B. Braun celebra 70 anos em Espanha, fornecendo soluções que transformaram a prática médica

  • Servimedia
  • 22 Maio 2025

Atualmente, as suas soluções estão presentes em 100% dos hospitais do país.

A empresa de tecnologia médica B. Braun celebra o seu 70º aniversário em Espanha, oferecendo soluções inovadoras que transformaram a prática clínica.
Desde a sua fundação em 1955, numa pequena fábrica em Rubí (Barcelona), com o fabrico do fio catgut, uma sutura absorvível pioneira na época, a B. Braun tornou-se um ator estratégico no ecossistema de saúde espanhol.

Com 2.700 colaboradores e 18 centros de produção, logística e diálise em diferentes comunidades autónomas, a B. Braun consolidou a sua infraestrutura em Espanha, destacando-se pela sua capacidade de inovação e pelo laços com a comunidade. De facto, 106 dos seus colaboradores trabalham na organização há mais de 30 anos. A sede histórica em Rubí, com mais de 100.000 metros quadrados, tem sido fundamental para o crescimento da empresa, onde gerações de famílias têm contribuído para o seu sucesso.

Christoph Müller, CEO da B. Braun Espanha, destaca: “Nestes 70 anos, evoluímos desde o nosso início em Rubi com um produto pioneiro até nos tornarmos uma empresa líder em tecnologia médica, com soluções presentes em todos os hospitais do país que acompanham milhões de pacientes todos os dias nos seus momentos mais delicados. Para além da nossa capacidade de inovação, definimo-nos pelo nosso compromisso com as pessoas: com os doentes, com os profissionais e com as comunidades em que estamos inseridos. Pretendemos continuar a investir em Espanha para promover o progresso na saúde e responder aos desafios do sistema de saúde, mantendo o foco na nossa missão: proteger e melhorar a saúde das pessoas em todo o mundo”.

B. Braun tem sido líder na introdução de soluções inovadoras que transformaram os cuidados de saúde. Desde o desenvolvimento do primeiro material de sutura estéril em 1908, um avanço sem precedentes que mudou para sempre o tratamento de feridas ao permitir uma cicatrização segura e sem infeções, até avanços importantes como a nutrição parentérica, que alterou as perspetivas de sobrevivência dos doentes que não podiam ingerir nutrientes de forma normal. B. Braun foi também a primeira empresa em Espanha a oferecer dietas parenterais individualizadas para neonatos e crianças.

Atualmente, é líder em áreas como a cirurgia, a oncologia, a ortopedia e a nutrição clínica e gere 13 centros de diálise em sete comunidades autónomas, onde foram realizados mais de 156 000 tratamentos só em 2024.

Na última década, investiu 400 milhões de euros para reforçar as suas instalações e continuar o seu compromisso com a digitalização, a sustentabilidade e a transformação dos sistemas de saúde. Em 2024, alcançou um volume de negócios de 667,5 milhões de euros, mais 8,6% do que no ano anterior, e deste valor, 51% corresponde ao mercado interno e 49% ao mercado de exportação, sublinhando a sua relevância para o desenvolvimento económico de Espanha.

Além disso, a B. Braun continua a promover a sua estratégia de digitalização com o Digital Hub em Barcelona, o segundo centro deste tipo no mundo, para melhorar a eficiência dos profissionais de saúde e otimizar os cuidados aos pacientes. Da mesma forma, a excelência e a formação contínua dos profissionais de saúde são pilares fundamentais. Através de iniciativas como a Academia Aesculap, promove programas de formação de alto nível no domínio da saúde.

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Escritórios em Portugal ajudam a aumento de faturação de firmas de advogados espanholas

A faturação global das firmas espanholas Garrigues, Cuatrecasas, Uría Menéndez e Gómez-Acebo & Pombo chegou aos 231 milhões de euros em 2024. Escritórios em Portugal ajudaram a este aumento.

Quatro das firmas espanholas com maior faturação a nível global – Uría Menéndez, Garrigues, Cuatrecasas e Gomez Acebo & Pombo – aumentaram o crescimento em 12%. Escritórios em Portugal e na América Latina são os mercados internacionais que apresentam os melhores resultados.

Segundo dados compilados pelo El Pais, os escritórios de advocacia espanhóis ‘de elite’ mantêm seu domínio em Espanha, mas também registam um crescimento expressivo no mercado internacional, onde têm escritórios. E Portugal ajudou a estes números.

O panorama de quatro sociedades espanholas com escritório em Lisboa – Garrigues, Cuatrecasas, Uría Menéndez e Gómez-Acebo & Pombo- revela que a faturação estrangeira destas big four chegou aos 231 milhões de euros em 2024. Em comparação com os 161 milhões obtidos em 2023, um aumento de 12,13%. Esse é o maior aumento desde 2021, que se registou em mais 11,44%. Comparando os dados dos últimos cinco anos, de 2019 (ano da pandemia) até 2024, estes quatro escritórios espanhóis aumentaram sua receita em 43,47%.

A Pérez-Llorca – que se encontra no top 4 como sociedade que mais factura no global – reforçou a sua rede internacional em Londres (inaugurada em 2015), Nova Iorque (2015) e, mais recentemente, abriu novos escritórios em Bruxelas, Singapura e Portugal em 2023. O escritório no México nasceu em 2024. Embora os primeiros números de faturação internacional sejam de 2024, a firma obteve receitas de 165 milhões de euros no total, 33 milhões fora da Espanha.

Gonçalo Capela Godinho, managing partner da Pérez-Llorca em Lisboa. Foto: HUGO AMARAL

E quais são os mercados mais apelativos? Portugal é um deles

A Cuatrecasas foi a que mais gerou receita fora de Espanha, no último ano, com um aumento de 17%. A sociedade de advogados liderada por Javier Fontcuberta obteve receitas de 92,62 milhões de euros em 2024 nos seus dois escritórios em Portugal e 11 internacionais. Mais: de acordo com dados do seu último relatório de sustentabilidade — o único atualizado e publicado até o momento — 6,7% das receitas de 2024 foram provenientes de Portugal. O que não significa que 6,7% das receitas são provenientes dos escritórios de Portugal. Porque os advogados em Espanha, na América Latina e noutros escritórios podem ter clientes em Portugal, e, ao mesmo tempo, em Portugal o escritório ter no país, mas também em Espanha, França, Estados Unidos, etc.

a Uría Menéndez é a sociedade que mais aumentou. Liderada por Salvador Sánchez-Terán, gerou receitas de 64,52 milhões fora da Espanha no ano passado. A faturação dos escritórios estrangeiros agora representa 21,83% da receita global da empresa, sendo Portugal o país que mais contribuiu para isso. Fora da Península Ibérica, os escritórios no Reino Unido (Londres) e na Bélgica (Bruxelas) também dão uma contribuição significativa. A Uría também gera negócios na América Latina através da PPU no Chile, Colômbia e Peru.

No ano passado, a Garrigues gerou um total de 62,66 milhões no mercado internacional, equivalente a 13% da sua receita global, o que representa um aumento de oito pontos percentuais em relação a 2023. A firma de advogados liderada por Fernando Vives afirma que o México “é o seu segundo maior mercado”. Os restantes escritórios da América Latina (Colômbia, Chile, México e Peru), além dos de Portugal (Lisboa e Porto), também contribuíram para esses resultados. Atualmente, a empresa tem 15 escritórios espalhados pelo mundo.

Por fim, a Gómez-Acebo & Pombo faturou 11,53 milhões de euros em 2024, o que representa 11,51% do seu faturamento global. Sendo a firma que mais cresceu, fora de Espanha, no último ano, com 28%. Lisboa e Londres tornaram-se os bons exemplos da firma liderada por Íñigo Erláiz. “Ambos os escritórios tiveram um aumento significativo de mais de 25%”.

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Freguesias vão poder financiar projetos do ciclo urbano da água com fundos europeus

Entidades com salários em atraso, à data da candidatura, não podem concorrer. E também não podem cair nessa situação até à conclusão da operação. Empresas em dificuldade não são elegíveis.

As freguesias vão poder candidatar-se a apoios comunitários para projetos do ciclo urbano da água, nomeadamente para utilização das águas pluviais. Esta é uma das alterações introduzidas ao regulamento do Sustentável 2030, que agora passa a financiar a compra de equipamento de proteção civil ou a compra veículos não poluentes, na gestão dos resíduos urbanos.

No início de janeiro, o Governo explicou que as freguesias só iam poder aceder diretamente a fundos europeus depois de concluída a reprogramação do Portugal 2030 e desenhado o programa. A reprogramação do atual quadro comunitário já foi entregue e aguarda luz verde de Bruxelas mas, entretanto, vão sendo alterados os regulamentos dos programas.

A Comissão Interministerial de Coordenação do Portugal 2030 aprovou no final de abril um conjunto de alterações com o objetivo de introduzir “maior clareza jurídica”, mas também melhorar o “alinhamento das tipologias com os instrumentos de política e planeamento existentes” e ajustar os critérios de elegibilidade.

As entidades que tenham salários em atraso, à data da candidatura, não podem concorrer. E também não podem cair nessa situação até à conclusão da operação. Por outro lado, fica especificado que as empresas não podem ser consideradas em dificuldades. Por outro lado, as candidaturas deixam de ser exclusivamente individuais.

No âmbito do Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030 é criada uma tipologia para apoio à utilização de águas pluviais, que se junta a todas as outras ao nível do ciclo urbano da água em alta e em baixa, que passam pelo abastecimento de água; saneamento de águas residuais; reutilização de água residual tratada ou até mesmo ações de sensibilização e informação.

Recorde-se que o ministro Adjunto e da Coesão disse, no ECO dos Fundos, o podcast quinzenal do ECO sobre fundos europeus, que uma das grandes alterações introduzidas na reprogramação do PT2030 foi a possibilidade de o Sustentável 2030 passar a financiar obras superiores a cinco milhões de euros para gerir problemas drenagens de água. “Vai ser possível financiar, por exemplo, o enorme túnel que está a ser construído em Lisboa para a drenagem das águas pluviais. São muitas dezenas de milhões de euros que vão poder ser financiados no Portugal 2030”, disse Manuel Castro Almeida.

Essa obra não estava prevista ser financiada com fundos europeus, era a Câmara de Lisboa que ia fazê-la. Agora a Câmara de Lisboa, se a reprogramação do Portugal 2030 for aprovada, vai poder apresentar faturas de obra que está feita e de obra que venha a fazer, para poder ser financiada no Portugal 2030″, exemplificou, frisando que há obras semelhantes em Oeiras ou no Algarve.

Com esta alteração é também resolvido o problema de cumprimento da regra da guilhotina. Os programas têm de gastar o correspondente ao orçamento de cada ano nos três anos seguintes. Se não o fizerem, o montante remanescente tem de ser devolvido a Bruxelas. Isto significa que, em cada programa operacional, é necessário dividir a dotação por sete (correspondente ao número de anos do quadro) e é esse o valor que é necessário executar três anos depois (é a regra do N+3).

O Sustentável 2030 tinha uma pressão adicional porque o PT2030 começou com um atraso adicional face aos quadros comunitários anteriores, mas também pelos atrasos na Justiça do concurso das carruagens de comboios que foi impugnado. “São 17 milhões de euros que Portugal perde todos os meses”, diz Castro Almeida. Carruagens que deviam ser financiadas pelo PT2030 e que terão de ser pagas com o Orçamento do Estado.

O Sustentável 2030 sofreu ainda alterações no capítulo da prevenção e gestão de riscos e é estendido o “apoio a equipamentos para outros âmbitos que não apenas resposta a acidentes graves e catástrofes”.

Assim, os fundos vão pagar a compra de “meios e equipamentos de proteção civil para reforço operacional da prevenção e gestão de riscos e para resposta a acidentes graves e catástrofes”. Além disso, alarga-se a elegibilidade das operações de prevenção de combate aos fogos, nomeadamente gestão se combustíveis florestais, nos respetivos perímetros e reforço dos acessos a pontos de água.

Na gestão de resíduos urbanos, a compra de veículos não poluentes pode ser apoiada por fundos do PT2030. E os apoios neste capítulo “serão contabilizados em 100% para as metas climáticas se a operação converter em matérias-primas secundárias pelo menos 50%, em peso, dos resíduos não perigosos objeto de recolha seletiva e tratados”.

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Indra aproxima-se dos 6 mil milhões de capitalização depois de duplicar o seu preço em 2025

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  • 22 Maio 2025

A empresa presidida por Ángel Escribano voltou a atingir máximos históricos na bolsa, ultrapassando os 33 euros por ação.

A empresa está a ponto de conseguir uma revalorização de 100% na bolsa durante este ano, convertendo-se na empresa mais alta do IBEX 35 em 2025. O novo impulso de alta da Indra coincidiu com a aprovação de um fundo europeu em defesa da UE.

Desde a chegada de Ángel Escribano à presidência da empresa, a Indra tem vindo a bater os seus máximos e está prestes a atingir uma capitalização bolsista de 6.000 milhões. Esta aceleração é motivada pelas alianças estratégicas que a Indra está a formar (como a recente com o gigante alemão Rheinmetall) e as boas previsões da União Europeia para as despesas de defesa nos próximos anos, das quais a Indra beneficiará previsivelmente, segundo os analistas, e que a bolsa soube recompensar.

Alguns analistas, como Kepler Cheuvreux, incluíram a Indra na sua lista de ações a comprar, elevando o preço da Indra para 37,5 euros por ação, o mais alto de todos os que estão atualmente em vigor. Para eles, “a Indra está preparada para liderar o ecossistema de defesa do país no ar, em terra e no ciberespaço, uma oportunidade crítica no meio do aumento dos orçamentos de defesa na Europa para alcançar a soberania”.

 

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Crescimento do Chega vai estender-se às câmaras? “Não se consegue multiplicar Venturas por 308 municípios”

Votar em legislativas e em autárquicas não é igual. À opinião, comum a autarcas, candidatos e uma politóloga ouvidos pelo ECO/Local Online, junta-se outra: sozinho, Ventura não chega para ganhar.

“Obviamente, será irreal da minha parte não assumir a derrota do PS”, diz Alexandra Leitão, candidata do PS à câmara de Lisboa e braço direito de Pedro Nuno Santos na direção socialista agora cessanteLusa

 

O terramoto político do passado domingo está já na sala de crise dos principais partidos autárquicos, com natural ênfase no PS, a maior força política na presidência de câmaras municipais e, simultaneamente, o epicentro da vitória do Chega, ao não conseguir eleger mais deputados que o partido de André Ventura, ficando ambos com 58 (até à contagem dos votos no estrangeiro, cujos resultados vão ser conhecidos a 28 de maio).

“Naturalmente que os resultados no domingo foram preocupantes, não só pelo resultado eleitoral em si do PS, mas também algum crescimento da extrema-direita”, assume Alexandra Leitão, candidata à maior autarquia do país, Lisboa. “Obviamente, seria da minha parte irreal não assumir [a derrota do PS]”.

Numa opinião defendida por vários autarcas, candidatos, responsáveis políticos e politólogos ouvidos pelo ECO/Local Online, a dirigente socialista e líder parlamentar do PS na legislatura terminada há meses, considera que as eleições autárquicas são diferentes das legislativas. “As coisas não são extrapoláveis, sem prejuízo de que para o PS não foram boas eleições”. Nas autárquicas, considera, “há uma palavra essencial: proximidade, as pessoas precisam é que lhes resolvam os problemas”.

Em consonância, Pedro Alves, coordenador do processo autárquico do PSD, também vê os dois momentos eleitorais deste ano como “eleições completamente distintas”.

“Não dá para fazer extrapolação direta de um resultado para o outro, embora se compreenda que existe uma alteração de intenção de voto, mas a penalização sobretudo é para o PS. O Chega não tem qualquer implantação autárquica, não lidera qualquer município. Do ponto de vista das lideranças locais, não me parece que seja essa a indicação do voto. O resultado foi em função do que era projetos para o país e não do que era municipal”, analisa o social-democrata, que, do seu lado, vê “muito mais conforto” a partir da vitória do PSD no domingo “para abordar autárquicas”.

“Pode alavancar as estruturas locais”, considera o responsável pela gestão do processo autárquico no segundo maior partido autárquico, detentor de 114 presidências de câmara (algumas, como Lisboa, em coligação com o CDS, entre outros partidos com menor representação), contra 148 do PS, 19 da CDU e seis do CDS-PP.

“O eleitor, quando escolhe a nível autárquico está a gerir de forma quase direta a sua casa. Aí, escolhe aqueles em quem mais confia, numa política de proximidade. Não tem tanto a ver com questão de natureza política ou partidária. O Chega não tem qualquer experiência de gestão”, aponta o coordenador do processo autárquico dos social-democratas.

Se atendermos ao todo nacional, os autarcas do PS estariam muito mais preocupados, porque, inclusive, nos seus concelhos o PS ficou em terceiro nas escolhas dos cidadãos. Não creio que haja para nós consequências negativas, pelo contrário, é um estímulo”. A expectativa do dirigente social-democrata é a de o PSD superar o PS nas urnas, em setembro ou outubro deste ano (a data terá de ser marcada pelo novo Governo até meados de julho).

Alexandra Leitão não se mostra tão certa. “Se olhamos para o histórico de muitos outros momentos da política portuguesa, até momentos do PSD em maioria absoluta, as eleições autárquicas foram vencidas pelo PS. Isso confirma que são eleições diferentes e que os eleitores são motivados por coisas diversas”, entende Alexandra Leitão. Reconhecendo que as estatísticas apontam à vantagem do incumbente sobre o desafiador, Alexandra Leitão carrega nas críticas ao trabalho executado por Carlos Moedas em quatro anos de governação e assegura: “parto para estas eleições com toda a humildade de quem tem noção do peso estatístico que o incumbente tem. A minha humildade não é maior nem menor do que era até domingo”.

É um fenómeno importante e vai haver reflexo e continuidade no plano autárquico, mas é importante ter em conta que o Chega é particularizado no líder. Não se consegue multiplicar Venturas por 308 municípios.

Paula Espírito Santo

Politóloga

A “estrela” Rita Matias em Sintra e a vitória de Santana Lopes na Figueira da Foz há duas décadas

Numa análise aos candidatos do Chega já conhecidos, Paula Espírito Santo reconhece que Sintra se apresenta como um caso à parte, precisamente pelo rosto em disputa. Município liderado pelos socialistas, com Basílio Horta, há uma dúzia de anos, e antes dele com PS e PSD intercalados desde 1976, Sintra caiu para o lado do Chega neste domingo. Como candidata, o Chega apresenta aquela que será, em conjunto com Ventura, a política com maior impacto mediático e nas redes sociais, Rita Matias. “Aí, já é um caso distinto”, diz a politóloga, apontando à combinação entre a vitória legislativa e a notoriedade da candidata chegana às autárquicas.

“Podemos não multiplicar os resultados das legislativas em todos os concelhos, mas em Sintra pode acontecer. Não tendo ainda resultados de sondagens, poderá haver essa continuação. Sintra é um concelho com população relativamente jovem, muito heterogéneo, e Rita Matias poderá ter implantação. No plano autárquico, normalmente, a escolha é feita pelo conhecimento das figuras candidatas”. Exemplo disso, diz a politóloga, a eleição de Pedro Santana Lopes para a presidência da Figueira da Foz há duas décadas. “Pode haver atratividade da figura política, pode haver renovação”, admite, porque “o plano local é sempre muito incerto. São dinâmicas diferentes do nacional”.

Apesar da insistência junto do Chega, o ECO/Local Online não conseguiu chegar ao contacto com Rita Matias.

Podemos não multiplicar os resultados das legislativas em todos os concelhos, mas em Sintra pode acontecer. Não tendo ainda resultados de sondagens, poderá haver essa continuação. Sintra é um concelho com população relativamente jovem, muito heterogéneo, e Rita Matias poderá ter implantação.

Paula Espírito Santo

Politóloga

Sobre o impacto para o PS no pós-18 de maio, Paula Espírito Santo coloca ênfase no momento da escolha da liderança, antes ou após as autárquicas. Matéria em que poucos se querem atravessar, diga-se.

Alexandra Leitão remete a sua decisão para a comissão nacional, ao passo que o autarca do Barreiro, Frederico Rosa, acha que a eleição interna não deve ser agora. “O partido deve deixar que as diferentes concelhias e distritais se foquem nas autárquicas, mesmo que haja liderança intermédia. Deve dar-se espaço às pessoas [autarcas] para poderem construir propostas e estratégias”.

A Norte, onde a batalha se travou entre AD e PS, como habitualmente, entre os socialistas pede-se atenção ao momento atual da liderança nacional. “O impacto que pode haver é se entrarmos numa luta fratricida internamente. Se houver disputa eleitoral no PS antes das autárquicas, poderá haver impacto”, diz ao ECO/Local Online o presidente da federação do PS na Guarda, Alexandre Lote.

Já o candidato socialista a Guimarães, maior concelhia do PS, prefere eleições internas imediatas, caso haja apenas um nome em equação. E, nesse caso, espera que seja José Luís Carneiro. Com vários nomes em luta pela liderança “fará sentido abrir esse processo depois, com Carlos César a assumir interinamente o comando do PS”, diz Ricardo Costa. “A partir de agora, é o tempo das concelhias e do trabalho local e de proximidade”, defende.

Uma coisa é certa para a politóloga: “O PS teve este abalo enorme e vai haver necessidade de posicionamento mais forte e dinâmico”.

[O PS] fará a reflexão necessária dos resultados eleitorais das legislativas em sede e momento próprios. A representatividade do PS, entretanto reduzida neste novo cenário parlamentar, merece uma ponderação séria, profunda e alargada. Não há duas eleições iguais e a natureza de cada ato eleitoral distingue, ainda mais, as legislativas das autárquicas. Não há possíveis leituras nacionais feitas a partir da realidade local, nem há hipótese de leituras locais a partir da realidade nacional.

Ricardo Costa

Candidato à câmara de Guimarães, maior concelhia socialista no país

Partido de Ventura “toma de assalto” terceiro distrito mais populoso do país

A dinâmica de vitória do Chega teve particular impacto no Alentejo e no distrito de Setúbal. Neste, terceiro mais populoso do país, atrás apenas de Lisboa e Porto, o partido de Ventura teve 26,4%, recolhendo 130 mil votos, quase 7.000 mais que o PS. Há um ano, os socialistas tiveram 157 mil votos e o Chega 102 mil.

Já a CDU, coligação histórica nestes concelhos (mas que há muito perde nas legislativas, sendo superado até pelo PSD), ficou atrás do Chega em mais de 94 mil votos, recolhendo apenas 7,1% no distrito.

Poderá parecer que passaram muitos anos, mas há apenas 40 meses, aquando da maioria absoluta de António Costa, a distribuição fez-se com 45,8% para o PS, 16,2% para o PSD, 10% para o PCP e só depois aparecia o Chega, com 9% no somatório dos 13 municípios do distrito.

Nas autárquicas decorridas três meses antes, em setembro de 2021, as primeiras a que o Chega se candidatou, com nomes em pouco mais de 200 municípios, os resultados destoavam apenas para PCP e PSD, que obtinham 32% e 6%, respetivamente, ao passo que Chega e PS não sofriam grandes oscilações nas respetivas votações entre as duas eleições: 36,1% vs 45,8% para socialistas nas autárquicas e legislativas, e 6,45% vs 9% para os cheganos.

Numa entrevista ao ECO/Local Online realizada em vésperas das legislativas, Paulo Silva, autarca da CDU no Seixal, concelho ganho pelo Chega no domingo, não contestava o fenómeno da transumância de votos entre os dois partidos, mas salientava: “conheço muita gente que diz que é do Chega, mas que nas autárquicas vai votar na CDU”. Questionado sobre a forma como o PCP encara o partido de André Ventura, que vai somando vitórias em tradicionais bastiões comunistas, o presidente do município há 50 anos ‘vermelho’, designa-o de “adversário com ideias com que nós não nos identificamos minimamente”.

“Conheço muita gente que diz que é do Chega, mas que nas autárquicas vai votar na CDU”. A garantia é de Paulo Silva, autarca do Seixal, onde saiu vencedor o ChegaHugo Amaral/ECO

No curto período entre a maioria absoluta de Costa e o desaire do PS neste domingo, inferior ao tempo de uma legislatura (apesar de estas terem sido as terceiras legislativas em menos de quatro anos), o Chega arrecadou mais 90 mil votos e os socialistas perderam mais de 75 mil votos, enquanto os comunistas ficaram 8.500 aquém do resultado anterior. Nota para a soma do PSD e do CDS (que em 2022 concorreram separados) que significou mais 32 mil votos, numa clara viragem à direita no bastião setubalense da esquerda, em linha com a tendência nacional.

Há um ano, primeira incursão legislativa de Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos e Paulo Raimundo, mas terceira para Ventura, já havia sinais no distrito de Setúbal, com o Chega a ganhar mais de 60 mil votos desde as eleições de entronização de António Costa em 2022, e o PS a perder um quinto da sua base eleitoral, para 157 mil. O PCP, por seu lado, ficava a meio caminho entre os resultados de 2022 e 2025.

Nos seis concelhos a que presidem neste distrito, os socialistas perderam, no domingo, em três, todos para o Chega, sendo que no Montijo ficaram mesmo em terceiro lugar, atrás do PSD, quando em 10 de março de 2024 tinham saído vencedores.

Município que resistiu à ofensiva do Chega, o Barreiro, o autarca socialista entende que “as pessoas distinguem muito bem a eleição nacional da local, que é de maior proximidade, com protagonistas genericamente da terra”. O presidente da câmara barreirense, ganha pelo PS com 56,7% dos votos em 2021 – seguido do PCP com 23,4 e, atrás do PSD, mostrando o Chega com apenas 4,3% – já vira a balança pender para o lado do partido de Ventura no ano passado, quando a diferença entre os dois foi de 20 pontos percentuais, mas agora, com ambos os partidos de novo na primeira e segunda posições, o PS teve uma vitória por menos de sete pontos percentuais.

Temos que fazer o nosso percurso. Não podemos inverter um trabalho, ideias e convicções alicerçadas, por causa de um resultado. A nossa estratégia não é diferente do que tem sido o nosso percurso de quatro anos. A campanha é consequência do trabalho que se fez.

Frederico Rosa

Presidente da Câmara Municipal do Barreiro

A arte de “multiplicar Venturas”

“É importante ter em conta que o Chega é particularizado no líder. Não se consegue multiplicar Venturas por 308 municípios. Vai depender muito das figuras que forem escolhidas, e não vai haver [a] multiplicação [de Ventura]”, acentua a politóloga.

“Nas Europeias verificou-se isso. Ao contrário do que tinha acontecido meses antes nas legislativas, conseguiram eleger um deputado. Ventura aparecia sempre ao lado do candidato, e isso não ajudou. Não significa que não haja reflexo e que o Chega não cresça, mas a nível local há lideranças que se afirmam no plano autárquico pelo trabalho feito”, explica a politóloga ao ECO/Local Online. A exceção habitual entre as forças políticas é, considera Paula Espírito Santo, o PCP, em que as figuras são secundárias face ao partido e às dinâmicas e trabalho por este apresentados nos municípios.

O encurtamento do espaço pelo Chega ganha particular relevância nos municípios presididos pelo PS no Alentejo, Setúbal e centro do país. Almodôvar, Ferreira do Alentejo, Moura, Odemira e Beja, onde os socialistas ficaram em terceiro (tal como na Nazaré e em Alenquer), são exemplos. E Castro Verde ficou pintado a rosa por apenas 18 votos num universo superior a 3500 depositados na urna. Em Vila Franca de Xira, 252 votos aguentaram o PS à frente do Chega, mas aqui houve 79 mil vilafranquenses a cumprir o seu dever no domingo, o que torna a luta ainda mais renhida.

“As legislativas têm sempre leitura nacional”, salvaguarda Fernando Ferreira, presidente da autarquia de Vila Franca de Xira, ao ECO/Local Online. “O PS irá fazer essa leitura nacional, reunindo os órgãos nacionais nos próximos dias. A nível local, continuamos a trabalhar com todo o afinco”.

Na autarquia vizinha, Alenquer, o presidente socialista em final do terceiro mandato diz-se “surpreendido” e “entristecido” perante o resultado do Chega no seu concelho. Ali, explica, o PS só não venceu aquando do Governo de maioria de Aníbal Cavaco Silva. “Surpreendeu-me o resultado e comecei a pensar e equacionar o que aconteceu para, num ano, ter mudado a inclinação de voto. Num ano não fizemos nada, em termos de medidas, que pudesse levar a este resultado”.

Pedro Folgado admite que os jovens possam ter dado um contributo importante para a vitória do partido de Ventura no concelho de Alenquer. Entre os fenómenos a analisar, há um muito falado nos últimos tempos: “um dos problemas do Carregado é a imigração”, aponta. “Há uma grande deslocalização de pessoas que se concentraram na freguesia do Carregado”. A imigração, assume, aumentou “bastante”, mas as empresas do concelho, algumas com 24 horas de laboração nos sete dias da semana, precisam desta mão-de-obra, já que entre os portugueses não existe disponibilidade, explica.

Como estratégia para as autárquicas, considera a proximidade vital. “É importante abordar as pessoas, explicar o que é da nossa responsabilidade e competência e o que é do Estado central”, designadamente a alocação de um médico de família onde não há um único. “É pouco tempo, mas não podemos baixar os braços. Isto é um problema de comunicação. Nós precisamos de imigração”.

Mais resiliente para os socialistas, Coruche “deu” vitória por uma nesga – mais uma terra de touradas em que o Chega subiu, contando-se no domingo várias autarquias ribatejanas adeptas da ‘festa brava’ e presididas por socialistas, mas que fizeram esta agulha para o Chega, como Almeirim, Alpiarça (onde a autarca, Sónia Sanfona, foi muito criticada no seu partido por ter defendido a verificação da riqueza de quem recebe apoios sociais e apresenta sinais exteriores de saúde financeira) Chamusca e Salvaterra de Magos. Abrantes, Constância e Entroncamento também guinaram para o Chega no domingo.

Francisco Oliveira agarra-se aos 81 votos de vantagem em 9.700 votantes no concelho para reforçar que foi o PS o vencedor no domingo. “Não me parece que o Chega possa ter candidatos que façam frente” aos partidos tradicionais nas autárquicas. O Chega, diz, reforçando uma mensagem que o ECO/Local Online ouviu de várias vozes, é “um partido unipessoal”.

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Famílias mais ricas do mundo aumentam exposição a ações

As famílias mais ricas do planeta blindam fortunas com ações de mercados desenvolvidos contra o caos global, mas continuam a ignorar a sucessão, deixando a próxima geração em suspenso.

No universo restrito das grandes fortunas, os family offices que gerem em média 1,1 mil milhões de dólares de património por família estão a fazer mudanças significativas nas suas carteiras de investimento, por forma a protegerem-se contra o que consideram ser o maior risco para 2025: uma guerra comercial global.

A conclusão consta do “Global Family Office Report 2025” do UBS, publicado esta quarta-feira, para o qual foram inquiridos 317 family offices em mais de 30 mercados em todo o mundo, representando no total cerca de 651 mil milhões de dólares de riqueza.

O relatório revela que estes gestores de fortunas estão a alterar as suas estratégias de alocação de ativos, aumentando a exposição a ações e obrigações de mercados desenvolvidos, enquanto reduzem liquidez e mostram cautela com os mercados emergentes.

As alocações a ações de empresas em mercados desenvolvidos aumentaram para 26% em 2024 e os family offices que planeiam fazer alterações em 2025 pretendem aumentar mais 29%.

UBS

Relatório Global Family Office Report 2025

“Com uma divisão amplamente estável na alocação estratégica de ativos entre classes de ativos tradicionais e alternativos, os family offices aumentaram as alocações em ações de mercados desenvolvidos, onde existem oportunidades significativas para aceder a tendências de crescimento estrutural“, destaca o relatório.

Num momento de incerteza para o comércio e a economia global, assiste-se a um reequilíbrio plurianual da alocação estratégica de ativos por parte das famílias mais ricas do planeta.“As alocações a ações de empresas em mercados desenvolvidos aumentaram para 26% em 2024 e os family offices que planeiam fazer alterações em 2025 pretendem aumentar para 29%”, refere o relatório do UBS.

Nos próximos cinco anos, quase metade (46%) prevê um aumento significativo ou moderado na sua alocação para ações de mercados desenvolvidos. “Mesmo com a pesquisa largamente realizada no primeiro trimestre, os family offices já estavam bem cientes dos desafios colocados por uma guerra comercial global, identificando-a como o maior risco do ano. No entanto, em entrevistas realizadas após a turbulência do mercado que eclodiu no início de abril, eles reiteraram a sua alocação estratégica de ativos diversificada e preparada para todas as condições”, destaca Benjamin Cavalli, diretor de clientes estratégicos da UBS Global Wealth Management, em comunicado.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Guerra comercial e riscos geopolíticos dominam

O conflito geopolítico continua a ser a principal preocupação para os próximos anos por parte das famílias mais afortunadas. Quando questionados sobre as maiores ameaças aos seus objetivos financeiros nos próximos 12 meses, mais de dois terços (70%) dos family offices apontaram o dedo para “uma guerra comercial”. A segunda maior preocupação é a ocorrência de um grande conflito geopolítico, referem os dados do relatório.

Olhando para os próximos cinco anos, as preocupações evoluem, com os family offices a mostrarem-se cada vez mais preocupados com o que pode seguir, como a ocorrência de um conflito geopolítico, uma recessão global ou uma crise da dívida. Aliás, quase dois terços (61%) preocupam-se com um grande conflito geopolítico, mais de metade (53%) está apreensivo com uma recessão global, e 50% estão preocupados com uma crise da dívida.

Para proteger as carteiras dos milionários, os family offices estão a recorrer a diversas estratégias. “A estratégia mais comum para melhorar a diversificação da carteira é depender mais da seleção de gestores e/ou gestão ativa, de acordo com uma média de quatro em cada dez (40%) family offices globalmente” que “é seguido por hedge funds, usados por quase um terço (31%)”, refere o relatório.

Pouco mais de metade das famílias dispõe de um plano de sucessão do património, o que deixa um grande número de famílias sem considerar os riscos de falecer sem um testamento ou um plano patrimonial.

UBS

Relatório Global Family Office Report 2025

Além disso, as carteiras das famílias mais ricas do mundo estão também a aumentar a exposição a participações em ativos ilíquidos (27%), e mais de um quarto (26%) está a aumentar as suas posições em obrigações de alta qualidade e de curta duração.

A concentração geográfica dos investimentos continua também a ser um tema relevante. A América do Norte e os países da Europa Ocidental permanecem a ser os destinos de investimento favoritos das famílias mais ricas do mundo, destinado cerca de 79% da sua carteira a ativos investidos nestas regiões.

O UBS destaca, por exemplo, que os family offices dos EUA alocaram 86% dos seus portefólios para a América do Norte, sublinhando que “nenhuma outra região tem um viés doméstico tão grande”. O relatório refere também que os family offices na América Latina têm mostrado uma preferência por classes de ativos tradicionais (71%), com 34% em ações e 31% em obrigações. Na Suíça, também há uma preferência por classes de ativos tradicionais (56%), com 34% em ações e 13% em renda fixa.

Sucessão patrimonial é uma prioridade adiada

Um dos pontos mais surpreendentes do relatório é que apesar das fortunas gigantescas geridas, muitas famílias continuam sem planear adequadamente a sua sucessão patrimonial.

“Pouco mais de metade das famílias dispõe de um plano de sucessão do património, o que deixa um grande número de famílias sem considerar os riscos de falecer sem um testamento ou um plano patrimonial”, referem os analistas do UBS, apesar de notarem “um pequeno aumento no número de famílias com planos em vigor (53% face a 47% em 2024).

Na região do Médio Oriente (41%) e Norte da Ásia (36%), os family offices são os menos propensos a realizar planos de sucessão. Em contraste, os family offices dos EUA (64%) e do Sudeste Asiático (65%) são os mais propensos a tê-los.

Entre as várias razões que levam os milionários a continuarem a adiar frequentemente um plano sucessório está o facto de quase um terço (29%) daqueles sem plano considerar “que os proprietários beneficiários não sentem que isto seja uma prioridade ainda ou que têm ainda muito tempo para o fazer no futuro.” Mais de um quinto (21%) refere que os proprietários beneficiários não decidiram como dividir a sua riqueza, enquanto quase tantos (18%) indicaram que os proprietários não tiveram tempo para discuti-lo.

A crescente instabilidade internacional está a levar as famílias mais abastadas a repensar profundamente a forma como protegem e fazem crescer o seu património. O movimento para ativos considerados mais seguros e a aposta em estratégias de diversificação demonstram uma preocupação em antecipar cenários adversos e salvaguardar o capital face a eventuais choques globais.

Esta tendência evidencia uma maturidade crescente na gestão das grandes fortunas, com decisões cada vez mais fundamentadas na análise de riscos e na resiliência das carteiras. Por outro lado, permanece um paradoxo relevante: apesar do rigor na gestão financeira, muitas destas famílias continuam a descurar a preparação para a sucessão, colocando em risco a continuidade das suas fortunas.

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Endividamento das famílias cai para mínimo histórico de 79,2% do rendimento disponível

Os portugueses nunca estiveram tão pouco endividados em percentagem do seu rendimento, mas o montante total da dívida continua a subir e com isso a aumentar a exposição da banca ao setor imobiliário.

O aparente paradoxo financeiro das famílias portuguesas está espelhado nos últimos dados do Banco de Portugal: enquanto o endividamento cai para mínimos históricos em termos relativos, o valor absoluto dos empréstimos continua a crescer. Esta dinâmica, que à primeira vista pode parecer contraditória, traduz-se num sinal de saúde financeira tanto para as famílias como para o sistema bancário português.

De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira de maio de 2025, publicado pelo Banco de Portugal na quarta-feira, “em 2024, o rácio de endividamento das famílias continuou a trajetória de redução observada na última década e meia, diminuindo 5,4 pontos percentuais face ao final de 2023, para 79,2% do rendimento disponível”, mantendo assim um nível de endividamento abaixo da média da área do euro, que se vislumbra desde 2019. Simultaneamente, “a taxa de variação anual ajustada do stock de empréstimos bancários a famílias continuou a crescer, atingindo 4% em dezembro” do ano passado, refere a instituição liderada por Mário Centeno.

A aparente contradição explica-se pelo significativo aumento do rendimento disponível das famílias, que cresceu mais rapidamente que o seu endividamento. O relatório é claro ao afirmar que “as famílias viram aumentado o rendimento disponível real (7,8%), reforçaram a poupança, que ascendeu a 12,2% do rendimento disponível, e reduziram o endividamento (79,2%)”.

Esta combinação de fatores — rendimento em alta e endividamento relativo em queda — coloca as famílias portuguesas numa posição de maior resiliência financeira. A tendência de desalavancagem, que já dura há mais de uma década, tem contribuído para fortalecer o balanço das famílias, tornando-as mais capazes de resistir a potenciais choques económicos.

Exposição dos bancos ao setor imobiliário permanece elevada

O relatório do Banco de Portugal revela ainda que “o fluxo anual de novos empréstimos à habitação acelerou em 2024, impulsionado por fatores como a evolução das taxas de juro, o aumento do rendimento disponível e as medidas legislativas dirigidas à compra de habitação por jovens”. Esta dinâmica resultou numa taxa de variação anual do stock para 3,2% em dezembro.

Já no segmento do consumo, “os empréstimos mantiveram taxas de crescimento estáveis desde 2021, atingindo 7,5% no final do ano”, mostrando uma tendência consistente de expansão nesta categoria de crédito.

A evolução do endividamento das famílias tem impacto direto no balanço dos bancos portugueses. O relatório destaca que “os empréstimos a famílias garantidos por imóveis continuam a ser a principal componente da exposição ao setor imobiliário, representando 25% do ativo em dezembro de 2024”.

Apesar da elevada exposição ao setor imobiliário, os bancos nacionais mantêm uma carteira de crédito habitação com perfil de risco relativamente baixo.

Esta exposição significativa é, no entanto, acompanhada por uma gestão prudente do risco, que é visível pela “reduzida fração de empréstimos com rácios LTV [rácio entre o valor do empréstimo à habitação e o valor do imóvel] e LSTI [rácio entre a prestação do empréstimo e o rendimento dos mutuários] elevados”, destaca o Banco de Portugal, sublinhando que, “considerando uma amostra representativa dos empréstimos à habitação, 85% apresentam rácios LTV e LSTI entre 0-80% e 0-40%, respetivamente, indicando um menor risco”, destaca o regulador.

Particularmente relevante é também o facto de que a percentagem da carteira que combina rácios elevados (acima de 80% e 40%, respetivamente), situação que potencia a materialização de riscos, ser muito reduzida (0,4%), revelam os dados do Relatório de Estabilidade Financeira. Estes dados sugerem que, apesar da elevada exposição ao setor imobiliário, os bancos nacionais mantêm uma carteira de crédito habitação com perfil de risco relativamente baixo.

Um sinal positivo para a estabilidade financeira

A qualidade da carteira de crédito a famílias permanece também em níveis confortáveis, segundo a análise do Banco de Portugal. O relatório indica que “nos empréstimos para habitação, os efeitos positivos e negativos cancelaram-se, mantendo o rácio [de NPL] em 1,3%”. Já nos empréstimos ao consumo e outros fins, o rácio diminuiu ligeiramente, para 6,1%.

Estes valores fazem parte de um quadro mais amplo em que “o rácio de NPL bruto situava-se em 2,4%, menos 0,2 pontos percentuais do que no final de 2023 e “continuando a convergência para a mediana da área do euro (1,8% em setembro de 2024)”.

Um fator relevante para o dinamismo do crédito à habitação no ano passado foi a implementação de medidas específicas para jovens, como a isenção do pagamento do Imposto Municipal sobre a Transmissão Onerosa de Imóveis (IMT), do Imposto da Selo e de emolumentos, em vigor desde agosto, e ainda o alargamento do regime do Imposto sobre Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) Jovem.

“A introdução do pacote legislativo dirigido aos jovens coincidiu com o período de descida das taxas de juro de referência, que contribuiu para um maior dinamismo no mercado de crédito à habitação”, refere o Banco de Portugal, referindo que “entre julho e dezembro de 2024, o montante de crédito aumentou 55%, o que compara com um aumento de 35% no período homólogo”.

A concretização de um cenário de crescimento da economia e de redução adicional das taxas de juro, já observada desde o segundo semestre de 2024, permitirá melhorar a capacidade de servir a dívida por empresas e famílias, reduzindo-se as situações de vulnerabilidade.

Banco de Portugal

Relatório de Estabilidade Financeira de maio 2025

A combinação de menor endividamento relativo das famílias e um crescimento do stock de crédito representa um cenário favorável para a estabilidade financeira do país.

  • Por um lado, as famílias encontram-se menos vulneráveis a choques financeiros, dado o menor peso da dívida em relação ao seu rendimento disponível.
  • Por outro, o crescimento do stock de crédito tem contribuído para a solidez do sistema bancário, desde que mantidos os atuais critérios prudentes de concessão.

“A concretização de um cenário de crescimento da economia e de redução adicional das taxas de juro, já observada desde o segundo semestre de 2024, permitirá melhorar a capacidade de servir a dívida por empresas e famílias, reduzindo-se as situações de vulnerabilidade”, conclui o Banco de Portugal no seu relatório.

Esta dinâmica virtuosa representa um contraste significativo com o período pré-crise financeira de 2008, quando o endividamento das famílias crescia acima do rendimento, criando vulnerabilidades que se materializaram durante a crise da dívida soberana.

O atual cenário do quadro de financiamento bancário revela uma situação em que tanto as famílias como os bancos aprenderam as lições do passado e estão a construir uma relação mais sustentável com o crédito. “Portugal beneficia de ter um setor financeiro que se reestruturou, recuperou das crises financeiras e de dívida soberana”, lembrou Mário Centeno, governador do Banco de Portugal na apresentação do relatório, notando a importância de garantir essa continuidade.

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Fisco já processou 1,2 milhões de reembolsos. Todas as declarações de IRS Automático foram liquidadas

  • ECO
  • 22 Maio 2025

Ministro das Finanças revelou que todas as declarações de IRS Automático estão liquidada e o prazo médio de pagamento é de 13,4 dias. Campanha de IRS está a decorrer "com normalidade".

O Fisco processou até à data 1,2 milhões de reembolsos, com um prazo médio de pagamento de 13,4 dias. A informação foi avançada pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, em entrevista à RTP3, na qual adiantou ainda que todas as declarações de IRS Automático já foram liquidadas.

Todas as declarações de IRS Automático já estão liquidadas e pagas e o prazo médio de pagamento é de 13,4 dias. O ano passado andava à volta de 12 dias, considerando que houve três dias de inoperacionalidade do sistema, estamos ao mesmo nível do ano passado”, afirmou Joaquim Miranda Sarmento no programa “Grande Entrevista”.

O governante revelou revelou que a Autoridade Tributária (AT) já processou “1,2 milhões de reembolsos” e negou qualquer dificuldade na campanha de IRS. “A campanha de IRS está a decorrer com a normalidade de todos os anos”, afirmou, assinalando apenas o impacto sentido no dia da falha de energia que paralisou o país no final de abril e nos dois dias seguintes.

O prazo para entregar a Modelo 3 ao Fisco termina a 30 de junho e o não cumprimento dessa obrigação declarativa pode resultar na aplicação de uma coima. Os contribuintes abrangidos pelo IRS automático escapam, porém, a essa penalização. Se nada fizerem até 30 de junho, a proposta provisória passa a definitiva e a obrigação declarativa é dada como cumprida. Quanto aos contribuintes que têm agora imposto a pagar ao Fisco, têm até 31 de agosto para o fazer.

Miranda Sarmento admite que crescimento de 2,4% é “exigente”

O ministro das Finanças admitiu ainda que o crescimento económico de 2,4% previsto para este ano é, face aos resultados do primeiro trimestre e à incerteza internacional, “mais exigente”. Recusando que a projeção do Governo deixe de ser válida, vincou apenas que levanta desafios, mas que o Ministério das Finanças continua a contar com uma taxa superior a 2%.

Esta semana, a Comissão Europeia reviu em baixa de uma décima a previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) português deste ano para 1,8%. A projeção é mais pessimista entre as principais instituições económicas, com o Banco de Portugal a ser o mais otimista (2,3%).

Joaquim Miranda Sarmento voltou ainda a comprometer-se com a manutenção de um excedente orçamental no próximo ano, embora Bruxelas também preveja um défice de 0,6%. O executivo comunitário junta-se assim ao Banco de Portugal e ao Conselho das Finanças Públicas, que apontam para um saldo negativo de 1% do PIB.

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Um Amanhã Melhor em Ação: O Caminho da BAT para um Mundo sem Fumo

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  • 22 Maio 2025

Asli Ertonguc, Diretora para a Europa Ocidental e Diretora-Geral para o Reino Unido e Irlanda, revela como a BAT está a acelerar a transição dos fumadores para soluções menos nocivas, sem fumo.

A BAT é líder global em bens de consumo de múltiplas categorias e está empenhada na missão de criar um Mundo sem Fumo. Asli Ertonguc, que lidera a área da Europa Ocidental da empresa e é também Diretora-Geral para o Reino Unido e Irlanda, revela que as alternativas sem fumo da organização já contam com cerca de 30 milhões de utilizadores e representam, atualmente, cerca de 18% do total das receitas da empresa.

Asli Ertonguc, Diretora para a Europa Ocidental e Diretora-Geral para o Reino Unido e Irlanda
A BAT é uma empresa centenária que está a passar por uma verdadeira redefinição da sua identidade e propósito. O que nos pode contar sobre esta jornada?

Celebramos orgulhosamente 123 anos de história, mas posso garantir que a British American Tobacco (BAT) continua totalmente focada no futuro. Na última década, iniciámos uma transformação significativa com o propósito a que chamamos Um Amanhã Melhor. O nosso objetivo passa por criar um Mundo sem Fumo, oferecendo novas alternativas aos consumidores adultos, que, de outra forma, continuariam ou começariam a fumar, para que possam fazer melhores escolhas, e optar por alternativas sustentadas pela ciência, sem efeitos nocivos do tabagismo.

Para alcançar este objetivo, toda a nossa organização está a passar por uma verdadeira transformação. Estamos focados em oferecer produtos sem combustão, incluindo cigarros eletrónicos, produtos de vaping, produtos orais modernos ou bolsas de nicotina. Estas alternativas sem fumo estão no centro da nossa estratégia e estão a transformar a empresa, a forma de trabalhar e os produtos oferecidos aos nossos consumidores.

Queremos tornar-nos, até 2035, uma empresa predominantemente sem fumo – e é nessa direção que toda a nossa organização está a caminhar com os objetivos de dar resposta às expectativas da sociedade e ajudar a moldar o futuro com as melhores opções para consumidores adultos de nicotina.

A BAT tem comunicado com um forte foco na inovação e na transformação do seu portefólio. Como é que isso está a impactar o negócio?

A inovação está no centro da nossa transformação; é um dos pilares fundamentais da nossa estratégia. Para construirmos Um Amanhã Melhor, precisamos de uma abordagem dinâmica, orientada pela ciência, que nos permita desenvolver produtos alinhados com as necessidades e expectativas em constante evolução dos consumidores adultos. É por esta razão que investimos mais de 300 milhões de libras por ano em investigação e desenvolvimento, principalmente, através do nosso centro de inovação em Southampton.

Tudo o que desenvolvemos no nosso portefólio é sustentado por evidências científicas sólidas e toda a nossa pesquisa é revista por partes. De um modo geral, isto funciona como um grande catalisador para a nossa organização. Esta transformação vem, necessariamente, acompanhada de inovação, que traz dinamismo à nossa empresa. A ciência e a inovação andam de mãos dadas e todos os progressos que alcançamos têm na sua génese uma base científica – razão pela qual continuamos a fazer investimentos significativos em investigação e desenvolvimento (I&D).

A BAT acredita num Futuro sem Fumo. Como é que a empresa pretende promover a transição dos cigarros tradicionais para os produtos sem combustão e incentivar os consumidores adultos a optarem por estas alternativas?

Trabalhamos com uma abordagem focada nos nossos consumidores sendo eles o foco de tudo o que fazemos. Investimos fortemente na compreensão das preferências e necessidades dos mesmos, com o objetivo de oferecer alternativas de risco potencialmente reduzido. A inovação e a ciência são fundamentais neste processo.

Como estamos comprometidos em construir um Mundo sem Fumo, temos objetivos claros: até 2035 queremos que 50% das nossas receitas provenham de produtos sem combustão. Só em 2024, alcançámos 3,6 milhões de novos consumidores no nosso portefólio de alternativas sem fumo, aumentando para um total de 29,1 milhões. A nossa ambição passa por alcançar 50 milhões de consumidores de produtos sem combustão até 2030.

Para apoiar esta transição, apostamos, cada vez mais, em investigação e na análise de experiências internacionais bem-sucedidas, para que os fumadores adultos possam compreender os benefícios de Mudar para Melhor. Neste sentido, a Suécia é um bom exemplo, onde os fumadores fizeram, com sucesso, a transição para produtos alternativos de nicotina menos nocivos, tornando-se num dos primeiros países sem fumo do mundo. Atualmente, a taxa de fumadores na Suécia é de cerca de 5%. Este sucesso pode ser atribuído à disponibilidade de produtos alternativos de nicotina no mercado, aumentando, a consciencialização entre consumidores adultos e a um enquadramento regulamentar adequado, que acabou por facilitar o acesso a estes produtos e protegeu o ambiente operacional. A Suécia mostra-nos que é possível, quando a inovação, as necessidades dos consumidores e a saúde pública estão alinhadas.

E quanto ao problema que persiste com a nicotina? Mesmo nos novos produtos, continua a ser um elemento viciante…

Quando falamos sobre danos associados ao tabagismo, é essencial esclarecer que a principal fonte de danos do tabaco não é a nicotina, mas sim a combustão do tabaco. Quando os cigarros são queimados, libertam milhares de substâncias tóxicas, responsáveis pelos efeitos nocivos.

A nicotina, embora viciante, não é carcinogénica. De acordo com o NHS (Serviço Nacional de Saúde) do Reino Unido, a nicotina não causa cancro, doenças pulmonares ou doenças cardíacas. Disto isto, defendemos sempre um consumo responsável. Por exemplo, no que diz respeito ao vaping, aconselhamos o limite de 20 miligramas de nicotina por cartucho, conforme estabelecido pela Diretiva de Produtos de Tabaco da UE. Isto ajuda a garantir uma abordagem equilibrada, proporcionando alternativas eficazes satisfatórias, enquanto apoia a segurança do consumidor e ajuda milhões de fumadores adultos a fazerem uma transição para opções melhores.

Para reforçar os nossos esforços a nível global, lançámos, recentemente o Omni™, o nosso plano para a Redução de Danos do Tabaco. Este recurso mostra como pretendemos expandir o acesso a produtos de risco potencialmente reduzido de forma responsável e adaptada às necessidades locais.

O setor enfrenta desafios significativos, nomeadamente, no que diz respeito aos novos produtos e à regulamentação. Como é que vê o futuro da indústria?

O futuro da indústria do tabaco será moldado pela inovação, pela ciência e por um forte compromisso com a redução de danos. A BAT está profundamente empenhada na Redução de Danos do Tabaco e orgulha-se de estar na linha da frente desta transformação na indústria. Reconhecemos a nossa responsabilidade e estamos comprometidos com esta mudança.

A redução de danos, não é apenas fundamental para a saúde pública – exige também a cooperação de todas as partes interessadas, incluindo entidades reguladoras, autoridades de saúde pública e sociedade em geral. Na BAT compreendemos essa responsabilidade e estamos dedicados a trabalhar de forma colaborativa para integrar a redução de danos nas políticas públicas e torná-las numa realidade concreta para os fumadores em todo o mundo.

Países como a Suécia são a prova clara da eficácia da redução de danos, com uma taxa de fumadores a rondar os 5%, em grande parte devido à disponibilidade e aceitação de produtos alternativos de nicotina, sendo, por esta razão, um exemplo de sucesso. De forma semelhante, temos o caso do Reino Unido que mostrou como a integração da redução de danos nas estratégias nacionais de saúde podem conduzir a reduções significativas na prevalência do tabagismo.

Muitos dos países da União Europeia estabeleceram como objetivo tornar-se livres de fumo até 2040. Com o enquadramento regulamentar certo, isto é, que incentive a inovação, proteja a saúde pública e previna o acesso por parte dos jovens, acreditamos que este objetivo é alcançável. No entanto, o progresso é desigual em toda a UE pois ainda há muito a fazer para garantir a consistência na forma como este tema é compreendido e aplicado. O nosso papel passa por apoiar este percurso, através da inovação contínua, transparência e parcerias.

Asli Ertonguc, Diretora para a Europa Ocidental e Diretora-Geral para o Reino Unido e Irlanda
A Europa definiu como objetivo reduzir a proporção de fumadores para 5% até 2040. Está, inclusivamente, disposta a declarar zonas livres de fumo, tais como os parques, as praias e as esplanadas. Qual é a sua opinião sobre esta medida?

Desencorajar o consumo de tabaco, por si só, não é suficiente. É também necessário oferecer alternativas realistas e fundamentadas cientificamente para os fumadores adultos que não conseguem ou não querem deixar de fumar. Disponibilizar opções viáveis – como bolsas de nicotina, produtos de tabaco aquecido ou vaping – é essencial para ajudar as pessoas a fazerem a transição a partir de produtos sem combustão. Se quisermos realmente reduzir o tabagismo em larga escala, estas alternativas têm de fazer parte da solução.

É igualmente importante que a regulamentação reflita esta abordagem em duas vertentes: reduzir o consumo de tabaco e, ao mesmo tempo, garantir que as alternativas de risco potencialmente reduzido permaneçam acessíveis. Restrições que limitem o acesso a estes produtos, podem atrasar o progresso rumo aos objetivos de uma sociedade sem fumo. Um enquadramento regulamentar equilibrado e com base em evidência científica é fundamental para tornar esta visão numa realidade.

A BAT é uma empresa de múltiplas categorias. Qual é a estratégia e o plano da empresa para o mercado português?

Portugal é um mercado estrategicamente importante para a BAT e estamos muito orgulhosos do progresso que já alcançámos no país. Portugal tem evoluído significativamente na adoção de alternativas sem fumo e reforçámos o nosso compromisso ao tornar o país uma prioridade dentro das nossas operações na Europa Ocidental.

Continuamos a investir no país com um foco claro: alargar o acesso a produtos inovadores e fundamentados pela ciência. O nosso objetivo passa por responder às necessidades em constante evolução dos consumidores adultos portugueses, enquanto apoiamos os esforços nacionais na redução de danos.

Estamos, também, a trabalhar em estreita colaboração com parceiros locais e entidades reguladoras, para garantir que as nossas iniciativas são eficazes e sustentáveis. É um compromisso de longo prazo, e estamos confiantes de que, trabalhando em conjunto, podemos ter um contributo significativo em Portugal.

E, enquanto Diretora da Área da Europa Ocidental e Diretora-Geral para o Reino Unido e Irlanda na BAT, qual é a sua opinião sobre o papel das mulheres na liderança?

A diversidade e a inclusão são elementos centrais da cultura da BAT e são fundamentais para o nosso sucesso a longo prazo. Pessoalmente, assumir este cargo está totalmente alinhado com estes valores, nos quais me revejo, e dos quais me orgulho de fazer parte já que a BAT é uma empresa onde a igualdade de oportunidades não é apenas um princípio, mas sim uma prática. Acreditamos que equipas diversificadas impulsionam a inovação, a criatividade e contribuem para uma melhor tomada de decisões, e estamos comprometidos em construir um ambiente onde todas as pessoas se sintam respeitadas, valorizadas e capacitadas a contribuir, independentemente, do género, origem, nacionalidade ou experiência.

Acredito que a liderança feminina é especialmente importante para moldar ambientes de trabalho inclusivos. Estamos ativamente a trabalhar para aumentar a representação das mulheres em todos os níveis. A 31 de dezembro de 2024, as mulheres representavam 60% do nosso Conselho de Administração, 44% de todos os cargos de gestão e 37% de posição de liderança sénior a nível global. Na Europa Ocidental, especificamente, 60% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, o que é motivo de grande orgulho para nós.

Estamos também a investir numa mudança a longo prazo, através de iniciativas como o nosso programa Women in Leadership (WIL). Mas, para além dos números, trata-se de criar uma cultura inclusiva — uma onde as futuras líderes possam prosperar, crescer e liderar com confiança. Como líder, estou totalmente empenhada em dar continuidade a este progresso e em apoiar um local de trabalho onde todas as vozes sejam ouvidas e todas as contribuições valorizadas.

A sustentabilidade está a tornar-se um elemento incontornável no mundo empresarial atual. Como é que a BAT integra a responsabilidade ambiental e social na sua estratégia global?

A sustentabilidade é um pilar fundamental da estratégia da BAT e está profundamente integrada em todos os aspetos das nossas operações. Estamos comprometidos em construir um Futuro Sustentável, não apenas através do design dos nossos produtos, mas também minimizando o impacto ambiental das nossas fábricas, operações e cadeia de abastecimento. Por exemplo, estabelecemos metas ambiciosas para atingir a neutralidade carbónica nas nossas operações diretas até 2030 e estamos a trabalhar ativamente para reduzir a nossa pegada ambiental global.

Adicionalmente, colaboramos com produtores de tabaco para promover práticas agrícolas sustentáveis que protejam a biodiversidade e garantam a saúde ambiental a longo prazo. Na BAT, procuramos constantemente formas de garantir que a nossa abordagem beneficia tanto a sociedade como o ambiente, pois acreditamos que um negócio resiliente e responsável contribui para um Amanhã Melhor para todos.

Se tivesse de resumir esta conversa, qual seria a principal mensagem que gostaria de partilhar?

A principal mensagem que gostaria de partilhar é que a BAT está a passar por uma transformação significativa, impulsionada pelo nosso compromisso com a sustentabilidade, a inovação e a redução de danos. Estamos empenhados em criar um Mundo Sem Fumo, com metas ambiciosas para o futuro. Até 2030, pretendemos ter 50 milhões de consumidores dos nossos novos produtos sem combustão e, até 2035, esperamos que a maioria das nossas receitas provenha dessas alternativas, face aos atuais 18%.

Esta transformação é sustentada pela ciência, pela tecnologia e pela colaboração com entidades reguladoras, garantindo que oferecemos alternativas de risco potencialmente reduzido que vão ao encontro das necessidades dos consumidores adultos. Orgulhamo-nos do progresso alcançado e estamos comprometidos em contribuir e continuar a construir um Amanhã Melhor, integrando a sustentabilidade e a inclusão em tudo o que fazemos. O nosso foco na inovação, na sustentabilidade e na diversidade está a ajudar-nos a construir um negócio resiliente, que contribui tanto para o bem-estar da sociedade como para o do ambiente.

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Afinal, o que é uma carreira no século XXI?

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  • 22 Maio 2025

A ideia de um trabalho para a vida é cada vez mais uma ideia do passado, e está a ser substituída por percursos profissionais diversos.

Já lá vai o tempo em que se entrava numa empresa para lá ficar uma vida. No segundo episódio do podcast Work Around, promovido pelo ECO com o apoio da Gi Group Holding, discutiu-se o conceito de carreira à luz dos novos tempos — um percurso já longe de ser linear e cada vez mais moldado pela diversidade de experiências.

“Hoje em dia, as pessoas procuram a carreira feita por conjuntos de várias experiências, seja em organizações, seja em funções diversas”, afirma Nuno Cochicho, Service Excellence Manager & Training na Gi Training. Na sua perspetiva, o tradicional modelo de formação à função está em desuso. “Aquele conceito que tínhamos há uns anos largos, em que a pessoa fazia formação e era essa a sua carreira já é raro acontecer”, acrescenta.

A necessidade de adaptação das empresas a este novo paradigma é evidente, sobretudo quando se trata de lidar com múltiplas gerações no mesmo espaço de trabalho. Artur Marinho, responsável de Recursos Humanos na MareDeus, empresa industrial familiar, nota precisamente essa complexidade. “Temos pessoas desde os 60 anos até aos 20. Essas diferenças são cada vez mais notórias e obrigam-nos a uma gestão diferente”, reconhece. Artur Marinho reforça ainda que as novas gerações “têm menos paciência para esperar” e procuram resultados e progressão imediata, o que exige das empresas modelos de gestão mais ágeis e personalizados.

Porém, a transformação não se limita às pessoas. O contexto também mudou. A pandemia, a tecnologia e a globalização criaram novas oportunidades e redesenharam as fronteiras do trabalho. Para Artur Marinho, “a pandemia veio mostrar novas formas de executar tarefas” e aproximou diferentes realidades. “Hoje é possível estar em casa e corresponder à execução das tarefas que antigamente tinham de ser feitas presencialmente”, aponta.

“Estas três variáveis — tecnologia, estilo de vida e globalização — estão intimamente interligadas. A pandemia ajudou-nos a tomar consciência de tudo isto”, confirma Nuno Cochicho. A exigência recai agora sobre as organizações, que precisam de “olhar para as suas equipas de forma diferente” e garantir condições para a realização pessoal e profissional.

"A pandemia veio mostrar novas formas de executar tarefas. Hoje é possível estar em casa e corresponder à execução das tarefas que antigamente tinham de ser feitas presencialmente.”

Artur Marinho, responsável de Recursos Humanos na MareDeus

Esse reposicionamento passa também pela aposta na formação contínua. Os chavões upskilling e reskilling deixaram de ser apenas tendências e são hoje realidades nas empresas que querem manter-se competitivas e capazes de atrair talento. “Dividiria as empresas entre as que apostam verdadeiramente na formação e as que ainda o fazem porque é obrigatório”, diz Nuno Cochicho. Na Gi Training, muitas formações são feitas à medida, adaptadas às necessidades específicas dos clientes.

Na MareDeus, a formação é uma ferramenta estratégica essencial para reter talento e garantir a sustentabilidade do negócio. “Todos os nossos quadros começaram no chão de fábrica”, explica Artur Marinho, que defende um modelo de evolução interna com foco no conhecimento transversal da atividade. “Promovemos muito dentro da MareDeus as formações interdepartamentais. Todos conhecem a tarefa do colega de outro departamento. Amanhã pode haver uma necessidade e sou eu que posso ter de a resolver”, explica.

Essa lógica de proximidade e confiança é um dos segredos da empresa familiar, agora na quarta geração. “Não me interessa estar a obrigar alguém a ter uma formação que não lhe diz nada”, resume. A escuta ativa e a personalização são fundamentais para alinhar as necessidades individuais com os objetivos estratégicos da empresa.

"Dividiria as empresas entre as que apostam verdadeiramente na formação e as que ainda o fazem porque é obrigatório.”

Nuno Cochicho, Service Excellence Manager & Training na Gi Training

Mas o investimento compensa? A resposta é clara para os dois intervenientes. “A longo prazo, acaba por ser muito produtivo”, garante Artur Marinho, apontando o exemplo da resposta eficaz da equipa após uma catástrofe recente que afetou a fábrica. A preparação prévia permitiu que os colaboradores assumissem novas funções sem dificuldades. “Ajudar as nossas pessoas a estar preparadas nunca é um custo, é sempre um investimento de ganho”, assegura.

“Se começarmos a pensar qual é o custo de não investir na formação, as empresas vão perceber que vale a pena. Colaboradores que se sentem parte da organização dão retorno”, remata.

Em pleno século XXI, uma carreira é um percurso feito de escolhas, mudanças e aprendizagens. Saber acompanhar esse movimento é, mais do que uma vantagem, uma necessidade estratégica, garantem os participantes neste segundo episódio.

Assista, no vídeo abaixo, ao segundo episódio completo do podcast Work Around, uma parceria do ECO com a Gi Group Holding. Se preferir, ouça a versão podcast no Spotify e na Apple Podcasts.

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Hospital Universitari General de Catalunya celebra o seu 40º aniversário

  • Servimedia
  • 22 Maio 2025

Celebrou esta quinta-feira o seu 40.º aniversário com um evento institucional que reuniu autoridades, representantes do sistema de saúde catalão, académicos e profissionais de saúde.

O evento foi presidido por Joan Izquierdo, diretor do Hospital Universitari General de Catalunya; Xavier Mate, diretor regional de Quirónsalud Barcelona-Vallès e Josep Maria Vallès, presidente da Câmara Municipal de Sant Cugat. Estiveram também presentes o antigo presidente da Generalitat de Catalunya, José Montilla; os antigos ministros da Saúde, Alba Vergès e Boi Ruiz; os antigos presidentes da Câmara de Sant Cugat, Lluís Recoder e Mercè Conesa, e o presidente honorário da Universidade Internacional da Catalunha, Josep Maria Pujol.

Desde a sua fundação em 1984, os HUGC têm mantido um compromisso com a excelência dos cuidados, a inovação médica e a formação em saúde. Nestas quatro décadas de história, o centro tratou mais de 15 milhões de pacientes, realizou mais de 600.000 intervenções cirúrgicas e contribuiu decisivamente para a formação de milhares de profissionais de saúde na Catalunha, graças à sua estreita colaboração com a Universidade Internacional da Catalunha (UIC).

Como explica o hospital em comunicado, conta atualmente com mais de 90.000 metros quadrados distribuídos por sete pisos e dispõe de 10 blocos operatórios centrais que funcionam semanalmente em pleno.

No último ano, foram efetuadas cerca de 40 000 intervenções cirúrgicas e assistidas mais de 560 000 consultas programadas. Além disso, foram registados mais de 1.500 nascimentos, 20% dos quais prematuros, o que reforça o seu papel fundamental nos cuidados pediátricos e neonatais.

Durante a comemoração, foram revistos os principais marcos que marcaram a história do hospital, desde o seu início com apenas algumas dezenas de camas até à sua consolidação como universidade e referência tecnológica.

“O 40º aniversário é um reconhecimento do esforço constante dos nossos profissionais, do compromisso com a inovação médica e, acima de tudo, da confiança que os cidadãos depositaram em nós”, afirmou Joan Izquierdo. “Continuaremos a trabalhar com a mesma dedicação para prestar cuidados de saúde de excelência, centrados nas pessoas.

Entre as suas realizações mais notáveis contam-se a abertura da Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos (UCIP), equipada com sete camas para os doentes pediátricos mais críticos, a incorporação pioneira da cirurgia robótica, a sua participação ativa em projetos de investigação biomédica de ponta e a sua vocação para o ensino, que a tornou um centro universitário de referência na Catalunha.

Por sua vez, o Dr. Xavier Mate encerrou o evento sublinhando que “nos HUGC, desde o seu nascimento, temos sido claros quanto à ambição do hospital, de prestar os melhores cuidados de saúde aos nossos doentes, e por isso temos um grande hospital e uma magnífica equipa que se tem adaptado às circunstâncias, dando sempre o melhor”. “O futuro do hospital passa por continuar a inovar sem perder a ligação humana que nos define desde o primeiro dia.

Por último, o Presidente da Câmara Municipal de Sant Cugat agradeceu aos médicos e aos profissionais de saúde e não só, pelo trabalho diário que realizam ao cuidar dos doentes com profissionalismo e vocação. “Mais de quinze milhões de pacientes já passaram por aqui e há quarenta anos que é um ponto de referência no domínio da saúde. As portas do hospital estão sempre abertas, é um hospital que vive e é uma parte ativa de Sant Cugat”, concluiu Josep Maria Vallès.

Durante o evento, foi também prestada homenagem aos verdadeiros protagonistas destas quatro décadas: profissionais de saúde históricos, antigos funcionários reformados e doentes, que partilharam as suas memórias e experiências, desde os primórdios do hospital até momentos particularmente complexos, como a pandemia de COVID-19, em que foram atendidas mais de 900 urgências por dia. Nesta nova fase, o HUGC centrar-se-á na digitalização, na promoção de serviços de cuidados essenciais e na melhoria constante da experiência do doente.

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Porto de Leixões: atraso nos investimentos está a prejudicar competitividade da infraestrutura

  • Conteúdo Patrocinado
  • 22 Maio 2025

A Associação Comercial alerta para os atrasos nos investimentos em Leixões, que já se estão a refletir na perda de competitividade do equipamento portuário.

Lançado em 2017, no âmbito da Estratégia para o Aumento da Competitividade da Rede de Portos Comerciais – Horizonte 2026, o plano para a modernização do porto de Leixões previa três intervenções fundamentais: o prolongamento do quebra-mar; o aprofundamento do canal de acesso e da bacia de rotação, e a criação do Novo Terminal de Contentores (NTC). Mais de sete anos depois, o projeto está por concluir e a infraestrutura tem vindo a perder competitividade, registando uma redução média anual de 5% no volume de carga movimentado, nos últimos cinco anos.

Este processo tem merecido vários alertas por parte das instituições regionais, entre as quais a Associação Comercial do Porto (ACP-CCIP), devido à preocupação com o futuro da infraestrutura e o impacto que os atrasos nas intervenções já representam para a operação portuária de Leixões.

Lembrando que a melhoria do canal de acesso e da bacia de rotação estão concluídas, Ricardo Fonseca, ex-presidente da Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) e diretor da ACP-CCIP, atribui a demora na conclusão dos 60 metros finais da extensão do molhe “às condições do mar frequentemente adversas”, que não ajudam ao “cumprimento do calendário”. Quanto ao NTC, o antigo responsável reconhece que o impasse na obra se deve ao facto de a APDL estar a “equacionar uma localização alternativa”, apesar de dispor das “aprovações necessárias, nomeadamente da Agência Portuguesa do Ambiente”.

Jaime Vieira dos Santos, líder da Comunidade Portuária de Leixões entre 2010 e 2022, considera que “nada justifica” este atraso numa obra que estava “devidamente planeada” e entende que as “as alterações do rumo que se fizeram, já em fase de execução, foram fatais”, comprometendo o progresso de uma infraestrutura que já representou mais de 20% do comércio marítimo português.

Impasse sobre a localização do novo terminal

A indefinição sobre a escolha do local para o NTC parece ser o grande obstáculo à renovação do porto de Leixões. Sendo uma peça-chave do plano de 2017, esta estrutura estava prevista ser instalada no atual terminal multiusos, junto ao porto de pesca, permitindo o acostamento dos navios de grande porte.

No final de 2023, no entanto, a APDL optou por reavaliar a escolha e considerar uma localização alternativa no molhe Norte e no antigo terminal petrolífero. Uma decisão que, na perspetiva de Jaime Vieira dos Santos, configura um “acidente grave”. “Ao discutir, de novo, a localização do terminal, esqueceu-se que uma das fases mais difíceis nos projetos de investimento em infraestruturas é justamente a escolha da sua localização, argumenta o ex-líder da Comunidade Portuária, que acrescenta: “procurou-se o ótimo e perdeu-se o foco do bom”.

A este propósito, Ricardo Fonseca lembra que a operação portuária de Leixões está a “lutar contra a falta de espaço”, o que determina que “qualquer atraso na execução de obra, que venha a resolver ou minimizar essa carência, prejudica o futuro” da infraestrutura. “Entre o momento da decisão e a entrada em operação do NTC existe um espaço de tempo significativo”, recorda o antigo presidente da APDL, antevendo dificuldades mesmo que “o processo decorra sem imponderáveis”.

A perda de quota de mercado e os sinais de estagnação

Em 2024, pelo terceiro ano consecutivo, o maior porto da região Norte operou abaixo das 15 milhões de toneladas de carga total movimentada, sendo ultrapassado pelo porto da Corunha como líder do Noroeste Peninsular. Este declínio, na perspetiva de Ricardo Fonseca, explica-se pela “degradação dos cais e terraplenos, em consequência da falta de investimento”, expondo Leixões ao risco de “se desviarem cargas para outros portos, nomeadamente Vigo, que tem excelentes condições naturais”.

Vieira dos Santos reforça a crítica às alterações do projeto para o NTC, assumindo que a opção pelo molhe Norte “vem baralhar as regras do jogo” e obriga a “recomeçar tudo de novo, sem se saber quando”. Ainda assim, o também sócio da Associação Comercial do Porto entende que o “impasse nos investimentos ajuda a explicar” a situação atual, “mas não tudo”, apontando para a falta de “foco no futuro e nos novos mercados daí decorrentes”.

Ricardo Fonseca alerta, ainda, para o “risco” que comporta a perda de carga por “falta de condições” e assinala que, “uma vez perdida” essa vantagem, “é muito difícil recuperar”. “Urge recapacitar a competitividade de Leixões, quer na carga geral, quer nos contentores. E fazer recuperar a orgulhosa imagem de porto de excelência que foi, num esforço coletivo e solidário, como era tradição”, apela o diretor da Associação Comercial do Porto.

Relocalizar Leixões? Um cenário inviável

No início do ano, surgiu no espaço público a ideia de relocalizar a infraestrutura portuária para a zona norte do concelho de Matosinhos. O antigo presidente da APDL não acredita nessa possibilidade e defende que “a melhor opção será apostar no aproveitamento do espaço portuário” disponível. “Deve procurar-se otimizar a gestão desse espaço. É um trabalho que deve ser assumido numa comunhão de ações entre a APDL e os concessionários” argumenta Ricardo Fonseca.

Jaime Vieira dos Santos concorda com esta posição e assume que “não é possível construir um novo porto com a centralidade que Leixões tem” neste momento. Embora reconheça à engenharia portuguesa “capacidade para construir um porto onde quiser”, o ex-presidente da Comunidade Portuária considera que essa opção “não é uma prioridade”. “O porto de Leixões tem de se focar na possibilidade de aumentar a capacidade operacional sem expandir a sua área física ‘intramuros”, defende.

Que futuro para o porto?

Ambos os membros da Associação Comercial do Porto são claros quanto à urgência de agir, para reposicionar esta infraestrutura nortenha no panorama nacional e ibérico. Ricardo Fonseca olha para as próximas concessões como uma oportunidade de se repensar estrategicamente a gestão portuária. “Vivemos tempos de mudança, com uma célere evolução do mundo digital, que obriga a um esforço de atualização permanente para manter a competitividade. É essa garantia que os contratos de concessão devem assegurar”, defende o antigo administrador, reconhecendo que o prazo de cinco anos dos atuais contratos “é curto” e que seria “prudente” ver a APDL negociar a respetiva prorrogação. Isso, não só permitiria “garantir os investimentos necessários” durante um período mais alargado, como assegurava “condições mais vantajosas para abertura do concurso internacional”.

Já o antigo diretor do TCL considera que Leixões “tem de ter ambição de reforçar a sua quota na frente atlântica da Península Ibérica” e de se assumir como “um hub estratégico” nesta região. Acrescentando propostas concretas, Jaime Vieira dos Santos aponta para “a criação de um centro de inovação logística e digital”, assim como a abertura de uma “zona controlada para a economia circular”. “Serão duas ferramentas essenciais para abordar novos mercados como o e-commerce e a reciclagem, para além de fixar os existentes, cada vez mais integrados em cadeias de abastecimento inteligentes e sustentáveis”, sugere Vieira dos Santos, que olha para o desenvolvimento do porto de Leixões como um “imperativo nacional”.

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