A inovação colaborativa na era da transição
A inovação, seja tecnológica, industrial ou social, não pode ser realizada isoladamente, seja por empresas ou pessoas. A colaboração é o ingrediente essencial da inovação.
Vivemos num ambiente que muda com uma rapidez admirável. As mudanças são produzidas de maneira tão acelerada e em tantos ambientes diferentes, que a inovação deixou de ser recomendável para se tornar imprescindível. A inovação já não é uma questão de opção, mas sim uma clara condição. Isto é particularmente crítico para quem ocupa cargos de gestão e liderança, pois a capacidade de adaptação e inovação, a capacidade de arriscar, faz com que as organizações consigam sair reforçadas a cada mudança.
Este não é um percurso fácil, pois inovar obriga-nos a enveredar por novos caminhos cheios de riscos. Claramente, o medo de falhar está presente, já que a inovação é, por defeito, companheira do erro. Contudo, este não deve ser encarado com temor, mas apenas com prudência e com espírito de aprendizagem. Como dizia o Ken Robinson, escritor britânico especialista em educação, «Se não estás preparado para equivocar-te, nunca terás nada original nem que valha a pena».
Pensando neste contexto tão mutável em que vivemos, se houver uma palavra que possa definir o momento atual é a transição; estamos a assistir a uma mudança de época que está a evoluir a uma velocidade vertiginosa, na maneira como produzimos,
como nos organizamos, como consumimos… A digitalização, a inteligência artificial e a robotização, são elementos-chave desta transição, mas também o são as tendências demográficas, culturais, sociais e, claramente, a crise climática, que nos forçou a questionar o modelo económico e a abandonar o modelo energético baseado nos combustíveis fósseis e nos sistemas de produção e consumo insustentáveis. Tudo isto revela uma realidade que nos obriga a inovar, especialmente se trabalhamos em setores diretamente afetados por esses processos transitórios, como é o setor da energia.
No entanto, esta inovação não pode ser entendida só em termos tecnológicos ou empresariais, mas também sociais, pois os processos transacionais podem agravar desigualdades existentes – tal como estamos a ver, por exemplo, com as consequências da brecha digital ou no acesso ao emprego – bem como podem gerar novas desigualdades, ainda desconhecidas.
É por isso que a inovação deve ter também, forçosamente, uma dimensão social: devemos ser capazes de identificar e minimizar o impacto negativo desses processos de mudança no tecido social e no meio ambiente, e de imaginar e colocar em marcha ações, não apenas para evitar esses impactos negativos, mas para conseguir que, desta grande transição, surjam oportunidades para avançar num desenvolvimento mais sustentável.
Mas esta inovação, seja tecnológica, industrial ou social, não pode ser realizada isoladamente, seja por empresas ou pessoas. A colaboração é o ingrediente essencial da inovação, especialmente num contexto tão mutável e complexo como o atual. A colaboração permite-nos ser mais adaptativos e ágeis, permite que nos possamos converter em estruturas resilientes e competitivas. As entidades que integram e fomentam a colaboração obtêm melhores resultados de negócios, especialmente em tempos incertos.
Esta colaboração não pode, nem deve, circunscrever-se ao âmbito interno da empresa, porque, embora seja essencial, é limitada e não permite uma adaptação adequada à realidade. É imprescindível envolver outros setores: universidades, entidades sem fins
lucrativos, novas estruturas, administrações, e fazê-lo de forma a superar as dinâmicas habituais de relacionamento, acreditando que a aquisição de conhecimento deve ser circular, pelo que temos também a aprender com as pessoas, grupos e entidades com as quais tradicionalmente as empresas se relacionam com dinâmicas paternalistas ou de caráter filantrópico.
Inovar é colaboração, é adaptação. É ousadia para desenhar novos modelos de funcionamento, para assumir riscos, para enfrentar eventuais equívocos e falhas, com a convicção de que só assim teremos um futuro possível para as nossas organizações.
Nota: esta é a coluna da iniciativa cívica Women in ESG Portugal para o ECO, e por meio deste canal pretendemos trazer conteúdos ligados ao ESG de forma descomplicada para a sociedade, na voz de mulheres que detêm expertise técnica na área. Para mais informações, aceda ao site: www.winesgpt.com
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