Marcelo dá luz verde à reforma do Estado apesar das “complexidades”

O Presidente da República promulgou dois diplomas do Governo que procedem à fusão das secretarias-gerais dos ministérios e à reestruturação de outros serviços do Estado.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou, esta segunda-feira, dois diplomas do Governo que concretizam a reforma da Administração Pública, requisito essencial para libertar o pagamento do quinto cheque do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), segundo uma nota publicada no site da Presidência.

O Chefe de Estado salienta a importância da “reforma”, da “fusão das secretarias-gerais dos ministérios” e da “reestruturação de outros serviços da Administração Central” para o “desembolso pela Comissão Europeia da 5.ª tranche do PRR”, no valor global de 2.775 milhões de euros e cujo pedido será feito pelo Executivo de Luís Montenegro a 11 de julho.

Assim, “e apesar das complexidades” que a reforma da Administração Pública em causa “envolve nos próximos anos, o Presidente da República promulgou” o diploma que “estabelece os princípios e normas a que deve obedecer a organização da Administração direta do Estado” e “o diploma que aprova a orgânica da secretaria-geral do Governo e o modelo organizativo a adotar pelas entidades com responsabilidade em matéria de estudos e planeamento, no âmbito da reforma da administração central do Estado”, de acordo com o mesmo comunicado.

O Governo aprovou, no Conselho de Ministros da passada terça-feira, 25 de junho, a reforma da Administração Pública que implica a fusão de secretarias-gerais de oito ministérios numa grande secretaria-geral do Governo, sob a tutela direta de Luís Montenegro, e que irá concentrar Ambiente, Economia, Educação, Finanças, Justiça, Saúde, Trabalho e Presidência do Conselho de Ministros. Mantêm-se autónomas as secretarias-gerais dos Negócios Estrangeiros, da Defesa Nacional e da Administração Interna. Assim, de 11 secretarias-gerais, o Executivo terá apenas quatro.

A passagem de vários ministérios para o edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos vai permitir libertar 27 edifícios que serão colocados ao serviço de outras finalidades, como habitação. Haverá uma redução de 25% dos dirigentes, o que significa menos 79 cargos diretivos. Assim, as atuais 315 funções de topo vão emagrecer para 236, o que se traduz numa diminuição da despesa em 4,1 milhões de euros.

No total, a reestruturação da Administração Pública vai permitir gerar uma poupança anual de 23 milhões de euros sem contar com a redução de despesa em serviços jurídicos e de planeamento, revelou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, no final da reunião do Conselho de Ministros.

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Trabalhistas e progressistas firmam aliança política para derrubar Netanyahu

  • Lusa
  • 1 Julho 2024

"A tarefa mais urgente é substituir o governo mais falhado da história deste país e restaurar a esperança em Israel", indicam os líderes dos social-democratas e da força progressista Meretz.

O Partido Trabalhista de Israel (social-democrata) e a força política progressista Meretz (esquerda) selaram esta segunda-feira um acordo de coligação que tem como objetivo destituir Benjamin Netanyahu e o seu Governo, que consideram “o mais falhado da história do país”. Os dois partidos realizaram a sua primeira reunião depois de terem confirmado o acordo no dia anterior. A coligação tem o nome de “Democratas”.

O presidente do Partido Trabalhista, Yair Golan, deu as boas-vindas ao Meretz e elogiou a decisão de unir forças para reforçar uma alternativa “liberal-democrática”. “A tarefa mais urgente é substituir o governo mais falhado da história deste país e restaurar a esperança em Israel (…). Somos uma oposição lutadora e determinada, só uma oposição assim pode ser uma alternativa de liderança”, considerou Golan, citado pelo jornal The Times of Israel.

Golan afirmou que a aliança política “Democratas” é capaz de garantir uma mudança de governo através de uma alternativa “funcional e estrutural” ao atual executivo liderado por Netanyahu, o mais à direita da história de Israel, que integra partidos ultraortodoxos e de extrema-direita. Para Golan, o executivo tem beneficiado das clássicas disputas entre esquerda e direita, pelo que defendeu o fim do uso dessas terminologias de divisão ideológica.

“As ideias de esquerda e de direita são cómodas para Netanyahu, mas não têm qualquer relação com a realidade atual de Israel”, argumentou Golan, que fez, no entanto, uma distinção entre os que defendem um país como um lar “para todos os judeus por igual” e os que, pelo contrário, “veem o Estado como messiânico-teocrático”.

O Partido Trabalhista viveu uma época de ouro entre o final dos anos 60, do século XX, e 2000, com cinco presidências consecutivas, conseguindo dominar a política nacional nos anos 90, com os governos de Yitzhak Rabin (1992-1995), Shimon Peres (1995-1996) e Ehud Barak (1999-2001).

Desde então, porém, não ocupou cargos relevantes no governo israelita e, nas últimas eleições legislativas, obteve menos de 3,7% dos votos (quatro deputados), enfrentando uma tendência para o desaparecimento, o que conduziu à aliança com o Meretz. O Meretz é um partido de esquerda fundado nos anos 90 que defende a solução de dois Estados (Israel e Palestina) e o pacifismo.

Historicamente, tem sido um partido residual no Knesset (parlamento israelita), onde obteve o seu melhor resultado em 1992, ao conseguir 12 dos 120 lugares parlamentares. Integrou ainda governos trabalhistas dessa altura.

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Extrema-direita é perigo para França e para Europa, diz Pascal Lamy

  • Lusa
  • 1 Julho 2024

Os resultados de domingo "continuam a ser extraordinariamente incertos, mesmo que, do meu ponto de vista, a ameaça de um governo de extrema-direita seja real.", disse o antigo comissário europeu.

O antigo comissário europeu francês Pascal Lamy considerou esta segunda-feira que o crescimento dos populismos e dos extremismos são um perigo para a França e para a Europa.

Lamy falava à agência Lusa depois de intervir no painel “Pensando no Futuro da União Europeia à Luz do Legado de Jacques Delors”, integrado na conferência “Jacques Delors Agora – A Próxima Geração na Europa”, organizado pelo Instituto Jacques Delors, que reúne em Lisboa, até quinta-feira, 130 jovens de 30 países, além de membros da Comissão, eurodeputados e especialistas em política europeia.

A União Nacional (Rassemblement Nationale, no original francês) foi o partido mais votado na primeira volta das eleições legislativas francesas de domingo, com 33% dos votos, à frente da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP, 28,5%) e dos centristas Juntos pela República, que integra o partido do Presidente Emmanuel Macron (22%). A segunda volta das legislativas decorre no próximo domingo, 7 de julho.

Instado a pronunciar-se sobre os resultados da primeira volta da votação, o antigo comissário europeu do Comércio e também antigo presidente da Organização Mundial do Comércio (OMC) frisou que os números registados domingo “não contam”.

Os resultados de ontem [domingo] não contam. O que interessa são os resultados do próximo domingo. E estes continuam a ser extraordinariamente incertos, mesmo que, do meu ponto de vista, a ameaça de um governo de extrema-direita seja real. Não é certo, é possível”, respondeu à margem do evento da Academia Nossa Europa. No entanto, para Lamy, há a possibilidade de se registarem outros resultados, tudo dependendo dos eleitores.

“Mas, evidentemente, sendo eu oriundo de uma escola social-democrata clássica – ao estilo de Delors, se assim posso dizer – estou obviamente muito preocupado com o meu país e sobretudo com as consequências que isto pode ter para a integração europeia”, acrescentou.

Pascal LamyLusa

Em França, prosseguiu Lamy, a RN não defende um “Frexit” [saída da França da União Europeia], como fizeram os britânicos, mas está a pensar em afrouxar gradualmente, lentamente, os laços entre a França e a União Europeia. E a França é um país – e digo-o sem qualquer arrogância, demasiado importante na UE – para que isto não tenha consequências extremamente nefastas a longo prazo”, argumentou.

“Por isso, sim, [a extrema-direita, os populismos e os extremismos] continuam a ser um perigo para a França e penso que são um perigo para a Europa”, frisou. Neste domínio, defendeu, “a UE tem de ser mais forte, e para ser mais forte tem de aumentar as suas capacidades, e para aumentar as suas capacidades tem de aumentar os seus recursos e o seu orçamento. E esta é uma questão muito importante para os próximos anos”.

Questão que não se colocava no tempo em que Delors foi presidente da Comissão Europeia (1985/95), a das ameaças às liberdades civis na União está a ser levantada devido à ascensão do populismo e, em particular, dos movimentos de direita e de extrema-direita.

“Essa foi uma questão que Delors não teve de enfrentar quando era presidente da Comissão. Mas no final da sua vida estava muito preocupado com o assunto. De certa forma, estava satisfeito por ver a Europa assumir a liderança em matéria de ambiente, mas entristecia-o ver que estes problemas de perversão, de corrosão dos valores liberais e da democracia, estavam a ocorrer no seio da própria União. Isso preocupava-o muito”, lembrou.

Esse foi o tema que o levou a intervir na conferência: o que é que Delors, com o seu aparato intelectual e político, nos diria sobre as questões que a União Europeia terá de enfrentar nos próximos anos. “É sempre um exercício difícil, mas penso que ele nos diria que a grande questão é como articular a sustentabilidade económica, social e ambiental, que continua a ser a grande questão para os europeus, que, em comparação com o resto do mundo, estão na vanguarda em termos sociais, estão na vanguarda em termos ambientais, mas talvez já não estejam na vanguarda em termos económicos”, referiu.

Lamy disse acreditar que o legado de Delors continua a ser totalmente relevante, uma vez que as mudanças ocorreram naquilo que considerava ser a combinação correta entre a subsidiariedade, que consiste em aumentar o poder apenas na medida do absolutamente necessário, e a solidariedade, que ele considerava ser o principal vínculo de uma sociedade.

“É verdade que num mundo mais brutal, num mundo mais perigoso, num mundo que tem de lidar, por exemplo, com as alterações climáticas, a agressão russa na Ucrânia, a rivalidade sino-americana, a União Europeia tem de se tornar mais forte”, concluiu.

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Governo aprova 13 licenças “mais exigentes” para gestão de resíduos

As novas licenças aplicam-se a fluxos específicos de resíduos, como os pneus, baterias ou embalagens de medicamentos, e serão auditadas periodicamente. 

O Ministério do Ambiente e Energia e o Ministério da Economia aprovaram um conjunto de 13 licenças para fluxos específicos de resíduos, como os pneus, baterias ou embalagens de medicamentos.

As entidades gestoras, responsáveis pela gestão destes fluxos, passam a dispor de licenças com um conjunto de obrigações reforçadas no seu período de vigência, estando vinculadas ao cumprimento de metas progressivamente mais exigentes”, informam os dois ministérios, num comunicado conjunto.

Estão em causa os fluxos de embalagens e resíduos de embalagens, pneus e pneus usados, resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, baterias e resíduos de baterias, veículos e veículos em fim de vida, embalagens e resíduos de embalagem em agricultura e, finalmente, medicamentos.

As novas licenças são válidas por um período de 10 anos, com vista a garantir maior estabilidade da atividade desenvolvida pelas entidades gestoras, a reconhecer ganhos de eficiência nos sistemas e a permitir o alinhamento com os instrumentos de planeamento e financiamento estratégicos para o setor, indica a mesma nota de imprensa.

Estas novas licenças serão auditadas anualmente e, ao fim de cinco anos, sujeitas a uma avaliação intercalar. O objetivo é reavaliar a necessidade de integrar ou ajustar condições face aos níveis de desempenho obtidos.

Também está previsto um incentivo, através da Taxa de Gestão de Resíduos (TGR): as entidades que cumpram as suas metas não pagarão TGR; as que não cumpram, pagam TGR, em função das toneladas de desvio face à meta estabelecida na respetiva licença.

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Governo vai responsabilizar administrações hospitalares por listas de espera de cirurgias

  • Lusa
  • 1 Julho 2024

Dentro de um ano será possível ter "uma grande cobertura nacional de médicos de família", diz o Secretário de Estado da Saúde.

O Governo está a preparar medidas para responsabilizar as administrações dos hospitais pelas suas listas de espera cirúrgicas, anunciou esta segunda-feira o coordenador do Plano de Emergência da Saúde que o executivo apresentou no fim de maio.

Nas jornadas parlamentares do PSD, o Secretário de Estado da Saúde, Eurico Castro Alves, fez um ponto de situação do plano, dizendo que há um ano a situação das parturientes e grávidas “era muito pior” do que a atual e antevendo que dentro de um ano será possível ter “uma grande cobertura nacional de médicos de família”. No painel dedicado ao tema “Cuidar e Respeitar”, em que também interveio Isabel Jonet, presidente e fundadora do Banco Alimentar, o médico Castro Alves salientou, em especial, o que foi já possível fazer pelos doentes oncológicos que precisavam de uma cirurgia.

Estamos a tirar muito mais doentes da lista do que estão a entrar. Estamos a criar um conjunto de medidas em que vamos responsabilizar as administrações dos hospitais, no sentido de fazerem uma coisa que até agora não acontecia: serem eles os responsáveis pela lista de espera do seu hospital e vamos dizer que não podem operar doentes de patologia benigna, deixando para trás doentes de patologia maligna”, disse.

Com estes futuros regulamentos, o médico disse prever que “nos próximos meses a lista de doentes oncológicos possa ser regularizada e possam ser todos operados em tempo útil”. Já quanto aos problemas de atendimento com parturientes e grávidas, Castro Alves admitiu que os problemas não estão todos resolvidos, mas considerou que “há um ano estávamos muito pior”.

“Tínhamos muito mais urgências fechadas (…) Não há notícia de uma mulher que tenha ficado por tratar ou de uma mulher que tenha tido uma criança na ambulância”, disse.

O coordenador do plano adiantou ainda existirem projetos-piloto no Porto em Lisboa para “tirar doentes dos serviços de urgência”, nomeadamente os casos sociais, e manifestou-se também otimista quanto ao aumento da cobertura da população com médico de família, recorrendo a centenas de milhares de médicos reformados com essa disponibilidade.

“Se este plano for aplicado, dentro de um ano vamos estar muito próximo de ter uma grande cobertura nacional de médicos de família”, vaticinou. Eurico Castro Alves quis também responder ao que considera serem críticas injustas ao plano, dizendo que a sua primeira prioridade “é esgotar a capacidade do setor público”, só depois recorrendo ao setor social e ao privado”.

“Estamos a fazer mais pelo Serviço Nacional de Saúde do que os outros. Dos doentes oncológicos que operámos, 98,8% foram operados no SNS”, frisou. A este propósito, o coordenador do plano de emergência quis deixar perante os deputados do PSD uma espécie de confidência.

“Durante este processo, um dirigente da associação dos hospitais privados pediu para reunir comigo (…) e veio dizer que vinha protestar porque aconteceu que tinha médicos a avisar que não iam trabalhar porque iam ficar a trabalhar no SNS. Nós somos aqueles que verdadeiramente protegem o setor público”, congratulou-se.

Na fase das perguntas, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, questionou se o país precisa de mais médicos por que razão se limita a abertura de mais cursos de Medicina e Emídio Guerreiro se não será altura de se rever a atual Lei de Bases da Saúde, de 2019. Castro Alves admitiu que “há lugar a mais uma ou duas faculdades” de Medicina, mas defendeu que é preciso cautela para não “preparar mal os que vão cuidar de todos”.

Quanto à lei de bases, admitiu que a atual está obsoleta, e desafiou os sociais-democratas a trabalhar numa nova: “O país vai-vos agradecer”, disse.

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Correção na escritura de compra de casa obriga a pagar IMT e Imposto de Selo duas vezes

Apesar de já ter sido cumprida a obrigação fiscal no ato da aquisição, retificações ao documento original para incluir estacionamento e arrecadação determinam nova liquidação de impostos.

Correções à escritura de aquisição de casa, que não sejam apenas lapsos ou gralhas, determinam que o comprador tem de pagar Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e Imposto de Selo (IS) pela segunda vez, ainda que os impostos já tenham sido liquidados na data da compra do imóvel, segundo uma informação vinculativa da Autoridade Tributária (AT), publicada no final da semana passada no Portal das Finanças.

No caso em análise pelas Finanças, verificou-se que o negócio, ocorrido em 2022, pressupunha não só a transação de uma habitação como também de dois lugares de estacionamento e de uma arrecadação que, por erro, não foram discriminados na escritura de compra e venda do imóvel.

Ora a retificação em causa não corresponde nem “a erro ostensivo ou patente”, ou seja a uma gralha, para que se possa dispensar o contribuinte de nova liquidação dos impostos, aponta o Fisco. Para além disso, a preconizada transmissão onerosa do direito de propriedade” de estacionamento e arrecadação “constitui um novo facto tributário objeto de incidência do IMT e do Imposto do Selo“, escreve a diretora-geral da AT, Helena Borges, no despacho assinado a 17 de junho, mas só agora divulgado.

Na contextualização do pedido de esclarecimento, o contribuinte indicou que vendedor e comprador só deram conta de que, afinal, aqueles avos de frações — estacionamento e arrecadação — não tinham mudado de mãos, quando o anterior proprietário foi convocado para uma assembleia de condomínio do prédio do qual já não era dono.

“Mais de um ano depois da outorga da referida escritura foi o vendedor confrontado com o facto de que ainda constava como proprietário de parte do referido edifício, que engloba todos os estacionamentos e arrecadações dos vários blocos, e, assim, também, os dois estacionamentos e arrecadação que julgava já ter alienado, ao ter sido convocado para a assembleia geral do condomínio em que os mesmos se inserem. “Só nessa altura é que o vendedor se apercebeu de que havia um erro na escritura e que os dois estacionamentos e arrecadação, que achava que estavam também a ser transmitidos, constituíam avos da fração autónoma”, descreve o comprador da habitação no pedido de informação vinculativa à AT.

Tendo sido já “liquidados e pagos, na íntegra, o IMT e IS devidos pela compra e venda, aquando da escritura”, entende o contribuinte visado de que “não haverá lugar ao pagamento de qualquer imposto aquando da outorga da escritura de retificação”.

Reconhecendo, porém, que é necessário substituir as guias de IMT e IS de forma a abrangerem “não apenas a totalidade da fração, mas também avos da fração”, o comprador admite a possibilidade de ter de liquidar os impostos novamente.

Contudo, salienta, “que não parece correto estar a pagar os referidos impostos duas vezes, só para depois se efetuar reclamação graciosa para reembolso dos impostos pagos em duplicado, o que além de profundamente injusto vai ocasionar mais trabalho e perda de tempo“, argumenta.

Apesar das razões invocadas, a decisão do Fisco foi negativa. Em primeiro lugar, “a figura da ‘retificação da escritura’ depende de erro ostensivo ou patente”, isto é, de um lapso ou de uma gralha. “É o que não se verifica no caso em apreço, porquanto, o que os factos supra identificados revelam, de modo seguro e claro, é que o requerente adquiriu apenas o prédio inscrito na matriz, factualidade que consta de forma expressa e inequívoca da escritura pública”, segundo o entendimento da AT.

Por outro lado, “tão pouco a aludida retificação da escritura de compra e venda pode significar, necessariamente, que não haja lugar à tributação dos efeitos económicos desse negócio”. “Constata-se, aliás, que na concreta e precisa situação em análise é simples, claro e inequívoco que a declaração de vontade projetada para a escritura de retificação, não suscitando quaisquer dúvidas a quem proceda à sua leitura, visa alcançar, agora, a transmissão do direito de propriedade de uma parte de um outro prédio, concretamente de avos do prédio inscrito na matriz predial urbana”, lê-se no despacho da diretora-geral.

Trata-se, assim, “de um facto com relevância jurídica-tributária, na medida em que tal atuação configura uma transmissão, a título oneroso, do direito de propriedade de um outro prédio, distinto, portanto, do prédio objeto da escritura outorgada”. Como consequência, “constitui um novo facto tributário, objeto de incidência do IMT e do Imposto do Selo“, conclui a AT.

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Fórum do BCE em Portugal traz “orgulho”, diz Centeno

O governador do Banco de Portugal destaca que a realização do Fórum do BCE no país fará com que "durante três dias todas as referências à política monetária têm Portugal como cenário".

Arranca esta segunda-feira em Sintra a 11.ª edição do Fórum anual do Banco Central Europeu (BCE), um evento que se tornou um marco no calendário económico global.

O evento deste ano é particularmente relevante, dado o recente corte nas taxas de juro pelo BCE, o primeiro em quase cinco anos. A presidente do BCE, Christine Lagarde, dará início ao Fórum do BCE esta noite com uma intervenção que promete definir o tom das discussões que se seguirão nos vários painéis do evento.

Em entrevista ao podcast do Banco de Portugal, Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, sublinhou a importância deste evento para Portugal. “É muito importante porque juntamos em Portugal, em Sintra, um conjunto muito relevante de banqueiros centrais e durante três dias todas as referências à política monetária que são feitas no mundo inteiro têm Portugal como cenário.”

O Fórum do BCE é assim uma oportunidade para Portugal mostrar a sua relevância no cenário económico global. “A organização do evento é da responsabilidade do Banco Central Europeu, mas obviamente nós somos co-organizadores em várias dimensões e é importante esta associação e esta identificação do Banco Central Europeu com um evento desta dimensão e importância na agenda anual do BCE e do Eurosistema, e que o Banco de Portugal esteja associado”, revela Mário Centeno, sublinhando ainda que o evento “traz também algum orgulho.”

O programa deste ano do Fórum do BCE inclui sessões sobre a ascensão e queda da inflação na Zona Euro, a economia da biodiversidade, os choques geopolíticos e a inflação.

Estas discussões são cruciais num momento em que a política monetária enfrenta múltiplos desafios, destaca o governador do Banco de Portugal, notando que “a agenda deste ano do Fórum é muito focada no ciclo da política monetária, na análise daquilo que são os fatores que justificam as decisões em política monetária.”

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Diretora admite que situação financeira da SATA “não está totalmente estável”

  • Lusa
  • 1 Julho 2024

"É necessário cash fresco, permitam-se a expressão. Para nós, a venda da SATA Internacional, é uma das únicas fontes de financiamento puro que pode haver no grupo de forma direta”, avisou Carla Neto.

A diretora financeira da companhia aérea SATA, Carla Neto, admitiu esta segunda-feira algumas “dificuldades” de tesouraria na empresa, reconhecendo que a situação financeira da transportadora aérea açoriana “não está totalmente estável” e que é necessário “cash fresco”.

“O grupo financeiramente não está totalmente estável, vai haver sempre momentos de maior aflição ou de menor aflição, digamos assim, mediante aquilo que são, efetivamente, as entradas de cash, aliado àquilo que são as saídas de cash significativas”, explicou Carla Neto, durante uma audição na comissão de Economia da Assembleia Regional dos Açores, reunida em Ponta Delgada.

A audição parlamentar ocorreu por proposta dos deputados do PS, para obter esclarecimentos sobre a situação financeira da companhia aérea açoriana e sobre as dificuldades operacionais registadas no início de junho, altura em que cerca de 70% da frota da SATA Air Açores (responsável pelos voos interilhas) esteve temporariamente parada.

Na audição, o deputado socialista Carlos Silva recordou que a comissão de Trabalhadores da SATA alertou que “a situação financeira do Grupo é grave e que terá dificuldades em pagar salários aos trabalhadores e de pagar também a fornecedores”. Contudo, Carla Neto garantiu que não antevê, nos próximos tempos, dificuldades de tesouraria que possam dificultar o pagamento de salários ou de impostos. “Relativamente aquilo que são as obrigações para com os trabalhadores, e obrigações fiscais, a SATA tem cumprido com as suas obrigações”, disse.

A diretora financeira da companhia aérea reconheceu, porém, que houve um “aumento substancial de custos, tanto na Azores Airlines (companhia aérea responsável pelas ligações entre os Açores e o exterior), como na SATA Air Açores”, nos últimos tempos, mas lembrou que “houve também um aumento de receitas”, apesar de ser necessário injetar capital na transportadora.

É necessário cash fresco, permitam-se a expressão. Para nós, a venda da SATA Internacional, é uma das únicas fontes de financiamento puro que pode haver no grupo de forma direta”, insistiu Carla Neto, referindo-se ao processo de privatização de 51% da Azores Airlines, que acabou por não se concretizar.

Segundo as explicações da responsável financeira do grupo SATA, um dos principais défices da companhia, que ascende a 100 milhões de euros, resulta da operação das denominadas “rotas deficitárias” entre Lisboa e os Açores (Lisboa/Horta, Lisboa/Pico e Lisboa/Santa Maria), que são realizadas ao obrigo de obrigações de serviço público (OSP’s), mas que não são financiadas pelo Estado desde 2015.

“Quando falamos de 100 milhões, estamos a falar de défice acumulado e o défice está, naturalmente, muito indexado aquilo que são os custos de estrutura”, justificou Carla Neto, adiantando que, sendo estas rotas deficitárias, acabam por ter anualmente um impacto financeiro negativo nas contas da empresa.

Apesar das justificações, os deputados do PS na comissão de Economia consideraram que os custos com as OSP’s estão longe dos 100 milhões de euros agora invocados pela administração da SATA.

A diretora financeira do grupo SATA foi ouvida pelos deputados, juntamente com José Roque, vogal do conselho de administração da transportadora regional, apenas três dias depois de o Governo Regional ter indigitado para futuro presidente do conselho de administração da companhia Rui Coutinho, que já desempenhou as funções de diretor regional da Mobilidade e irá substituir Teresa Gonçalves, que se demitiu em abril, alegando “motivos pessoais”.

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Ministério Público tem de concluir investigação a Mexia até 30 de setembro

Desde maio de 2018 até aos dias de hoje, já foram 23 pedidos de prorrogação do prazo, segundo consta no processo dos CMEC. Quer no mandato de Joana Marques Vidal, quer no mandato de Lucília Gago.

O Ministério Público (MP) tem de encerrar o inquérito do processo dos Custos de Manutenção de Equilíbrio Contratual (CMEC) até 30 de setembro. Este foi o derradeiro prazo autorizado esta segunda-feira pela PGR para os magistrados responsáveis pela investigação a Manuel Pinho, António Mexia e Manso Neto.

No documento, a que o ECO teve acesso, o gabinete de Lucília Gago sublinha que se “encontra em curso uma avaliação sobre a validade de diversos elementos de prova recolhidos no decurso do inquérito, avaliação que se tem por relevante para o saneamento (probatório) do processo e precípua formulação do juízo indiciário a realizar”.

No dia 10 de julho de 2017 – era ainda Joana Marques Vidal procuradora-geral da República –, o processo dos CMEC ganhava o ‘estatuto’ de aceleração processual. A investigação já durava há cinco anos (desde 2012) e a titular da investigação criminal dava o prazo de dez meses para o encerramento do inquérito. Ou seja, para os procuradores do MP arquivarem a investigação ou acusarem os arguidos no processo, até maio de 2018. Mas, nesse mês, os magistrados pediram a prorrogação desse prazo por tempo indeterminado mas com a obrigação de, três meses depois, darem conta à PGR como estava o desenrolar da investigação.

E este foi o início de um longo calvário de adiamentos de uma acusação a António Mexia, João Manso Neto, João Conceição e Manuel Pinho. Desde maio de 2018 até aos dias de hoje, já foram 23 os pedidos de prorrogação do prazo, segundo consta no processo dos CMEC. E, desses 23 pedidos (que foram sempre atendidos pela Procuradoria-Geral da República), 13 foram feitos de maio de 2018 a novembro de 2022 sempre sem fixação de prazo para o encerramento. O caso começou a ser investigado há 12 anos mas entretanto foi dividido em dois. Nesse segundo, Manuel Pinho e Ricardo Salgado já foram condenados (dez anos para o ex-ministro da Economia e seis para o antigo banqueiro por crimes como corrupção e branqueamento de capitais).

“Consideramos que este inquérito que dura inexplicavelmente há mais de 12 anos, e que já conta com 23 pedidos de adiamento ou prorrogação, já há muito que deveria ter sido encerrado”, dizem os advogados de Mexia: João Medeiros, Rui Costa Pereira e Inês Almeida Costa

A última data do prazo para encerramento do inquérito era precisamente o dia 1 de julho. Mas foi pedido novo adiamento. Isto porque, na sequência de um despacho do juiz de instrução Nuno Dias Costa, que ordenou a destruição de vários emails do processo, as defesas alegaram que essas comunicações contaminaram outras provas recolhidas posteriormente.

Os advogados de António Mexia, Manso Neto e João Conceição elencaram uma série de factos que também devem ser retirados do processo. Enquanto Nuno Dias Costa não decidir, o Ministério Público não irá acusar, sob pena de utilizar prova que, entretanto, foi retirada.

Logo em abril, os advogados de defesa de António Mexia e João Manso Neto pediam à Procuradoria-Geral da República que esclarecesse se os magistrados do caso EDP/CMEC , Carlos Casimiro e Hugo Neto, iam mesmo insistir em deduzir uma acusação ou se pediram uma nova prorrogação do prazo.

Em causa estão as decisões, quer do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), quer do juiz de instrução, que declararam nulos os emails apreendidos na investigação, mas que o MP insiste em usar como prova. Os advogados invocam a nulidade dos emails decretada pelo juiz de instrução a 17 de abril. Dizem então os advogados João Medeiros, Rui Costa Pereira e Inês Almeida Costa que – caso o faça – “o Ministério Público estaria dolosamente a frustrar e a violar, em toda a medida processual útil, uma decisão judicial a que deve obediência”.

Defendendo que “seria mesmo – e por isso não queremos acreditar que seja ou possa vir a ser – um golpe de Estado judiciário, através do qual o Ministério Público, achando-se acima de decisões jurisdicionais e lançando mão de manobras que, se acaso proviessem das defesas, seriam taxadas, no mínimo, como inadmissível chicana, agiria como se decisões não houvesse, que há, ou que não estivesse obrigado a cumpri-las, como está, Assim, aliás, pouco ou nada contribuindo para o prestígio da justiça em geral e do Ministério Público – prestígio, de resto, como é sabido, que bem preciso é, sempre, e agora em particular”.

Dizendo que, caso o MP o faça, estará a incorrer numa série de “ilícitos disciplinares”, bem como num crime de violação de correspondência e de prevaricação.

Dias antes, os advogados de João Conceição – Rui Patrício e Tiago Geraldo – enviaram um requerimento ao juiz de instrução do processo, alertando que, caso o MP insista em usar os emails considerados inválidos como prova para a acusação, estará a cometer o crime de desobediência à lei, de violação de correspondência e de prevaricação.

A 18 de abril, o juiz de instrução Nuno Dias Costa decidiu que a principal prova recolhida no caso do processo EDP/CMEC não é válida, já que a apreensão de emails tinha de ser feita com autorização de um juiz de instrução e não meramente por iniciativa do MP, como aconteceu. Assim, ordenou a destruição de centenas de milhares de emails apreendidos na sede de EDP, em junho de 2017, relativos a comunicações entre Mexia e Manso Neto.

Assim, o juiz de instrução ordenou a destruição da totalidade dos emails apreendidos em junho de 2017 na sede da EDP, discordando dos argumentos invocados pelo MP e recusou o pedido do MP para declarar a validade da utilização desses emails, socorrendo-se da decisão do STJ. O juiz ordena, assim, “a destruição de qualquer cópia digital ou impressão que conste do processo relativa aos 3.277 emails que foram objeto do despacho judicial”, mas também a destruição de “qualquer cópia digital ou impressão que conste do processo relativa aos restantes emails apreendidos aquando da apreensão daqueles 3.277”. E terão de ser os arguidos a dizer que emails consideram que têm de ser destruídos.

O que é o processo dos CMEC?

Foi há quase 12 anos que se deu a abertura de inquérito deste processo. O foco da investigação centrava-se nas suspeitas de favorecimento do Governo, na altura de José Sócrates, à EDP.

Com o decorrer da investigação, várias outras suspeitas foram nascendo, como a dos subornos superiores a cinco milhões de euros de Ricardo Salgado, ex-líder do BES, a Manuel Pinho, à data ministro da Economia de Sócrates. O processo acabou por ser dividido em dois: este relativo a Pinho, Manso Neto e Mexia, ainda sem acusação; e o segundo relativo a Pinho e Ricardo Salgado, ex-líder do BES, cujo julgamento já terminou e em que ambos foram condenados.

O caso está relacionado com os CMEC (Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual) e o eventual favorecimento da EDP, no qual Mexia e Manso Neto são suspeitos de corrupção e participação económica em negócio para a manutenção das rendas excessivas, no qual, segundo o Ministério Público, terão corrompido o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-secretário de Estado da Energia Artur Trindade. Em causa estão benefícios de mais de 1,2 mil milhões de euros alegadamente concedidos por Manuel Pinho à EDP, entre outubro de 2006 e junho de 2012.

Mexia foi constituído arguido a 2 de junho de 2017, na sequência de buscas à EDP. Tal como Manso Neto, antigo administrador da elétrica, é suspeito de quatros crimes de corrupção ativa e de alegados subornos ao antigo ministro Manuel Pinho (Governo Sócrates), ao ex-diretor-geral da Energia Miguel Barreto e a João Conceição, antigo consultor de Pinho no Ministério da Economia e atual administrador da REN.

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UE reduz importações de energia em 10,4% no primeiro trimestre

  • Lusa
  • 1 Julho 2024

A UE importou 183,8 milhões de toneladas de produtos energéticos, num total de 95,5 mil milhões de euros.

A União Europeia (UE) importou, no primeiro trimestre de 2024, cerca de 183,8 milhões de toneladas de gás, gás natural liquefeito e petróleo, uma redução de 10,4% face ao período homólogo de 2023, diversificando o abastecimento à Rússia.

Dados divulgados pelo gabinete estatístico comunitário, o Eurostat, indicam que, nos primeiros três meses deste ano, a UE importou 183,8 milhões de toneladas de produtos energéticos, num total de 95,5 mil milhões de euros.

Estes números representam uma diminuição de 10,4% em massa líquida e um decréscimo de 26,4% no valor, na comparação homóloga com o ano anterior.

No que toca ao gás natural importado em estado gasoso, registou-se uma descida de 11,7% no volume de importações e de 56,8% no valor. Já no gás natural liquefeito (GNL), a UE importou menos 11,4% e pagou menos 54,1%.

Em ambos os casos, “a diminuição significativa do valor refletiu a descida dos preços do gás natural após o aumento dos preços em 2022, enquanto a diminuição do volume deve ser vista no contexto do plano de redução da UE, em que os países da UE se comprometeram a reduzir o seu consumo de gás em, pelo menos, 15%”, explica o Eurostat.

Quanto aos óleos de petróleo importados, tanto o volume como o valor permaneceram estáveis ao registarem, respetivamente, uma diminuição de 0,9% e um aumento de 0,4% na variação homóloga entre o primeiro trimestre de 2024 e o mesmo período de 2023.

Relativamente aos principais fornecedores de energia à UE nos primeiros três meses do ano, quase metade do gás natural em estado gasoso foi importado da Noruega (46,6%), seguindo-se a Argélia (19,7%) e só depois a Rússia (17,3%), dadas as medidas adotadas na UE para reduzir a dependência do abastecimento russo, que chegou a representar 40% antes da invasão russa da Ucrânia.

No GNL, os Estados Unidos forneceram quase metade das importações (47,4%), à frente da Rússia (17,7%) e da Argélia (9,9%). Ainda no primeiro trimestre de 2024, a maior parte das importações europeias de óleos de petróleo da UE provinha dos Estados Unidos (17,1%), da Noruega (13,6%) e do Cazaquistão (10,9%).

 

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Governo alarga apoio ao gasóleo profissional até 31 de agosto

Medida teria terminado a 30 de junho, mas o Executivo decidiu prolongar a ajuda ao setor do transporte de mercadorias, o que se traduz num subsídio médio mensal de cerca de oito milhões de euros.

O Governo alargou o apoio ao gasóleo profissional dirigido às empresas de transporte de mercadorias até 31 de agosto. A medida temporária, criada pelo anterior Governo, vai ser prolongada por mais dois meses, dado que tinha terminado no passado dia 30 de junho, segundo uma nota enviada esta segunda-feira às redações pelo Ministério das Infraestruturas e da Habitação.

“Esta medida traduz-se num apoio mensal de cerca de 8 milhões de euros”, refere a tutela liderada pelo ministro Miguel Pinto Luz.

“No quadro das medidas de mitigação do aumento do preço dos combustíveis, o Governo vai manter o mecanismo de devolução parcial do imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP), suportado pelas empresas de transporte de mercadorias por conta de outrem”, de acordo com o mesmo comunicado.

O Ministério lembra que “o mecanismo em questão, designado por ‘gasóleo profissional extraordinário’, foi criado, com caráter temporário, pelo Decreto-Lei n.º 43-A/2022, de 6 de julho, tendo sido objeto de prorrogação, até 30 de junho de 2024, nos termos do Decreto-Lei n.º 131/2023, de 27 de dezembro”.

O Executivo decidiu então prolongar o apoio “por se manterem, em parte, as razões justificativas da medida em apreço”. Assim, “será prorrogado o diploma que visa atender às condições específicas deste setor transportador, contemplando os abastecimentos elegíveis que ocorram entre 1 de julho e 31 de agosto de 2024“, lê-se na mesma nota.

“Trata-se de uma justa decisão que corresponde à expectativa do setor, apesar de estarmos todos conscientes da necessidade de phasing out no cumprimento das orientações comunitárias”, sublinha o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.

(Notícia atualizada às 17h58)

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Mercado automóvel cresce 7,8% no primeiro semestre

  • Lusa
  • 1 Julho 2024

No primeiro semestre do ano, "51,7% dos veículos ligeiros de passageiros matriculados novos eram movidos a outros tipos de energia, nomeadamente elétricos e híbridos".

O mercado automóvel em Portugal cresceu 7,8% no primeiro semestre de 2024, face ao mesmo período do ano anterior, divulgou esta segunda-feira a ACAP – Associação Automóvel de Portugal.

“De janeiro a junho de 2024, foram colocados em circulação 137.195 novos veículos, o que representou um aumento de 7,8% relativamente ao mesmo período do ano anterior”, sinaliza a ACAP, em comunicado. Todas as categorias de veículos registaram um aumento no número de matrículas nos primeiros seis meses do ano: os ligeiros de passageiros cresceram 5,7%, os ligeiros de mercadorias 22,9% e os pesados 14,7%.

Os dados mostram ainda que, no primeiro semestre do ano, “51,7% dos veículos ligeiros de passageiros matriculados novos eram movidos a outros tipos de energia, nomeadamente elétricos e híbridos”, sendo que 16,5% dos veículos ligeiros de passageiros novos eram elétricos. Por outro lado, olhando para os dados mensais, é possível verificar que em junho “foram matriculados em Portugal 24.561 veículos automóveis, ou seja, menos 4,7% que no mesmo mês de 2023”, ainda que este ano tenha tido menos dois dias úteis do que em 2023.

Enquanto o número de automóveis ligeiros de passageiros novos matriculados em junho caiu 8,4% face ao período homólogo, o mercado de ligeiros de mercadorias cresceu 10,1% e os veículos pesados (de passageiros e de mercadorias) aumentaram 56,4%. A ACAP indica ainda que, no sexto mês do ano, o peso dos elétricos foi de 18,9% do mercado.

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