Azul quer ação executiva em tribunal contra TAP SGPS
Companhia aérea pretende que o representante dos obrigacionistas avance com uma ação executiva para cobrar a dívida 177 milhões de euros reclamados pela Azul.
Depois da SIAVILO, antiga TAP SGPS, não ter pago os 177 milhões de euros reclamados pela Azul, a companhia aérea espera agora que o representante comum dos obrigacionistas avance com uma ação executiva nos tribunais para que a dívida seja saldada.
A TAP SGPS não efetuou o pagamento dos 177 milhões de euros reclamados pela Azul no prazo definido para saldar o reembolso das obrigações subscritas em 2016, como avançou o ECO. A iniciativa regressa agora ao representante comum dos obrigacionistas, a espanhola Bondholders, que já reúne condições para avançar com uma ação executiva.
“A Azul, Linhas Aéreas Brasileiras, S.A., aguarda que a Bondholders, enquanto Representante Comum dos Obrigacionistas no empréstimo contraído pela TAP em 2016, execute as deliberações da Assembleia Geral de Obrigacionistas realizada em Lisboa a 15 de Abril de 2025. Esta Assembleia mandatou o Representante Comum para fazer cumprir os termos dos Documentos Financeiros (Finance Documents) conforme considere adequado para poder cobrar os créditos detidos pela Azul sobre a TAP”, afirma fonte da Azul numa declaração enviada ao Negócios.
Se a sociedade espanhola não avançar com a ação executiva, a Azul irá substituir-se a esta, conforme foi também deliberado na já referida assembleia de obrigacionistas. Caso a agora denominada SIAVILO tenha de avançar com o pagamento, o montante despendido pelo Estado português com a TAP desde 2016 irá subir de 3.431 milhões para 3.608 milhões. O ECO enviou questões para o Ministério das Finanças, que não quis comentar o assunto.
A holding tinha até dia 23 de junho para proceder ao reembolso do capital e juros das obrigações, segundo a nota de pagamento enviada pelo Banco Montepio no dia 27 de maio. Uma exigência que decorreu do incumprimento (default) pela TAP SGPS do contrato do financiamento, deliberado numa assembleia extraordinária de obrigacionistas realizada a 15 de abril, convocada pela Azul. Nesta circunstância, está previsto o reembolso imediato dos títulos, cabendo a iniciativa da cobrança ao representante comum.
Em causa estão 235,27 milhões, dos quais 176,9 milhões cabem à Azul e 58,6 milhões à Parpública, que resultam da soma do capital investido (90 milhões por parte da companhia portuguesa e 30 milhões pela empresa pública portuguesa) aos juros decorridos. Ao contrário da Azul, a Parpública votou contra a deliberação de incumprimento na assembleia de obrigacionistas.
A transportadora brasileira já antecipava que pudesse ser este o desfecho, depois de nos últimos anos a TAP SGPS, que passou a ser detida a 100% pelo Estado, ter vindo a alienar todos os seus ativos, processo que foi acelerado no início deste ano. Desde dezembro de 2021 que a holding não tem qualquer posição acionista na companhia aérea, a TAP SA, em 2024 perdeu a participação na antiga Groundforce (agora Menzies Aviation) e já este ano foi anunciada a venda à TAP da Portugália, da Cateringpor e da UCS.
Numa nota enviada ao ECO a semana passada, a Azul afirmava que estava a ser “preparado o incumprimento contratual, já que a TAP SGPS, depois de ceder os ativos, nomeadamente à TAP S.A., se tornou uma empty shell [sociedade vazia]”.
Além de ficar praticamente sem ativos, a TAP SGPS ficou sem órgãos sociais, como avançou o ECO. Entre o final de março e o início de junho, renunciaram aos cargos os membros do conselho de administração, do conselho fiscal e o revisor oficial de contas. Segundo as últimas contas disponíveis, a holding apresenta uma situação líquida altamente deficitária, com capitais próprios negativos de 1,34 mil milhões.
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