Quem são os principais candidatos à compra da TAP?
Air France – KLM, Lufthansa e IAG (British Airways e Iberia) já se mostraram disponíveis para ficar com parcela minoritária da TAP. Montenegro avisa que não terão direito a indemnização se venda cair.
A Air France – KLM, o Grupo IAG (dono de companhias como a British Airways e Iberia) e a Lufthansa são os três grupos que já manifestaram publicamente interesse na compra da TAP. Um processo que esta quinta-feira teve um “primeiro passo de saída”, nas palavras do primeiro-ministro, com a aprovação de um decreto-lei para a reprivatização de 49,9% do capital social da companhia aérea.
Precisamente 651 dias depois de um Governo então liderado por António Costa ter aprovado um diploma que previa a alienação de entre 51% e 100% do capital, com 5% reservados para os trabalhadores — acabaria inviabilizado por um veto presidencial e a demissão do Executivo pouco tempo depois –, Luís Montenegro anunciou agora a “abertura ao capital de um investidor ou mais até 44,9% e 5% aos trabalhadores”.
Apesar deste hiato prolongado, de a percentagem a vender ter encolhido e de as contas da transportadora se terem deteriorado desde 2023, o que não se alterou foi o interesse da Air France-KLM, da Lufthansa e do Grupo IAG. Desde 2023 têm vindo a reiterar a vontade de se candidatar à venda da TAP, considerada a última transportadora aérea europeia com uma dimensão significativa ainda não integrada num grande grupo.
Embora todos tenham manifestado disponibilidade para a aquisição de uma parcela minoritária da TAP, inclusive já depois da recondução do atual Governo no cargo, há quem tenha mostrado preferência por uma maioria do capital ou “um caminho para a propriedade total”, como afirmou em janeiro um executivo responsável pelo desenvolvimento de negócio do grupo IAG.
Se esta hipótese de ficarem com uma participação minoritária até já tinha estado em cima da mesa quando o maior acionista da TAP era o empresário David Neeleman, a autonomia de gestão será outro tema central neste negócio. O CEO da dona da British Airways e da Iberia, entre outras companhias mais pequenas, afirmou em fevereiro deste ano que o interesse na TAP depende da “liberdade para gerir a companhia”.
A consolidação no setor da aviação tem-se mantido de ‘asas no ar’ nos últimos tempos. A Lufthansa concluiu em janeiro a aquisição de 41% da italiana ITA Airways, por 325 milhões de euros, depois de um longo processo de aprovação junto da Comissão Europeia. Na semana passada a Air France-KLM anunciou que pretende aumentar a sua participação na SAS dos atuais 19,9% para 60,5%, adquirindo a totalidade das ações detidas pela Castlelake e pela Lind Invest.
Não há direito a indemnização, alerta Governo
Na declaração feita esta quinta-feira, Luís Montenegro mostrou-se convicto de que “haverá muitos interessados” e que haverá a “oportunidade de avaliar do ponto de vista financeiro, técnico e estratégico as propostas que vierem a ser apresentadas”.
Porém, acrescentou o chefe do Executivo “se não forem atingidos os objetivos definidos pelo Governo”, o diploma “incorpora a possibilidade de a qualquer momento suspendermos ou frustrar” a operação “sem qualquer consequência indemnizatória para os respetivos interessados”.
Por outro lado, Luís Montenegro garantiu ainda que este processo “salvaguarda o hub em Lisboa, salvaguarda o aproveitamento de todas as infraestruturas aeroportuárias do país, em particular hoje o Aeroporto Humberto Delgado e amanhã o Aeroporto Luís de Camões”.
Todos os pormenores do plano serão ainda apresentados ao final da tarde pelos ministros das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, mas o secretário-geral do PS já veio considerar a solução de privatizar 49,9% da TAP como “adequada”.
Ainda assim, José Luís Carneiro, em declarações aos jornalistas na sede do partido, no Largo do Rato, em Lisboa, pôs em cima da mesa “duas condições”: além da manutenção da maioria do capital social no Estado, o reembolso dos três mil milhões de euros que o Estado investiu na companhia durante a pandemia.
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