão de obras”.

No concelho – onde têm ficado desertos, sobretudo, concursos para a reabilitação de escolas primárias e postos médicos -, o autarca refere ainda a reabilitação do Convento da Saudação, no Castelo de Montemor-o-Novo, cujo concurso “estava valorizado em 6,1 milhões de euros mais IVA, teve 17 empresas a mostrarem interesse, mas nenhuma apresentou proposta“, alegando que “o valor era baixo”. A reabilitação acabou dividida em duas fases, com a primeira associada a um concurso de 3,7 milhões, financiado pelo PRR.

No distrito de Setúbal, a autarquia de Santiago do Cacém teve de aumentar os preços base de concursos como o do Bairro dos Serrotes, em Vila Nova de Santo André, ou do pré-escolar de Ermidas-Sado.

No mesmo distrito, a Câmara de Palmela admite que “o aumento exponencial dos preços dos materiais de construção é uma das causas” para vários concursos terem ficado deserto, situação que se mantém “mesmo com a repetição de concursos com valores-base mais altos”. Segundo o executivo, “o maior exemplo reside, talvez, nas centenas de Estratégias Locais de Habitação, um pouco por todo o país — e, também, em Palmela – que implicam um enorme esforço, quer de reabilitação urbana, quer de nova construção de edifícios para habitação com arrendamento a custos controlados, com financiamento do PRR, e que será impossível concretizar até ao final de 2025“.

No distrito de Lisboa um dos municípios que têm “enfrentado, com alguma frequência“, situações de concursos desertos é o de Odivelas, onde o presidente, Hugo Martins (PS), deu como exemplos a requalificação e ampliação do Pavilhão Honório Francisco, a Unidade de Saúde da Pontinha e a Divisão Policial de Odivelas.

A Oeste, em Alcobaça (distrito de Leiria), quatro dos cinco concursos lançados pela Câmara este ano ficaram desertos, dos quais dois referentes a reabilitações no Mosteiro de Santa Maria: num deles o preço base teve de ser aumentado e no outro a autarquia “só recebeu uma proposta”.

Para o município de Leiria, ainda é prematuro concluir-se que se está perante dificuldades na contratação e adjudicação de empreitadas, já que em 2022, dos 24 concursos públicos lançados, apenas um ficou deserto. Em 2023 não se registou qualquer concurso sem apresentação de propostas (foram lançados 27) e em 2024 “verificaram-se três concursos desertos de um total de 42″, pelo que se avançou “com concursos posteriores com valor base mais elevado“.

Situação diferente, na região Centro, registou o concelho da Mealhada, distrito de Aveiro, onde tiveram que ser repetidos os concursos da reconversão de antigos lavadouros em Núcleo Museológico do Luso, do melhoramento de acessibilidades na Escola Secundária da Mealhada e Avenida Comendador Messias Batista, da reconversão dos antigos talhos da feira de Santa Luzia num espaço de apoio a peregrinos e da construção de três fogos de habitação na Pedrulha (freguesia de Casal Comba).

O mesmo aconteceu com as empreitadas no âmbito da Estratégia Local de Habitação em Oliveira do Bairro e o concurso para a reabilitação do parque de estacionamento subterrâneo de Oiã (no mesmo concelho, no distrito de Aveiro), a construção do novo Centro de Saúde e Serviço de Urgência Básica de Arganil (distrito de Coimbra) e a construção do Centro de Saúde de São Pedro e a requalificação da Escola Secundária Bernardino Machado na Figueira da Foz, também no distrito de Coimbra.

No Norte, no concelho do Porto, nos últimos três anos, cerca de duas dezenas de concursos não tiveram concorrentes, entre os quais a requalificação da Escola Básica dos Correios. “O mercado tem crescido significativamente e as empresas debatem-se cada vez mais com falta de mão-de-obra, o que as leva, certamente, a uma maior seleção dos concursos aos quais concorrem“, assinala a autarquia portuense.

No município de Braga, no último ano, ficaram desertos três concursos públicos e, em Viana do Castelo, o concurso para a construção de um novo mercado municipal já ficou deserto três vezes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Atenção, eleitores. Inscrições para voto antecipado abrem hoje

Voto em mobilidade terá lugar dia 11 de maio, mas necessita de inscrição prévia. Eleitores deverão registar-se entre este domingo e quinta-feira.

As inscrições para o voto antecipado em mobilidade para as legislativas de 18 de maio arrancam este domingo, prolongando-se até quinta-feira, dia 8 de maio. Todos os eleitores recenseados no território nacional que optem por esta mobilidade irão depositar o seu voto nas urnas a 11 de maio.

A inscrição poderá ser feita através da internet (www.votoantecipado.pt) ou por carta, endereçada à Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, Praça do Comércio, Ala Oriental, 1149-015 Lisboa. No entanto, a missiva terá de ser recebida até 8 de maio, comunicando o nome completo, a data de nascimento, o número de identificação civil, a morada, a mesa de voto onde pretende votar e o endereço de correio eletrónico e/ou o contacto telefónico, explica a Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Os cidadãos que se inscrevam assim para o voto em mobilidade deverão, no dia 11 de maio, dirigir-se à mesa de voto no município por si escolhido, identificar-se (“de preferência através do Cartão de Cidadão”) e indicar a freguesia onde está recenseado.

Em caso de dúvidas sobre a freguesia onde está recenseado, poderá fazer uma consulta através de três meios:

  • Na Internet: www.recenseamento.pt
  • Através de SMS (gratuito) para 3838, com mensagem RE (espaço) número de BI/CC (espaço) data de nascimento=aaaammdd
    Ex:RE72386718 19820803
  • Na junta de freguesia do seu local de residência.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Campanha eleitoral arranca em tom “agressivo”. Spinumviva, SNS e habitação aquecem os motores das caravanas

As tropas já estão na rua a postos para conquistar o eleitorado no dia 18. A luta será inflamada mas "desmobilizadora", a não ser que haja "surpresas". Montenegro parte "em vantagem".

A campanha oficial para as eleições legislativas de 18 de maio arranca este domingo, dia 4, e termina a 16. As tropas partidárias já estão na rua a postos para conquistar o voto nas urnas, num tom que se espera “agressivo”, mas “desmobilizador e pouco esclarecedor”, a não ser que haja “surpresas”.

A polémica, que agora reacendeu, em torno da Spinumviva, empresa familiar de Luís Montenegro, será usada pela oposição, designadamente pelo PS, como arma contra o ainda primeiro-ministro. No entanto, terá um “efeito mais mediático do que junto do eleitor”. Na realidade, e apesar deste caso, o líder do PSD parte “com alguma vantagem” sobre Pedro Nuno Santos, concluem vários politólogos consultados pelo ECO.

A crise no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com o fecho de várias urgências aos fins de semana e a falta de médicos de família para todos os utentes, o drama na habitação, com os preços a subir para valores incomportáveis para as famílias, custo de vida, impostos e salários serão outros dos temas que vão aquecer os motores das caravanas, segundo as análises de Paula Espírito Santo, Filipa Raimundo, Hugo Ferrinho Lopes e Bruno Costa, especialistas em Ciência Política.

A divulgação de novos clientes da Spinumviva, alguns dos quais com uma longa relação contratual de várias dezenas de milhões de euros com o Estado, como é o caso da ITAU, que fornece refeições em cantinas, veio dar uma nova centralidade a um eventual conflito de interesses entre o cargo de primeiro-ministro e o exercício de funções no privado. E é um assunto que vai ser explorado ao máximo pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.

“O caso Spinumviva é um dos temas que se irá manter na campanha e vai denegrir a imagem do primeiro-ministro, mas pode não ter efeitos eleitorais, porque é um tema que está ao nível da ética, não tem a ver com a legalidade pelo menos para já. O caso Spinumviva terá mais efeitos mediáticos do que do ponto de vista eleitoral”, segundo Paula Espírito Santo, professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP).

O caso Spinumviva é um dos temas que se irá manter na campanha e vai denegrir a imagem do primeiro-ministro, mas pode não ter efeitos eleitorais.

Paula Espírito Santo

Professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP)

Alinhando pelo mesmo diapasão, Filipa Raimundo, professora de Ciência Política do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, reconhece que pensava que “o caso Spinumviva ia morrer”, mas, conclui, que “agora assume uma nova importância”.

Porém, “e sabendo que o eleitorado tem alguma tolerância com as questões da corrupção”, a politóloga salienta que a polémica em torno da empresa familiar de Montenegro poderá não ser suficiente para derrubar o incumbente. “O eleitorado deverá preferir uma continuidade do Governo do que uma mudança, sobretudo quando não há uma clarificação”, aponta.

Ainda assim, o PSD tem sido alvo de duras críticas, quando pediu à PSP para investigar a origem da fuga de informação, que deu origem à notícia do Expresso, relativamente à declaração de substituição que Montenegro entregou na Entidade para a Transparência e que nem sequer se encontrava, na altura, disponível na plataforma. “É um ataque ao jornalismo e isto é muito crítico, mas terá mais um efeito mediático”, sublinha Paula Espírito Santo.

Argumentos que se vão esgrimindo de um lado e do outro da barricada, mas que parecem não estar a surtir o efeito desejado por Pedro Nuno Santos. “O PS não está a conseguir capitalizar uma conjuntura desfavorável, o facto de o primeiro-ministro estar fragilizado, pelo menos olhando para as sondagens e para a forma como a pré-campanha tem decorrido”, de acordo com Filipa Raimundo.

Os últimos estudos de opinião têm dado vantagem à AD em relação ao PS e pontuado melhor Luís Montenegro em comparação com Pedro Nuno Santos. Por outro lado, e ainda de acordo com as mesmas sondagens, parece mais viável perspetivar uma maioria parlamentar à direita do que à esquerda.

O PS não está a conseguir capitalizar uma conjuntura desfavorável, o facto de o primeiro-ministro estar fragilizado, pelo menos olhando para as sondagens e para a forma como a pré-campanha tem decorrido.

Filipa Raimundo

Professora de Ciência Política do ISCTE

Para além disso, “alguns estudos internacionais indicam que casos como o da Spinumviva não são decisivos em eleições, a não ser que haja uma confirmação total de corrupção que coloque em causa Luís Montenegro”, completa Bruno Costa, professor de Ciência Política da Universidade da Beira Interior. “Há muito jogo de campanha, muito jogo de retórica e os eleitores deixam de ter a capacidade de analisar. A questão fica partidarizada”, vinca.

Aparte os escândalos que consomem a espuma dos dias, outros dossiês vão estar em foco nesta campanha eleitoral. “Os dados mais recentes do Eurobarómetro, de novembro de 2024, indicam que os problemas considerados mais importantes pelos eleitores portugueses são os custos de vida/inflação (43%), a saúde (36%) e a habitação (28%)”, indica Hugo Ferrinho Lopes, investigador de doutoramento do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

Por isso, é expectável que “a campanha seja fortemente dominada por estes três temas: custos de vida (incluindo economia, salários e inflação) e as crises no SNS e na habitação”, conclui o mesmo politólogo.

A descida dos impostos será outro tópico que vai marcar os discursos dos líderes partidários. Até porque há propostas em vários sentidos. PS aposta no IVA zero para um cabaz de bens alimentares essenciais, na redução fiscal da luz e do IUC, enquanto a AD defende uma nova redução do IRS e do IRC.

Propaganda “violenta” e pouco clarificadora

O tom da campanha será “agressivo, duro e violento”, projetam os quatro politólogos ouvidos pelo ECO. Pelo que se tem assistido em período de pré-campanha, “os partidos estão empenhados em apontar os pontos negativos dos seus opositores”, sublinha Filipa Raimundo. “É um estilo que nem sempre dominou as campanhas nacionais e até pode ter um efeito desmobilizador. Os eleitores podem ficar mais baralhados“, alerta.

Corroborando a mesma tese, Paula Espírito Santos considera que apesar da “agressividade” na disputa eleitoral, “a campanha não deverá mobilizar os eleitores, porque não será muito esclarecedora”.

“Os 20% a 15% de indecisos aguardam pela atualidade. Ainda assim, a campanha pode trazer elementos novos e acentuar ou não a caminhada dos partidos e exacerbar alguma força política. Tudo é possível. Mas, se as eleições fossem hoje, não haveria para já surpresas relativamente há um ano”, conclui. “A não ser que surjam surpresas, que mudem o rumo da campanha”, salvaguarda Filipa Raimundo.

A polémica em torno do caso Spinumviva é, na perspetiva de Hugo Ferrinho Lopes, “o que vai agravar o tom agressivo” dos discursos das principais forças partidárias, AD e PS, “com trocas constantes de acusações relacionadas com a integridade política e pessoal dos candidatos”.

Spinumviva vai agravar o tom agressivo, com trocas constantes de acusações relacionadas com a integridade política e pessoal dos candidatos.

Hugo Ferrinhob Lopes

Investigador de doutoramento do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisbo

Mas não só. O ónus sobre “a responsabilidade pela convocação de eleições antecipadas” também será usado como arma de arremesso entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos. O líder do PSD vai acusar o opositor de ter chumbado a moção de confiança e interromper o trabalho que estava a ser feito e o secretário-geral do PS vai devolver o ataque com o argumento de que o Governo poderia ter deixado cair a moção, sabendo à partida que os socialistas não a aprovariam.

Por outro lado, “há pequenos partidos no Parlamento que lutam pela sua sobrevivência e que vão ter de dar tudo por tudo nesta campanha”, sublinha Bruno Costa. O PAN, que já teve um grupo parlamentar, ficou reduzido a uma deputada única. PCP e BE também perderam cadeiras no Parlamento, na sequência das eleições legislativas de há um ano.

E “há novos pequenos partidos antissistema que estão a surgir e têm dinheiro, porque receberam subvenção pública, para fazer campanha, como é o caso do ADN”, lembra o professor da Universidade da Beira Interior.

A este respeito, o politólogo dá o exemplo do episódio em que “Joana Amaral Dias interpelou Luís Montenegro”, na quinta-feira passada, na Ovibeja, acusando de excesso de velocidade e de estar a usar os carros do Estado enquanto faz campanha.

AD parte “em vantagem”

A campanha também deverá ser dominada “pelas questões de governabilidade no pós-eleições, sobre quem tem margem par governar com estabilidade com parceiros identificados e linhas vermelhas”, segundo Bruno Costa. “A AD vai pedir uma vitória folgada e o PS vai fazer o apelo ao voto útil para secar a esquerda”, acrescenta. Para o politólogo, “a AD tem aqui algum nicho de vantagem”.

“Se o eleitor olhar para a necessidade de estabilidade vai preferir a AD, mesmo desconfiando do caso Spinumviva, porque o Governo está em exercício e não tomou nenhuma medida radical como no período de Pedro Passos Coelho e até fez vários acordos com setores, satisfazendo as suas reivindicações”, de acordo com a análise do especialista em Ciência Política.

A estabilidade parece ser mais viável na continuação da AD do que com uma vitória mínima do PS, porque não há nenhuma sondagem que mostre uma maioria parlamentar à esquerda.

Bruno Costa

Professor de Ciência Política da Universidade da Beira Interior

Há ainda outro fator que favorece Montenegro. “A estabilidade parece ser mais viável na continuação da AD do que com uma vitória mínima do PS, porque não há nenhuma sondagem que mostre uma maioria parlamentar à esquerda”, acrescenta.

Depois há obra feita que vai ser usada na propaganda. “O Governo parte com mais vantagem relativamente ao cumprimento dos objetivos, com o argumento de que se tivesse mais tempo poderia executar tudo”, sublinha Paula Espírito Santo. “A AD também vai insistir que subiu o salário mínimo, o complemento solidário para idosos e deu um bónus aos pensionistas”, argumentos que, para Bruno Costa, dão uns quilómetros de avanço a Montenegro na corrida eleitoral.

Apesar disso, os resultados podem ser diferentes, dependendo do sucesso no apelo ao voto útil. “Estudos indicam que, em eleições muito competitivas, quando existe um empate técnico entre os principais partidos, os eleitores tendem a votar estrategicamente em partidos maiores (PS ou AD) para evitar a vitória do adversário ideológico, sacrificando o apoio ao seu partido preferido se este for menor”, nota Hugo Ferrinho Lopes.

Assim, “se PS e AD forem eficazes a apelar ao voto útil, poderão concentrar votos que tradicionalmente se dispersariam por partidos menores, penalizando-os. Caso contrário, poderá verificar-se o efeito inverso: partidos menores poderão captar votos, posicionando-se como forças capazes de influenciar ou condicionar futuras alianças governativas”, acrescenta.

Montenegro e Pedro Nuno Santos começam a norte e encerram com a habitual arruada em Lisboa

Veja onde é que os líderes dos partidos com assento parlamentar arrancam a campanha eleitoral, este domingo, 4 de maio

As caravanas partidárias arrancam oficialmente este domingo e vão percorrer o país de norte a sul para tentar convencer o eleitorado. Luís Montenegro, líder da AD – coligação PSD/CDS, parte para Bragança, onde vai estar de manhã, na Feira das Cantarinhas, seguindo à tarde para a Festa das Cruzes, em Barcelos. O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, também escolheu o norte. Começa em Viana do Castelo e depois segue para Braga. Ambos encerram a campanha com as tradicionais arruadas em Lisboa, segundo a informação enviada pelos partidos ao ECO.

O presidente do Chega, André Ventura, arranca na Guarda. Os restantes partidos com assento parlamentar preferiram começar mais a sul. Rui Rocha, líder da IL, “estará em Setúbal para uma visita ao Mercado do Livramento, seguida de uma ação de contacto com a população e um almoço”, de acordo com uma nota do partido.

A caravana do BE faz a primeira paragem em Almada, onde a sua coordenadora, Mariana Mortágua, irá participar no debate “A Esquerda Europeia com o Bloco”, que contará com intervenções de Li Andersson, da Aliança de Esquerda da Finlândia, de Irene Montero, do Podemos de Espanha, de Manon Aubr, da França Insubmissa.

O secretário-geral do PCP e líder da CDU, Paulo Raimundo, almoça em Vila Franca de Xira e, à tarde, segue para uma “Marcha do Trabalho”, no Seixal. O fundador do Livre, Rui Tavares, vai estar em campanha no Mercado da Vila em Cascais. Este concelho também foi o escolhido pela líder do PAN, Inês de Sousa Real, arrancar a campanha.

À noite, a partir das 21h30, todos os líderes partidários vão participar no debate televisivo, que decorrerá nas instalações da Nova SBE, em Carcavelos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Cotrim Figueiredo diz que “AD precisa da IL”

  • Lusa
  • 3 Maio 2025

O ex-líder da IL João Cotrim Figueiredo acusou Montenegro e Pedro Nuno Santos de estarem impreparados para lidar com os desafios que Portugal vai enfrentar.

O ex-líder da IL João Cotrim Figueiredo acusou Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos de estarem impreparados para lidar com os desafios que Portugal vai enfrentar e defendeu que a AD precisa do seu partido. Num painel durante uma sessão de apresentação das propostas IL para estas legislativas, no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto, João Cotrim Figueiredo considerou que o Estado português está a “incumprir” o que chamou de contrato social e de contrato intergeracional que assumiu com os cidadãos.

O atual eurodeputado da IL referiu que cada cidadão é “um contratante”, que acordou com o Estado que pode tirar “um bocadinho de direito e de liberdade” se, em troca, garantir funções como “defender a vida, a propriedade e prestar serviços públicos de qualidade”.

A este contrato social, cuja base teórica foi desenvolvida no século XVIII, acresce ainda o que chamou de contrato intergeracional que, segundo disse Cotrim Figueiredo, foi desenvolvido no século passado, e que visa garantir que as atuais gerações deixam para as próximas “um planeta capaz”, “umas finanças públicas capazes” e “um sistema de Segurança Social capaz”.

E o drama, também nesta campanha, e é por isso que é tão importante ouvir a IL, é que estão a incumprir ambos os contratos. Quer o contrato social, quer o contrato intergeracional, o Estado está a incumpri-lo“, acusou Cotrim Figueiredo, referindo que “a carga fiscal está em máximos, a qualidade dos serviços públicos está em mínimos” e “a Segurança Social não é sustentável”.

Depois, o líder da IL abordou o debate televisivo que opôs Luís Montenegro a Pedro Nuno Santos, esta quarta-feira, considerando que foi “uma coisa deprimente“. “Eles estão bem preparados para gerir o dia-a-dia, mas para os desafios enormes que Portugal vai ter de enfrentar, sobretudo o de cumprir o contacto social e contrato intergeracional, aqueles senhores não servem, não estão suficientemente preparados”, disse.

Para Cotrim Figueiredo, um desses líderes, numa alusão a Luís Montenegro, “precisa da IL para que Portugal tenha futuro e o crescimento económico necessário”. “A AD precisa da IL. No dia 18, o que estamos a fazer é a nossa parte do contrato social, é dizer: votando na IL, nós exigimos que nos deem o retorno adequado àqueles fundos, recursos e direitos que prescindimos a favor do Estado. Nós fazemos a nossa parte, exigimos que o Estado faça a sua”, disse.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.