Transformação digital e emergência de novos riscos obrigam a uma mudança efectiva no setor. As insurtech "devem ser vistas como parceiros preferenciais" no potencial de benefício.
Ana Almeida, responsável de Management Consulting na área de Serviços Financeiros da Accenture Portugal, em declarações recolhidas por Especial Insurtech – ECO Seguros, aponta “três alavancas de valor relevantes” para renovação e capacitação do mercado português.
A tendência atual da indústria traduz-se positivamente pela ideia ‘seguros à medida’. Como perceciona este movimento e qual a abordagem da Accenture Portugal?
Quando falamos do panorama do setor segurador, é importante relembrar que o modelo de negócio das seguradoras se manteve estável nos últimos 200 anos dada a resiliência dos seus atores. A visão de aplicação de capital para redução do risco, com produtos standard para os clientes particulares, foi sendo mantida e associada a momentos menos positivos na vida das pessoa (ie, doença, roubos, acidentes, morte, invalidez, etc.).
Nos últimos cinco anos, induzido por um contexto de clientes digitais mais exigentes com uma esperança média de vida superior, mas também com o surgimento de novos riscos (eg., eventos climáticos extremos, ciberataques, novas doenças, etc.), torna-se imperativo repensar o negócio e criar uma nova imagem na relação com as pessoas.
Surgem agora novas formas de ligar os seguros à vida das pessoas e principalmente aos seus comportamentos. Recentemente a Tesla lançou um seguro automóvel que utiliza dados em tempo real, que avaliam o comportamento dos condutores e influenciam os prémios de seguro. A Allianz internacionalmente liga também os seguros habitação à informação de consumo recolhida em equipamentos domésticos.
É neste sentido que, na Accenture Portugal, potenciamos no nosso “hub de inovação” em seguros, soluções que integram produtos de insurtechs e visam repensar e personalizar os serviços a oferecer aos clientes finais.
A inovação tecnológica introduz estes novos paradigmas, como inteligência artificial (IA) e dados (Big Data). De que forma se adequam e qual o potencial para o negócio segurador?
Num setor que mundialmente continua a colocar como prioridade principal a transformação digital, há 3 (três) alavancas de valor relevantes que no contexto nacional devem ter a declinação adequada a um mercado de pequena dimensão:
- Utilização de Inteligência Artificial e Blockchain
As tecnologias baseadas em inteligência artificial são as que têm tido maior aplicação e importância no setor, principalmente com tudo o que tenha a ver com obtenção de eficiência e qualidade do serviço prestado. No contexto nacional surge a importância em realizar uma redistribuição de investimentos mais equilibrada entre as componentes de tecnologia, transformação de processos e principalmente transformação do talento. A experiência que temos tido em Portugal indica que se houver um balanceamento, ao desequilibrar o investimento destinado à vertente tecnológica, ficam por capturar mais de 50% dos benefícios, na medida em que não há uma mudança efetiva da operação (por exemplo na simplificação da oferta e adequação da mesma às pessoas).
A tecnologia de blockchain começa agora a ter maior expressividade e será a próxima tendência. Assim que se consiga desmistificar a sua ligação às criptomoedas, será mais fácil reconhecer a sua importância em garantir veracidade imediata da informação trocada entre os envolvidos no ecossistema (ie, clientes, parceiros, autoridades, etc.), conseguindo controlo na utilização da informação.
- Renovação dos sistemas core
Os desafios que surgem na rentabilização das novas tecnologias e que permitem dar novos serviços mais personalizados aos clientes, vieram reforçar a importância em rever os sistemas que estão ligados à base do negócio. Sabendo que o fator diferenciador do setor está na utilização dos dados e informação, para garantir que se dá ao cliente aquilo que ele pretende, deve-se pensar a nível nacional em formas de partilhar serviços, e como tal investimentos, em tudo o que não cria distinção. - Capitalização de ecossistemas com insurtechs
As insurtechs devem cada vez mais ser vistas como parceiros preferenciais para inovar e diferenciar a oferta e não apenas como participantes em programas de incubação. Dados do final de 2019 indicam que a nível global há um crescimento dos valores de investimento nestas startups na ordem dos 18 biliões de dólares associados a mais de 1850 novas empresas.
A parceria entre a Accenture Portugal e a Fintech House reforça a nossa aposta neste ecossistema de inovação a nível europeu. Integramos nas nossas soluções e serviços os produtos e talento das insurtechs com quem estabelecemos parceria, e damos-lhes escala e garantias de adequação e integração em contextos legados dos nossos clientes.
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Ana Almeida (Accenture): Inovar e maximizar benefícios em seguros
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