Afinal, não é só o PRR. Estado foi o principal beneficiário do PT2020

Aumentar a competitividade, substituir investimento público, ajudar as contas públicas. Fundos europeus são usados para muitas coisas. No ranking dos maiores beneficiários primeira está em 30.º lugar.

  • Este artigo integra a 15.ª edição do ECO magazine. Pode comprar aqui.

O Estado é o principal beneficiário dos apoios do Portugal 2020. Os 29 maiores beneficiários do quadro comunitário, em fase final de encerramento, são organismos do Estado, empresas públicas ou autarquias. A primeira empresa da lista é a Bosch Car Multimédia, com dez projetos financiados, com 85 milhões de euros de apoios europeus.

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) é a entidade que mais fundos comunitários recebeu e executou, num total de 2,1 mil milhões de euros. É a instituição responsável pelo pagamento dos apoios à formação, à contratação ou ao emprego.

O segundo lugar do pódio é ocupado pela Direção-Geral do Ensino Superior, com 589 milhões de euros, e o terceiro pela Infraestruturas de Portugal (IP) com 472 milhões de euros executados, apesar de ter 521 milhões aprovados.

A “necessidade de consolidação orçamental, nas décadas de 2010 e 2020” explica esta prevalência do setor público, considera Pedro Brinca. “O investimento público que havia não era suficiente sequer para manter as infraestruturas existentes”, lembra o economista. “Houve um desinvestimento líquido do stock público que era compensado através dos fundos europeus”, sublinhou o também professor associado na Nova SBE.

“Os fundos europeus estão a ir para o setor público para assegurar funções básicas do Estado”, afirma Pedro Brinca, sublinhando que, no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a situação é “ainda pior”. O economista recorda mesmo as palavras do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, numa conferência em 2022, na qual apelou “à utilização do PRR para sanear as contas públicas”.

O investimento público “deve ser exclusivamente, ou perto disso, financiado por fundos europeus”: “O investimento público em Portugal nos últimos anos tem sido financiado essencialmente pelo Orçamento do Estado. Nos anos do PRR esta situação deve mudar. Só assim conseguiremos implementar esses fundos, reduzir a pressão no nosso endividamento e ganhar margem orçamental”, avisou Centeno.

A economista Susana Peralta considera que os fundos podem ser uma forma de ajudar os países mais atrasados ao nível das infraestruturas. “Já que as regras orçamentais são iguais para todos, mas há uns que são mais beneficiados do que outros, os fundos estruturais podem ser um penso rápido para ajudar a compensar a heterogeneidade dos países e a inexistência de um verdadeiro orçamento federal”, defende a também professora associada da Nova SBE.

A IP viu no Portugal 2020 uma forma de alavancar o investimento ferroviário no país, sobretudo num contexto de fortes limitações ao investimento público. “Em 2016 tínhamos acabado de sair de um contexto económico complicado”, recorda o presidente da IP. Para Miguel Cruz, caso não existisse PT2020 “não teríamos tido um pacote de investimento em ferrovia tão significativo”, porque o Connecting Europe Facility (um outro programa europeu gerido centralmente em Bruxelas e dirigido a projetos estratégicos com determinadas componentes) e o Orçamento do Estado “não cobriam a totalidade das necessidades de financiamento”, frisa o responsável, nomeadamente “ao nível da modernização da rede. “Só no PT2020 estamos a falar de um pacote de investimentos de dois mil milhões de euros, só na ferrovia.”

Miguel Cruz sublinha ainda que a modernização da rede se dirigiu sobretudo à ferrovia das mercadorias, o que “significa que o impacto económico deste investimento foi muito significativo”.

Para Susana Peralta a crítica está no facto de os fundos serem usados para financiar o funcionamento do Estado, em vez de ter um efeito reprodutivo. “Choca-me menos a distinção entre despesa corrente e de capital propriamente dita do que entre público e privado, porque não sabemos quem são os beneficiários últimos dos fundos.”

A economista dá o exemplo do Banco de Fomento, que surge em quinto lugar no Top10 dos maiores beneficiários do quadro comunitário quase a terminar. Os 261 milhões de euros do PT2020 foram utilizados para capitalizar empresas. Os programas operacionais regionais, recorde-se, foram financiadores da Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), que depois veio a ser integrada com a PME Investimentos na SPGM para dar origem ao Banco de Fomento, a 3 de novembro de 2020.

O impacto na economia da forma como os fundos são usados não é consensual. Se Centeno sublinha o efeito positivo nas contas públicas, Pedro Brinca prefere olhar para o efeito no longo prazo e avaliar se estão a tornar o país mais competitivo. Os fundos garantiram a convergência das regiões, diz Pedro Brinca. Mas, o economista “suspeita” de situações em que é o Estado a decidir em que empresas investir. “Se os critérios forem independentes” não há problemas, afirma. “Outra coisa é dar borlas fiscais para empresas com contactos diretos com o Governo”, critica.

Primeira empresa em 30.º lugar

É preciso descer no ranking à 30.ª posição para encontrar a primeira empresa. A Bosch Car Multimedia reconhece que os “incentivos do PT2020 permitiram acelerar projetos estratégicos com impacto na modernização industrial, na criação de emprego qualificado e no desenvolvimento tecnológico”. “Os projetos apoiados têm incidido em áreas como a digitalização, a mobilidade do futuro e o desenvolvimento de novas tecnologias, em colaboração com instituições académicas e centros de investigação”, explica fonte oficial da empresa alemã, sedeada em Braga, que faz componentes eletrónicos para a área automóvel.

Também a Bial considera que “os fundos europeus foram determinantes para o sucesso do programa de investigação e desenvolvimento (I&D) da Bial” e a prova são os dois medicamentos desenvolvidos a partir de Portugal e lançados à escala global. “Um marco significativo para a indústria farmacêutica nacional”, diz João Norte, vice-presidente, corporate affairs & market access da Bial. “Sem os fundos que nos têm sido disponibilizados ao longo dos anos, não teria sido possível”, garante.

A Bial surge em 6.º lugar no ranking dos maiores beneficiários privados do PT2020, com 35 milhões de euros executados. “Os incentivos recebidos, para além do investimento em I&D, foram também concretizados na expansão do Campus Bial, que incluiu a construção de uma nova unidade de produção de antibióticos e a ampliação do edifício industrial do grupo”, detalha.

Como o tecido empresarial nacional é sobretudo composto por PME, muitas “têm dificuldade em aceder diretamente aos fundos” ou a implementá-los, alerta a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP). Por isso, as associações acabam por desempenhar um papel fundamental.

Entre os maiores operadores privados estão várias associações — APICCAPS (calçado), Associações Empresarial de Portugal (AEP), CCP, Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA) e Associação Comercial e Industrial do Concelho de Esposende (Resulima) — que ajudam a colmatar falhas.

“No caso dos apoios às empresas, se não fossem as associações, perdia-se a eficácia da sua aplicação”, garante Gualter Morgado, diretor executivo da APIMA. “Os sucessivos governos nas últimas décadas usaram o elevado know-how das associações, para executar as políticas de apoio à inovação, desenvolvimento, formação e internacionalização”, acrescenta.

“Quase 90% do valor recebido pela CCP, prende-se com o desenvolvimento de projetos em articulação com outras estruturas associativas, em especial as designadas candidaturas integradas de formação, as quais envolveram, no PT2020, 34 associações nas regiões Norte, Centro e Alentejo”, detalha a secretária-geral da CCP, Ana Vieira. “A CCP substitui-se às entidades públicas na gestão destas candidaturas, mas com a vantagem de uma maior proximidade ao terreno e à realidade do tecido empresarial”, acrescenta. “Importa destacar que os fundos não são apenas fontes de financiamento do investimento, são também instrumentos catalisadores de mudança”, sublinha Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEP. Por isso, a associação quer “mobilizar os recursos para dar resposta a desafios coletivos e apoiar o desenvolvimento da atividade empresarial e da economia portuguesa em geral”.

Os fundos não são usados para financiar as próprias associações, garantem, até porque as regras limitam essa possibilidade. Todos estão preocupados com a possibilidade de, num próximo quadro comunitário de apoio haver um corte nas verbas da Coesão, porque “Portugal é um dos países que continua a apresentar significativa disparidade no seu desenvolvimento regional”, alerta Luís Miguel Ribeiro.

A APIMA reconhece que tem apostado cada vez mais na participação em projetos europeus, com diversos parceiros nacionais e internacionais, “porque os envelopes financeiros geridos diretamente por Bruxelas são bem mais interessantes e com maior dotação que os nacionais”.

A CCP defende, há muito, um maior peso de ações de eficiência coletiva e uma maior cooperação entre o setor público e privado, porque “o objetivo não é apenas a execução dos fundos, mas a criação de valor para as empresas, os trabalhadores e o país”, conclui Ana Vieira.

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Governo francês defende reforço das barreiras alfandegárias contra a China

  • Lusa
  • 10:41

O ministro francês das Finanças afirmou este sábado que a Europa deve reforçar as suas barreiras alfandegárias para fazer face às importações chinesas.

O ministro francês das Finanças, Eric Lombard, afirmou este sábado que a Europa deve reforçar as suas barreiras alfandegárias para fazer face às importações chinesas, que podem prejudicar a economia industrial do continente.

A Europa já tomou medidas relativamente ao aço e aos automóveis, mas as regras devem ser alteradas para permitir uma utilização mais alargada das medidas contra as importações da China, afirmou Lombard. “No mundo em que nos encontramos hoje, temos de proteger a nossa indústria“, afirmou Lombard no sábado, numa conferência económica em Aix-en-Provence, França.

“Temos de o fazer em todos os segmentos industriais, caso contrário, a política chinesa, que consiste em ter uma capacidade de produção de mais de 50% da quota de mercado global em cada setor, irá matar a nossa indústria”, acrescentou o governante francês.

Os comentários de Lombard sublinham as preocupações crescentes em Paris de que os esforços do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para redesenhar os fluxos comerciais globais correm o risco de atingir a Europa em várias frentes, e não apenas devido a potenciais tarifas sobre as exportações europeias para os Estados Unidos.

A China anunciou direitos anti-dumping sobre o brandy europeu na sexta-feira, isentando os principais fabricantes de conhaque que concordaram com níveis mínimos de preços. A ação seguiu-se à decisão da União Europeia, em 2024, de aplicar direitos aduaneiros até 45% aos veículos elétricos fabricados na China.

Em mais um sinal da tensão entre a Europa e Pequim, o Governo chinês tenciona encurtar para apenas um dia a cimeira de dois dias com os líderes da União Europeia, informou a Bloomberg na sexta-feira.

Em declarações à Bloomberg na sexta-feira, no mesmo evento de Aix-en-Provence, o ministro francês da Indústria, Marc Ferracci, apelou também a que a Europa reforce as suas defesas contra as importações chinesas.

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CDS-PP ameaça candidatura autárquica a solo em Lisboa

  • Lusa
  • 5 Julho 2025

Líder centrista não quer perder a relevância no Executivo que lhe coube nas autárquicas de 2021 após a vitória da coligação Novos Tempos, liderada por Carlos Moedas.

O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, colocou neste sábado, como condição para reeditar a coligação com o PSD em Lisboa nas próximas autárquicas, que o seu partido continue a exercer mandatos, como vinha acontecendo até aqui.

“Onde o CDS desempenha com relevância o poder autárquico, expressando os seus valores nesses mandatos, e para entrarem outros, o CDS tem que sair, ou tem que baixar, não tendo a expectativa de exercer esses mandatos (…) então naturalmente aí o CDS concorrerá sozinho”, afirmou.

O líder centrista falava aos jornalistas à margem da sessão de encerramento da convenção autárquica do CDS-PP, que decorreu este sábado em Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro.

Questionado sobre um possível acordo de coligação entre o PSD e a IL em Lisboa, Nuno Melo disse que isso não levará à saída do CDS da coligação, desde que o partido continue a ser respeitado, no sentido de poder continuar a exercer mandatos, como vinha fazendo.

“Há coligações que neste momento estão vigentes e nós percebemos que os tempos mudam, e pode ser conveniente que, em alguns casos, outros parceiros entrem. Agora, quando entrando outros parceiros, o CDS continue a ser respeitado no sentido de poder continuar a exercer mandatos, como vinha fazendo (…) naturalmente que essas coligações poderão acontecer”, afirmou.

Nuno Melo referiu ainda que, no caso de Lisboa, há um processo negocial que está em curso, realçando que o acordo “tem que ser bom para todas as partes”.

“Se tudo ponderado, o CDS chegar à conclusão que, no que nos respeita, a coligação é também boa para o CDS, então a coligação celebra-se. Quando, onde seja, o CDS entenda que a coligação não é boa, então o CDS vai a votos por si. É isso que é normal”, afirmou.

No discurso de encerramento da convenção autárquicas, Nuno Melo afirmou ainda que a única coisa que não aceitará é que as coligações venham a ser feitas, “ou porque se tem medo de ir a votos, ou por alguma espécie de favor ou estado de necessidade”.

“Só pode haver um critério para celebrarmos coligações em Portugal e esse critério é, a começar, a noção ou a certeza de que juntos com mais alguém temos um projeto maior para as populações. Mas juntos com mais alguém, aquilo que o CDS fará será também com respeito pelo nosso próprio partido que precisamente porque quer e não porque precisa pode também por isso fazer alguma diferença”, concluiu.

Em 2021 a coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança venceu as eleições autárquicas em Lisboa conquistando sete mandatos.

Atualmente, o CDS tem dois vereadores no executivo liderado pelo social-democrata Carlos Moedas, nomeadamente o vice-presidente Filipe Anacoreta Correia e Diogo Moura

As eleições autárquicas vão realizar-se a 12 de outubro.

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📹 As melhores companhias aéreas do mundo em 2025

  • ECO
  • 5 Julho 2025

Veja quais são as dez melhores companhias aéreas em 2025, eleitas por viajantes de todo o mundo, de acordo com a Skytrax. E em que posição está a TAP?

Veja quais são as dez melhores companhias aéreas do mundo em 2025, eleitas por viajantes de todo o mundo, de acordo com a Skytrax. Há apenas uma europeia neste top.

A TAP ocupa o 65.º lugar na lista das 100 maiores companhias áreas a nível mundial, uma subida de seis lugares em relação a 2024.

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Rocim atinge maioridade com Estados Unidos, Brasil e Angola como trunfos. E com nova identidade

Aos 18 anos de vida, Rocim é o chapéu para todas as marcas das várias regiões do país, com os vinhos premium a posicionarem-se, cada vez mais, nos Estados Unidos, Brasil e Angola .

Catarina Vieira e Pedro Ribeiro, Rocim5 julho, 2025

É uma história de amor às vinhas, regresso às origens e valorização do terroir a que Catarina Vieira e Pedro Ribeiro escrevem há 18 anos na Herdade do Rocim, no Alentejo. A dar cartas em 50 países — com trunfos nos Estados Unidos, Brasil, Angola e Suíça –, o casal vai investir um milhão de euros num novo armazém de logística e antecipa faturar oito milhões de euros num ano em que se apresenta com uma nova imagem e identidade para todas as marcas, de Norte a Sul do país.

A Herdade do Rocim atingiu, assim, a maioridade com uma nova identidade, com nome e imagem gráfica comum – Rocim –, que serve de chapéu para todas as marcas de vinhos que produz nas regiões vitivinícolas do Alentejo, Douro, Dão, Lisboa, Açores e Algarve – estas duas últimas resultam de parcerias com outros produtores. E com uma única garrafa, mais leve e serigrafada com o novo logótipo, para todas as referências da marca que, cada vez mais, se quer posicionar no segmento premium e de luxo, com um “excelente” perfil de vinhos e a preços mais elevados. Mas já lá vamos.

“Demorou 18 anos para nos sentirmos exatamente como somos. É a partir desta certeza que apresentamos a nova imagem Rocim: mais clara, mais coesa, mais próxima daquilo que nos define”, começa por descrever Pedro Ribeiro, satisfeito com o novo capítulo que agora começa a escrever com a mulher, Catarina Vieira.

Para o enólogo, “esta nova fase traduz a maturidade de um projeto guiado por ideias simples, mas firmes: valorizar o território, praticar uma agricultura responsável, preservar métodos tradicionais como a talha, e inovar com autenticidade”.

 

Movido pela vontade de arriscar, o casal tem trilhado um caminho repleto de desafios vínicos e os resultados estão à vista: o crescimento da marca tem sido de tal forma que o CEO da Rocim calcula atingir este ano um volume de negócios de oito milhões de euros, mais um milhão do que em 2024, com o mercado da exportação a assumir um peso de 60%. Pedro Ribeiro acredita que a aposta nos mercados dos Estados Unidos — apesar do atual contexto de insegurança económica —, Brasil, Dubai, Angola e Suíça tem sido certeira na estratégia do negócio no setor vitivinícola.

Novos desafios surgem agora que a Rocim atingiu a maioridade, para acompanhar a constante evolução da marca e, em simultâneo, dar resposta à crescente procura por vinhos premium, como é o caso do investimento de um milhão de euros na construção de um armazém de logística na propriedade alentejana, que deverá estar concluído em 2026. Catarina Vieira e Pedro Ribeiro pretendem duplicar a capacidade de armazenamento. “Atualmente, vendemos 1,5 milhões de garrafas e queremos aumentar para 2,5 a três milhões”, assinala o enólogo.

Para levar este projeto “urgente” a bom porto, foi preciso prorrogar um outro projeto, a construção da casa de turismo rural, que os dois anunciaram há alguns anos e que ainda não saiu do papel. “Agora surgiu esta necessidade urgente [de construir o armazém], pelo que pensamos arrancar com o projeto de turismo rural na Herdade do Rocim dentro de dois anos; o investimento ainda não está fechado”, conta ao ECO Pedro Ribeiro.

Para perceber melhor a história da Rocim é preciso recuar no tempo, quando há 18 anos Catarina Vieira e Pedro Ribeiro começaram a escrever as primeiras linhas nos 120 hectares da Herdade do Rocim — 70 de vinha e 10 de olival –, situada entre Cuba e Vidigueira, no Baixo Alentejo.

Herdade do Rocim
Herdade do Rocim13 setembro, 2024

Ousaram depois apostar nos vinhos de talha e o sucesso foi de tal forma que, em 2018, começaram a organizar o “Amphora Wine Day”, que vai já na sétima edição. A cada ano que passa conta com a participação de cada vez mais produtores nacionais e estrangeiros, e milhares de curiosos para assistir à tradição secular da abertura das talhas.

O evento acontece sempre por altura do Dia de S. Martinho, em novembro, para levar às bocas do mundo o vinho de talha, divulgar a gastronomia e o cante alentejano, este último classificado como Património Imaterial da Humanidade.

De olhos postos nos vinhos de luxo, a Rocim saltou para a ribalta com o lançamento, em 2021, do primeiro dos “Vinhos do Outro Mundo”, em parceria com o consultor de vinhos Cláudio Martins que acaba de lançar o tinto “Neptune Code 0.6”, em Florença.

As 800 garrafas do tinto “Júpiter”, a 1.000 euros cada, venderam-se em três tempos apesar do elevado custo. Ainda hoje há investidores a revenderem uma garrafa “a 2.000 ou 2.500 euros”.

Pedro Ribeiro continuou a arrojar, tirando da cartola mais um vinho que se posicionou no mapa vinícola internacional — o “Vinha da Micaela” — a rondar os 200 euros a garrafa.

Presente em várias regiões vitivinícolas do país, Pedro Ribeiro não esconde a ambição de um dia ainda produzir no Tejo e, quem sabe, na Beira Interior e em Setúbal. Mas o futuro o dirá.

Abertura das talhas no “Amphora Wine Day”

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Governo francês espera acordo com EUA sobre tarifas este fim de semana

  • Lusa
  • 5 Julho 2025

O ministro da Economia francês, Eric Lombard, disse hoje esperar um acordo "este fim de semana" com os Estados Unidos

O ministro da Economia francês, Eric Lombard, disse este sábado esperar um acordo “este fim de semana” com os Estados Unidos (EUA) para evitar a aplicação de taxas alfandegárias punitivas por parte de Washington.

“Quanto às tarifas, podem ser decididas este fim de semana, uma vez que uma delegação da Comissão [Europeia] está em Washington”, declarou o ministro, citado pela France-Presse (AFP).

Eric Lombard disse esperar que seja alcançado um acordo este fim de semana, “caso contrário, a Europa terá provavelmente de mostrar mais vigor na sua resposta para restaurar o equilíbrio”, acrescentou.

Na quinta-feira, o Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu um acordo comercial “o mais rápido possível” entre a União Europeia (UE) e os EUA, com os direitos aduaneiros “mais baixos possíveis”.

Para mim, o bom acordo é aquele que é concluído o mais rapidamente possível, com as tarifas mais baixas possíveis, e que deve ser justo e firme”, declarou então o Presidente francês à margem de uma visita à localidade de Roquefort sur Soulzon, em Aveyron (sul da França), quando estava a seis dias do prazo fixado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, que termina na quarta-feira, 09 de julho.

O comissário europeu para o Comércio, Maros Sefcovic, está em Washington a tentar concluir o acordo comercial com as autoridades norte-americanas.

Inicialmente, Macron tinha dito esperar “o acordo mais ambicioso”, ou seja, “zero por zero” por cento de direitos aduaneiros.

Se não for alcançado um acordo até 09 de julho, o Presidente norte-americano poderá duplicar as taxas das importações da UE para 20%, ou mesmo aumentá-las para 50%, como anunciou em maio.

“Nós pensamos que não são tarifas que devem existir entre os Estados Unidos e a Europa, mas um mercado aberto onde os produtos possam circular”, defendeu o chefe de Estado francês.

Mas, por enquanto, “aplica-se 10%” e “o que nos preocupa é que possa chegar a 25% ou mais”, observou Macron, que visitou os produtores de queijo ‘roquefort’, que podem ser duramente atingidos por tal aumento.

No âmbito das negociações em curso, Macron deseja “obter o que é o mínimo hoje para os norte-americanos”, ou seja, “10% por 10%” de direitos aduaneiros. Também espera que “a tarifa de 0% que existia anteriormente” em certos setores, como “a aeronáutica”, “possa ser mantida”, acrescentou.

O Presidente francês também defendeu que sejam “valorizados” na discussão “os esforços de defesa” que a UE pretende realizar, ou ainda o facto dos 27 “serem compradores” de “gás liquefeito” dos EUA, a fim de reduzir a sua dependência da Rússia.

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ECO Quiz. Operação Marquês, Diogo Jota e Uber

  • Tiago Lopes
  • 5 Julho 2025

Agora que termina mais uma semana, chegou a altura de testar o seu conhecimento. Está a par de tudo o que se passou?

A semana que agora termina ficou marcada pelo início do julgamento do processo Operação Marquês. No primeiro dia de sessão, marcado por confrontos intensos, a defesa de José Sócrates apresentou vários pedidos de nulidade e requerimentos para atrasar ou suspender o julgamento — incluindo tentativas de afastar a juíza Susana Seca — todos prontamente rejeitados.

Diogo Jota, avançado português de apenas 28 anos que atuava no Liverpool e contabilizava 49 jogos pela seleção nacional, morreu na madrugada de 3 de julho de 2025 num trágico acidente de viação com o seu irmão André Silva, de 26 anos, também futebolista, na A‑52, em Cernadilla, província de Zamora.

O ECO publica todas as semanas um quiz, que desafia a sua atenção. Tem a certeza que está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento.

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CDS apresenta candidatos e deixa aviso para Lisboa. Coligação com Menezes em Gaia anunciada por Melo

Convenção autárquica do CDS-PP neste sábado confirma novos nomes centristas para as autárquicas. No Conselho Nacional realizado esta semana, Nuno Melo confirmou apoio a Luís Filipe Menezes em Gaia.

Numa “corrida” eleitoral em que parte com três maratonistas em final de carreira autárquica nos municípios que lideram, o CDS-PP escolheu manter-se a solo nas seis câmaras onde tem a presidência e posiciona-se em coligações com várias geometrias ao longo do país. A maior câmara do país continua a ser um caso em aberto, não só por ainda não haver um anúncio oficial do atual presidente, Carlos Moedas, como pela possibilidade deixada neste sábado pelo líder centrista de abandonar a coligação Novos Tempos, formada em 2021.

Neste sábado, o partido liderado por Nuno Melo realizou a sua convenção autárquica num dos municípios que lidera, Albergaria-a-Velha, onde ficou um aviso para Lisboa. Citado pela Lusa, o líder do partido afirmou: há coligações que neste momento estão vigentes e nós percebemos que os tempos mudam, e pode ser conveniente que, em alguns casos, outros parceiros entrem. Agora, quando entrando outros parceiros, o CDS continue a ser respeitado no sentido de poder continuar a exercer mandatos, como vinha fazendo (…) naturalmente que essas coligações poderão acontecer”.

Adicionalmente, referiu aos jornalistas que “onde o CDS desempenha com relevância o poder autárquico, expressando os seus valores nesses mandatos, e para entrarem outros, o CDS tem que sair, ou tem que baixar, não tendo a expectativa de exercer esses mandatos (…) então naturalmente aí o CDS concorrerá sozinho”.

Há coligações que neste momento estão vigentes e nós percebemos que os tempos mudam, e pode ser conveniente que, em alguns casos, outros parceiros entrem. Agora, quando entrando outros parceiros, o CDS continue a ser respeitado no sentido de poder continuar a exercer mandatos, como vinha fazendo (…) naturalmente que essas coligações poderão acontecer.

Nuno Melo

Presidente do CDS-PP

Em causa, a possibilidade aventada nos últimos dias de a Iniciativa Liberal se juntar aos Novos Tempos, exigindo lugares. Adicionalmente, o vice-presidente eleito em 2021 pelo CDS, Filipe Anacoreta Correia, admitiu no início do mês que se sente um independente, o que cria a perspetiva de os centristas ficarem sem a vice-presidência da autarquia, à qual chegaram como prémio pelo resultado obtido em 2017, quando Assunção Cristas foi a segunda mais votada na capital, com 20,6%, ficando o PSD com uns humilhantes 11,2%.

Neste sábado, o CDS apresentou-se com recandidatos e também novos nomes, como o de Carlos Coelho, a quem cabe a tarefa de substituir António Loureiro, presidente desde 2013. De saída deste que foi o município escolhido pelo CDS-PP para a convenção autárquica, Loureiro poderá estar a caminho de Sever do Vouga, concelho que ao longo de 32 anos foi governado pelo PS e pelo CDS-PP, tendo o social-democrata Pedro Lobo ganho a batalha eleitoral de 2021.

Além de Albergaria-a-Velha, também nas demais autarquias lideradas pelo CDS – Oliveira do Bairro, Ponte de Lima, Santana, Vale de Cambra e Velas, nos Açores – haverá candidaturas próprias, anunciou o presidente, Nuno Melo, esta semana, à saída do Conselho Nacional, em declarações avançadas pela Lusa e confirmadas pelo ECO/Local Online junto do partido.

O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, apresentou neste sábado novos nomes de candidatos do partido, a solo ou em coligação, na corrida às autárquicas de 12 de outubro

A força partidária liderada por Nuno Melo aprovou 37 coligações ao longo do país, segundo noticiou a Lusa e o ECO/Local Online confirmou junto do partido, incluindo com Luís Filipe Menezes, em Gaia, um apoio na tentativa deste de regressar ao lugar que ocupou entre 1997 e 2013 – apesar de o PSD não ter ainda confirmado a coligação. Nesse ano, Eduardo Vítor Rodrigues assumiu a autarquia da margem esquerda do Douro, tendo saído há algumas semanas devido a um caso de peculato. Agora, pelo PS irá a votos João Paulo Correia, ex-secretário de Estado da Juventude e do Desporto.

O CDS-PP repetirá uniões incumbentes em várias câmaras, como é o caso de Coimbra. Na capital do Mondego, o social-democrata José Manuel Silva voltará a reunir em torno do seu nome o o CDS-PP, Iniciativa Liberal, Nós, Cidadãos!, PPM, Volt e MPT.

Como grande opositora, a coligação terá pela frente a ex-ministra socialista Ana Abrunhosa, numa outra coligação, liderada pelo PS.

Apesar de ainda não ter surgido o anúncio oficial da recandidatura de Carlos Moedas em Lisboa, o CDS-PP mantém, segundo a Lusa, negociações no sentido da reedição da coligação que governa na capital, os Novos Tempos, segundo afirmou, à saída do Conselho Nacional, o líder centrista e ministro da Defesa.

Outras batalhas eleitorais, em coligação, para as quais o CDS-PP se prepara decorrerão em Cascais, Elvas, Matosinhos, Odivelas, Famalicão, Castelo Branco, Caldas da Rainha, Amarante, Maia, Estremoz, Barreiro, Alcochete, Montemor-o-Novo, Vila Verde, Oliveira do Hospital e Covilhã, na maioria ao lado do PSD. Na Covilhã, o candidato CDS/IL irá lutar contra o PSD, que em 2021 esteve ao lado destes dois partidos, e agora irá às urnas a solo.

Nota: notícia atualizada às 19h00 de sábado com lista de novos candidatos. Declarações sobre Lisboa e atualização de título às 20h10

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OPEP+ volta a aumentar produção de petróleo para recuperar quota de mercado

  • Lusa
  • 5 Julho 2025

A Arábia Saudita, a Rússia e outros seis produtores de petróleo da OPEP+ anunciaram hoje um novo aumento de quota superior ao esperado em agosto, desafiando as expectativas do mercado.

A Arábia Saudita, a Rússia e outros seis produtores de petróleo da OPEP+ anunciaram este sábado um novo aumento de quota superior ao esperado em agosto, desafiando as expectativas do mercado.

Os oito países participantes [na reunião] vão implementar um ajustamento de produção de 548 mil barris por dia em agosto de 2025″, face a julho, contra 411 mil inicialmente previstos pelos analistas, anunciou a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em comunicado citado pela France-Presse (AFP).

Este último aumento confirma claramente que “o grupo está a caminhar firmemente para uma estratégia de quota de mercado”, disse Jorge Leon, da Rystad Energy, à AFP. Este aumento era “impensável há alguns meses”, acrescentou o analista, e ocorre após três aumentos consecutivos de quotas de 411 mil barris por dia em maio, junho e julho, marcando uma profunda mudança na estratégia do grupo de produtores.

Para combater a erosão dos preços, o grupo tem vindo a reduzir a oferta desde o final de 2022, através de vários cortes de produção. Um deles, de 2,2 milhões de barris por dia, acordado entre a Arábia Saudita, a Rússia, o Iraque, os Emirados Árabes Unidos, o Kuwait, o Cazaquistão, a Argélia e Omã, está atualmente a ser reintroduzido no mercado. Nos últimos meses, o grupo parece ter desistido do seu preço-alvo de cerca de 80 euros.

O barril de petróleo Brent, que estava a ser negociado a cerca de 75 dólares no início do ano, negoceia agora entre os 65 e os 70 dólares.

Para justificar a sua decisão, a OPEP+ destacou “a estabilidade da perspetiva económica global e a boa saúde atual dos fundamentais do mercado, evidenciada pelo baixo nível de ‘stocks’ de petróleo”.

Mas o fracasso de alguns países-membros, como o Cazaquistão e o Iraque, em cumprir as quotas “constitui um fator que apoia a decisão”, disse à AFP o analista do UBS Giovanni Staunovo.

Ao abrir as comportas, a Arábia Saudita, o país com mais voz no grupo, pressionaria eficazmente os membros que excedessem as suas metas de produção, reduzindo os lucros e limitando a capacidade de alguns membros produzirem mais do que as suas quotas.

Em maio, de acordo com uma estimativa da Bloomberg, a produção do cartel aumentou apenas 200.000 barris, apesar do aumento da quota de 411.000 barris.

Em junho, a guerra de 12 dias entre o Irão e Israel abalou o mercado petrolífero, elevando brevemente o preço do petróleo Brent acima dos 80 dólares, uma vez que o mercado temia uma interrupção no fornecimento do Estreito de Ormuz, por onde passa 20% do crude mundial. A ameaça acabou por não se concretizar, mas a guerra reforçou a decisão da OPEP+ de avançar com o aumento da produção.

Os oito países vão reunir-se em 03 de agosto para decidir os níveis de produção de setembro, de acordo com a declaração da OPEP.

A OPEP+ é uma extensão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que reúne 13 países membros, e inclui outros 10 países produtores de petróleo que não fazem parte da OPEP.

A OPEP, fundada em 1960, é composta por países que são grandes exportadores de petróleo, como a Arábia Saudita, o Irão, o Iraque, o Kuwait e a Venezuela.

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Sardinha portuguesa conquista selo azul que certifica uma pescaria “sem espinhas”

  • Lusa
  • 5 Julho 2025

A sardinha portuguesa foi reconhecida com o selo azul MSC, que distingue as pescarias com melhores práticas internacionais e abre as portas a novos mercados

A sardinha portuguesa foi reconhecida com o selo azul MSC, que distingue as pescarias com melhores práticas internacionais, anunciou este sábado o Ministério da Agricultura e do Mar, que sublinha a oportunidade de abertura a novos mercados com a certificação.

“Este reconhecimento é prova do compromisso dos pescadores portugueses com as boas práticas ambientais, a gestão responsável dos recursos marinhos e o respeito pelos ecossistemas”, sublinha a tutela numa nota enviada à agência Lusa.

A certificação MSC (Marine Stewardship Council) distingue as pescarias com as melhores práticas internacionais em prol de uma pesca sustentável, assente em padrões como a sustentabilidade dos ‘stocks’ de sardinha, a redução do impacto da pesca nos ecossistemas e o sistema de gestão eficaz, baseado em dados científicos.

Em abril, a então secretária de Estado das Pescas, Cláudia Monteiro de Aguiar, já tinha antecipado que, entre junho e julho, Portugal deveria receber o selo azul na pesca da sardinha.

Confirmada hoje, o Ministério sublinha que “o selo azul MSC valoriza o pescado e abre portas a novos mercados”.

A certificação abrange a abrange a frota portuguesa de cerco, representada pela ANOPCERCO — Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco, e tem validade até 2030.

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Chanceler britânica do Tesouro alerta para novos aumentos de impostos

  • Lusa
  • 5 Julho 2025

A chanceler britânica do Tesouro, Rachel Reeves, avisou que os aumentos de impostos no próximo Orçamento serão mais difíceis do que o pacote anterior

A chanceler britânica do Tesouro, Rachel Reeves, avisou o Governo trabalhista que os aumentos de impostos no próximo Orçamento serão mais difíceis do que o pacote anterior de 40 mil milhões de libras (46,4 mil milhões de euros).

Reeves disse que os novos aumentos serão provavelmente mais pequenos, mas que tem opções limitadas, explicando que os impostos têm de aumentar para cobrir o custo das reformas da segurança social, noticia hoje a comunicação social britânica.

Os comentários da chanceler do Tesouro vão mais longe do que as suas últimas declarações públicas, que têm sido menos explícitas quanto à perspetiva de aumento dos impostos.

A permanência de Reeves como chefe das Finanças do Reino Unido e a sua reputação de disciplina fiscal estiveram no centro de forte queda nos mercados financeiros britânicos esta semana, depois de uma câmara de televisão a filmar em lágrimas no Parlamento, o que levou a especulações de que poderia estar de saída do Governo de Keir Starmer, na sequência de fracassos recentes na reforma da segurança social.

Reeves afirmou que não pode excluir aumentos de impostos no Orçamento previsto para o próximo outono e que nunca pensou em demitir-se, reconhecendo, no entanto, que tinha sido uma semana “prejudicial” para o Governo de Starmer, segundo o The Guardian, que citou a chanceler numa entrevista ao The Times hoje nas bancas.

Reeves disse que lamentava ter ido para a sessão parlamentar em lágrimas, depois de um “dia difícil no escritório”, mas esperava que as pessoas se pudessem identificar com a sua angústia, noticiou o Guardian.

“Era uma questão pessoal, mas foi sob o olhar da câmara”, disse. “E isso é lamentável, mas acho que as pessoas viram que estou de volta ao trabalho e que estou de volta ao ativo”.

Os mercados recuperaram depois de Starmer ter garantido publicamente que Reeves permaneceria no seu cargo durante “muitos anos” e de Reeves ter renovado o compromisso com a disciplina orçamental, afirmando que esta é uma condição para a estabilidade económica do Reino Unido.

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“One Big Beautiful Bill Act”. Quem ganha e quem perde com a lei de Trump

  • Joana Abrantes Gomes
  • 5 Julho 2025

Dos cortes no Medicaid e fim dos incentivos fiscais nas energias renováveis, às reduções permanentes de impostos e um aumento da despesa para travar a imigração, o que muda com a nova lei?

Com o défice orçamental dos Estados Unidos a situar-se em 6,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, Donald Trump assinou na tarde de sexta-feira, o simbólico dia 4 de julho, um pacote legislativo que vai manter as contas públicas no vermelho e agravar a já elevada dívida pública do país em mais de 3 biliões de dólares ao longo da próxima década. A “One Big Beautiful Bill Act” do Presidente norte-americano reserva vários milhões para o combate à imigração ilegal, reduz os impostos sobretudo aos mais ricos e ameaça cortar apoios sociais a quase 12 milhões de pessoas carenciadas.

O Dia da Independência dos EUA, 4 de julho, foi o prazo definido pelo líder da Casa Branca para a aprovação do diploma, que recebeu ‘luz verde’ da Câmara de Representantes na quinta-feira, por uma margem curta de 218 votos a favor e 214 contra, depois de já ter passado no Senado (câmara alta do Congresso).

A maior parte das quase 900 páginas do documento visa tornar permanentes as reduções impostas pela Lei de Cortes de Impostos e Emprego (TCJA, na sigla em inglês), assinada por Donald Trump ainda durante o primeiro mandato, em 2017, algumas das quais estavam previstas expirar no final do ano.

A “One Big Beautiful Bill Act” traz, por outro lado, cortes na despesa, sobretudo no que toca a programas sociais, de modo a compensar a perda de receitas na sequência da prorrogação da TCJA. No caso do acesso ao Medicaid (seguro de saúde público para pessoas com baixos rendimentos), por exemplo, são impostas novas exigências, tais como a reinscrição passar a ser de seis em seis meses em vez de uma vez por ano e a entrega de comprovativos de rendimentos e de residência. Além disso, baixa o imposto sobre os prestadores de serviços — que os Estados utilizam para ajudar a financiar a sua parte dos custos do Medicaid — de 6% para 3,5%, de forma gradual, até 2032.

Depois de alguns congressistas republicanos terem manifestado preocupação sobre a forma como os hospitais rurais poderiam ser impactados por estas restrições, foi incluído no projeto de lei um fundo de estabilização para estes hospitais, no valor de 50 mil milhões de dólares, a ser alocados durante o mesmo período em que o imposto sobre os prestadores de serviços será reduzido.

A nova lei endurece, simultaneamente, os requisitos de elegibilidade para os adultos fisicamente aptos com filhos com 15 anos ou mais, que necessitam de trabalhar ou ser voluntários durante pelo menos 80 horas por mês para ter o benefício. O Gabinete de Orçamento do Congresso estima que 11,8 milhões de norte-americanos poderão perder a sua cobertura de saúde até ao final da próxima década, como resultado destas alterações.

Outro programa social que vai sofrer mudanças é o Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP, na sigla em inglês), do qual mais de 42 milhões de norte-americanos beneficiavam em março deste ano, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). A legislação prevê que, para continuarem a beneficiar do SNAP, os pais de crianças com 14 anos ou mais terão de cumprir os requisitos laborais. Além disso, aumenta a idade de exigência de trabalho dos 54 para os 64 anos.

Por outro lado, a partir de 2028, alguns Estados vão passar a suportar mais custos com as prestações do programa, cuja taxa será fixada em função da percentagem de pagamentos errados de um Estado. Atualmente, as prestações são totalmente financiadas pelo Governo federal, embora os Estados partilhem os custos administrativos.

As estimativas do Gabinete de Orçamento do Congresso nesta matéria apontam para uma redução do financiamento em cerca de 186 mil milhões de dólares entre 2025 e 2034, além de mais de 5 milhões de pessoas ficarem em risco de perder, pelo menos, alguma assistência alimentar.

Voltando à redução de impostos, a “One Big Beautiful Bill Act” prevê, igualmente, a dedução de um determinado valor de gorjetas e horas extraordinárias dos impostos até 2028. No entanto, propõe a eliminação gradual destes benefícios com base no rendimento anual, começando nos 150.000 dólares para indivíduos e 300.000 dólares para casais.

Trump também coloca na lei o aperto à imigração. A lei destina 170 mil milhões de dólares para o reforço da fiscalização da imigração e 50 mil milhões à construção de novas barreiras na fronteira com o México, concedendo mais poderes ao Serviço de Imigração e Fiscalização Aduaneira (ICE) e permitindo a contratação de milhares de novos agentes de segurança até 2029.

Em sentido oposto, revoga gradualmente incentivos à transição energética criados durante a Administração de Joe Biden: as empresas que iniciarem a construção de parques eólicos e solares ainda este ano, podem qualificar-se para a isenção fiscal total, mas a percentagem desce para 60% se iniciarem a construção em 2026 e 20% se iniciarem em 2027. A eliminação da isenção está prevista para 2028.

Acaba também com os créditos fiscais para veículos elétricos novos e usados, instalação de equipamentos de carregamento de veículos elétricos residenciais e sistemas de isolamento ou aquecimento e arrefecimento com eficiência energética, e põe fim ao Fundo de Redução de Gases com Efeito de Estufa, que concedia financiamento a organizações sem fins lucrativos que financiam projetos que reduzem a poluição e as emissões de gases com efeito de estufa nas comunidades. Os contratos e subsídios existentes no âmbito do programa não serão afetados.

Analistas antecipam que nova lei não vai gerar impulso positivo na economia dos EUA

Com as estimativas do Gabinete de Orçamento do Congresso a apontarem para um crescimento de pelo menos 3,3 biliões de dólares da dívida pública dos EUA devido à lei aprovada esta semana, crescem os receios em torno da estabilidade financeira da maior economia do mundo, ainda mais após as três principais agências de notação financeira terem baixado o rating da dívida soberana nos últimos anos.

O Gabinete de Orçamento do Congresso estima que só a prorrogação dos cortes fiscais de 2017 irá reduzir as receitas fiscais em 3,7 biliões de dólares ao longo dos próximos 10 anos, enquanto os cortes de despesas propostos apenas poupariam 1,3 biliões de dólares, gerando um défice primário 2,4 biliões de dólares mais elevado do que se as reduções não tivessem sido mantidas.

Embora as tarifas aduaneiras e as “poupanças de eficiência” do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) possam colmatar o “buraco financeiro” da “One Big Beautiful Bill Act”, o ING prevê que não vai gerar qualquer impulso positivo para a atividade económica dos EUA em relação às tendências já existentes.

“Os défices dos EUA continuarão a ser elevados e os níveis de dívida continuarão a crescer, especialmente considerando o aumento contínuo de 0,1-0,2 pontos percentuais do PIB nas despesas relacionadas com a demografia e a forma como isso irá contribuir para a posição orçamental do país”, escrevem James Knightley, Dmitri Dolgin e Padhraic Garvey, numa análise publicada pelo banco neerlandês na semana passada.

Em suma, segundo os economistas do ING, a nova legislação “limitar-se-á a evitar uma deterioração material da procura interna, sem fazer nada para impulsionar a atual tendência de crescimento“.

Note-se que, no âmbito da “One Big Beautiful Bill Act”, o limite da dívida aumenta em 5 biliões de dólares, sendo que o Congresso tem um prazo para abordar o limite da dívida ainda este verão.

A “One Big Beautiful Bill Act” limitar-se-á a evitar uma deterioração material da procura interna, sem fazer nada para impulsionar a atual tendência de crescimento. Para além da extensão da Lei dos Cortes Fiscais e do Emprego, as disposições da “One Big Beautiful Bill Act” deverão reduzir o défice primário a 10 anos em 1,5 biliões de dólares, através da redução das deduções e do financiamento dos cuidados de saúde e de outros setores.

James Knightley, Dmitri Dolgin e Padhraic Garvey

Analistas do ING Group

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