LALIGA EA SPORTS estabelece um novo recorde de assistência nos estádios com 11,4 milhões de espetadores na época 24-25

  • Servimedia
  • 27 Maio 2025

A assistência total nos estádios cresce 3,4% em comparação com a época anterior, graças, entre outros fatores, à onda de renovações nos estádios da LALIGA impulsionada pelos fundos da CVC.

A LALIGA EA SPORTS encerrou a época 24/25 no passado fim de semana, confirmando que o futebol em direto continua a ganhar força. A assistência nos estádios da Primera División aumentou 3,4% em comparação com a época anterior, com um total médio de 11,4 milhões de espetadores nos 20 estádios da competição, de acordo com os dados publicados pelo meio de comunicação especializado 2Playbook. Este número representa mais 170 000 espetadores do que o recorde histórico da época de 2022-23.

A chegada em 2021 dos fundos da CVC, enquadrados no Plano Impulso, e que ascendem a quase 2.000 milhões de euros, em que o investimento em infra-estruturas ocupa um lugar de destaque no roteiro, uma vez que pelo menos 70% do mesmo tem de ser destinado à melhoria das mesmas, está a permitir melhorias em infra-estruturas como os estádios para os adaptar às necessidades atuais dos adeptos, com maior conforto, serviços e experiências. Melhorias que trazem consigo um maior interesse em vir ver as equipas nos estádios mais emblemáticos da competição.

Um exemplo do efeito dos fundos da CVC nos estádios é o Benito Villamarín, que nesta época24/25 foi o terceiro estádio mais concorrido da LALIGA EA SPORTS, com uma assistência média de mais de 51.500 espetadores. E devido à remodelação que será levada a cabo para dar vida ao novo estádio na próxima temporada, o dinheiro recebido pelos adeptos do Betis do Plano Impulso será um grande apoio para levar a cabo o grande projeto do clube, que estima entre 15 e 20 milhões o aumento da faturação com o novo estádio.

À frente do Benito Villamarín está o Santiago Bernabéu, com uma assistência média de 72.701 espetadores por jogo, mais 0,9% do que na época passada. O Atlético de Madrid está em segundo lugar, com uma média de 60.000 pessoas por jogo no Riyadh Metropolitano, que registou um aumento de 3,2%.

O top 5 é completado pelo Athletic Club, com uma média de 48 401 adeptos por jogo em San Mamés, e um aumento de 5% em relação a 23/24: e o FC Barcelona, com 45 961 espetadores em média para os jogos disputados no Lluis Companys, um aumento de cerca de 6 000 espetadores em relação à época passada, e à espera da conclusão do novo estádio blaugrana.

Na metade superior do ranking de assistência, o sexto classificado Valencia CF, com uma média de 43.042 espetadores no Mestalla, o sétimo classificado Sevilla FC, com uma média de 35.574 espetadores no Sánchez Pizjuán, estádio que também beneficiou de fundos da CVC com a sua recente remodelação, assim como a Real Sociedad, oitava, com a sua renovada Reale Arena com 29.877 espetadores, graças aos fundos do Plano Impulso.

Por seu turno, o RCD Espanyol, nono classificado, com uma média de 25 640 espetadores, registou um aumento de 5 500 espetadores por cada jogo disputado no Estádio RCDE, o que representa um aumento de 28% em relação à época 23/24. Em décimo lugar ficou o Estadio de Gran Canaria e o UD Las Palmas, com uma média de 23.010 espetadores. Segue-se o RC Celta e o Abanca Balaídos que, apesar de ainda estar a ser remodelado, conseguiu uma média de 21.504 espetadores, um aumento de 7% na assistência do estádio celta e uma taxa de ocupação de 87%, sendo o décimo primeiro estádio da LALIGA neste ranking. Da mesma forma, El Sadar, a casa do CA Osasuna, teve uma média de 20.476 espetadores e foi o décimo segundo estádio com maior taxa de assistência, batendo também o seu próprio recorde e aumentando 4% em relação à época passada, enquanto o José Zorrilla, do Real Valladolid, teve uma média de 19.829 espetadores, o que o coloca na décima terceira posição.

Além disso, os estádios de menor capacidade da LALIGA também registaram uma elevada média de assistência ao longo da época. Assim, de acordo com os dados da 2Playbook, dois estádios que foram remodelados com a ajuda de fundos da CVC, como o RCD Mallorca e o Son Moix, e o Villareal CF e o Estadio de la Cerámica, registaram um aumento da assistência esta época, demonstrando a importância de ter estádios modernos para os tornar mais atrativos para o público. Os Maiorquinos alcançaram uma média de 18 502 espetadores, mais 4% do que em 23/24; e a equipa amarela reuniu uma média de 18 266 espetadores por cada jogo da época que confirmou o regresso do submarino amarelo à Liga dos Campeões.

Além disso, o Deportivo Alavés e Mendizorroza reuniram uma média de 17.318 espectadores; o Rayo Vallecano e o Estádio de Vallecas reuniram uma média de 12.908 espetadores; o Girona FC e Montilivi reuniram uma média de 11.657 espetadores por jogo; o Girona FC e Montilivi reuniram uma média de 11.657 espetadores por jogo; e o Estádio de Vallecas reuniu uma média de 12.908 espetadores por jogo. 657 espetadores por jogo; o Getafe CF e o seu Estádio Coliseo com 11.464; e a fechar o ranking, o CD Leganés e o Butarque com 11.135 espetadores em média nesta temporada da LALIGA EA SPORTS, estádio que será ampliado com o impulso dos fundos da CVC.

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Lucros da Mota-Engil crescem 37% para 27 milhões no primeiro trimestre

  • Lusa e ECO
  • 27 Maio 2025

Na Europa, cujo volume de negócios caiu 10% em termos homólogos, "o desempenho teve um decréscimo motivado exclusivamente pela alienação da Polónia no terceiro trimestre de 2024.

Os lucros atribuíveis ao grupo Mota-Engil atingiram, no primeiro trimestre, 27 milhões de euros, um aumento homólogo de 37%, adiantou a empresa, em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A empresa avançou ainda que vai pagar dividendos brutos por ação de 0,1497, a 12 de junho.

De acordo com um trading update, a Mota-Engil alcançou um volume de negócios de 1.365 milhões de euros, crescendo 1% em termos homólogos e um EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) de 215 milhões de euros, mais 10% do que no primeiro trimestre de 2024.

Segundo o grupo, este foi “o melhor desempenho de sempre num primeiro trimestre”. Mas, apesar do desempenho as ações arrancaram o dia a negociar em terreno negativo, uma um aqueda que chegou a ser superior a 2%.

No comunicado, a Mota-Engil deu conta de que “ao nível do desempenho das diversas áreas de negócio, merece destaque o crescimento de 60% da faturação em África para 506 milhões de euros“, com um EBITDA de 119 milhões de euros, tendo sido “impulsionado pela duplicação da atividade no segmento de Engenharia Industrial e que colocam atualmente a Mota-Engil como o maior operador de Contract Mining em todo o continente africano”.

Na Europa, cujo volume de negócios caiu 10% em termos homólogos, “o desempenho teve um decréscimo motivado exclusivamente pela alienação da Polónia no terceiro trimestre de 2024 (mercado que contribuiu com 33 milhões de euros de faturação no primeiro trimestre de 2024)”, referiu.

A América Latina, por sua vez, continuou “a ser o maior contribuinte para o volume de negócios do negócio de Engenharia e Construção” com 557 milhões de euros, tendo-se verificado “um decréscimo de 22% pela conclusão do maior projeto ferroviário executado na América Latina nos últimos anos, o Tren Maya no México, e a alteração no método de consolidação de algumas concessões mexicanas”.

O grupo destacou a manutenção da carteira de encomendas nos 15 mil milhões de euros, “refletindo os contratos celebrados no primeiro trimestre e que totalizaram 515 milhões de euros, com a maior relevância da carteira a manter-se nos ‘core markets’ de Angola (23%), México (17%) e Nigéria (13%)”.

A empresa realçou ainda que o “volume de negócios resiliente reflete a forte contribuição de África, a qual representa 60% da carteira” de Engenharia e Construção.

Artigo atualizado com o comportamento em bolsa

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Advance lança o seu primeiro guia para cachorros com o objetivo de sensibilizar os pais de animais de companhia para os cuidados e o bem-estar dos cachorros

  • Servimedia
  • 27 Maio 2025

O guia é lançado num contexto em que 9 em cada 10 pais de animais de estimação afirmam ter fornecido uma alimentação específica quando os seus gatos ou cães se encontravam nesta fase da vida.

Advance, a marca especializada em alimentos para cães e gatos, lançou o seu primeiro guia para ajudar os pais de animais de estimação a tomar decisões informadas sobre os cuidados a ter com os seus cachorros.

No entanto, de acordo com os dados da Advance, apesar desta elevada sensibilização para a alimentação, 30% não sabem identificar corretamente em que fase da vida se encontra o seu animal de estimação, pelo que podem estar a fornecer uma dieta inadequada. Da mesma forma, 70% dos pais de animais de estimação sentem falta de informação sobre como cuidar dos seus cachorros.

Neste contexto, e para orientar os pais de animais de estimação na tomada de decisões informadas, o “Guia para cachorros e gatinhos” da Advance contém recomendações sobre alimentação, educação e bem-estar emocional de cães e gatos numa idade precoce.

“Embora a sensibilização dos pais para a alimentação dos animais de companhia seja elevada, a realidade é que existe uma lacuna entre a identificação correta das fases da vida e a alimentação adequada. Neste sentido, devem ser capazes de adaptar as necessidades dos seus cachorros, uma vez que se encontram numa fase delicada que pode afetar o seu desenvolvimento posterior”, afirma Lluis Ferré Dolcet, veterinário especializado em reprodução canina e felina.

A este respeito, o guia, que inclui numerosos vídeos de formação, explica que as necessidades nutricionais dos cachorros não são as mesmas que as dos adultos: “Por exemplo, os seus alimentos devem ser mais densos em termos de energia e conter um nível mais elevado de proteínas. Além disso, as diretrizes devem ser ajustadas em função da idade, uma vez que, ao contrário de um animal adulto, os cachorros necessitam de aumentar o número de refeições por dia devido ao seu pequeno volume estomacal”, explica o especialista.

Da mesma forma, ingredientes funcionais como probióticos, prebióticos e nucleotídeos são benéficos para essas primeiras fases da vida, pois auxiliam no desenvolvimento de suas defesas.

BEM-ESTAR EMOCIONAL

De acordo com os dados da Advance, 94% dos pais de animais de estimação consideram o bem-estar emocional dos seus cachorros uma prioridade, e quase 80% consideram que a educação desempenha um papel fundamental. Neste contexto, o documento também se centra nestes aspetos-chave que influenciam diretamente o desenvolvimento dos cães e gatos nas suas fases iniciais.

As recomendações incluem orientações para criar um ambiente seguro, bem como incentivar o contacto com outros animais desde o início. “Estes fatores podem influenciar diretamente o caráter futuro do animal e, consequentemente, o seu bem-estar emocional”, explica Josep Campmany, Marketing Manager Vets da Advance. Para além disso, o documento sublinha a importância de iniciar a educação desde as primeiras fases, tanto em cães como em gatos. Entre os conselhos incluídos no documento estão a utilização do reforço positivo e o ensino de comandos básicos, entre outros.

Sonia Carrasco, Global Marketing Manager da Advance, sublinha que “é fundamental que os pais dos animais de companhia saibam identificar com exatidão em que fase da vida se encontra o seu animal, já que cada fase requer cuidados específicos. Com este guia queremos acompanhá-los neste processo, oferecendo-lhes ferramentas claras e úteis para que possam tomar decisões informadas desde o primeiro dia”.

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Congresso Internacional sobre a Habitação e a Cidade insta as instituições a procurarem abordagens transdisciplinares para inverter a crise da habitação com o apoio das universidades públicas

  • Servimedia
  • 27 Maio 2025

Os académicos pedem que se torne efetivo o direito à habitação reconhecido constitucionalmente, como base de um verdadeiro serviço público de habitação.

A Càtedra Barcelona d’Estudis d’Habitatge (CBEH) inaugurou o 1º Congresso Internacional sobre Habitação e Cidade, que se realiza durante dois dias na Escola de Gestão de Barcelona (UPF). O congresso reúne especialistas locais e internacionais para analisar os grandes desafios da emergência habitacional numa perspetiva transdisciplinar e europeia.

A conferência contou com a presença da ministra catalã do Território, Habitação e Transição Ecológica, Sílvia Paneque; do quarto vice-presidente da Câmara Municipal de Barcelona e responsável pela Habitação, Jordi Valls, e de representantes das quatro universidades que promovem a Cátedra: Joan Guàrdia, reitor da Universidade de Barcelona (UB); Daniel Crespo, reitor da Universitat Politècnica de Catalunya (UPC); Vanesa Daza, vice-reitora de Transferência de Conhecimento da Universitat Pompeu Fabra (UPF), e Xavier Gabarrell, vice-reitor de Campus e Sustentabilidade da Universitat Autònoma de Barcelona (UAB). Todos eles concordaram com a importância da investigação colaborativa e aplicada numa área tão crítica como a habitação.

O encontro centra-se em questões como a regulação do mercado da habitação, a vulnerabilidade, a segregação, a saúde e as transformações urbanas, com o objetivo de gerar conhecimentos úteis para promover políticas públicas mais eficazes.

Josep Ferrer, codiretor da Cátedra, deu as boas-vindas aos participantes e lembrou que “a crise da habitação é estrutural e complexa, e só a partir da soma de disciplinas e atores podemos construir respostas úteis e transformadoras. É essa a missão da Cátedra e esta conferência é uma expressão clara disso mesmo”.

A conselheira Sílvia Paneque assegurou que a administração catalã conta com o mundo académico para “aproveitar o seu rigor” na hora de “desenhar políticas públicas eficientes e eficazes”, especialmente no atual momento delicado em relação ao acesso à habitação.

Paneque explicou que a Generalitat trabalha com a premissa de nunca perder a propriedade pública como forma de expandir o parque habitacional público. O conselheiro e porta-voz explicou que “estão a ser procuradas mudanças estruturais para um problema estrutural” e que estão a ser considerados múltiplos fatores, como a segurança e a melhoria dos bairros, para além das políticas diretamente relacionadas com a habitação. Esta abordagem pluridisciplinar do problema da habitação está em conformidade com as iniciativas da presidência.

Na mesma linha, o Tenente Jordi Valls reflectiu sobre a necessidade de colaboração entre o mundo académico, o setor público e o setor privado, o que deverá permitir recuperar uma política de habitação ambiciosa: “Temos de pensar em conjunto no que aconteceu nos últimos quinze anos para chegar à situação atual”, afirmou. Por fim, assegurou que o direito à habitação deve ser tratado “com a mesma centralidade que a saúde ou a educação, pois é um dos pilares fundamentais do Estado Social”.

Todos os oradores concordaram com o valor da trajetória da Cátedra, que em apenas três anos se consolidou como um espaço de conhecimento útil e transversal, com vocação europeia e serviço público, e sublinharam a necessidade de reforçar a ligação entre a universidade, as instituições públicas e a sociedade.

BAIRROS

Após a inauguração, que teve lugar na segunda-feira, a conferência começou com a palestra inaugural de Jean-Bernard Auby, Professor de Direito na Sciences Po (Paris), dedicada às cidades inteligentes, tema do seu último livro em processo de tradução para espanhol pela Cátedra, que será publicado este ano pela editora Marcial Pons. Auby sublinhou que a digitalização, a inovação e as novas tecnologias de utilização dos dados, como a inteligência artificial, estão a transformar as infra-estruturas, a governação e os serviços públicos. Embora tenha reconhecido que ainda não existe um modelo jurídico específico para a cidade inteligente, sublinhou a necessidade de avançar para uma regulamentação que garanta a transparência, a equidade e a colaboração dos cidadãos.

A primeira mesa-redonda da conferência, moderada pelo codiretor da Cátedra Montserrat Pareja-Eastaway, ofereceu uma perspetiva das ciências sociais sobre a habitação, mostrando como os problemas de acessibilidade estão articulados numa estrutura social, jurídica e política mais ampla. Irene Sabaté (UB) salientou que o direito à habitação não é protegido com a mesma firmeza que o direito à propriedade e identificou três formas principais de violação: inacessibilidade, instabilidade e inadequação. Durante a tarde, a Professora Sabaté apresentou também o seu novo livro Un lugar donde volver. Mujeres en lucha por una habitación propia (Ed. Bellaterra, 2024).

Perante estes problemas, surgiram nos últimos anos diferentes movimentos sociais em defesa da habitação que, segundo os investigadores João França (UB) e Jordi Mir (UPF), foram decisivos para transformar a perceção coletiva do direito à habitação e para promover alterações legislativas. Por fim, Sergi Valera (UB) destacou o espaço público como parte essencial do ecossistema residencial e como local de interação social que contribui para o bem-estar, do qual muitos grupos continuam a ser excluídos.

Na mesa redonda sobre a habitação, a vulnerabilidade e os sem-abrigo, moderada por Juli Ponce, co-diretora da Cátedra, Wellington Migliari (UB) insistiu na importância dos bairros e dos ambientes como fatores de socialização. Utilizando o estudo de caso de Belo Horizonte (Brasil), Migliari salientou que a adolescência é muitas vezes um momento crítico em que muitas pessoas perdem a condição de lar, e defendeu a necessidade de políticas públicas que abordem a situação de sem-abrigo numa perspetiva estrutural, preventiva e territorializada. Durante a tarde, Migliari apresentou o seu último livro El Derecho a la Vivienda y la Ciudad: ¿efectividad y exigibilidad de un hogar? (Ed. Tirant Lo Blanch, 2025).

A mesa redonda “Segregação residencial, gentrificação, turistificação”, moderada pela co-diretora da Cátedra Judith Gifreu, abordou igualmente a relevância dos bairros. Montse Simó e Karla Berrens (UB) apresentaram o estudo “Luxury housing or is housing a luxury?” sobre a transformação urbana e social da Dreta de l’Eixample. Analisaram a forma como este bairro está cada vez mais orientado para o mercado internacional de luxo, com casas que atingem preços de até 18.000 euros por mês, enquanto a população residente sofre uma deslocação subtil mas constante.

A análise dos anúncios imobiliários e as entrevistas com os vizinhos revelaram uma clara substituição social, com os residentes nacionais a abandonarem mais o bairro, enquanto os recém-chegados – principalmente de Itália, França e Argentina – se instalam com mais frequência. Os investigadores alertaram ainda para a alteração da utilização do espaço público e do comércio local, bem como para a desvantagem estrutural dos inquilinos face à expansão dos grandes operadores imobiliários. Neste processo, concluíram, o luxo não está a ser vendido apenas como um bem tangível, mas também como uma experiência de vida exclusiva, sendo Barcelona um cenário atrativo para um público global.

Fernando Gil Alonso e Cristina López Villanueva apresentaram em seguida um estudo sobre a fragmentação espacial das zonas urbanas espanholas e os seus efeitos na coesão social. O estudo mostra que os grupos africanos são os mais segregados e fragmentados, especialmente em Barcelona, enquanto os cidadãos europeus tendem a concentrar-se nos centros históricos e nos bairros de classe média. Esta distribuição gera barreiras sociais e territoriais que dificultam a interação entre grupos, enfraquecem os laços comunitários e consolidam as desigualdades estruturais no acesso à habitação e aos recursos urbanos.

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“Os nossos clientes são os espectadores e os anunciantes e não os partidos ou deputados”, diz Ricardo Costa

“Qualidade da cobertura foi assimétrica a favor do PS e PSD em relação ao Chega”, admite Ricardo Costa, que recusa críticas aos comentadores. A reflexão é urgente, dizem especialistas ouvidos pelo +M.

A SIC está confortável com os seus comentadores, como, aliás, as audiências o demonstram. Os nossos clientes são os espectadores e os anunciantes e não partidos, dirigentes ou deputados, que gostavam que as televisões fossem seus espelhos”. É assim que Ricardo Costa, desde janeiro chief content officer do grupo Impresa, reage à polémica que teve início na noite das eleições, quando Sebastião Bugalho, que regressou como comentador à CNN Portugal em abril, defendeu no rescaldo do resultado das eleições, que a comunicação social e as televisões devem fazer uma reflexão, sob o risco de “as pessoas que as ouvem ou veem acharem que estão numa realidade alternativa“.

“Temos que nos perguntar como tivemos estes dois meses e meio em que as televisões, praticamente todos os dias, diziam o mesmo que o Partido Socialista, que o primeiro-ministro era desonesto, que o primeiro-ministro era desonesto, que o primeiro-ministro era desonesto e agora, no fim do dia, a expressão popular sobre essa situação é antagónica e oposta àquilo que estava nas televisões”, atirou o eurodeputado no estúdio da CNN, quando confrontado com a maioria de direita que resulta das eleições.

Três dias depois, André Ventura, em entrevista à TVI, voltava a falar sobre o desfasamento entre o comentário e o resultado eleitoral. “Isso é outro ajuste de contas que temos que fazer… [os comentadores diziam] ‘perdeu todos os debates, todos. Não há hipótese, o homem é uma nódoa. O homem é uma nódoa, isto vai ser um desastre’. Pois o povo português saiu de casa para dizer ‘oh senhores, ou vocês mudam, ou nós um dia mudamos por vocês’”, exclamava Ventura na entrevista em que se assumia como líder da oposição.

A SIC revê regularmente o seu quadro de comentadores, e fê-lo substancialmente nos últimos 12 meses,. A SIC nunca age em função de pressões externas, muito menos quando essas pressões são políticas.

Ricardo Costa

Quem tem responsabilidade nos media, tem de perceber se quer uma de duas coisas: ou quer ter pessoas em estúdio que representam as pessoas em casa, ou quer ter uma bolha de pessoas iluminadas que acham que vivem num mundo qualquer que não é o nosso. E que é fixe para discutir, beber um chá, mas depois não valem nada em termos de representatividade”, prosseguia o líder do Chega na entrevista a José Alberto Carvalho.

André Ventura referia-se sobretudo às derrotas pós debate que os comentadores da SIC Notícias e CNN Portugal lhe deram durante o mês de abril. Ora se as notas dos comentadores fossem vertidas para as urnas, Pedro Nuno Santos seria o vencedor das eleições de 18 de maio e André Ventura apenas ganharia a Inês Sousa Real (CNN) ou a Inês Sousa Real e Paulo Raimundo (SIC Notícias). As contas foram feitas pela CNN Portugal, que analisou ainda as notas dadas pelo Expresso e Observador. Juntando à média das televisões os dois jornais, André Ventura seria mesmo o grande derrotado destas eleições.

Mas é suposto as classificações dadas nos debates refletirem o voto dos portugueses? “Tem pouca lógica de repente toda a gente querer usar como métrica sobre o que é sucesso televisivo as notas de debates. Nunca a aferição de um resultado eleitoral serviu para aferir a qualidade da cobertura jornalística”, reforça o ex-diretor de Informação da SIC e ex-diretor da SIC Notícias.

A performance que se faz de um debate não tem que ver com resultado eleitoral, reitera Ricardo Costa. “Se fosse assim, nunca se podia dar a vitória a um partido minoritário”, exemplifica. Quanto aos comentadores, o administrador do grupo Impresa lembra que a SIC “revê regularmente o seu quadro de comentadores, e fê-lo substancialmente nos últimos 12 meses”. “A SIC nunca age em função de pressões externas, muito menos quando essas pressões são políticas”, garante em conversa com o +M.

A comunicação social não é a única [a necessitar de reflexão], mas também não é a excepção. Não pode transformar o escrutínio em ativismo, nem deixar de fazer o escrutínio.

Sebastião Bugalho

Nos últimos 12 meses, e a título de exemplo, Ricardo Costa refere a saída de Marques Mendes, de José Miguel Júdice, de Maria Castelo Branco, de Gonçalo Ribeiro Telles ou de Germano Almeida, que era o principal comentador de EUA.

O espaço de Marques Mendes foi ocupado por Nuno Rogeiro e José Milhazes – com grande sucesso, ganhando todos os domingos sem exceção ao Portas –, Júdice foi substituído por Miguel Morgado e Pedro Gomes Sanches sucede a Gonçalo Ribeiro Telles. “Se deve haver uma maior abrangência dos políticos comentadores? Sim. Mas os comentadores estão na televisão pela sua qualidade. Não vamos fazer quotas, era o que mais faltava”, assegura.

Também contactado pelo +M, Nuno Santos, diretor da CNN Portugal e diretor de informação da TVI, preferiu não comentar o tema.

“A qualidade da cobertura foi assimétrica a favor do PS e PSD em relação ao Chega”

Quanto à afirmação de Sebastião Bugalho, Ricardo Costa acredita que o ex-comentador da SIC e eurodeputado do PSD pretendia dizer outra coisa, que há uma alteração sociológica do país e que os media não a estão a espelhar.

Sebastião Bugalho prefere igualmente não alimentar a discussão. “Temos de refletir. A comunicação social não é a única [a necessitar de reflexão], mas também não é a exceção. Não pode transformar o escrutínio em ativismo, nem deixar de fazer o escrutínio. Os que transformam o escrutínio em ativismo descredibilizam o escrutínio”, acrescentou o ex-jornalista e comentador ao +M.

À necessidade de reflexão, Ricardo Costa não se furta. “Sim, há uma alteração sociológica profunda no país, que começou há um ano e se acentua. Devemos ter capacidade de cobrir essa alteração e de a antecipar, para não parecer que somos sempre surpreendidos”, admite.

Separando a questão dos comentadores da cobertura feita pelos jornalistas, o ex-diretor da SIC Notícias reconhece que, “objetivamente, a qualidade da cobertura foi assimétrica a favor do PS e PSD em relação ao Chega”. A explicação é simples e válida tanto para televisões como para outros meios, as redações estão muito habituadas a cobrir PS e PSD e fazem-no com “capacidade e qualidade”.

Os leitores de jornais têm informação de muito mais qualidade sobre os outros partidos do que sobre o Chega”. No caso das televisões, a cobertura do partido de André Ventura é quantitativamente elevada, o que não significa que o seja qualitativamente, admite.

“Quando o jornalismo está frágil, fazem um erro fatal que é tentar reproduzir a lógica das redes, com entretenimento ligeirinho”

A reflexão é também considerada urgente pelos especialistas em media ouvidos pelo +M. “Muita gente, entre políticos e jornalistas, acha que o que pensam é a verdade para os comuns dos mortais. Mas os comuns dos mortais estão preocupados com coisas mais comezinhas como terem dinheiro para comer, uma escola que ensine e onde haja aulas é uma sorte, transportes públicos que não estejam tantas vezes parados. Há mais, mas fico por aqui”, resume Manuel Falcão.

A oratória da bolha política não fala disto e os comentadores muitas vezes não fazem ideia das dificuldades que muitas pessoas têm. Por isso é que muitas vezes votam de forma inesperada para quem não tem problemas desses”, aponta o cronista e ex-diretor-geral da Nova Expressão.

Muita gente, entre políticos e jornalistas, acha que o que pensam é a verdade para os comuns dos mortais. Mas os comuns dos mortais estão preocupados com coisas mais comezinhas como terem dinheiro para comer, uma escola que ensine e onde haja aulas é uma sorte, transportes públicos que não estejam tantas vezes parados.

Manuel Falcão

Eduardo Cintra Torres vai mais longe. Na opinião do crítico de televisão, “as pessoas que comentam, amaldiçoam em excesso as redes sociais, quando são as fugas de muitos espectadores ao inculcamento que as televisões tentaram fazer, através dos comentadores e não só”.

Há uma superioridade moral, de jornalistas e comentadores, que é difícil de tolerar. Superioridade moral é do prior, na missa”, atira Cintra Torres, na opinião de quem “os comentadores estavam contra o Chega e a informação contra a AD”. Quanto a Ventura, é a “atração pelo abismo”.

“Somos contra o Chega, mas somos a favor de entrevistar o Ventura, porque dá luta e audiências” defende. “As campanhas são feitas porque há um acordo perverso, não escrito, entre media televisivo e partidos. Vamos a sítios onde há duas pessoas do Livre. As televisões fomentam o tipo de campanhas que temos, há uma aliança perversa, um espectáculo que tem dose ficcional”, prossegue, dando como exemplos o mergulho de Montenegro, a ida a Fátima ou Pedro Nuno Santos a andar de mota.

“O fato de banho diz que não tem medo de se mostrar. Andar de mota que é jovem. Há um significado simbólico, certamente tudo foi estudado, mas o que acrescenta?”, questiona.

“Há uma superioridade moral, de jornalistas e comentadores, que é difícil de tolerar. Somos contra o Chega, mas somos a favor de entrevistar o Ventura, porque dá luta e audiências”.

Eduardo Cintra Torres

Na opinião de Cintra Torres há, ainda, a “economia do comentário”.

“Os canais de informação, mas também os outros, precisam de comentadores porque precisam de inculcar opiniões. Mas, sobretudo, porque é muito mais barato do que fazer jornalismo na rua, do que estar com o povo”, conclui. O

crítico televisivo deixa ainda outro alerta. “Para responder a muita gente sobre o facto de estarem desligados do país e dentro de bolha mediática, os comentadores vão reorientar a sua própria opinião, quando preferia que continuassem a dar 20 ao Pedro Nuno Santos e 0 ao Ventura”, remata.

Para Nuno Artur Silva, o problema é mais profundo. “Começa nos comentadores darem notas. Estão a transformar o jornalismo numa coisa absolutamente ridícula, a transformar a política numa espécie de patinagem artística”, diz o e-xsecretário de Estado com a pasta da comunicação social.

“Em vez de debate de ideias, a pergunta é ‘ias jantar com quem’. De repente são os humoristas que ocupam o lugar de jornalistas. Se transformamos as eleições no Big Brother, com entretenimento barato, e damos notas tipo patinagem artística, então não se admirem”, diz o ex-administrador da RTP.

Em vez de debate de ideias, a pergunta é ‘ias jantar com quem’. De repente são os humoristas que ocupam o lugar de jornalistas. Se transformamos as eleições no Big Brother, com entretenimento barato, e damos notas tipo patinagem artística, então não se admirem.

Nuno Artur Silva

Com o centro comunicacional a passar da televisão para as redes sociais, toda a gente tem uma opinião e vive nas suas bolhas, prossegue. “Há uma mudança de paradigma. As televisões servem apenas para gravar coisas, que depois são reproduzidas na net. É na net que as coisas se jogam”, diz Nuno Artur Silva.

Depois, no digital, e sem intermediação, para obter bons resultados eleitorais um partido não precisa de ter grande coerência nem propostas e para as pessoas é suficiente a perceção. “Basta dar eco ao descontentamento: ‘ressentidos de todo o mundo, uni-vos’. Está em crescimento, mas não é um fenómeno português”, diz sobre a votação nos partidos de extrema-direita.

Quando o jornalismo está frágil, por falta de modelo de negócio, as televisões fazem um erro fatal que é tentar reproduzir a lógica das redes, com entretenimento ligeirinho”, aponta o ex-administrador da RTP, salientando ainda a “promiscuidade” das pessoas “que vão da política para o comentário e do comentário para a política”.

Ainda há jornalismo sério e comentário sério, mas estamos muito no entretenimento ligeiro”, lamenta o fundador da Produções Fictícias.

Quanto a lições para o futuro? “É começar por perceber que não podemos encarar uma realidade nova com premissas antigas. Não podemos pensar a política hoje da mesma forma de há 10 anos. E os comentadores estarem ali sentado, a analisar da mesma maneira a política, como se fosse apenas uma crise política. Estamos noutro mundo, exige outro tipo de abordagem”, conclui.

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UE recebe quase 50% do gás natural liquefeito dos EUA. Há “risco relevante”, defendem analistas

O gabinete de estatística europeu assinala uma diminuição das importações de gás e produtos petrolíferos russos. Contudo, os EUA passam a dominar no gás natural liquefeito.

As importações da União Europeia de combustíveis fósseis russos caíram no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o trimestre homólogo de 2021. É verdade para os produtos petrolíferos, gás natural e gás natural liquefeito (GNL), embora neste último a descida seja muito ligeira e os Estados Unidos tenham ganhado a dianteira, com um peso de quase 50% nas importações deste gás.

Os analistas consultados pelo ECO/Capital Verde consideram que os EUA continuam a ser um parceiro mais fiável que a Rússia, apesar da imprevisibilidade política que o presidente norte-americano, Donald Trump. Mas o ideal, defendem, é continuar o caminho da diversificação. Já em relação a continuar a diminuir as importações da Rússia, concordam que é possível, embora alguns sejam mais cautelosos face ao efeito que poderia ter nos preços da energia.

Segundo dados do Eurostat, entre o primeiro trimestre de 2021 e o primeiro trimestre de 2025, verificou-se uma redução de cerca de 50% nas importações de gás natural da Rússia pela UE, o que resultou também numa redução da dependência energética de 40% para cerca de 20%. Contudo, a Rússia ainda pesa 17% nas importações de gás natural e 19% no que diz respeito ao gás natural liquefeito.

A redução da dependência de gás russo [a partir de 2025] é economicamente possível”, defende o think tank Bruegel, que considera que os desenvolvimentos estão dependentes de vontade política. “É crítico que se estabeleçam regulações vinculativas para cessar as importações de gás russo e assegurar que os governos nacionais as aplicam”, conclui a analista do Bruegel, Ugnė Keliauskaitė, ao mesmo tempo que admite que “a procura da Europa por gás deverá cair, o que permite à Europa ser mais seletiva em relação às suas fontes”.

Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, concorda que “a UE tem condições para continuar a reduzir as importações de energia fóssil da Rússia em todos os segmentos”.

Já Vítor Madeira, analista na XTB, descreve como “questionáveis” as condições para diminuir a dependência, uma vez que “uma transição total para outros fornecedores ou para fontes renováveis não parece compensar em termos económicos, uma vez que a aceleração desse processo teria um impacto agressivo nos preços”. Contudo, vê ainda margem para investir em contratos de longo prazo com fornecedores como os Estados Unidos, o Qatar e países africanos.

Henrique Valente fala de “graus de dificuldade distintos”. Enquanto diminuir as importações de carvão e de petróleo foi mais simples, “o verdadeiro desafio está no GNL, cuja redução é limitada por contratos de longo prazo ainda em vigor com empresas russas e pela ausência, até agora, de sanções formais”. Medidas políticas mais firmes, diversificação e uma aposta reforçada na transição energética, de forma a reduzir os consumos de gás, são as soluções apresentadas.

GNL desce apenas ligeiramente. EUA ganham

As importações de gás natural liquefeito a partir da Rússia desceram de 22% no primeiro trimestre de 2021 para 19% no primeiro trimestre de 2025. A Rússia manteve-se desta forma no segundo lugar na lista de parceiros dos quais a União Europeia importa este gás, com uma ligeira quebra. Sobre a descida ligeira, o analista da XTB, Vítor Madeira, assinala que se relaciona com “o facto de o GNL representar apenas uma fração do total de gás natural importado pela UE“. Ao mesmo tempo, relata Henrique Valente, analista da ActivTrades Europe, ao contrário do gás natural transportado por gasoduto, não há sanções diretas ao GNL russo por parte da UE, devido à falta de alternativas.

Em 2024, a UE aumentou mesmo as importações de GNL russo para 16,5 milhões de toneladas, um valor recorde, assinala Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa. Uma subida que foi reflexo da necessidade de garantir segurança energética a curto prazo, indica.

A alteração mais relevante no âmbito das importações deste gás foi a subida dos Estados Unidos, de 24% para 48%, que contrabalançou uma queda relevante da Nigéria, de 16% para 5%.

A sobredependência de uma só fonte é arriscada“, considera Ugnė Keliauskaitė, analista do Bruegel. Para Paulo Rosa, a atual quota de 48% “constitui um risco relevante“, já que deixa o bloco europeu “vulnerável” a alterações políticas, económicas ou logísticas nos EUA, como mudanças de governo, alterações nas prioridades energéticas internas ou restrições à exportação. Ao mesmo tempo, “uma dependência excessiva pode afetar a estabilidade de preços e limitar o poder negocial da UE”, continua Rosa.

“Qualquer dependência significativa de um fornecedor externo representa um risco estrutural para a segurança energética” e “os Estados Unidos não são exceção a essa regra”, reforça Vítor Madeira. Contudo, “é preferível para a UE depender de um parceiro aliado, como os EUA, do que de um fornecedor como a Rússia”, ressalva Madeira.

A analista do Bruegel também considera que “comparando a Rússia e os Estados Unidos, o GNL dos Estados Unidos é uma fonte de gás muito mais confiável“. Henrique Valente concorda, “apesar da atual política protecionista dos EUA”, pois “a instabilidade política do Kremlin e o uso da energia como instrumento de pressão representam uma ameaça significativamente mais grave”.

Vítor Madeira sublinha ainda que o GNL representa apenas cerca de 37% do total do gás consumido na UE, pelo que “podemos concluir que a UE se baseia numa matriz de fornecimento relativamente diversificada, conseguindo mitigar o risco de dependência exclusiva de um único fornecedor”. Já Valente acredita que faz sentido continuar a diversificar, afastando-se da situação de um fornecedor dominante.

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As importações de gás natural a partir da Rússia desceram dos 48% registados entre janeiro e março de 2021 para 17% no período homólogo deste ano. A Argélia tornou-se assim o maior parceiro, com uma quota de 30% (mais 5 pontos percentuais), seguida da Noruega, que aumentou 11 pontos pontos percentuais para os 26%.

De acordo com o Bruegel, na Europa, os maiores volumes do gás liquefeito russo têm como destino a Hungria e a Eslováquia, embora Espanha, Bélgica e França importem “volumes significativos” deste combustível. “Estes países não estão, contudo, dependentes do gás russo. Importam-no porque compensa financeiramente”, escreve o mesmo analista.

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No início de 2021, a Rússia era o principal fornecedor de combustíveis petrolíferos da União Europeia, com uma quota de 29%, igual à que cabia a “outras nações” e muito acima dos 8% que contribuíam os Estados Unidos, Noruega e Cazaquistão, individualmente. No entanto, na sequência da guerra com a Ucrânia, o bloco europeu baniu as importações de petróleo em dezembro de 2022, ação à qual se seguiu um embargo em relação aos produtos petrolíferos refinados. Neste sentido, as importações destes combustíveis a partir da Rússia caíram para uma fatia mínima, de 2%.

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O petróleo russo só chega à União Europeia através do corredor de Druzhba, que está isento de sanções. No entanto, alerta o Bruegel, o petróleo russo representa mais de 80% das importações de petróleo para a Eslováquia e Hungria.

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Hospitais público-privados de Madrid lideram em termos de agilidade cirúrgica, segundo os dados da Sermas

  • Servimedia
  • 27 Maio 2025

Os hospitais de gestão mista da Comunidade de Madrid registam tempos de espera muito inferiores à média madrilena e nacional e contribuem para aliviar a pressão sobre a assistência.

Os hospitais da Comunidade de Madrid com os tempos de espera mais curtos para cirurgia partilham o mesmo modelo de gestão: a colaboração público-privada. De acordo com os últimos dados oficiais do Serviço de Saúde de Madrid (Sermas), relativos ao mês de abril, os quatro centros com melhores registos neste indicador – o Hospital Universitário General de Villalba (13,97 dias), o Hospital Universitário Rey Juan Carlos (17,76 dias), a Fundação Jiménez Díaz (23,10 dias) e o Hospital Universitário Infanta Elena (25,78 dias) – operam sob esta fórmula de concessão administrativa.

Os tempos de espera destes hospitais não só contrastam com a média nacional de demora nas operações, que segundo os dados do SISLE (Sistema de Listas de Espera) é de 126 dias, mas também com a média de Madrid, que em abril se situava em 52,29 dias, segundo o Sermas. Trata-se de uma diferença que se tem mantido ao longo do tempo, uma vez que estes hospitais se encontram há anos no topo do ranking dos hospitais com menor tempo de espera para cirurgia.

A diferença é especialmente significativa, mesmo nas especialidades que, a nível nacional, registam as maiores demoras, como a Cirurgia Plástica, a Neurocirurgia e a Angiologia-Cirurgia Vascular, com um tempo médio de espera de 258, 191 e 149 dias, respetivamente. Destaca-se o caso da Fundación Jiménez Díaz, um hospital público-privado de alta complexidade, que apesar de gerir uma elevada pressão assistencial, reduziu consideravelmente os tempos de espera para estas especialidades: 20,96 dias em Cirurgia Plástica e Reconstrutiva; 12,75 dias em Neurocirurgia e 16,1 dias em Angiologia e Cirurgia Vascular. Em termos de atividade, só em 2024, este centro realizou 34.678 intervenções cirúrgicas, consolidando a sua posição como um dos hospitais com maior capacidade assistencial da região.

RECURSOS

O modelo misto, implementado em Madrid desde 2012 em alguns hospitais, implica que a administração da saúde mantém a propriedade e o financiamento do serviço, enquanto a gestão dos recursos humanos e materiais cabe a uma empresa concessionária. Este sistema de colaboração, que, de acordo com os dados fornecidos, resulta numa maior agilidade na gestão, num planeamento mais flexível e numa utilização mais eficiente dos recursos, o que tem um impacto direto na redução das listas de espera. De acordo com o último relatório SISLE, com dados do final de 2024, Madrid tem a menor demora média para cirurgia em Espanha.

Apesar dos resultados, este modelo de concessão de cuidados de saúde gera posições contraditórias. A CAM argumenta que o facto de estes hospitais prestarem cuidados integrais a uma parte da população de Madrid significa, na prática, um descongestionamento dos restantes centros sob gestão direta dos Sermas e tem um efeito indireto na redução das listas de espera noutros hospitais públicos, uma vez que a carga assistencial é melhor distribuída. Permite também que alguns pacientes de outros centros sejam encaminhados para estes hospitais para intervenções específicas, através de acordos e convénios geridos pelo Ministério Regional da Saúde, especialmente em períodos de grande procura. A existência de indicadores de qualidade e o controlo pelos Sermas, que são auditados periodicamente, garantem a prestação adequada do serviço.

Em 2023, os cinco principais hospitais públicos de gestão privada absorveram 226 000 consultas de doentes afetados a outros centros, de acordo com o balanço do Serviço de Saúde de Madrid. Esta transferência de doentes permitiu que os sete maiores hospitais públicos reduzissem a sua pressão de cuidados em 165 000 primeiras consultas, o que representou 60% dessas consultas no sistema. Este fluxo de doentes teve um impacto significativo na redução das listas de espera cirúrgicas e na redução da demora média noutros hospitais públicos. Por exemplo, o Hospital Universitário La Paz reduziu a sua pressão de espera em quase 49.000 consultas; o Hospital Universitário Ramón y Cajal em cerca de 32.000; e o Hospital Universitário Severo Ochoa e o Hospital Universitário 12 de Octubre em quase 25.000.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 27 Maio 2025

A Altice Portugal apresenta os resultados do primeiro trimestre e arranca a contagem de votos da emigração. Termina prazo para recusar dar dados à Meta AI.

No dia em que a Altice Portugal apresenta os resultados referentes ao primeiro trimestre do ano, a Mota-Engil irá publicar um trading update referente ao mesmo período. Arranca a contagem de votos da emigração e termina prazo para recusar dar dados à Meta AI. Conheça os temas que vão marcar a atualidade.

Altice Portugal apresenta resultados do primeiro trimestre

A Altice Portugal revela esta terça-feira os resultados do primeiro trimestre. O ano passado, as receitas da dona da Meo subiram 0,7% face ao ano anterior, para 2.775 milhões de euros. Excluindo o negócio da Altice Labs, as receitas aumentaram 5,4% face a igual período do ano anterior.

INE apresenta dados económicos

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga o inquérito à Avaliação Bancária na Habitação relativo a abril e revela ainda os resultados dos Inquéritos de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores referentes a maio.

Mota-Engil apresenta trading update

Esta terça-feira, a Mota-Engil irá publicar um trading update referente ao primeiro trimestre do ano, depois de financiar-se em 95 mil milhões de euros por via de um empréstimo obrigacionista sustentável a cinco anos junto de mais de 4 mil investidores. A construtora captou o valor máximo previsto nesta emissão, após ter feito uma revisão em alta do montante envolvido.

Arranca a contagem de votos da emigração

Está marcado para esta terça-feira o início da contagem dos votos da emigração a partir das 9h00 no pavilhão 3 do Parque das Nações. A contagem prolonga-se até dia 28. Até sexta-feira passada tinham chegado a Portugal 296.283 cartas com os boletins de voto dos portugueses residentes no estrangeiro, o que representa 18,77% dos eleitores inscritos.

Termina prazo para recusar dar dados à Meta AI

Os utilizadores europeus das plataformas da Meta que queiram opor-se à utilização dos seus dados para treinar os modelos de inteligência artificial (IA) generativa têm até esta terça-feira para o fazer através de um formulário.

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“Seria benéfico discutir salário a par do valor que a pessoa acrescenta”. Ouça o podcast “Trinta e oito vírgula quatro”

Os portugueses trabalham, em média, 38,4 anos. É esse o valor que dá título a este podcast que se debruça em entrevistas quinzenais sobre os temas mais quentes do mundo do trabalho.

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Para Mariana Branquinho da Fonseca seria benéfica a discussão salarial estar associada ao valor que o profissional acrescenta e ao que dele é esperado.

Neste episódio do podcastTrinta e oito vírgula quatro”, a country chair da consultora Korn Ferry assume-se uma forte defensora da transparência salarial, e reflete sobre a desigualdade de género e sobre a falta de lideranças inspiradoras em Portugal.

Também neste episódio, a psicóloga Sara Crispim deixa recomendações para locais de trabalho mais equilibrados e uma melhor conciliação entre a vida pessoal e profissional.

É muito fácil pedir aumentos, mas, depois, há uma desconexão com a empresa onde estamos inseridos. Será que a empresa pode pagar isso? Qual é o valor que estou a acrescentar à minha empresa? Acho que se beneficiaria se houvesse uma discussão de salários associada ao valor que a pessoa acrescenta e ao que é esperado dela”, sublinha Mariana Branquinho da Fonseca.

Neste episódio, a responsável, diz-se, por outro lado, otimista, quanto ao caminho rumo à igualdade de género no mercado de trabalho, lembrando que há 20 anos, quando arrancou a sua carreira, a diversidade não era sequer um tema de discussão, enquanto hoje esse debate está instalado.

Sara Crispim, autora do recém-lançado “Mudar de hábitos, mudar de vida”, alerta que vê as organizações pouco preocupadas com a saúde mental dos empregados, quando isso é fundamental para que estes sejam produtivos.

“Se o local de trabalho não for saudável, isso tem repercussões na vida pessoal da pessoa”, salienta também a especialista, que identifica como hábito mais nefasto “o não conhecermos as pessoas com que trabalhamos“.

O “Trinta e oito vírgula quatro” é um podcast de entrevistas quinzenais sobre as tendências que estão a fazer mexer o mercado de trabalho.

Estamos a viver mais, mas também estamos a trabalhar durante mais tempo. Numa década, a duração média estimada da vida de trabalho dos portugueses cresceu dois anos para 38,4. É esse o valor que dá título a este podcast e torna obrigatória a pergunta: afinal, se empenhamos tanto do nosso tempo a trabalhar, como podemos fazê-lo melhor?

Nesta temporada especial (de nove episódios, entre abril e julho), vamos explorar essa questão do ponto de vista dos rendimentos.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 27 de maio

  • ECO
  • 27 Maio 2025

Ao longo desta terça-feira, 27 de maio, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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TC já tem 11 sentenças a declarar inconstitucional lei que limita regresso da Função Pública à CGA

Tribunais contrariam diploma, com origem no Governo e viabilizado pelo Parlamento, e ditam o direito à reintegração de funcionários públicos na CGA. Ratton terá agora de se pronunciar de forma geral.

O Tribunal Constitucional (TC) já recebeu, por via de recurso do Ministério Pública, 11 sentenças de primeira instância que declararam inconstitucional a norma interpretativa, com origem no anterior Governo de Luís Montenegro e viabilizada pelo Parlamento, que limita a reinscrição de funcionários públicos na Caixa Geral de Aposentações (CGA), revelou ao ECO fonte oficial do Palácio de Ratton. Ao fim de três juízos nesse sentido, o plenário terá de se pronunciar de forma geral e obrigatória, concluindo se a lei em causa viola efetivamente a Constituição. Se for essa a decisão final, o diploma cai e será eliminado do ordenamento jurídico.

“Cumpre informar que deram entrada 11 processos referentes à Lei n.º 45/2024, de 27 de dezembro, não tendo ainda havido qualquer decisão sobre a matéria em causa. Os processos deram entrada em 2025, e estão a correr termos”, segundo o gabinete de relações externas do Tribunal Constitucional.

A CGA tem estado a rejeitar milhares de pedidos, sobretudo de professores que sofreram interrupções letivas por termo de contratos, o que os excluiu do sistema da CGA, ao abrigo de uma lei interpretativa, com origem no Governo anterior de Luís Montenegro e aprovada pelo Parlamento.

Mas o Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel já emitiu cinco sentenças, depois de recursos apresentados pela Federação Nacional de Professores (Fenprof), e concluiu que a norma é inconstitucional por “violação do princípio da confiança”, indicando que os trabalhadores em causa devem ser registados novamente na CGA, tal como o ECO já noticiou. Estas decisões dizem apenas respeito às situações particulares de sete docentes, não podendo aplicar-se a todos os funcionários públicos.

Os professores em causa exerceram funções em várias escolas, tendo iniciado e cessado contratos. Posteriormente a 2006, ano em que o sistema previdencial da Administração Pública foi encerrado, interromperam a atividade letiva durante alguns anos e depois regressaram à escola pública, mas foram-lhes negados os pedidos para se registarem na CGA, cujo regime é mais favorável do que o da Segurança Social designadamente no pagamento de baixas médicas.

De salientar que o subsistema de proteção social deixou de aceitar novos subscritores desde 1 de janeiro de 2006. Ou seja, apenas os trabalhadores que estavam inscritos em data anterior podem regressar à CGA quando voltem a exercer funções na Administração Pública.

Face aos vários acórdãos do Supremo Tribunal Administrativo (STA) favoráveis ao regresso de trabalhadores à CGA, o juiz de Penafiel acabou por lhes dar razão, argumentando que a norma interpretativa viola “o princípio da confiança”, e as decisões foram proferidas este ano, já depois da entrada em vigor da lei de dezembro do ano passado que restringe o registo de funcionários públicos que saíram e voltaram a trabalhar para o Estado.

O artigo, declarado inconstitucional e que contraria vários acórdãos de tribunais superiores, estabelece que só é possível a reinscrição de funcionários públicos quando se verifique que não existiu descontinuidade temporal na prestação de trabalho ao Estado ou, existindo, se comprove que foi involuntária, limitada no tempo e justificada pelas especificidades próprias da carreira. Para além disso, é preciso comprovar que o funcionário não exerceu atividade remunerada durante o período em que interrompeu o vínculo público.

Cumpre informar que deram entrada 11 processos referentes à Lei n.º 45/2024, de 27 de dezembro, não tendo ainda havido qualquer decisão sobre a matéria em causa. Os processos deram entrada em 2025, e estão a correr termos.

Tribunal Constitucional

“O legislador viola a confiança legítima dos particulares e, consequentemente, o princípio da proteção da confiança, quando decide introduzir, em 2024, inovações na Lei n.º 60/2005, sem qualquer consideração pelos efeitos já constituídos, sem qualquer consideração pela jurisprudência que, de forma reiterada e constante, vinha atribuindo aos professores o direito à inscrição na Caixa Geral de Aposentações a quem antes de 1 de janeiro de 2006, estivesse inscrito nesse regime de providência”, conclui o Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel numa das sentenças a que o ECO teve acesso.

O entendimento deste tribunal de primeira instância é que, “quando um sujeito cesse o vínculo laboral e celebre um novo, tal não se considera como sendo ‘iniciar funções’”, tal como resulta do acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 6 de março de 2014.

Ora, num dos processos, o professor estava inscrito na CGA antes de o sistema ter deixado de aceitar novos subscritores, “logo, a partir do momento em que volte a constituir uma relação jurídica que, anteriormente a 31 de dezembro 2005, lhe conferisse o direito à inscrição na CGA, terá direito ser reinscrito”, de acordo com a mesma decisão. “A jurisprudência não exige qualquer outro requisito. Diga-se que se verifica a identidade da situação pelo menos em relação a cinco decisões de tribunais superiores”, refere o tribunal.

“A lei em causa e mais concretamente o número 2 do artigo 2.º veio introduzir requisitos novos, que a jurisprudência não previa, e que não se podem retirar da letra da norma interpretada”, lê-se nos vários acórdãos do tribunal de Penafiel que deram razão aos queixosos que intentaram uma ação contra a CGA e o Ministério da Educação. Por isso, concluem que “o número 2 do artigo 2.º da lei n.º 45/2024 “é uma falsa norma interpretativa”.

As 11 sentenças que declararam a inconstitucionalidade da norma dizem respeito a casos concretos, tendo o Ministério Público recorrido para o TC que se irá pronunciar sobre cada processo e a decisão dos juízes do Palácio de Ratton valerá igualmente para cada situação individual, sem força geral.

Ao fim de três pronúncias do Tribunal Constitucional, “o Ministério Público deve suscitar a verificação da constitucionalidade do diploma de forma geral e obrigatória”, explica ao ECO o constitucionalista José Moreira da Silva. “No entanto”, alerta, “este processo não é automático e o Ministério Público pode demorar meses ou anos até pedir a verificação geral e abstrata”.

Se a maioria dos 13 juízes do Palácio de Ratton confirmar as decisões, “a norma terá de ser eliminada do ordenamento jurídico”, indicou ao ECO o constitucionalista Tiago Duarte. Como consequência, todos os funcionários públicos que estavam na CGA, antes de 1 de janeiro de 2006, perderam, entretanto, a inscrição, por terem deixado de trabalhar para o Estado, e regressaram à Função Pública mais tarde vão poder reingressar, sem limitação alguma, na CGA. De sublinhar que o sistema de proteção social convergente é mais benéfico do que a Segurança Social, designadamente no pagamento da baixas médicas.

“O processo pode ser mais rápido” se se houver três decisões unânimes a confirmar as sentenças de primeira instância. Nesse caso, o plenário do TC deverá pronunciar sobre a inconstitucionalidade e o diploma cai, tem de sair do ordenamento jurídico, abrindo a porta à reinscrição de vários funcionários públicos na CGA em situação idêntica à analisada pelos tribunais.

Para além disso, sublinha, “sempre que a mesma norma tiver sido julgada inconstitucional ou ilegal em três casos concretos, pode o Tribunal Constitucional, por iniciativa de qualquer dos seus juízes, promover a organização de um processo […], seguindo-se os termos do processo de fiscalização abstrata sucessiva da constitucionalidade ou da ilegalidade previstos na presente lei”, citando o artigo 82.º da Lei n.º 28/82, de 15 de novembro que estabelece a organização, funcionamento e processo do Tribunal Constitucional.

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CEO da Cloudflare ‘irritado’ com Portugal, mas não está sozinho nas queixas sobre vistos

Matthew Prince acusa Portugal de não ser sério e ameaça cortar investimento no país. O que faz a empresa que está zangada com Lisboa? Quem acompanha empreendedores diz que não é caso isolado.

Matthew Prince, CEO da CloudflareNoam Galai/Getty Images for TechCrunch

Portugal e a Cloudflare estão envolvidos num ‘novo irritante’. O atraso na atribuição de vistos e a burocracia levaram o CEO da tecnológica norte-americana de cibersegurança, Matthew Prince, a acusar Portugal de não ser um “país sério” e a ameaçar com corte de investimento no país. Mas não está sozinho nas queixas sobre a lentidão dos vistos.

“É uma queixa que se repete nas nossas reuniões de acompanhamento”, diz Vítor Ferreira, diretor-geral da Startup Leiria.

Portugal tem piorado de forma significativa desde que começamos a investir no país. Se esta tendência continua, deixaremos de investir. E se estás a considerar, enquanto tecnológica, serias louco em fazê-lo sem algumas fortes garantias do Governo”, acusou o CEO da Cloudflare, numa publicação na X (antigo Twitter). “Prometeram-nos muito para contratar muitas pessoas em Portugal. Contratámos muita gente e o Governo português não cumpriu com nenhuma das suas promessas”, acusou ainda o gestor.

As condições para investir têm piorado em vários aspetos, mas “sobretudo [na] imigração”, bem como no que toca aos vistos e ao que diz ser uma burocracia “sufocante”. “Estou sobretudo cansado de me dizerem que as coisas vão melhorar se investirmos mais, para apenas as tendências continuarem a piorar”, disse.

O CEO da norte-americana não só classifica todo o processo como um “clownshow” [circo] como considera que Portugal compara mal com países da América Latina — “Colômbia, Chile, e talvez agora a Argentina. Todos países mais sérios do que Portugal” — ou o Médio Oriente, considerando que, face a esta região, “Portugal promete mais e entrega muito, muito menos”.

Embora, sem a acutilância das críticas do CEO da Cloudflare — que, de acordo com informação recolhida pelo ECO, terá tido um “incidente” com bagagens na saída de Portugal, num voo privado com partida do Aeródromo de Tires, em Cascais o atraso na atribuição dos vistos é tema de preocupação junto das tecnológicas que querem contratar talento fora da União Europeia.

A incubadora da Startup Leiria acolhe “dezenas de equipas vindas do Brasil, Estados Unidos, Ucrânia, Índia, entre outras geografias. “O tempo é um dos elementos essenciais para uma empresa tecnológica. Um backlog nacional que a própria AIMA admitiu rondar os 347 mil processos no arranque de 2024 não é normal“, lamenta Vítor Ferreira, diretor-geral da Startup Leiria, em declarações ao ECO.

Situação que impacta no dia a dia das empresas. “Para equipas de até dez pessoas, perder um engenheiro sénior porque a autorização não sai a tempo é o equivalente empresarial ao ‘soco na cara’ de Mike Tyson: desorganiza roadmaps, afugenta investidores e mina o moral”, diz o responsável da incubadora de Leiria, cidade que ocupa a terceira posição nacional do “Global Startup Ecosystem Index 2025”, da StartupBlink, ecossistema nacional que apresenta o maior crescimento percentual (121%), galgando 156 lugares para a 450ª posição global entre as mais de mil cidades a nível mundial analisadas pela StartupBlink. Mais bem posicionadas, só mesmo Lisboa e Porto.

A vice-presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) confirma que há um “descontentamento generalizado com a lentidão de alguns processos, especialmente na área da imigração”. “Existe uma sensação recorrente de que, ao longo dos anos, se tem prometido que «as coisas vão melhorar», mas sem que se verifiquem avanços realmente significativos ou duradouros”, diz Filipa Pinto de Carvalho, cofundadora da AGPC, que presta serviços ligados ao investimento, da Here Partners e da Red Bridge Lisboa.

É essencial, para a credibilidade do país enquanto destino de inovação e investimento, que sejamos coerentes com as promessas que fazemos e com a imagem que promovemos enquanto ecossistema tecnológico aberto e competitivo”, acrescenta a advogada, na expectativa de que este alerta público tenha consequências benéficas para o país, através da dotação das entidades públicas dos meios necessários para acelerar os licenciamentos.

O luso-brasileiro José Bouça, cofundador da Tonnie Talent, corrobora este lamento. “No dia a dia, ouvimos preocupações recorrentes por parte das empresas com quem colaboramos: a incerteza quanto aos prazos para legalização de profissionais estrangeiros – que, na prática, ultrapassam frequentemente os 180 dias — gera impacto direto em projetos e decisões estratégicas. Soma-se a isso a crescente dificuldade no acesso à habitação, fruto da pressão nos preços de arrendamento”, diz o cofundador da startup, incubada em Leiria, que oferece serviços personalizados de mobilidade e integração para empresas que contratam talento estrangeiro.

“Portugal vive hoje um momento de ajuste. Após anos marcados por políticas de “portas abertas”, surgem agora exigências adicionais e maior rigor nos processos. A ‘Via Verde’ surge como uma resposta interessante, mas ainda sem aplicação prática visível no nosso ecossistema — especialmente para startups e PME que não se enquadram nos critérios estabelecidos. É, sem dúvida, uma iniciativa promissora, mas que ainda não se traduziu em impacto direto”, diz o cofundador da Tonnie quando questionado sobre a Via Verde, mecanismo criado recentemente pelo Governo para acelerar a contratação de imigrantes.

E o mesmo diz Vítor Ferreira. “Até agora, praticamente não”, diz o diretor-geral da Startup Leiria quando questionado sobre as incubadas estavam a recorrer à Via Verde. “A razão é prosaica: o decreto que criou a Via Verde (15 de abril) limitou o fast-track a empresas com cerca de 150 trabalhadores ou a associações com mais de 30 associados e 200 milhões de euros de volume de negócios. Nenhuma das startups da casa cumpre estes limiares, nem a própria Startup Leiria — que é uma associação de dimensão regional. O Estatuto de Startup vem resolver esse problema em parte, com o acesso ao IFICI, mas que eu saiba não à ‘Via Verde'”, aponta.

“Portugal continua a ter atributos invejáveis, mas a paciência dos investidores é finita. Se quisermos manter a frase-feita “Portugal is the California of Europe” viva, a “Via Verde” terá de deixar de ser uma via exclusiva para camiões TIR e passar a faixa rápida também para as trotinete-startups que puxam pelo ecossistema. Caso contrário, arriscamo-nos a transformar o país num parque de campismo digital: ótimo para nómadas que vêm surfar, pouco interessante para quem quer gerar unicórnios”, aponta Vítor Ferreira.

“Não é uma mensagem fácil neste contexto anti-imigração, mas as pessoas não percebem que mesmo que o foco seja produtividade, ela nasce de três coisas: capital (máquinas e tecnologia), competências (trabalho qualificado) e organização (gestão, clusters). Ora, a imigração bem integrada melhora as três — traz competências que faltam, justifica investimento em capital e obriga as empresas a processar volumes maiores, ganhando músculo para inovar”, diz.

“Pensar que podemos subir produtividade mantendo o mercado doméstico anémico e a força de trabalho em declínio não é realista. O mercado de trabalho português está em pleno emprego técnico e existem hoje milhares de vagas em áreas qualificadas por preencher — não porque o salário seja baixo, mas porque simplesmente não há pessoas disponíveis com o perfil certo. A demografia não perdoa”, continua.

O responsável da Startup Leiria mostra-se preocupado com o impacto das críticas do CEO da tecnológica americana possam ter na capacidade do país atrair investimento.

“Quando um CEO americano compara Portugal, em público, com a Colômbia ou Chile e diz que vai pôr o pé no travão, o dano não é só reputacional — é ruído para os decisores. Investidores de capital de risco olham para arbitragem de talento, ou seja, se o programador não pode chegar vai-se para outro lado”, diz.

“A curto prazo, devemos esperar atrasos em novos centros de engenharia e maior pressão salarial sobre o talento já residente; a médio prazo, uma eventual descida de ranking em índices como o StartupBlink (onde Leiria alcançou o 3º lugar nacional) ou o Global Talent Competitiveness Index, que alimentam decisões de expansão corporativa”, afirma.

No último ranking da StartupBlink, Portugal segurou o 29.º lugar, depois de no ano passado ter caído três posições, a maior queda do top 30. “Portugal cresceu acima de 15% — em linha com os seus pares na 28.ª e 31.ª posição, cujos crescimentos oscilam entre 15% e 17% —, o suficiente para manter a sua posição”, aponta o“Global Startup Ecosystem Index 2025”. O país segura ainda a 17.ª posição a nível europeu.

Cloudflare ainda perde, mas ganhou maior contrato de sempre no primeiro trimestre

Fundada em 2009 e com sede na cidade norte-americana de São Francisco, a Cloudflare é uma empresa de cibersegurança, modernização de aplicações, compliance e proteção de dados através da nuvem (cloud). Para tal, desenvolve programas de segurança informática para os colaboradores e para as próprias redes e infraestruturas das empresas, além das plataformas para programadores especializados poderem criar e implemente aplicações sem necessidade de servidores. Na prática, a sua tecnologia tanto ajuda a evitar ataques de hackers como tenta melhorar o desempenho dos websites.

Entre os clientes da Cloudflare na região EMEA e em Portugal encontram-se empresas como a Allianz, o Banco de Portugal, o Carrefour, a Clever Advertising, a DHL, a Doctolib, a L’Oréal, a TAP, a Porsche Informatik – a subsidiária informática da Porsche – ou a Federação Portuguesa de Futebol. Entre outros clientes notáveis, contam-se a Roche, a Sage, a WA Technology e a Zalando. É nestas e noutras organizações que a empresa bloqueia “milhares de milhões de ameaças” online todos os dias.

Em Portugal, a empresa começou a investir em 2016 com a expansão da rede para Lisboa. Três anos mais tarde, decidiu abrir o seu primeiro escritório na capital e acabou por crescer de 14 trabalhadores no país para mais de 350. No entanto, as queixas da gestão já eram uma constante.

Em entrevista ao Diário de Notícias, o cofundador e CEO chegou a dizer que enviava pessoas à Madeira “para ir buscar documentos, porque lá não há os problemas burocráticos” que encontrava no continente. Certo é que, no âmbito de um significativo plano de expansão em Lisboa, a Cloudflare inaugurou em outubro de 2024 uma nova sede e centro técnico para dar suporte às operações na região da Europa, África e Médio Oriente (EMEA) – a par com os escritórios de Londres, Paris, Munique e Dubai – e anunciou o objetivo de criar mais 500 empregos.

“Contratar mais de 400 colaboradores. Mas seria o dobro disso com um Governo competente. Há seis anos que ouço falar de «mais favorável aos negócios». Muita conversa. Nada muda“, denunciou esta segunda-feira o gestor, acrescentando que tem alertado o Executado para os problemas, mas não é ouvido nem encontra solução nas políticas públicas. A concretizar-se este plano de recrutamento, faria com que o hub da empresa em Portugal atingisse as 800 pessoas, a mesma dimensão na época da delegação em Austin, nos Estados Unidos.

Segundo o CEO da Cloudflare, a intenção até era – ou é – colocar Lisboa como sede da empresa na União Europeia (UE). “Continuamos a investir em Londres, mas precisamos de uma sede na UE. Queríamos que fosse Lisboa”, escreveu também na rede social X.

O CEO tem estado a responder a alguns internautas, nomeadamente a um que lhe pediu “paciência” com Portugal, porque “o país acabou de ir a eleições”. De forma pragmática, retorquiu: “Seis anos depois, a minha paciência esgotou-se”. A outro, que também tentou defender Portugal neste azedume transatlântico, Matthew Prince disse mesmo que a burocracia da Índia não é pior do que a de Portugal.

Quem também se mostrou indignado com a situação foi o português Henrique Cruz, da empresa Rows: “Se ainda ninguém do Governo entrou em contacto [com o CEO da Cloudflare], alguém não está a fazer o seu trabalho”. Numa publicação na mesma rede social, o responsável de crescimento da startup concorrente do Excel diz que “uma das melhores formas de um país como Portugal crescer economicamente é convencer as próximas 10 Cloudflares a abrir grandes escritórios” em território nacional.

Apesar do aumento das receitas a dois dígitos, a Cloudflare ainda dá prejuízo. No primeiro trimestre, o resultado líquido agravou-se de 35,5 milhões negativos, registados até março de 2024, para 38,5 milhões de dólares (aproximadamente 34 milhões de euros) negativos. Em destaque esteve a receita total de 479,1 milhões de dólares (421 milhões de euros), que aumentou 27% em termos homólogos. O outlook é positivo e foi revisto em alta para receitas de 501 milhões no segundo trimestre.

“Começámos 2025 com confiança, impulso e resultados sólidos. No primeiro trimestre, fechámos o maior contrato da história da Cloudflare, um negócio de mais de 100 milhões de dólares [88 milhões de euros], impulsionado pela nossa plataforma de desenvolvimento Workers, e assinámos o contrato SASE [Secure Access Service Edge] de maior prazo até à data. Temos a escala, a tecnologia e a equipa para captar a enorme oportunidade que temos pela frente”, comentou Matthew Prince, na mensagem publicada com o relatório financeiro.

O ECO contactou a Cloudflare, o Governo e a Câmara do Comércio Americana em Portugal, mas até ao momento do fecho deste artigo não foi possível obter comentários.

Notícia atualizada às 12h com mais informação

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