Pedra portuguesa “rola” até Itália a exportar quase 500 milhões e a valer 14 mil empregos

Portugal é o sétimo maior produtor e extrator de pedra natural a nível mundial. Mais de meia centena de empresas nacionais estão em Verona a participar na Marmomac, a mais importante feira do setor.

Mais de meia centena de empresas (57) do setor da pedra natural voaram até Verona, em Itália, para marcar presença na Marmomac 2024, a mais importante feira internacional dedicada à fileira, que termina esta sexta-feira. Portugal ocupa a sétima posição dos principais produtores e extratores de pedra natural a nível mundial. No ano passado, o país exportou 488 milhões de euros, essencialmente para França, China e Espanha, equivalendo a 0,6% das vendas de bens portugueses no exterior.

Fonte: Assimagra

O presidente da Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (Assimagra) estima ao ECO que o setor faturou 1,2 mil milhões de euros no ano passado. Em 2022 contabilizava 2.066 empresas (1.652 de transformação e 414 de extração) e 14.052 colaboradores (10.537 da indústria transformadora e 3.515 da extração). “Somos dos setores de atividade que mais valor acrescenta à economia portuguesa, afirma Miguel Goulão.

Somos dos setores de atividade que mais valor acrescenta à economia portuguesa.

Miguel Goulão

Presidente da Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais

Sobre esta participação das empresas nacionais na Marmomac, Miguel Goulão expressa que é o “evento mais importante que se realiza no mundo no setor das rochas ornamentais” e nota que “as empresas portuguesas têm ganho cada vez mais expressão ao longo dos anos no evento”.

O presidente da Assimagra reforça que a presença nesta feira italiana “constitui uma oportunidade estratégica para as empresas portuguesas se posicionarem no epicentro do setor a nível internacional, permitindo-lhes estabelecer ligações com outros profissionais, explorar novas tendências e tecnologias, e consolidar a sua presença global como líderes na indústria da pedra natural”.

Miguel Goulão, presidente da Assimagra

Das 57 empresas portuguesas presentes, 34 são apoiadas pela Assimagra através do projeto conjunto de internacionalização que visa promover e fortalecer a posição nacional no mercado global com o apoio do Portugal2030, Compete2030 e União Europeia, através do Feder.

A Assimagra lidera o projeto Broot – Dialogues from Within que tem o propósito representar alguns dos principais materiais tradicionais portugueses nas mais importantes feiras do setor. Nesta primeira edição da Coleção Broot serão apresentadas 25 peças originais criadas por cinco artistas contemporâneos, entre designers, artistas e arquitetos.

Com curadoria de Gisella Tortoriello, a primeira coleção intitula-se “Dialogues” estreou-se este mês na INDEX Saudi Arabia. Segue-se a Maison et Objet (janeiro 2025), a Milan Design Week (abril 2025), a NYCxDesign (maio 2025) e a Expo Osaka (abril a outubro 2025).

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Inapa. Administrador judicial decide se há insolvência “culposa” que pode responsabilizar gestão

Assembleia de credores da Inapa decide esta sexta-feira o destino da histórica distribuidora de papel portuguesa. Há duas propostas de compra por ativos da holding superiores a 20 milhões de euros.

A assembleia de credores da Inapa decide esta sexta-feira o destino da histórica distribuidora de papel portuguesa, que se apresentou à insolvência a 29 de julho, com duas propostas de compra por ativos da holding superiores a 20 milhões de euros. Um valor que supera largamente os 12 milhões de euros de que precisava para evitar a falência da empresa na Alemanha e, consequentemente, em Portugal. Algo que está a levar os investidores a atirar, mais uma vez, a responsabilidade pelo colapso do grupo para a anterior gestão, que poderia ter avançado com a venda antes da falência, salvaguardando a empresa e os investidores. Cabe agora ao administrador de insolvência avaliar se a insolvência foi “culposa” e agir judicialmente contra a gestão.

O anúncio da falência da Inapa, a um domingo, surpreendeu o mercado. Foi através de um comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) — e já depois de as ações terem sido suspensas a 11 de julho até a empresa revelar que iria adiar o reembolso de uma linha de obrigações — que a Inapa comunicou que o colapso na Alemanha era inevitável, uma vez que não conseguiu aprovação da Parpública, o seu maior acionista, para uma injeção de emergência de 12 milhões de euros, o teria repercussão na atividade da holding, puxando-a também para a falência.

Os contornos do desfecho foram sendo revelados nas semanas seguintes, com a anterior gestão liderada por Frederico Lupi a atirar responsabilidades à Parpública, a quem pedia desde 2020 que participasse num plano de recapitalização da empresa, tendo feito “mais de 50 contactos” com o maior acionista entre 2020 e 2023. Conhecidas foram também as negociações com potenciais interessados na empresa, nomeadamente pelo negócio em França e Portugal.

Os japoneses da Japan Pulp and Paper, que formalizaram esta semana uma oferta de 25 milhões de euros pela Inapa França, admitindo ainda incluir as operações em Portugal na oferta, esteve a negociar com a gestão da Inapa a aquisição do grupo na semana anterior ao fatídico fim de semana do anúncio da falência. E existiam potenciais compradores para a operação de packaging em França — a assembleia de credores vai ainda discutir outra oferta de 20 milhões de euros da Next Pack pela Inapa Packaging. Ofertas que acabaram por não se materializar, mas que, segundo uma associação de pequenos investidores, confirma que a empresa era viável e a insolvência poderia ter sido evitada.

A Inapa França poderia ter sido vendida, cobrindo a injeção de 12 milhões de euros que era precisa”, atira Octávio Viana. Para o presidente da Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM), estas ofertas confirmam que “houve hipóteses de evitar esta insolvência e só não houve porque a gestão não quis“. Diz que a gestão “não foi diligente” e deveria, no mínimo, ter “posto à consideração dos acionistas” as possibilidades em cima da mesa para o futuro da empresa. A Nova Expressão, que detém 10,85% da empresa, chegou a pedir uma Assembleia Geral, mas que acabou por ser retirada após a entrada do processo.

Octávio Viana realça que, “perante estas evidências” estava na mão da gestão, pelo menos, colocar essa informação à disposição dos acionistas”, atestando que o administrador de insolvência da Inapa tem “legitimidade para intentar contra a gestão”. “A gestão falhou em tudo”, acusa.

Instalações da Inapa Portugal, em Sintra.

Ao contrário de outros grandes acionistas, como a Parpública (44,89%), a Nova Expressão (10,85%) e o Novobanco (6,55%), que reuniram com a administração para discutir uma solução para a empresa conseguir o financiamento de 12 milhões de que precisava para evitar o colapso na Alemanha, com repercussão na atividade em Portugal, a Carisvalor, apesar de ter uma posição de quase 5% no capital, bem como outros pequenos acionistas, desconhecia os problemas da empresa. “Não tinha informação. Devia ter sido feita uma AG e propostos caminhos que envolvessem todos os acionistas”, aponta o representante da sociedade, que está a processar individualmente todos os membros da antiga administração e, numa ação popular, a PwC, por não ter colocado reservas à informação divulgada pela empresa.

No relatório e contas relativo ao exercício de 2023, a gestão garantia a continuidade das operações, assegurando que “a administração concluiu que a empresa dispõe de recursos adequados para manter as atividades, não havendo intenção de cessar as atividades no curto prazo, pelo que considerou adequado o uso o pressuposto da continuidade das operações na preparação das demonstrações financeiras.” O documento garantia ainda que existia liquidez suficiente para assegurar a continuidade nos próximos 12 meses. Um relatório que foi aprovado sem reservas pelo auditor.

Durante o processo de insolvência, o administrador de insolvência tem legitimidade para propor ações de responsabilidade civil contra os antigos administradores.

José Costa Pinto

Sócio fundador da Costa Pinto Advogados

Com o processo da Inapa agora em mãos, o administrador Bruno Costa Pereira poderá averiguar se houve gestão culposa. “Durante o processo de insolvência, o administrador de insolvência tem legitimidade para propor ações de responsabilidade civil contra os antigos administradores”, explica José Costa Pinto. Segundo o sócio fundador da Costa Pinto Advogados “existe ainda a possibilidade de o administrador de insolvência requerer a qualificação da insolvência como “culposa”, o que depende sempre dos fatos apurados em concreto, e terá consequências pessoais para os antigos administradores, como sejam a possível inabilitação para exercer cargos de administração ou direção em empresas por determinado período, a responsabilização pessoal pelas dívidas aos credores da sociedade ou mesmo a aplicação de sanções penais em caso de se provar a prática de quaisquer crimes, como fraude ou falsificação de contas”.

Segundo o jurista, “a atuação dos administradores está vinculada a deveres de cuidado e lealdade na gestão das sociedades, deveres esses que são concretizados na factualidade concreta de cada caso”. “Estes deveres orientam a atuação dos administradores. É fundamental avaliar se neste caso concreto houve falhas por parte dos administradores, seja por ação ou omissão, no que respeita à qualidade e à veracidade da informação que partilharam com os acionistas, com o regulador e com os interessados em geral“. E existindo situações de omissão de prestação de informações ou divulgação de informações incorretas ou mesmo falsas, “tais ações podem resultar na responsabilidade pessoal dos administradores”, completa.

Investidores “vão receber zero”

Na assembleia de credores agendada para esta sexta-feira será decidida a sorte da empresa, nomeadamente se a companhia é liquidada e os seus ativos vendidos, ou se segue para PER (Processo Especial de Revitalização). Num caso ou no outro, Octávio Viana alerta que para os investidores o mais certo é não recuperarem nada dos seus investimentos.

Mesmo que se vá para PER, a probabilidade de [os investidores] recuperarem uma parte que seja dos investimentos é muito diminuta.

Octávio Viana

Presidente da ATM

“Mesmo que se vá para PER, a probabilidade de [os investidores] recuperarem uma parte que seja dos investimentos é muito diminuta”, avisa. “Os acionistas não vão recuperar absolutamente nada. Nem há garantia que os credores recebam nada”, reforça o representante da associação de pequenos investidores.

Num processo de insolvência, os pequenos investidores, que detêm 37,7% da empresa, são os últimos a receber. Em primeiro lugar está o próprio Estado e os trabalhadores, seguindo-se os detentores de dívida sénior, subordinada, as ações preferenciais e, em último, as ações ordinárias. Uma vez iniciado o processo de insolvência, o próximo passo será a liquidação do património da empresa e a repartição do produto obtido pelos credores, processo este que poderá demorar, por lei, até três anos.

Do BES à Papelaria Fernandes

Apesar de esta falência ser mais mediatizada, este não é um caso único na bolsa portuguesa. Têm sido vários os casos em que os investidores nacionais são confrontados com situações em que veem as suas posições reduzidas a zero. Além do colapso do Grupo BES, no verão de 2014, com repercussões na Portugal Telecom, há várias outras empresas na bolsa que estiveram envolvidas em processos criminosos ou em que houve responsabilidade da gestão.

Desde logo na banca, nomes como o BPP ou o BPN são exemplos disso mesmo. Entre as mais pequenas, casos como a Orey Antunes ou a Papelaria Fernandes, em 2009, também terminaram com processos de insolvência.

Octávio Viana destaca, porém, que hoje “há regras mais pesadas, até sobre os auditores”, que estão agora sobre a alçada da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Em relação ao caso concreto da Inapa, o supervisor do mercado de capitais não confirma nem desmente que esteja a desenvolver qualquer ação de investigação à PwC no âmbito do seu papel enquanto auditor das contas da Inapa, que recentemente abriu falência.

Sem mencionar qualquer situação específica, José Miguel Almeida, administrador da CMVM, referiu apenas que o regulador “não pode ficar indiferente” face a situações de “grande impacto” no mercado.

“A Inapa, como qualquer sociedade cotada, tem o dever de regularmente apresentar um conjunto de informação à entidade reguladora, que no caso é a Comissão de Mercado dos Valores Imobiliários, e essa informação, obviamente, tem de ser uma informação atual, tem de refletir exatamente a situação concreta da empresa de forma transparente e credível”, explica José Costa Pina. “O que a CMVM pode fazer é aumentar o grau de monitorização da sociedade, pedindo informações, verificando o cumprimento dos prazos de envio de informação que estão previstos na lei”, acrescenta.

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Lisboa, Oeiras e Setúbal lideram absorção de fundos do PRR

De acordo com os cálculos da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, com dados até agosto, a primeira empresa surge em 15.º e é a Bondalti.

São três os municípios que lideram a absorção de fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR): Lisboa, Oeiras e Setúbal. De acordo com os cálculos elaborados pela Comissão Nacional de Acompanhamento (CNA) da bazuca europeia, para encontrar os cinco maiores beneficiários finais do PRR em cada Comunidade Intermunicipal (CIM), a primeira empresa surge em 15.º e é a Bondalti, na região de Aveiro. Mas, se a avaliação for feita com base no grupo Bondalti, então este sobe para sexto lugar.

Apesar de esta ser uma fotografia estática, já que ainda estão em curso candidaturas, concursos e execuções, é possível fazer algumas leituras que “podem servir de base para reflexão de todos os atores públicos e privados e dos decisores políticos”, explica Pedro Dominguinhos.

Identificando os cinco maiores beneficiários finais do PRR em cada Comunidade Intermunicipal (CIM) do continente – as regiões autónomas ficaram de fora devido à forma como as verbas são pagas, explicou Dominguinhos ao ECO – é possível concluir, com dados até agosto, que as 11 primeiras entidades fazem parte da Área Metropolitana de Lisboa, da Área Metropolitana do Porto, da Região de Aveiro e da Região de Coimbra.

Num ranking composto por 115 entidades (cinco por CIM), 45 são câmaras municipais e concentram 1,5 mil milhões de euros comprometidos, ou seja, 44% do valor total. Lisboa lidera o pódio com 200,8 milhões de euros, seguida de Oeiras (169 milhões), Setúbal (150,9 milhões) e Matosinhos (96,5 milhões).

Esta predominância dos municípios contraria as primeiras críticas dos autarcas de que havia poucas verbas dirigidas aos municípios e é um reflexo do reforço das verbas para escolas e centros de saúde, conseguido no âmbito da reprogramação da bazuca. Precisamente, as áreas alvo de descentralização de competências e que ajudaram a apaziguar os autarcas mais insatisfeitos. “É uma reforma do PRR a dar resultados”, sublinha ao ECO Pedro Dominguinhos, sublinhando que os números revelam as câmaras que “tiveram maior capacidade e dinamismo para criar sinergias entre diferentes programas numa lógica de coesão territorial”, acrescentou.

Já com o novo Executivo, os autarcas assinaram um termo de responsabilidade para acelerar a execução do PRR, ao nível da construção de habitações a custos controlados, substituindo-se ao Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) na análise das candidaturas. Entre 5 junho e 18 de setembro, os pagamentos aos municípios e áreas metropolitanas aumentaram 31,22%, enquanto às empresas subiram 1,4%, de acordo com a monitorização semanal da estrutura de missão Recuperar Portugal.

A análise aos maiores beneficiários finais do PRR em cada Comunidade Intermunicipal do continente feito pela CNA mostra que as 115 entidades identificadas representam 30,2% do valor total comprometido à data da análise (11,2 mil milhões de euros). Globalmente, no final de agosto, os beneficiários finais do PRR com projetos financiados eram mais de 155 mil. Destas 115 entidades, 26 são empresas com 522 milhões (15,3% do valor total).

A Bondalti Chemicals e a Bondalti H2, que integram várias agendas mobilizadoras, são as duas empresas (do mesmo grupo) que mais fundos têm atribuídos (57,65 e 56,25 milhões de euros, respetivamente). A primeira integra três agendas mobilizadoras e a segunda partilha uma delas. O objetivo é criar uma fábrica, juntamente com a Air Liquide, para produzir hidrogénio verde. A Bondalti Chemicals pretende incorporar energias renováveis em processos intensivos em energia, para reduzir o impacto ambiental dos processos produtivos do complexo industrial de Estarreja e criar um novo ecossistema tecnológico na área das baterias que pretende destacar a indústria nacional no mercado global.

Segue-se a Caima com 31,8 milhões de euros, fruto da sua participação em duas agendas mobilizadoras distintas: uma que visa criar e consolidar uma fileira nacional da indústria têxtil e vestuário inovadora, sustentável e circular, através do desenvolvimento de produtos e materiais têxteis rastreáveis, de origem biológica, renovável e outra que pretende gerar uma mudança estrutural do setor florestal, intervindo em toda a cadeia de valor rumo à transição digital, resiliência económica e neutralidade carbónica, impulsionando a sustentabilidade da floresta.

E em quarto lugar está a Somicor com 30,16 milhões de euros que representam 22% dos fundos da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo. A empresa que explora cobre e zinco nas minas de Neves Corvo tem apoio para comprar novos equipamentos que garantam a execução de processos energeticamente e ambientalmente mais sustentáveis e que maximizem positivamente o impacto social.

Mas esta é uma identificação por líderes nas CIM. Ou seja, a Navigator que tem inúmeros projetos espalhados pelo país, é uma das maiores beneficiárias do PRR com 149,98 milhões de euros comprometidos, mas não surge no TOP5 de todas asCIM onde está presente. Logo a atrás do município de Setúbal e à frente CEIIA – Centro de engenharia e desenvolvimento (142,69 milhões de euros).

O PRR, através das agendas mobilizadoras, foi uma oportunidade para as grandes empresas poderem aceder a apoios europeus, alavancando consigo PME e instituições do ensino superior, já que, salvo em casos de copromoção, não podem aceder ao Portugal 2030. Pedro Dominguinhos recorda ainda que o efeito multiplicador dos incentivos às empresas é muito maior. “Se os municípios, instituições de ensino superior e centro tecnológicos muitas vezes têm o seu investimento financiado a 100%, as empresas têm taxas de cofinanciamento de 35% ou até mesmo 15%. Logo o mesmo incentivo representa um efeito reprodutivo muito maior”, explica.

O levantamento mostra ainda que 21 instituições de ensino superior concentram 832 milhões de euros, ou seja, 24% do valor total, com as Universidades de Aveiro (102,38 milhões de euros), do Porto (95,93 milhões), de Coimbra (85,82 milhões) e Universidade Nova de Lisboa (79,79 milhões). “São instituições que revelam uma grande experiência e maturidade em candidaturas a programas competitivos, revelando um elevado grau de eficiência na absorção dos mesmos e que deveriam ser um exemplo para quem prossegue políticas públicas”, sublinhou Pedro Dominguinhos. Com candidaturas aprovadas de dois a 20 milhões de euros, o presidente da CNA frisa que a o mérito não é uma questão de dimensão, mas sim de capacitação institucional muito relevante. “Uma lição a aprender”, conclui.

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Orçamento aprovado garante Governo no poder pelo menos até 2026

Marcelo não pode dissolver o Parlamento a partir do segundo semestre de 2025, devido a eleições presidenciais em janeiro.

O calendário tornou-se (mais uma vez) uma peça determinante no xadrez da política portuguesa, tendo desta vez Marcelo Rebelo de Sousa na posição central. As eleições presidenciais de 2026 condicionam o espaço de manobra e só há uma certeza: se o Orçamento do Estado for viabilizado, o Governo tem o seu futuro garantido pelo menos até 2026, mesmo que a proposta orçamental referente a esse ano fique pelo caminho.

A Constituição Portuguesa estipula que a Assembleia da República não pode ser dissolvida no último semestre do mandato do Presidente da República, ou seja, Marcelo Rebelo de Sousa só tem até ao final de junho de 2025 para o fazer, uma vez que as presidenciais estão previstas para janeiro de 2026. Significa isto que caso o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) seja viabilizado, o Governo ficará em funções pelo menos até 2026, mesmo que em outubro de 2025 a proposta orçamental para 2026 fique pelo caminho.

Por outro lado, se não houver Orçamento, Marcelo Rebelo de Sousa já sinalizou que “há crise política e económica”. Os politólogos consultados pelo ECO consideram que a convocação de eleições antecipadas pelo Chefe de Estado é uma questão de “coerência” face ao passado.

Do ponto de vista constitucional [Marcelo Rebelo de Sousa] não é obrigado a convocar eleições. Do ponto de vista da coerência política uma vez que já o fez anteriormente, por outro Orçamento não ter sido aprovado em 2022, há já um precedente em que o fez“, considera Paula Espírito Santo, investigadora do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP).

Para a politóloga, isto “não constituí nenhuma norma, nem aspeto formal, mas politicamente o mesmo PR já teve essa iniciativa”.

Na mesma linha, André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, afirma que “o Presidente da República está refém das próprias decisões no passado”, considerando que “não tem de convocar, mas será difícil face ao que tem sido o perfil da sua atuação que não convoque“.

“Foi o próprio Presidente, ao contrário do que fez Cavaco Silva, que não exigiu que a Aliança Democrática para governar tivesse uma plataforma estável. Aceitou não só que não governasse sem maioria absoluta, como é uma maioria exígua”, disse, considerando que está em causa também uma questão de “consistência” face ao passado.

André Azevedo Alves considera também que, “em especial nos últimos dias, as pressões que tem feito – principalmente sobre o PS -, em que procura aumentar as probabilidades”, podem ter o efeito contrário ao “colocar Pedro Nuno Santos numa situação difícil no PS”.

É prudente não gerar posição de humilhação e pressão de tal ordem sobre Pedro Nuno Santos para que viabilize o Orçamento“, argumenta.

No entanto, José Adelino Maltez, cientista político e professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas – Universidade de Lisboa, considera que “o Presidente está com medo”, porque “não quer acabar com o registo de três dissoluções, um recorde“. O politólogo considera que o Presidente é “irrelevante neste processo”, porque “são os dois partidos que estão a ponderar o que fazer” consoante “os microestudos/sondagens internas que tenham”.

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O que dizem os empresários e gestores sobre a viabilização do Orçamento do Estado? Leia aqui as respostas

  • ECO
  • 27 Setembro 2024

Aprovar o Orçamento do Estado para 2025 é "fundamental" para garantir a estabilidade de que as empresas precisam, alertam os líderes empresariais ouvidos pelo ECO.

 

Mais de quatro dezenas de empresários e gestores ouvidos pelo ECO concordam que é preciso aprovar o Orçamento do Estado para 2025, de forma a garantir um quadro de estabilidade e evitar mergulhar o país numa nova situação de ingovernabilidade. Já num hipotético cenário de chumbo da proposta do Executivo, as opiniões dividem-se entre a opção de governar em duodécimos e a convocação de eleições antecipadas.

Percorra a fotogaleria para ler a opinião dos líderes empresariais sobre o OE2025.

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Empresários e gestores ‘exigem’ aprovação do orçamento. Estabilidade acima de divergências políticas

Mais de quatro dezenas de empresários, gestores e líderes associativos afirmam que a aprovação do Orçamento é "fundamental" para garantir estabilidade e previsibilidade para as empresas e economia.

As negociações para a viabilização do Orçamento do Estado entram esta sexta-feira num momento crucial, com o encontro entre o primeiro-ministro Luís Montenegro e o líder do partido socialista, Pedro Nuno Santos, a dominar a agenda. Desta reunião poderá sair (ou não) um entendimento para trabalhar numa proposta que permita a aprovação do Orçamento para 2025. Questionados pelo ECO, mais de quatro dezenas de decisores empresariais não têm dúvidas: É preciso aprovar o Orçamento e garantir um quadro de estabilidade, evitando conduzir o país a uma situação de ingovernabilidade. Num cenário de chumbo do diploma, as opiniões dividem-se entre a opção pela governação em duodécimos e a convocação de eleições antecipadas.

O ECO ouviu 44 empresários, gestores e presidentes de associações empresariais sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2025. Questionados sobre se a proposta deve ser aprovado, a resposta é (praticamente) unânime: Aprovar o Orçamento é “fundamental” para garantir a estabilidade essencial para as empresas desenvolverem a sua atividade. Mas, o que fazer caso não seja aprovado? Aqui, as respostas dividem-se quase a meio: Uns dizem que sem orçamento não há outra solução a não ser marcar novas eleições, enquanto outros defendem a manutenção do Governo com duodécimos ou outros entendimentos na Assembleia da República.

Carlos Mota Santos é líder do maior grupo de infraestruturas nacional, a Mota-Engil, com negócios em vários continentes. “Acho que temos de ter um Orçamento do Estado para 2025 e que não deve haver eleições. O país não pode andar sistematicamente em eleições e com tudo parado. É inviável para a economia e para as empresas”. E o gestor deixa um pedido, implicitamente dirigido a Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos. “Espero que haja sentido de responsabilidade de todos“.

O país não pode andar sistematicamente em eleições e com tudo parado. É inviável para a economia e para as empresas.

Carlos Mota Santos

Os empresários, neste momento, preferem um Orçamento do Estado aprovado, mesmo que possam ter discordâncias de diversa ordem em relação a várias das medidas que preconize“, sentencia João Vieira Lopes. Para o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a esmagadora maioria dos empresários “não simpatiza com a ideia de haver um novo ato eleitoral a curto prazo, até porque os indícios que nos dão as sondagens apontam para que não será provável uma grande alteração nos resultados das mesmas.”

“Deve haver um orçamento aprovado para que não se provoque uma crise política e económica desnecessária”, reforça Stephan Morais. Para o Presidente da direção da APCRI, Associação Portuguesa De Capital De Risco, “o investimento necessita de estabilidade e sem orçamento isso não é possível. Há boas propostas base para incentivar o investimento em PMEs e startups neste orçamento, mas ainda há espaço para melhorar o ambiente de investimento de forma geral.”

Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEP, clama que “as empresas precisam de estabilidade e previsibilidade, muito importantes no mundo dos negócios.” “Já basta o elevado clima de incerteza de origem internacional, nomeadamente de cariz geopolítico, pelo que tudo o que depender de nós (contexto nacional) deve ser bem acautelado. E a aprovação do Orçamento do Estado é precisamente um exemplo”. “Este Governo está a fazer o caminho que deve ser feito e o Orçamento do Estado deve ser aprovado. É preciso ter um Orçamento para ter o país a ser gerido“, reforça José Germano de Sousa, presidente da Associação de Empresas Familiares.

Portugal e os portugueses têm feito um esforço muito significativo para chegarmos ao ponto onde estamos. Estamos melhor do que estávamos há vários anos, mas ainda temos muito a fazer pela frente.

João Pedro Oliveira e Costa

CEO do BPI

Depois de uma troca de farpas trocadas entre o primeiro-ministro e o líder da oposição, Luís Montenegro reúne-se esta sexta com Pedro Nuno Santos, quatro dias depois de Montenegro já ter recebido, em S. Bento, os presidentes do Chega e da Iniciativa Liberal. Este encontro é especialmente importante, uma vez que o Presidente da República já avisou que tudo o que seja não ter um orçamento é uma má solução. Já o primeiro-ministro, em resposta às acusações de Pedro Nuno Santos sobre a falta de uma “vontade séria” para negociar o Orçamento, disse estar disposto para dialogar e explorar todas as possibilidades para um entendimento, garantindo que “o Governo vai esgotar de forma paciente, de forma empenhada, de forma aberta, de forma dialogante todas as possibilidades para que, na Assembleia da República, a proposta não seja inviabilizada”. Esta é também a vontade dos empresários, que querem ver o Governo aprovado.

Qualquer situação que crie instabilidade política reflete-se e é crítica para o regular funcionamento dos agentes económicos e descredibiliza-nos internacionalmente.

Pedro Leitão

CEO do Banco Montepio

“Portugal e os portugueses têm feito um esforço muito significativo para chegarmos ao ponto onde estamos. Estamos melhor do que estávamos há vários anos, mas ainda temos muito a fazer pela frente”, realça João Pedro Oliveira e Costa. Para o CEO do BPI, “o momento atual é uma oportunidade que não nos podemos dar ao luxo de perder e as futuras gerações não nos vão perdoar. Seria imperdoável que o OE não fosse aprovado.”

Pedro Leitão, CEO do Banco Montepio, concorda com o líder do BPI, mostrando-se preocupado com a instabilidade. “Qualquer situação que crie instabilidade política reflete-se e é crítica para o regular funcionamento dos agentes económicos e descredibiliza-nos internacionalmente, por exemplo, perante as agências de notação financeira, pelo que acredito ser do interesse nacional que o Governo e os partidos com assento parlamentar cheguem a um consenso rapidamente.”

Sendo este o primeiro orçamento deste Governo como de qualquer primeiro orçamento de qualquer Governo, naturalmente deve ser aprovado ou por maioria ou por efeito de uma abstenção generalizada. Votar contra só se justifica se existir uma maioria alternativa capaz de aprovar um outro orçamento“, justifica o gestor António Ramalho, advisor da consultora Alvarez & Marsal. Mas, e o que se deve passar a seguir? “⁠Caso o orçamento não seja aprovado, considero negativo o recurso imediato a eleições. Depois de Mota Pinto, depois de António Costa, um terceiro recurso a eleições por efeito do chumbo do orçamento torna a sua apresentação uma autêntica moção de confiança. E colocar qualquer governo atual ou futuro perante moções de confiança anuais não só representa uma subversão constitucional como contribui para a instabilidade do nosso sistema político“.

Este Governo está a fazer o caminho que deve ser feito e o Orçamento do Estado deve ser aprovado. É preciso ter um Orçamento para ter o país a ser gerido.

José Germano de Sousa

Presidente da Associação das Empresas Familiares

Mais do que discussões palacianas, ilustradas por coreografias bacocas sobre encontros, reuniões ou ‘traições encapotadas’ que só descredibilizam a política (ainda mais) os partidos deveriam sentar-se e falar abertamente sobre os temas em questão. Com a responsabilidade que devem a quem os elegeu e a quem paga impostos”, atira Carlos Lobo, economista, especialista em Finanças Públicas e impostos, e professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, apelando a um entendimento ao Centro, entre a AD e o PS.

Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, insiste na estabilidade política. “A proposta deve ser negociada, tendo em conta o quadro parlamentar que resultou das eleições e suporta o atual Governo. E fundamental que haja condições de governabilidade, viabilizando o orçamento que sair da negociação. E viabilizar deve ser entendido como responsabilizar quem governa“.

Perante o contexto geopolítico global, Nuno Fernandes Thomaz, não tem dúvidas sobre o que deve ser o desfecho deste processo. “A proposta do OE tem que ser aprovada! Acrescentar outro nível de incerteza (nacional) ao contexto internacional complexo seria não só irresponsável como grave para os portugueses“. O gestor, partner da sociedade CoreCapital, assinala outro ponto. “Além disso o que separa o Governo e o principal partido da oposição no OE não é assim tão significativo e insanável”. Mas Fernandes Thomaz entende, ainda assim, que um chumbo do orçamento não deve conduzir a eleições antecipadas. “Se a proposta de OE não for aprovada o Governo deve manter-se em funções. Ter 3 eleições em 3 anos seria uma loucura.

Ingovernabilidade compromete PRR e futuro do país

Um dos temas que afasta mais o Governo e o PS é o IRS Jovem, um diploma que já foi enviada ao Parlamento, e deverá atirar as contas públicas novamente para o défice dentro de dois anos. Este tema é considerado uma das “prioridades” do Governo e um dos dossiês mais contestados pelo partido socialista. Mas PS e Governo têm ainda outras discórdias naquilo que são as medidas fiscais do Executivo.

O Governo quer baixar a taxa do IRC de 21% para 15% à razão de dois pontos percentuais ao ano até ao final da legislatura. Face à imediata oposição do PS, o Governo decidiu retirar a matéria do âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) e enviou para o Parlamento propostas de autorização legislativa. O objetivo seria viabilizar a descida do IRC com o apoio do Chega e da IL à margem do OE, através de diplomas autónomos. Os projetos já deram entrada nos serviços da Assembleia da República ainda antes das férias do verão, mas ainda não foram agendados para debate, deixando assim margem de manobra para um possível entendimento entre Governo e socialistas.

Já o novo IRS Jovem destina-se a pessoas até aos 35 anos de idade e prevê uma redução para um terço das taxas de IRS atualmente em vigor, até um máximo de 15% para quem aufira rendimentos coletáveis até ao 8.º escalão.

O orçamento prevê também a continuação dos apoios diretos às famílias, nomeadamente através da redução das taxas de IRS para os rendimentos médios e baixos. Isso é especialmente relevante num período de alta inflação, ajudando as famílias a manter o seu poder de compra.

Ricardo Costa

CEO do Grupo Bernardo da Costa

José Theotónio alerta para um dos maiores riscos associados ao chumbo do Orçamento. “A proposta deve ser aprovada, o que o país menos precisa é de voltar a ter eleições. A execução do PRR está toda atrasada e se não houver um esforço grande para o recuperar perdemos aquilo a que todos chamam como a nossa última oportunidade”. Por isso, afirma o CEO do grupo Pestana, “deve haver um esforço efetivo de negociação entre o governo e a oposição mas o governo tem de se rever no orçamento, não pode governar com um orçamento de outros“. Assim, gestor do maior grupo hoteleiro nacional afirma que se deve evitar novas eleições. Mas admite o regresso às urnas num cenário extremo: “Só com um parlamento a aprovar leis contra as políticas do Governo em funções, porque isso criaria uma situação insustentável e ter-se-ia que ir para novo ato eleitoral, que muito provavelmente resultaria num quadro parlamentar muito semelhante e por isso não resolveria nada“.

“O orçamento prevê também a continuação dos apoios diretos às famílias, nomeadamente através da redução das taxas de IRS para os rendimentos médios e baixos. Isso é especialmente relevante num período de alta inflação, ajudando as famílias a manter o seu poder de compra”, argumenta Ricardo Costa. Para o CEO do Grupo Bernardo da Costa, “rejeitar este orçamento não seria apenas rejeitar um conjunto de medidas financeiras, mas recusar investimentos fundamentais na saúde, educação e bem-estar das pessoas, além de negar ao Governo eleito a possibilidade de implementar plenamente o seu programa.”

Ao nível das empresas, o Governo avançou com um pacote com 60 medidas para a Economia. Para Luís Cabaço Martins, presidente da ANTROP — Associação Nacional de Transportes de Passageiros, “o Orçamento de Estado não pode deixar de ter uma marca clara de apoio ao tecido empresarial que é o motor da economia, e medidas de incentivo ao investimento. A componente fiscal é absolutamente essencial, seja ao nível do IRC, em que defendemos uma redução gradual das taxas, assim como na eliminação das tributações autónomas, e uma redução da tributação da Segurança social em algumas rubricas salariais”. Estas medidas, associadas a alguns incentivos ao nível dos benefícios fiscais, que levarão a uma melhoria dos aumentos salariais, “estaremos assim a criar um ciclo virtuoso na economia, favorável ao desenvolvimento sustentado do nosso país.”

O país precisa de um Orçamento do Estado que promova a confiança e crie condições de atratividade para investidores, nacionais e internacionais, permitindo que áreas estratégicas, como o imobiliário e o turismo – cada vez mais qualificado e de qualidade – continuem a ser motores de desenvolvimento.

José Cardoso Botelho

CEO da Vanguard Properties

“O país precisa de um Orçamento do Estado que promova a confiança e crie condições de atratividade para investidores, nacionais e internacionais, permitindo que áreas estratégicas, como o imobiliário e o turismo – cada vez mais qualificado e de qualidade – continuem a ser motores de desenvolvimento e que impulsionem outros setores com capacidade de gerar maior valor acrescentado”, acrescenta José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties.

José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), destaca que “seria fundamental aproveitar o Orçamento do Estado para se introduzirem estímulos fiscais à poupança para a reforma, atentos os cenários de redução previsível do valor das pensões públicas a curto/médio prazo, e também de incentivos para a contratação de seguros de saúde que possam ajudar a ultrapassar as dificuldades que o país sente em matéria de acesso a cuidados de saúde.”

É importante termos um governo a trabalhar com um orçamento aprovado que promova o crescimento económico (desde logo aproveitando o PRR) e que tenha a preocupação de manter as contas públicas equilibradas com redução do crescimento da despesa.

Pedro Carvalho

CEO da Generali Tranquilidade

Para Pedro Carvalho, CEO da Generali Tranquilidade, “é importante termos um governo a trabalhar com um orçamento aprovado que promova o crescimento económico (desde logo aproveitando o PRR) e que tenha a preocupação de manter as contas públicas equilibradas com redução do crescimento da despesa. A despesa corresponde a impostos (no imediato e a prazo) pelo que de pouco nos adianta cortar este ou aquele imposto sem reduzir despesa“, avisa. “É fundamental resistir à adoção de medidas populistas de curto prazo, como o novo IRS jovem, que, de acordo com o Conselho das Finanças Públicas, poderá ter impactos negativos significativos no défice“, realça Rui Assis, CEO da Assis Business Partners.

Uma das grandes preocupações dos empresários tem que ver com a execução do Plano de Recuperação e Resiliência e os fundos do PT2020 e PT2030. “Temos um PRR na iminência de falhar, um PT2020 para encerrar e um PT2030 que quase não começou. [Um chumbo do OE] põe em causa a sustentabilidade das contas públicas“, avisa César Araújo, CEO da Calvelex. O empresário defende, por isso, que “as eleições não interessam a ninguém. O OE tem mesmo que ser aprovado, porque o Presidente da República já disse que vamos para eleições se o OE não for aprovado. É um pesadelo para a economia“.

Luís Guimarães, empresário e presidente da Polopiqué, está particularmente pessimista em relação ao futuro, e acaba por ser uma exceção na defesa da aprovação do Orçamento do Estado. “Da maneira que o Orçamento de Estado está a ser apresentado, não deve ser aprovado, isto porque não mostra nada de novo, mas como estamos habituados a governar para quem vier a seguir que feche a porta“. Assim, acrescenta o empresário têxtil, “infelizmente não vejo neste país pessoas de facto que se interessem pela causa pública e nos tirem desta realidade social e económica em que vivemos há mais de 40 anos. Este país poderia e devia ser um dos países mais ricos da Europa, mas infelizmente não temos governantes a altura que tenho a visão de tirar-nos deste buraco em que nos encontramos há décadas.

Temos um PRR na iminência de falhar, um PT2020 para encerrar e um PT2030 que quase não começou. [Um chumbo do OE] põe em causa a sustentabilidade das contas públicas.

César Araújo

CEO da Calvelex

Portugal não pode entrar num ciclo de ingovernabilidade, como aquele que tem vivido nos últimos três anos“, refere, por seu lado, Nuno Botelho. Para o presidente da Associação Comercial do Porto, “seria um ato de grande irresponsabilidade se tal acontecesse, uma vez que o quadro macroeconómico atual, ainda muito marcado por inflação e taxas de juro elevadas, por sinais de contração em algumas das principais economias europeias e por tensões geopolíticas diversas, aconselha a que haja consistência nas políticas públicas e continuidade em algumas das reformas e investimentos que estão em curso. Sabemos, por exemplo, o que representou a demissão do anterior Governo em termos de execução do PRR.”

O presidente executivo do grupo Delta, Rui Miguel Nabeiro, não tem dúvidas. “Creio que é do interesse de todos termos um Orçamento do Estado e evitar a todo o custo uma nova crise política que traga mais instabilidade e lance o país na incerteza“.

Miguel Pinto, diretor-geral da Continental Advanced Antenna Portugal, avisa que “se o Orçamento do Estado não for aprovado, será extremamente difícil para o Governo manter-se em funções, uma vez que ficaria limitado à gestão por duodécimos, restringindo severamente a sua capacidade de ação”. “Esta situação poderá comprometer os prazos do Plano de Recuperação e Resiliência e do Portugal 2030, além de prejudicar a implementação de algumas medidas que as empresas têm reivindicado, como a redução fiscal, a promoção de ganhos de escala para as empresas, o financiamento e a capitalização, bem como a qualificação e atração de mão-de-obra qualificada, entre outras”, explica Miguel Pinto.

E se não houver Orçamento?

Apesar de um cenário de eleições não agradar a ninguém, mais de metade dos empresários questionados pelo ECO admite que poderá não haver outra solução senão voltar às urnas. “Não acredito em duodécimos. Defendo que não havendo OE tem que haver eleições. Não é possível fazer o que o Governo está mandatado para fazer”, argumento José Germano de Sousa.

Se não houver orçamento ainda assim o governo deverá manter-se em funções. Entre duas soluções más opto pelo mal menor.

Rafael Campos Pereira

Vice-presidente da AIMMAP

Mas, e ao contrário do que seria expectável, nem todos defendem eleições antecipadas. “Se não houver orçamento ainda assim o governo deverá manter-se em funções. Entre duas soluções más opto pelo mal menor”, refere Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP). “Apesar de tudo, neste momento histórico, a estabilidade política será mais importante do que a aprovação de um orçamento”, justifica o representante do setor mais exportador do país.

Quer as óbvias limitações do regime de duodécimos, quer a crise política decorrente de nova ida às urnas causariam uma instabilidade pouco compaginável com os desafios que o país enfrenta (transição energética, digital e climática, crise nos serviços públicos, convergência com a Europa, produtividade e competitividade das empresas, reforma fiscal, envelhecimento demográfico, integração de imigrantes…)”, acrescenta Rafael Alves da Rocha. Segundo o Diretor-Geral da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, “os empresários, em particular, precisam de estabilidade e previsibilidade para enfrentarem a imprevisibilidade de um mundo convulsionado por conflitos e tensões geopolíticas, alterações climáticas, disrupções tecnológicas, protecionismo económico e desglobalização, instabilidade bolsista, movimentos populistas, entre outros fatores de perturbação”.

Quer as óbvias limitações do regime de duodécimos, quer a crise política decorrente de nova ida às urnas causariam uma instabilidade pouco compaginável com os desafios que o país enfrenta

Rafael Alves da Rocha

Diretor-Geral da CIP

Mas antes de chegar-se a um cenário do tudo ou nada, os empresários lembram ainda que há outras alternativas que podem ser exploradas após um primeiro chumbo do documento. “A configuração atual da Assembleia da República constitui uma oportunidade única para a criação dos tais consensos em matérias essenciais, que tanto defendemos e que darão um quadro de co-responsabilidade ao país, que muito pode aportar à sua credibilidade externa”, remata Ramiro Brito, presidente da AEMinho.

“O governo teria de avaliar até que ponto continua a ter legitimidade para implementar o seu programa. No entanto, a convocação de eleições antecipadas deve ser uma solução de último recurso“, realça Ricardo Costa. Para o empresário bracarense, “num cenário de instabilidade internacional e económica, com crises globais a impactarem Portugal, entrar num ciclo eleitoral prolongado poderia paralisar Portugal num momento crítico.” “O governo tem, sem dúvida, o dever de negociar e encontrar soluções.”

Miguel Pina Martins é particularmente severo na avaliação política desta negociação, que tem hoje um uma espécie de ‘Dia D’ antes da entrega da proposta na Assembleia da República, a 10 de outubro. “No meu entender, o Orçamento de Estado deve ser aprovado, e os partidos do centro têm essa responsabilidade. É muito importante para o país não estar constantemente em eleições em tão curto espaço de tempo, sendo fundamental esses partidos garantirem alguma estabilidade”. Para o chairman da Science4you, “todas as opções devem ser estudadas para evitar a marcação de eleições, mas essa será uma avaliação que deverá ser feita entre o Presidente da República e o Primeiro-Ministro“.

Autores: Fátima Castro, Isabel Patrício, Alberto Teixeira, Ana Marcela, Carla Borges Ferreira, Francisco Botelho, Alexandre Batista, Mónica Silvares, Salomé Pinto

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Carla Vale e gestor Luís Osório propostos para gestão da Transportes Metropolitanos do Porto

  • Lusa
  • 26 Setembro 2024

Carla Vale e Luís Osório constam da proposta que será votada na reunião desta sexta-feira do Conselho Metropolitano do Porto, que formalizará Marco Martins como responsável máximo da empresa.

A socióloga Carla Vale e o gestor Luís Osório são os nomes propostos para a administração da nova empresa Transportes Metropolitanos do Porto, que será presidida pelo atual autarca de Gondomar Marco Martins, consultou a Lusa.

De acordo com documentos a que a Lusa teve acesso, os nomes de Carla Vale e Luís Osório constam da proposta que será votada na reunião desta sexta-feira do Conselho Metropolitano do Porto, que formalizará Marco Martins como responsável máximo da empresa.

O autarca de Gondomar (PS) deverá assumir funções a tempo inteiro em janeiro na nova empresa, que irá gerir os contratos da rede Unir, a bilhética do Andante e terá as atuais competências da AMP em termos de mobilidade.

Carla Vale é a atual delegada regional do Norte do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e membro do secretariado distrital do PS, e Luís Osório é administrador da Casa da Música, nomeado pela câmara do Porto e pela Área Metropolitana do Porto (AMP), tendo sido deputado municipal do PSD.

Na estrutura da empresa, segundo os documentos a que a Lusa teve acesso, está ainda previsto que o presidente da mesa da assembleia-geral seja indicado pelo município do Porto, que o vice-presidente seja indicado pela AMP (no caso, será a primeira-secretária da Comissão Executiva, Ariana Pinho).

Já o secretário da mesa da assembleia-geral será indicado pela Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), alternando a meio do mandato com uma indicação pela Metro do Porto.

O presidente da câmara de Gondomar assumirá, assim, as funções a tempo inteiro a partir de janeiro, sendo que até ao final do ano será criada uma comissão instaladora da empresa, também liderada por Marco Martins.

Marco Martins assumiu a Câmara de Gondomar em 2013 e está atualmente no último mandato à frente da autarquia, não se podendo recandidatar a um próximo.

A criação da empresa metropolitana de transportes tem estado em discussão na AMP pelo menos desde 2020, defendida então pelo presidente Eduardo Vítor Rodrigues, mas só foi aprovada em novembro de 2023, um mês antes da entrada em operação da rede Unir.

Em abril deste ano, o Tribunal de Contas aprovou a constituição da sociedade da empresa metropolitana de transportes e mobilidade — Transportes Metropolitanos do Porto (TMP).

A nova empresa de transportes da AMP, liderada por Eduardo Vítor Rodrigues, deverá contar com cerca de 60 trabalhadores, dos quais três administradores, de acordo com um estudo económico-financeiro a que a Lusa teve acesso.

A empresa deverá integrar as valências do TIP – Transportes Intermodais do Porto, o agrupamento complementar de empresas (ACE) que gere o sistema Andante (participado em igual percentagem – 33,3% – pela CP, Metro do Porto e STCP), e as competências da AMP em termos de mobilidade e transportes.

A constituição da TMP vai ainda implicar a criação de dois órgãos consultivos: o Conselho de Mobilidade Metropolitana e o Conselho Consultivo das Tecnologias para a Mobilidade.

O capital social da empresa será de dois milhões de euros, repartidos pelos 17 municípios da AMP.

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Número caiu na última semana, mas ainda há 146 mil alunos sem professor

  • Lusa
  • 26 Setembro 2024

Há 146.318 alunos sem professor atribuído, com 1.688 horários por preencher na sequência da quarta reserva de recrutamento. O ministro da Educação reconhece a "gravidade" do problema.

O número de alunos sem professor caiu na última semana, mas há ainda 146 mil sem aulas, disse esta quinta-feira o ministro da Educação. Fernando Alexandre reconhece o problema como grave e mantém as metas de redução durante o 1.º período.

Há uma semana, eram mais de 241 mil os alunos que continuavam sem aulas desde o início do ano letivo. No espaço de uma semana, esse número caiu para quase metade, mas, à data, há 146.318 estudantes sem professor atribuído, com 1.688 horários por preencher na sequência da quarta reserva de recrutamento.

O balanço foi feito pelo ministro da Educação, Ciência e Inovação, que está a ser ouvido pela comissão parlamentar de Educação e Ciência, por requerimento do Chega a propósito de alegadas irregularidades na colocação de professores no âmbito dos concursos interno e externo.

No início da audição, Fernando Alexandre aproveitou para esclarecer a contabilização, depois de, em audição na mesma comissão, o ex-ministro da Edução João Costa ter acusado o Governo de inflacionar o número de alunos sem aulas no início do ano letivo, citando dados oficiais que apontam para 72 mil e não 324 mil alunos sem professor.

Uma coisa é não ter aulas a uma disciplina, outra é não ter a nenhuma.

Ministro da Educação, Ciência e Inovação

Fernando Alexandre

“Os dados apresentados são verdadeiros, mas é preciso perceber o que entendemos por um aluno sem aulas“, começou por dizer o ministro, explicando que a tutela considerou o número de alunos sem aulas em algum momento durante o mês de setembro, multiplicado pelo número de disciplinas a que não teve professor; o mesmo critério que tem utilizado desde o início do ano letivo.

“Uma coisa é não ter aulas a uma disciplina, outra é não ter a nenhuma”, justificou, considerando que, independentemente do critério, “todos mostram que o problema é muito grave“.

Apesar de reconhecer essa gravidade, o responsável pela pasta da educação mantém a meta de reduzir em, pelo menos 90% no número de alunos sem aulas durante o 1.º período, em relação a 2023/2024.

Para isso, o Governo aprovou o plano “+ Aulas + Sucesso”, com um conjunto de mecanismos que permitirão às escolas carenciadas contratar mais professores, contratando, por exemplo, professores aposentados com uma remuneração extra, bolseiros de doutoramento, ou manter os docentes que já estão em condições de se reformarem, mas aceitam continuar a dar aulas.

O impacto das medidas será avaliado no final do 1.º período letivo e Fernando Alexandre assegura que, no caso de se revelarem insuficientes, a tutela tomará as medidas “que forem necessárias”.

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Alienação de 30% do capital da ENSA deve valer 8,5 milhões de euros ao Estado angolano

  • Lusa
  • 26 Setembro 2024

O chefe do departamento de privatizações do IGAPE garantiu, sem avançar datas, que o Estado angolano pretende, "progressivamente" dispersar as ações remanescentes para sair do capital da seguradora.

A seguradora estatal angolana ENSA vai alienar 30% do seu capital via bolsa, mediante uma Oferta Pública de Venda de 720.000 ações a um preço entre 6.500 e 12.500 kwanzas (entre 6,1 e 11,9 euros), perspetivando arrecadar 9 mil milhões de kwanzas (quase 8,5 milhões de euros).

A Oferta Pública de Venda (IPO, na sigla inglesa) de ações da Empresa Nacional de Seguros de Angola (ENSA) teve início na terça-feira e decorre até 25 de outubro, conforme anunciaram esta quinta-feira as autoridades na apresentação do ‘roadshow’ (evento itinerante para a divulgação da alienação), em Luanda.

Esta operação de alienação de 30% do capital social da ENSA detido pelo Estado angolano, representado pelo Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado (IGAPE), enquadra-se no Programa de Privatizações do Governo angolano.

Pelo menos 720.000 ações ordinárias, escriturais e nominativas, com valor nominal unitário de 5.000 kwanzas (476 euros), representativas de 30% do capital estatal na ENSA devem ser dispersos, durante um mês, via Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA).

Para este processo, são reservados 28% do capital social, que compreendem 672.000 ações, para objetivo da oferta dirigida ao público em geral e 2% do capital social (48.000 ações) para aquisição por trabalhadores (Oferta Dirigida a Trabalhadores), explicou o presidente da comissão executiva da ENSA, Mário de Lemos.

As ações em IPO serão alienadas a um preço médio unitário compreendido no intervalo entre o valor mínimo de 6.499,80 e o máximo de 12.499,80 kwanzas (entre 6,1 e 11,9 euros), sendo que o preço final da oferta será fixado com base no preço para o qual a procura no âmbito da oferta iguale ou exceda a oferta dirigida ao público em geral dentro intervalo dos referidos preços.

Ordens de compra para a participação na IPO deverão ser apresentadas junto dos agentes de intermediação para a colocação, nomeadamente à Standard Invest, ao BFA Invest e à Áurea – Sociedade Distribuidora de Valores Mobiliários.

O presidente da comissão executiva da Standard Invest, Dinis Mendes, realçou, em conferência de imprensa, que o Estado angolano deve arrecadar 9 mil milhões de kwanzas (8,5 milhões de euros) com a venda dos 30% do capital social da ENSA.

“E, naturalmente, tudo irá variar em função da procura e da oferta, como foi descrito”, frisou.

Mário de Lemos, presidente da comissão executiva da ENSA, recordou que a oferta está aberta a todos os investidores nacionais e estrangeiros, referindo que, com esta ação, a empresa prossegue objetivos estratégicos, nomeadamente rentabilidade real, eficiência operacional e financeira.

“Queremos continuar a dar soluções para o mercado segurador no sentido de fazer crescer o valor da organização, vamos igualmente alargar a nossa base de clientes”, notou.

O chefe do departamento de privatizações do IGAPE, Hortêncio Sanumbutue, destacou a importância da privatização de parte do capital da ENSA, garantindo, sem avançar datas, que o Estado pretende, “progressivamente” dispersar as ações remanescentes para sair do capital da seguradora.

A liquidação física e financeira das ações alienadas na IPO deverá ocorrer, previsivelmente em 31 de outubro.

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Ana Carvalho passa da Future Healthcare para a MGEN

  • ECO Seguros
  • 26 Setembro 2024

Ana Carvalho irá assessorar a Administração no acompanhamento e gestão das diversas áreas com foco na estratégia de crescimento e desenvolvimento da atividade, refere fonte da empresa.

Ex-head of markets & solutions da Future Healthcare, Ana Carvalho, é a nova diretora geral adjunta da MGEN. A equipa administrativa mantém-se a mesma com Ricardo Raminhos como administrador executivo, clarificou fonte da companhia ao ECOseguros.

Ana Carvalho é a nova diretora geral adjunta da MGE irá assessorar a Administração “no acompanhamento e gestão das diversas áreas com foco na estratégia de crescimento e desenvolvimento da atividade”.

Nas novas funções “Ana Carvalho irá assessorar a Administração no acompanhamento e gestão das diversas áreas com foco na estratégia de crescimento e desenvolvimento da atividade”, refere fonte da empresa.

Com quase duas décadas de experiencia no setor, Ana Carvalho passou a maior parte desse tempo na Future Healthcare. Entrou como techical director em 2009, cargo que ocupou por mais de 10 anos, passando para solutions strategy manager e, por fim, como head of markets & solutions.

Ao longo da sua carreira adquiriu “forte conhecimento do setor da saúde, reforçando a sua experiência em áreas distintas. Trabalhou também com diferentes mercados internacionais com vista à criação de soluções que garantam o fácil acesso e a qualidade de serviços de saúde e bem-estar.”, assinala a MGEN.

A nomeação de Ana Carvalho aguarda a autorização por parte da autoridade de supervisão.

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Portugal apoia entrada do Brasil e Índia no Conselho de Segurança da ONU e quer limitar direito de veto

Na primeira vez em que discursou na Assembleia Geral da ONU, Montenegro aludiu à liberdade trazida pelo 25 de Abril para falar de “esperança” e os incêndios em Portugal para lembrar riscos climáticos.

Luís Montenegro defendeu esta quinta-feira uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas que torne este órgão “mais representativo, ágil e funcional”, sublinhando que a atual composição está “desatualizada” e que a “ausência de representantes de algumas regiões prejudica o seu funcionamento”. Numa intervenção na 79.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, reforçou que “Portugal apoia a Posição Comum Africana e as pretensões do Brasil e da Índia de se tornarem membros permanentes”.

Já no que respeita aos métodos de trabalho no Conselho de Segurança, o primeiro-ministro português apelou à limitação e a um maior escrutínio do direito de veto, que “antes de constituir um poder representa uma responsabilidade”. “É assim que deve ser exercido, evitando que uma parte num conflito se constitua simultaneamente como juiz e julgado”.

“Enquanto a guerra prossegue, com consequências terríveis dentro e fora da Ucrânia, o Conselho de Segurança tem estado em silêncio. Esperamos que agora no Líbano o Conselho de Segurança possa ser eficaz para evitar o aumento da escalada. Mesmo quando resoluções são aprovadas, frequentemente ficam por cumprir. É imprescindível que, em Gaza e no Sudão, todas as partes façam o que estiver ao seu alcance para assegurar a plena implementação das resoluções adotadas por este Conselho”, resumiu.

Na candidatura de Portugal a um lugar de membro não-permanente do Conselho de Segurança para o biénio 2027-2028, Luís Montenegro clamou que o país é “defensor intransigente” do multilateralismo como método de cooperação e de organização do sistema internacional e lembrou a “continuidade e coerência” que diz caracterizar a política externa do país. “Guia-nos a vontade de trabalhar para prevenir os conflitos, promover um espírito de parceria e proteger as pessoas face às ameaças tradicionais, como o terrorismo, e às ameaças emergentes, como a biossegurança”, completou.

Na primeira vez em que se dirigiu à reunião magna da ONU, apesar do “momento particularmente exigente” que o mundo atravessa, o chefe do Executivo aludiu à “esperança”, lembrando as comemorações dos 50 anos da revolução do 25 de Abril. “O povo português, em liberdade, clamou por democracia, paz e desenvolvimento. E assim dobrou o arco da História. Numa altura em que em muitas partes do mundo autocracias põem em causa a democracia, temos confiança na força da liberdade”, declarou.

Num discurso em que chamou a atenção para os refugiados climáticos, aludindo aos incêndios florestais que recentemente “fustigaram de forma trágica” Portugal, Montenegro voltou a condenar a “guerra de agressão” da Rússia contra a Ucrânia, cujos efeitos negativos – crise alimentar, energética e inflacionista – são sentidos em todo o mundo, disse igualmente estar “profundamente preocupado com a situação humanitária e a perigosa escalada na região do Médio Oriente”. Numa referência ao Líbano, apelou à “máxima contenção das partes para evitar o aumento da escalada”.

No que toca ao conflito em Israel, condenou “firmemente os horríveis ataques terroristas” perpetrados pelo Hamas a 7 de outubro de 2023 e exigiu a libertação de todos os reféns, ao mesmo tempo que disse que Portugal “não se conforma com o desastre humanitário e o crescimento do número de vítimas civis em Gaza”.

“É imperativo cessar incondicionalmente as hostilidades, garantir a entrada de ajuda humanitária e o respeito pelo Direito Internacional Humanitário. É igualmente imperativo retomar negociações com vista à implementação da solução dos 2 Estados – a única que poderá trazer paz e estabilidade à região. Portugal é contra a expansão de colonatos, o confisco de terras nos Territórios Palestinianos Ocupados e as ações de colonos que constituem violações do Direito Internacional e obstáculos à paz”, expôs Montenegro.

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Novo fundo de renováveis quer captar 50 milhões de euros e dar retorno de 8%

O FCT Equity pretende captar 50 milhões de euros e estima oferecer aos investidores um retorno anual de cerca de 8%

Chama-se FCT Equity e é um novo fundo de investimento que pretende investir no setor das energias renováveis em Portugal, com particular destaque na área da energia solar.

Gerido pela sociedade de capital de risco Above Capital, o FCT Equity pretende captar 50 milhões de euros e estima oferecer aos investidores um retorno anual de cerca de 8%.

Segundo a Above Capital, o FCT Equity tem “um portefólio de investimentos que se pretende diversificado e focado em projetos inovadores e rentáveis”. O objetivo é criar valor para os seus investidores ao mesmo tempo que impulsiona novas soluções energéticas que permitam a descarbonização.

O FCT Equity tem o apoio especializado da Fictor Energia, como consultor do gundo. Esta empresa, do Grupo Fictor, possui mais de 17 anos de experiência no mercado energético, tendo desenvolvido acima de 5 gigawatts de projetos de geração de energia, no Brasil.

 

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