Edifício da Impala, dona da revista Maria, está a ser leiloado online por mais de 9 milhões de euros

  • + M
  • 4 Agosto 2025

Sede da dona das publicações Nova Gente, TV7 Dias e Maria, que acumula milhões de dívidas, encontra-se em leilão até 30 de setembro. O valor base para as licitações é superior a nove milhões de euros.

A sede do grupo Impala, dono das publicações Nova Gente, TV7 Dias e Maria, foi colocada em leilão eletrónico pela massa falida da Impalagest, com o valor base fixado em 9,25 milhões de euros e o mínimo em 7.862.500 euros.

A Impala tem vindo a acumular vários Processos Especiais de Revitalização (PER) e de insolvência, bem como dívidas de dezenas milhões de euros a centenas de credores, incluindo ao Estado português, o que levou à colocação do seu icónico edifício em leilão. O leilão decorre até 30 de setembro.

Situado em Ranholas (Sintra), o edifício é composto por cave, rés-do-chão e três pisos superiores, totalizando uma área construída de 14.958,00 m², segundo a entidade leiloeira, que aponta que o ativo “inclui ainda uma parcela de terreno, ainda sem intervenção urbanística, com potencial para futuras expansões ou outro aproveitamento estratégico”.

A venda inclui o equipamento e mobiliário que está no interior, entre mobiliário de escritório, equipamento informático, eletrodomésticos e ainda “diverso material técnico e administrativo”.

Jacques Rodrigues, dono do grupo e que era conhecido como “barão da imprensa cor-de-rosa” chegou a ser detido em março de 2023 pela Polícia Judiciária, que realizou buscas na sede, por suspeita de crimes de corrupção, fraude e insolvência dolosa. Jacques Rodrigues foi libertado quatro dias depois com uma caução de 500 mil euros.

No verão do ano passado, a Polícia Judiciária (PJ) realizou novas buscas no grupo Impala, que surgiram da necessidade de documentação adicional, para dar seguimento à investigação. Na génese das buscas encontrava-se uma investigação criminal “cujo objeto visa um plano criminoso traçado para, entre o mais, ocultar a dissipação de património, através da adulteração de elementos contabilísticos de diversas empresas, em claro prejuízo de diversos credores, v.g., os trabalhadores, fornecedores e o Estado, estando reconhecidos créditos num valor total de cerca de 100 milhões de euros“, segundo revelou então a PJ.

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Tarifas de Trump ‘mexem nos ponteiros’ dos relógios de luxo suíços

  • Joana Abrantes Gomes
  • 4 Agosto 2025

Exportações de relógios podem atingir os níveis mais baixos desde a pandemia com a tarifa de 39% imposta pelos EUA às importações da Suíça. Governo helvético reúne de urgência para discutir resposta.

As ações de relojoeiros de luxo da Suíça mostraram-se voláteis no início das negociações desta segunda-feira, refletindo o impacto da tarifa de 39% aplicada pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as importações do país.

O setor, que exportou relógios no valor de 26 mil milhões de francos suíços (cerca de 27,8 mil milhões de euros) no ano passado, já estava sob pressão devido ao franco mais forte e à queda na procura global. Agora, as exportações de relógios arriscam-se a atingir os níveis mais baixos desde a pandemia da Covid (2020).

O impacto das tarifas dos EUA, se [estas] permanecerem em 39%, pode ser devastador para inúmeras marcas na Suíça“, disse Jean-Philippe Bertschy, analista da Vontobel, citado pela Reuters.

As ações da Richemont e da Swatch desvalorizam quase 2% às 11h16 (hora de Lisboa), reduzindo as perdas após uma queda na sessão anterior de 3,4% e 5%, respetivamente. Esta segunda-feira foi o primeiro dia de negociação após o anúncio das tarifas dos EUA, já que os mercados estiveram fechados na sexta-feira devido ao feriado do Dia Nacional da Suíça.

Bertschy associa este desempenho à esperança de que a Suíça consiga alcançar um acordo melhor com Washington até à entrada em vigor das tarifas, adiada para 7 de agosto.

“As tarifas podem mudar a qualquer momento devido à imprevisibilidade da Administração Trump”, disse Georges Mari, coproprietário da empresa de investimentos Rossier, Mari & Associates, com sede em Zurique, que detém ações da Swatch, acrescentando que é “impossível fazer uma previsão séria”.

Os Estados Unidos são o principal mercado externo para o setor dos relógios da Suíça, representando 16,8% das exportações, no valor de cerca de 4,4 mil milhões de francos (4,7 mil milhões de euros), de acordo com a Federação da Indústria Relojoeira do país.

Embora a Richemont tenha gerado 32% das suas vendas anuais em 2025 na categoria de relógios, a sua exposição ao mercado dos EUA deve ser um pouco inferior a 10% das vendas totais, afirmaram analistas da Jefferies.

Já a Swatch gerou 18% das suas vendas em 2024 nos Estados Unidos, com o seu CEO a afirmar que a empresa aumentou os preços em 5% após o primeiro anúncio de tarifas em abril.

Nesse sentido, o presidente executivo do Swatch Group, Nick Hayek, pediu à Presidente suíça, Karin Keller-Sutter que se reunisse com Donald Trump para negociar um acordo melhor. “Karin Keller-Sutter é a Chefe do Governo suíço, é a Presidente. Ela deveria meter-se no avião e ir para Washington. Isso aumentaria enormemente as chances de um acordo”, afirmou Hayek.

O gestor disse estar confiante de que ainda é possível chegar a um acordo antes que as tarifas, anunciadas na sexta-feira, entrem em vigor na quinta-feira. “Não é o fim do mundo. É claro que um acordo pode ser alcançado. Por que Donald Trump diria que as tarifas entrarão em vigor em 1 de agosto e não as implementaria até ao dia 7? A porta está sempre aberta”, apontou.

Entretanto, o Governo suíço anunciou a realização de uma reunião extraordinária esta segunda-feira para discutir a sua resposta à taxa de 39% imposta pelos EUA às importações suíças. A nação helvética teve um superavit comercial de 38,5 mil milhões de francos (cerca de 41,2 mil milhões de euros) com os Estados Unidos em 2024.

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Paula Nascimento e David Azevedo Lopes entram na administração do Grupo Nabeiro

Dois novos administradores não executivos reforçam “compromisso” do grupo com “um crescimento e uma gestão cada vez mais profissional, inovadora e diversificada”.

Para “reforçar o forte compromisso com a excelência na gestão”, o Grupo Nabeiro-Delta Cafés anunciou esta segunda-feira a integração de Paula Nascimento e de David Azevedo Lopes no conselho de administração, ficando ambos como administradores não executivos.

“Com uma vasta experiência e um percurso consolidado, Paula Nascimento e David Azevedo Lopes apresentam uma visão estratégica que contribuirá para o crescimento sustentável do Grupo Nabeiro, alinhado com os valores de inovação, internacionalização, diversificação e com um forte compromisso com a qualidade, promovendo a criação de valor a longo prazo”, destaca o grupo.

Os dois novos administradores não executivos juntam-se assim a Helena Nabeiro, Marcos Nabeiro Tenório e António Cachola e aos Administradores executivos Rui Miguel Nabeiro, Rita Nabeiro e Ivan Nabeiro. A presidência do conselho de administração é ocupada por João Manuel Nabeiro.

“A integração de Paula Nascimento e de David Azevedo Lopes reforçam o nosso compromisso com um crescimento e uma gestão cada vez mais profissional, inovadora e diversificada. A vasta experiência de ambos será fundamental para enfrentarmos os desafios futuros e continuarmos a fortalecer o nosso caminho rumo ao top 10 mundial de café”, aponta o chairman, citado em comunicado.

Paula Nascimento é sócia e administradora-delegada das águas do Alardo, e também Administradora da Waterbunkers desde 2007.

David Azevedo Lopes foi diretor da Biedronka (Polónia) e diretor-geral do Recheio em Portugal, passou pela multinacional americana Daymon e, mais recentemente, assumiu a presidência da AEON TOPVALU, no Japão. Foi administrador da Santa Casa e é atualmente administrador do grupo editorial LeYa.

Com sede em Campo Maior e mais de 3.800 colaboradores, a Delta Cafés está presente em 40 países espalhados pelos cinco continentes e está estabelecida em Espanha, França, Luxemburgo, Angola (Angonabeiro), Brasil e China. Noutros países, o modelo de negócio baseia-se em parcerias com distribuidores locais.

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Meta implementa restrições no Instagram e limita transmissões em direto

  • Lusa
  • 4 Agosto 2025

Com esta alteração, apenas contas públicas com mil seguidores ou mais poderão criar vídeos em direto.

A rede social Instagram alterou os requisitos que permitem os utilizadores realizar transmissões ao vivo, sendo agora necessário ter uma conta com um mínimo de mil seguidores, avança esta segunda-feira a agência noticiosa Europa Press.

Até então, as transmissões ao vivo no Instagram estavam ao alcance de qualquer utilizador da plataforma, mas a Meta (empresa que detém o Instagram) decidiu limitar a sua utilização com novos requisitos que penalizam os criadores de conteúdos mais pequenos que procuram alcançar um público mais vasto.

Agora, o Instagram irá exigir que os utilizadores tenham uma conta pública com, pelo menos, mil seguidores para poderem fazer uma transmissão em direto, refere a agência de notícias.

Em caso de incumprimento dos novos requisitos, os utilizadores serão notificados ao tentarem iniciar um vídeo em direto, com a mensagem “mudámos os requisitos para usar esta funcionalidade. Apenas contas públicas com mil seguidores ou mais poderão criar vídeos em direto”, lê-se na referida notificação.

Esta mudança é justificada como uma forma de melhorar a experiência geral do consumidor e acontece depois do TikTok também ter implementado a mesma alteração para criação de conteúdo em direto.

Já no YouTube os utilizadores que desejam fazer uma transmissão ao vivo precisam de ter apenas 50 subscritores.

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Euribor mantém-se a três meses e sobe a seis e a 12 meses

  • Lusa
  • 4 Agosto 2025

Com as alterações desta segunda-feira, a taxa a três meses, que voltou a ser fixada em 1,994%, manteve-se abaixo das taxas a seis (2,077%) e a 12 meses (2,156%).

A taxa Euribor manteve-se esta segunda-feira a três meses e subiu a seis e a 12 meses face a sexta-feira. Com estas alterações, a taxa a três meses, que voltou a ser fixada em 1,994%, manteve-se abaixo das taxas a seis (2,077%) e a 12 meses (2,156%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, avançou esta segunda-feira, ao ser fixada em 2,077%, mais 0,007 pontos do que na sexta-feira. Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a junho indicam que a Euribor a seis meses representava 37,74% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.

Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,28% e 25,58%, respetivamente.

  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor avançou, ao ser fixada em 2,156%, mais 0,009 pontos.
  • A Euribor a três meses manteve-se esta segunda-feira, em 1,994%, o mesmo valor da sessão anterior.

Na última reunião de política monetária, em 24 de julho, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas diretoras, como antecipado pelos mercados e depois de oito reduções das mesmas desde que a entidade iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024.

Enquanto alguns analistas antecipam a manutenção das taxas diretoras pelo menos até ao final deste ano, outros preveem um novo corte, de 25 pontos base, em setembro.

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 10 e 11 de setembro em Frankfurt.

Em julho, as médias mensais da Euribor inverteram a tendência dos últimos meses e subiram ligeiramente nos dois prazos mais curtos, mas de forma mais acentuada a seis meses.

A média da Euribor em julho subiu 0,002 pontos para 1,986% a três meses e 0,005 pontos para 2,055% a seis meses.

Já a 12 meses, depois de se ter mantido em junho, a média da Euribor desceu ligeiramente em julho, designadamente 0,002 pontos para 2,079%.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Envelhecimento populacional acelera automatização e exige novos seguros

  • ECO Seguros
  • 4 Agosto 2025

O envelhecimento populacional está a acelerar a automatização, o que exige das seguradoras empresariais novas coberturas ajustadas a estes perfis de risco, revela Capgemini.

Nos próximos anos, estima-se que haverá 26 idosos por cada 100 pessoas em idade ativa, um aumento significativo face aos atuais 16. Esta evolução, que reflete o agravamento da taxa de dependência global, terá impacto direto na força de trabalho e nos hábitos de consumo, colocando novos desafios às seguradoras do ramo não-vida, conclui um estudo da Capgemini.

De acordo com o relatório, o peso crescente da população idosa significa que a população ativa terá de suportar mais encargos, um cenário particularmente preocupante fora do continente africano. Excluindo a África, que mantém uma estrutura etária mais jovem, a taxa de dependência deverá subir de 18% para 31%.

Esta mudança demográfica está a forçar uma reconfiguração do setor segurador. As seguradoras automóveis, por exemplo, terão de apostar mais em seguros empresariais e soluções de mobilidade partilhada, já que os seniores tendem a conduzir menos e a recorrer a serviços de transporte alternativos. Também os seguros de propriedade pessoal precisarão de ser adaptados a um público mais envelhecido, que privilegia casas mais pequenas e, muitas vezes, multigeracionais.

No mercado de trabalho, a transformação será igualmente relevante. O envelhecimento populacional está a acelerar a automatização, o que exige das seguradoras empresariais novas coberturas ajustadas a estes perfis de risco.

Em termos de consumo, o estudo da Capgemini sublinha que a população sénior está menos interessada em grandes aquisições, mas mais focada em experiências e bem-estar. Cerca de 45% dos consumidores inquiridos dizem querer gastar mais em viagens, artigos de luxo e remodelações em casa, enquanto 70% não tencionam mudar de habitação ou comprar imóveis maiores.

Além das alterações demográficas, as seguradoras enfrentarão riscos cada vez mais interligados, em particular os associados às alterações climáticas. A correlação entre riscos climáticos, envelhecimento da população e vulnerabilidades operacionais aumentará o potencial de sinistros. Para lidar com este cenário, a Capgemini defende a integração de dados climáticos e o uso de análises preditivas para otimizar a subscrição.

O estudo alerta que a evolução tecnológica será determinante. Embora 88% das seguradoras reconheçam a importância da subscrição avançada baseada em previsões e dados em tempo real, apenas 17% afirmam estar preparadas para implementá-la em larga escala.

Entre as recomendações do relatório destacam-se três linhas estratégicas:

  • Foco no cliente: adaptar a presença geográfica e os modelos de serviço às diferentes faixas etárias;
  • Transformação operacional: modernizar arquiteturas de dados, apostar em inteligência artificial e automação para aumentar a resiliência e eficiência;
  • Gestão de risco: implementar modelos de subscrição preditivos e uma gestão dinâmica dos portefólios.

Segundo a Capgemini, estas mudanças requerem uma evolução contínua. Enquanto os gestores deverão concentrar-se nas ações de médio prazo, os Conselhos de Administração terão de assegurar o alinhamento estratégico a longo prazo, de forma a preparar o setor para a nova realidade demográfica e climática.

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BP faz no Brasil a maior descoberta de petróleo e gás em 25 anos

Petrolífera anuncia "descoberta significativa" de reservas de petróleo e gás ao largo do Brasil, a cerca de 400 quilómetros do Rio de Janeiro. Tem como objetivo aumentar a produção global até 2030.

A petrolífera BP anunciou a 10ª descoberta este ano e a mais relevante dos últimos 25: uma reserva de petróleo e gás no Brasil, ao largo da bacia de Santos e a cerca de 400 quilómetros do Rio de Janeiro.

“Estamos entusiasmados por anunciar uma descoberta significativa em Bumerangue, a maior por parte da BP em 25 anos“, afirma Gordon Birrel, responsável de produção e operações da BP, num comunicado publicado pela empresa no seu site.

A petrolífera britânica detém uma participação de 100% no bloco em causa, que assegurou em dezembro de 2022, “em condições comerciais muito favoráveis”, lê-se no comunicado. A BP vai agora iniciar análises laboratoriais para fazer a caracterização da reserva e fluídos que descobriu. Essas ações estão sujeitas a aprovações regulatórias.

Birrell fala de um “ano excecional” para a equipa de exploração, e sublinha o compromisso de crescer nesta área. A reserva de Bumerangue é a 10ª descoberta fóssil que a petrolífera faz desde o início deste ano. O objetivo da empresa é aumentar a produção para os 2,3 a 2,5 milhões de barris diários de petróleo equivalente em 2030, e assegurar a capacidade de subir mais até 2035.

As ações da cotada estão a cair 1,24% para os 31,75 dólares esta segunda-feira, pelas 10h50 da manhã. Desde o início do ano, a empresa conta uma valorização de mais de 6%.

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Nova aeronave KC-390 da Embraer custa 133 milhões. Governo ativa opção para vender a aliados

  • Joana Abrantes Gomes
  • 4 Agosto 2025

Além da compra de uma sexta aeronave para a Força Aérea Portuguesa, o Governo ativa também o direito de opção para a aquisição de até 10 aeronaves adicionais para vender a países aliados.

O Governo autorizou a realização de uma despesa de 133,3 milhões de euros, a dividir pelos anos entre 2025 e 2029, para a aquisição de uma aeronave KC-390. A resolução do Conselho de Ministros foi publicada esta segunda-feira em Diário da República.

O procedimento é realizado ao abrigo do contrato celebrado entre o Estado português e a Embraer, em 22 de agosto de 2019, juntando-se às cinco aeronaves já adquiridas.

Os encargos previstos para a compra da aeronave não podem exceder os seguintes valores em cada ano económico: 26,2 milhões de euros em 2025; 11,9 milhões de euros em 2026; 22,7 milhões em 2027; 62,5 milhões em 2028; e 10,1 milhões em 2029. No entanto, “os montantes fixados para cada ano económico são acrescidos do saldo apurado no ano que o antecede”, ressalva o Executivo.

Estes encargos serão inscritos no orçamento dos Serviços Centrais do Ministério da Defesa Nacional, em reforço da Lei de Programação Militar.

Neste diploma, o Executivo assinala que a participação de Portugal no programa de desenvolvimento e produção da aeronave militar KC-390 “constituiu um fator determinante na mobilização das dinâmicas e dos recursos empresariais do setor aeronáutico, bem como na aquisição de competências tecnológicas e industriais nacionais na área da produção de equipamentos aeronáuticos militares de elevado grau de sofisticação, consolidando as bases para o crescimento e internacionalização sustentados da economia nacional”.

“Fruto do interesse crescente pela aeronave e do novo quadro geoestratégico internacional, de autonomia face ao mercado norte-americano, com o desenvolvimento da bússola estratégica da União Europeia, o Estado Português, através da Força Aérea, está em condições de confirmar ser o parceiro estratégico da Embraer para a contínua expansão da frota e o desenvolvimento de subsequentes capacidades, incluindo a consolidação da Base Aérea n.º 11 como um centro de treino de excelência KC-390″, acrescenta.

Segundo a resolução, que entra em vigor a partir de terça-feira, o contrato é alterado não só no sentido de estabelecer o exercício efetivo da opção de aquisição da sexta aeronave KC-390, como também de “consagrar o direito de opção para aquisição de até 10 aeronaves adicionais”.

O ministro da Defesa, Nuno Melo, tinha anunciado em meados de junho a compra da sexta aeronave KC-390 da Embraer para a Força Aérea Portuguesa (FAP) e a garantia da opção de compra de mais dez unidades para vender a países da NATO.

“Quantos mais KC-390 são vendidos, mais Portugal beneficia. É por isso que, além de uma sexta aeronave, decidimos também garantir uma reserva de mais dez KC-390, que serão utilizados em relações Estado a Estado para a venda a países aliados”, afirmou então aos jornalistas, durante uma apresentação no Air Show de Paris.

“Neste momento em que a procura desta plataforma pelos Estados-Membros da NATO é crescente, revela-se de todo o interesse para Estado Português aprofundar a cooperação com a Embraer, assim potenciando um reforço significativo do envolvimento da indústria nacional no Programa KC-390, mediante a previsão contratual da possibilidade de exercer a opção de aquisição de aeronaves adicionais”, lê-se no mesmo diploma.

Atualmente, Portugal tem apenas duas aeronaves, sendo que uma delas se encontra inoperacional depois de ter sido atingida na asa esquerda por um camião, na pista do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Espera-se que as restantes três unidades sejam entregues até 2027.

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Itália multa chinesa Shein por induzir clientes em erro quanto ao impacto ambiental dos produtos

  • Joana Abrantes Gomes
  • 4 Agosto 2025

Investigação concluiu que alegações de sustentabilidade ambiental e responsabilidade social promovidas no site da Shein eram "por vezes vagas, genéricas e/ou excessivamente enfáticas”.

A autoridade da Concorrência de Itália (AGCM) anunciou esta segunda-feira uma multa de 1 milhão de euros à plataforma chinesa de comércio eletrónico Shein por induzir os clientes em erro quanto ao impacto ambiental dos seus produtos.

A multa foi imposta à Infinite Styles Services CO. Limited, uma empresa sediada em Dublin que opera o site da Shein na Europa. Isto na sequência de uma investigação sobre greenwashing que a autoridade italiana tinha iniciado em setembro do ano passado.

A AGCM afirma que as alegações de sustentabilidade ambiental e responsabilidade social promovidas no site da Shein “eram por vezes vagas, genéricas e/ou excessivamente enfáticas e, noutros casos, omissas e enganosas”.

A autoridade italiana afirmou também que a sua avaliação foi influenciada por um “aumento do dever de cuidado” que recai sobre a Shein “porque opera num setor altamente poluente e com métodos altamente poluentes” de fast fashion.

Quando a investigação foi lançada no ano passado, a empresa afirmou estar “pronta para cooperar abertamente com as autoridades italianas relevantes, fornecendo o apoio e as informações necessárias para responder a quaisquer perguntas”.

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Chinesa BYD corta produção de carros elétricos. Ações caem em Hong Kong

  • Joana Abrantes Gomes
  • 4 Agosto 2025

Ações da fabricante chinesa em Hong Kong caíram 2% após a BYD reportar uma redução de 0,9% da produção de veículos e um crescimento das vendas de apenas 0,6% no mês de julho.

O crescimento vertiginoso da chinesa BYD estagnou em julho, com a produção da fabricante de veículos elétricos a cair 0,9% em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto as vendas cresceram apenas 0,6%, noticia a Reuters. Este abrandamento fez com que as ações da concorrente da Tesla na Bolsa de Valores de Hong Kong estejam a desvalorizar 2% esta segunda-feira.

No entanto, esta desaceleração é encarada como uma espécie de vitória por parte de Pequim, que tem vindo a apelar às construtoras para que ponham fim à “corrida desenfreada” no setor. As autoridades esperam, em particular, conter a concorrência destrutiva, como descontos agressivos e incentivos que as fabricantes têm utilizado para seduzir clientes num mercado com excesso de oferta.

A empresa fundada por Wang Chuanfu é uma das maiores da China, tendo vendido mais de 2 milhões de carros 100% elétricos e híbridos nos primeiros seis meses do ano. Recentemente, em junho, ofereceu descontos significativos em mais de 20 modelos, enquanto no início do ano, começou a oferecer software de condução assistida de última geração para todos os modelos com preços a partir de 100.000 yuan (quase 12 mil euros). Concorrentes como a Geely imitaram estas táticas.

No entanto, a BYD não é necessariamente o alvo das autoridades chinesas, já que a procura pelos seus modelos cresceu a par com a oferta — aliás, em julho, vendeu mais carros do que os que produziu. Por outro, empresas como a Dongfeng e a Great Wall Motor viram a sua capacidade instalada cair para menos de 50% no último ano, de acordo com dados da consultoria Automobility.

No caso da Dongfeng Motor, que é apoiada pelo Estado, o excesso de capacidade está a agravar-se. Na sexta-feira, a consturora anunciou um aumento da produção em 25% em julho face ao mês homólogo, enquanto as vendas caíram 2% no mesmo período.

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Investimento imobiliário em Portugal dispara 78% no primeiro semestre para 1.230 milhões

  • Lusa
  • 4 Agosto 2025

Volume de investimento na primeira metade do ano foi impulsionada por um conjunto de transações de elevado valor nos setores do retalho e da hotelaria, sublinha a consultora CBRE.

O investimento imobiliário em Portugal subiu 78% em termos homólogos no primeiro semestre deste ano, para 1.230 milhões de euros, de acordo com dados da consultora imobiliária CBRE. Em comunicado, a empresa disse que “o investimento imobiliário comercial em Portugal continua a demonstrar sinais claros de crescimento em 2025”.

De acordo com a CBRE este aumento deve-se ao facto de, apesar de 2024 ter registado uma forte recuperação no investimento, “após um ano marcado pela desaceleração provocada pelo choque das taxas de juro, o primeiro semestre ainda apresentou níveis relativamente baixos de investimento quando comparado com o segundo semestre”.

Por outro lado, “o primeiro semestre de 2025 registou um volume de investimento significativo, impulsionado por um conjunto de transações de elevado valor nos setores do retalho e da hotelaria — que, há já três anos, se têm afirmado como os principais motores do investimento em Portugal”, destacou a entidade, na mesma nota.

A previsão da CBRE no início de 2025 apontava para “um volume total de investimento em Portugal na ordem dos 2,5 mil milhões de euros, o que representaria um crescimento de cerca de 8% face a 2024”.

No entanto, “com base no forte desempenho registado no primeiro semestre e nos projetos atualmente em comercialização, antecipamos que, com elevada probabilidade, o volume transacionado em 2025 venha a ultrapassar a projeção inicial, traduzindo-se num crescimento superior ao inicialmente estimado”, indicou.

Os investidores continuam a apostar em segmentos com fundamentos sólidos, como o retalho e a hotelaria, e beneficiam de condições de financiamento mais favoráveis.

Francisco Horta e Costa

Managing Director da CBRE Portugal

De acordo com os dados da CBRE, Portugal é um país “especialmente aberto a investimento estrangeiro e o imobiliário comercial não é exceção”, sendo que, na última década, mais de três quartos do investimento em Portugal foi “levado a cabo por investidores internacionais”.

Como tal, destacou, após o lançamento de um conjunto de inquéritos, verificou-se “o regresso do otimismo nos mercados de investimento imobiliário europeu, uma vez que mais de 90% dos investidores europeus esperam manter ou reforçar a sua atividade de aquisição este ano”.

Além disso, segundo a CBRE, “Portugal está, pela primeira vez desde que se realiza este estudo, no top dos destinos de investimento europeu”.

“O primeiro semestre de 2025 confirma a atratividade sustentada do mercado de imobiliário comercial em Portugal. Os investidores continuam a apostar em segmentos com fundamentos sólidos, como o retalho e a hotelaria, e beneficiam de condições de financiamento mais favoráveis. A maior liquidez nacional e o destaque europeu reforçam a confiança num segundo semestre ainda mais dinâmico”, afirmou Francisco Horta e Costa, Managing Director da CBRE Portugal, numa declaração por escrito enviada à Lusa.

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A ajudar a posicionar a Sonae Arauco mas também o setor dos derivados de madeira, Joana Martins, na primeira pessoa

Joana Martins, que considera que "o segredo da comunicação está no conhecimento do negócio", quer notoriedade para a Sonae Arauco, mas também posicionar o setor das soluções à base de madeira.

A liderar a comunicação corporativa da Sonae Arauco, Joana Martins entende que o seu desafio é “repartido entre a necessidade de notoriedade da empresa e uma necessidade de posicionamento para o setor” onde a mesma atua. O trabalho da diretora de comunicação corporativa e da sua equipa é assim desenvolvido não só para posicionar a própria empresa, mas também todo setor, tendo em conta que “o setor dos painéis derivados de madeira é ainda pouco conhecido enquanto tal, embora responda muito bem ao que são os desafios das economias de baixo carbono“, diz em conversa com o +M.

Chegada à Sonae Arauco há mais de seis anos e meio, após um percurso de quase 18 no Grupo Amorim, Joana Martins assumiu como primeiro desafio a definição de uma estratégia para a comunicação, tanto interna como externa, não só em Portugal, mas também em todos os países onde a Sonae Arauco está presente, nomeadamente Espanha, Alemanha e África do Sul.

“Agora é muito fácil para mim perceber que nos primeiros dois anos estive essencialmente a trabalhar a comunicação interna, porque era aqui que a Sonae Arauco tinha mais necessidades em termos de comunicação“, recorda. Passados esses dois primeiros anos, “foi imperativo juntar” a comunicação externa à comunicação interna, com o objetivo de desenvolver então o posicionamento da empresa — além do do setor — tendo em conta que a Sonae Arauco é uma empresa recente (enquanto marca foi criada em 2016).

Nos últimos anos, o trabalho de Joana Martins tem assim visado “afirmar a Sonae Arauco como uma das principais empresas mundiais de soluções derivadas de madeira” e dar visibilidade ao setor. Para atingir estes objetivos, e no que diz respeito a comunicação interna, a estratégia passou por criar “um conjunto de rotinas de cadência de comunicação e de suportes de comunicação, que até então não existiam na empresa“.

Nesta vertente é preciso ter em conta que se comunica “tanto para um público de escritório como para um público de fábrica”, sendo que neste último caso se tratam por vezes de “colegas que nem sequer têm uma conta de email”, pelo que aí “o desafio é crescido”.

“Mas criámos um projeto de comunicação de base. Neste momento temos iniciativas como uma apresentação de resultados do CEO que acontece a cada três meses para toda a empresa, a revista anual ‘Wood made stories’, que faz uma cobertura ampla dos temas importantes para a empresa, newsletters, podcasts, talks, eventos e iniciativas de teambuildings“, detalha.

A comunicação interna da Sonae Arauco distingue-se da “de muitas outras empresas” por dois fatores, segundo Joana Martins. “Por um lado, o facto de colocarmos sempre que possível o nosso colaborador em destaque nos diversos projetos que fazemos, ou seja, sempre que temos que comunicar um projeto ou iniciativa nova é dada muita visibilidade à equipa responsável”, começa por explicar.

Já o outro vetor está relacionado com o facto de a comunicação interna ser trabalhada “com o mesmo nível de exigência — em todas as linhas, gráfica, de conteúdo, de decadência — que a comunicação externa. Para nós não há o parente pobre, como é muitas vezes considerada a comunicação interna“, diz.

Já em termos de comunicação externa, a aposta tem recaído sobre uma “estratégia multicanal”, que passa pela presença online, por campanhas digitais, patrocínios “para estar perto de iniciativas e identidades que são relevantes para o negócio nas diferentes comunidades onde estamos”, por uma estratégia de media e por uma vertente de public affairs e de aproximação às universidades, refere a diretora de comunicação corporativa.

Tendo em conta a área de atuação do negócio da empresa, a sustentabilidade é também uma parte integrante e “talvez o tópico mais relevante da comunicação” da Sonae Arauco, em conjunto com o de employer branding, principalmente na Alemanha.

Joana Martins tem inclusive feito nos últimos tempos formação na área de sustentabilidade, uma vez que acredita que “o segredo da comunicação é que esta tem de ser alavancada no conhecimento de negócio“, fazendo a sustentabilidade parte da Sonae Arauco. “Temos que saber quais são as tendências neste momento, o que o mercado nos diz quando queremos reportar sustentabilidade, o que se diz quando se fala de greenwashing, e daí a minha opção de me manter muito atualizada para o tema da sustentabilidade, seja com formação interna ou externa”, aponta.

A gestão da comunicação em vários países “é um desafio” com o qual, ao longo do tempo, Joana Martins foi aprendendo que “o que funciona em Portugal não tem necessariamente de funcionar na Alemanha“, por exemplo, sendo necessário “estar constantemente a avaliar o potencial de sucesso nos diferentes países“.

Em termos de comunicação interna é mais fácil, sendo desenvolvidos projetos que “seguem mais ou menos a mesma linha” embora com “algumas oscilações”, mas quando se trata de comunicação externa, “o desafio é completamente diferente”, aponta a diretora de comunicação corporativa.

“Em Portugal toda a gente sabe quem é a Sonae, e depois lá explicamos que somos a Sonae Arauco e o que é o nosso negócio. Mas quando chegamos à Alemanha, ninguém sabe quem é a Sonae. Então os desafios de comunicação são logo completamente diferentes. Além disso, na Alemanha, as nossas fábricas estão localizadas em zonas interiores, o que torna muito mais difícil termos uma empresa apetecível para trabalhar, porque as pessoas tipicamente não querem estar no interior do país”, refere.

Depois, em Portugal “só temos praticamente media nacional e há algumas questões que nos fazem mais sentido no âmbito de media regional quando falamos de algo muito específico de uma das nossas fábricas, como por exemplo, em Mangualde ou Oliveira do Hospital, mas a maior parte é uma comunicação de media com interesse para o país. Já na Alemanha 90% da comunicação em media que fazemos é para a media regional, porque é aí que nós conseguimos ser relevantes. E é este ajuste constante que nós temos de estar sempre a fazer”, acrescenta a líder de uma equipa de três pessoas, que conta com “pivôs” de recursos humanos nas diferentes geografias onde a empresa está presente e que fazem a ponte nos temas relacionados com a comunicação.

Recuando no tempo, os primeiros passos profissionais de Joana Martins foram dados como estagiária na J.W. Burmester, numa altura em que esta pertencia ao Grupo Amorim, até que foi convidada a integrar a Amorim Investimentos e Participações, desenvolvendo maioritariamente funções de suporte à direção de comunicação da empresa.

Entretanto, em 2007, o grupo Amorim assumiu “um outro formato”, com as áreas de negócio a serem separadas da holding principal. Foi já com esta divisão que Joana Martins foi convidada a assumir funções de responsabilidade na Corticeira Amorim, como coordenadora de comunicação.

Esse trabalho que desenvolveu na Corticeira Amorim e que foi “muito desafiante” tinha como objetivo “posicionar a empresa como a maior empresa mundial de soluções de cortiça, que ainda não era algo conhecido ou amplamente conhecido em Portugal“, mas também “posicionar a cortiça como um material de eleição, não só para uma típica rolha de cortiça, mas também para uma infinidade de aplicações”.

Já com vários anos de casa e “com um sentimento de trabalho feito”, foi então desafiada pela Sonae Arauco para integrar o projeto. “Quando a Sonae Arauco me contactou, estava numa fase da minha vida a pensar o que iria fazer. Fui muito feliz na Amorim, mas estava a fazer 40 anos e sentia que era a altura de mudar. E ou me mudava nessa altura, ou, entretanto, o mercado ia deixar de me reconhecer como profissional para outras empresas, uma vez que tinha feito todo um percurso na mesma empresa“, recorda.

Foi por isso que decidiu arriscar, mudando-se para a Sonae Arauco, onde começou a trabalhar em janeiro de 2019, ficando responsável pela comunicação corporativa. Com uma forte componente de comunicação interna, este desafio incluía assim uma vertente que Joana Martins tinha “explorado menos”, uma vez que tinha até então trabalhado sobretudo comunicação externa.

Oriunda de Santa Maria de Lamas, é ainda hoje nesta vila nortenha que Joana Martins reside, com o marido e o filho de 17 anos. Foi também nesta localidade, que dista cerca de sete quilómetros tanto de Santa Maria da Feira como de Espinho, que Joana Martins experienciou uma infância “muito feliz”, passada na rua.

Mas isso não a impediu de trabalhar durante a sua infância, embora nem sempre se apercebendo disso e considerando hoje que tal foi uma mais-valia para o seu futuro. “Os meus pais são pessoas que sempre trabalharam muito para nos dar a qualidade de vida que tivemos e são aqueles típicos self-made man e self-made woman. E recordo-me, agora com muita clarividência, de coisas que nós fazíamos em conjunto, que eu na altura nem achava que era trabalho, mas nós ajudávamos os nossos pais em diversas coisas que eles faziam para ter algum rendimento extra ao final do dia”, recorda.

E este sentido de responsabilidade, de termos que trabalhar para as coisas correrem bem porque as coisas não aparecem de nada, esta dedicação e este ser capaz de nos dedicarmos de forma até um bocadinho altruísta aos projetos é algo que eu aprendi com os meus pais“, diz.

Algo que a marcou no seu percurso passa também pelo facto de ter praticado desporto desde muito cedo, tendo começado a fazer ginástica aos quatro anos de idade. Aos oito mudou para trampolim de competição, desporto que fez até aos 17 anos. Foi essa prática desportiva de competição que também a obrigou a aprender a gerir o tempo “de forma muito cuidadosa”.

Entre as suas paixões estão as viagens, sendo que quando termina uma já está a marcar a próxima, até porque a ideia de que daqui a uns tempos vai viajar outra vez é uma forma de se “manter muito motivada”. A viagem mais recente que fez foi a Marraquexe, com o marido. “Ficámos completamente apaixonados por Marraquexe e por aquele choque cultural que é possível a duas horas de Portugal”, refere.

Gosta de conhecer restaurantes mas também de organizar jantares em sua casa para a família, que continua a ser o seu “núcleo duro”. Adora praia, em especial a de Espinho, e passa muito tempo a acompanhar o filho nos jogos de futebol. Pratica pilates com regularidade e a leitura é algo a que se dedica de forma contínua, sendo que muitas vezes lê mais do que um livro ao mesmo tempo.

Joana Martins em discurso direto

1 – Qual é a decisão mais difícil para um responsável de comunicação?

Abdicar de um projeto, que sabemos que é relevante para a marca, porque de repente surge um desenvolvimento inesperado, que o inviabiliza. Este tomar de consciência que seria um ótimo projeto mas que de repente, por motivos diversos, não pode avançar pode ser muito frustrante. Para mim, o mais difícil é assumir que temos de parar, falar com a equipa sobre o tema, sempre com sinceridade, mas também mantendo o nível de motivação para o que vem a seguir. Nestas situações, foco-me nas melhorias que podemos fazer no futuro para que, quando pertinente, possamos arrancar de novo e acrescentando ainda mais valor ao trabalho.

2 – No (seu) top of mind está sempre?

Qual é a probabilidade de eu querer comprar este produto ou serviço? Independentemente de se tratar de uma campanha digital ou desenhada para meios offline, de um evento para 20 ou para 200 pessoas, de um projeto estratégico para o negócio ou outro, este mindset ajuda-me, independentemente do âmbito – interno ou externo – e do desafio associado, a ser exigente com a qualidade do entregável. Se não é bom suficiente, não avançamos. No entanto, esta é uma forma de estar que não nos pode retirar o pragmatismo. Muitas vezes é melhor entregar, mesmo que não esteja perfeito, do que falhar o objetivo. A isto, acresce a importância de gestão cuidada de prioridades e de gestão de taxa de esforço, em função dos objetivos de negócio a que a comunicação está a dar resposta. Por fim, no meu top of mind está sempre o bem-estar e a motivação da minha equipa.

3 – O briefing ideal deve…

O briefing ideal deve expor com clareza o desafio, o contexto de negócio, os objetivos que nos propomos alcançar, sempre que possível com métricas associadas, benchmark (idealmente de diferentes setores) e o posicionamento dos nossos concorrentes para o mesmo tema. A estes dados, deve apresentar com clareza timings, entregáveis do projeto e equipa envolvida.

4 – E a agência ideal é aquela que…

A agência ideal é parceira. Na Sonae Arauco, temos uma estratégia de negócio que assenta em três pilares, sendo as parcerias um deles. E esta forma de estar, transversal ao negócio, vive-se também no dia a dia da comunicação corporativa. Atualmente, com mais de 20 anos de experiência na área, posso afirmar – com orgulho – que trabalho com agências, nas diferentes áreas, que vivem o trabalho com a mesma intensidade e dedicação que nós, que se sentem parte da “casa”, que acrescentam valor aos projetos que trabalhamos em conjunto e, não menos importante, que trabalho com pessoas que partilham os mesmos valores que nós.

5 – Em comunicação é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Não creio que exista uma resposta certa para todas as situações. No meu caso, posso garantir que já tive muito bons resultados a arriscar, mas também já tive projetos que não foram implementados com o sucesso expectável porque provavelmente arrisquei demais. O que acredito é na importância de fazer bem, de surpreender – e a surpresa não tem de ser consequência de maior risco, mas de algo inesperado –, de trazer a dinâmica e a exigência da comunicação externa para a comunicação interna, e sempre na necessidade do trabalho dar resposta aos desafios de negócio e ao público-alvo a que se destina. Na Sonae Arauco, estamos presentes em nove países, e o que funciona muito bem em Portugal, nem sempre funciona na Alemanha, por exemplo, pelo que o conhecimento da cultura de cada local, a que se junta a cultura da empresa, é maior elemento de sucesso para qualquer iniciativa de comunicação.

6 – Como um profissional de comunicação deve lidar e gerir crises?

Com calma, ainda que possa parecer um contrassenso. A gestão de crise é parte essencial do nosso trabalho. Nestas situações, num primeiro momento, é importante fazer uma análise de todas as variáveis a considerar – estar munido do máximo de informação é crítico para lidar com uma crise de forma eficaz -, dos stakeholders impactados ou potencialmente impactados, envolver colegas de diferentes áreas e com diferentes perspetivas, sempre que possível, e em conjunto definir-se uma estratégia de atuação.

Depois de definida a estratégia, é crítico assumir a opção tomada, e defender a posição da empresa para o tema, sempre alinhada com esta decisão. Sempre que se justifique, é necessário monitorizar o tema e assegurar a cadência de comunicação certa para o target definido.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Sempre trabalhei com orçamentos limitados, ainda que hoje, pela responsabilidade das funções que tenho e pelo espaço que eu e a minha equipa fomos conseguindo criar para a área, muito mais interessantes do que no início da minha carreira. O essencial na gestão de um orçamento, a meu ver, é o impacto que o projeto tem para a marca. Acredito que a base de qualquer orçamento de comunicação, que é quase sempre limitado, é a gestão de investimento versus potencial de retorno.

8 – A comunicação em Portugal, numa frase?

Atualmente, a comunicação em Portugal rivaliza com o que de melhor se faz no mundo.

9 – Construção de marca é?

Construção de marca é desafiante, mas altamente recompensador. É um trabalho sério, mas sempre em acelerada transformação, o que provoca uma ansiedade constante. No entanto, se feito numa empresa ou marca em que nos revemos nos valores, como é o meu caso, com ambição, coerência e propósito, é um dos melhores trabalhos que há.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em comunicação?

Sou uma apaixonada pela área, como demonstra a minha já longa experiência em comunicação. Comecei por estudar na faculdade com a ambição de ser jornalista, mas um estágio fez-me perceber que era em gestão de marca que gostaria de trabalhar. A par da área de comunicação, fui ginasta de competição até aos 17 anos, pelo que hoje acredito que seria também feliz a trabalhar numa área ligada ao desporto, e em particular como bailarina.

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