A máquina de Cristina Ferreira
Num país onde tanto se menciona hipocritamente a palavra meritocracia, mas onde depois os mesmos, e os seus descendentes, se perpetuam durante anos nas suas tribunas, é bom dar o mérito a quem o tem.
Eu respeito a Cristina Ferreira porque construiu a sua carreira a pulso. É uma mulher trabalhadora, perseverante, que só dependeu de si própria e da sua vontade para ascender ao topo da pirâmide mediática e conquistando a confiança dos portugueses no seu nome que se tornou uma marca de imenso valor.
São poucas as pessoas em Portugal que conseguem ter, com elevados índices positivos, as duas palavras mágicas que devem nortear uma estratégia de comunicação: notoriedade e reputação. Toda a gente a conhece, a partir da liderança de anos das manhãs da TVI (com Manuel Luís Goucha, um parceiro que a ajudou a crescer) e, hoje, ela está associada a uma série de produtos que só são um sucesso porque, a eles, ela dá o seu nome.
E construiu a sua marca numa dinâmica de proximidade, de partilha, com as fieis audiências que a seguem na televisão e nas redes sociais. Quem a vê, sente que ela é honesta, íntegra, por ser humildemente genuína.
Para lá de uma equipa competente que a apoia, todos sabemos que ela está sempre presente e toma as decisões nos negócios a que se associa e gosta daquilo que faz e promove. Agarrou numa das suas fraquezas aos olhos de alguns e transformou-a num dos seus pontos mais fortes e que lhe confere verdade na sua profissão: o ser, como ela diz com orgulho, uma «saloia da Malveira». E quem trabalha com spin sabe que transformar uma debilidade numa sua muralha é uma excelente manobra de comunicação.
Tem pontos fracos? Tem. Quais? O maior talvez a sua antiga vida pessoal. Pois quando sobe o valor do seu “brand” pessoal e dá uma capa na “Sábado”, depois poucas semanas a seguir é capa da revista do “Expresso”, e o seu valor de marca passa da classe C/D, para classe A/B, não pode ser dois dias depois capa de uma revista social por um problema qualquer do seu passado familiar. Isso é uma brecha no “brand” que está a construir e que ela e a sua equipa terão de saber contornar.
Cristina Ferreira é hoje um império, com diversas atividades, e que arrancaram ainda mais através do seu blogue “Daily Cristina”. É das personalidades portuguesas mais seguidas nas redes sociais [a segunda, logo a seguir a Cristiano Ronaldo], consegue montar uma história discutível de pirataria dos seus espaços para promover um seu novo perfume, é um fenómeno de comunicação e popularidade, parecendo a versão feminina do Rei Midas, aquele que tudo em que tocava, transformava em ouro.
Tenho a certeza de duas coisas: poderá ter momentos menos bons, mas continuará simples sem se deslumbrar com os holofotes da ribalta que tanto transtornam quem não tem uma boa formação humana, e a segunda certeza é que, num país de invejosos e de muita mesquinhez, todos os cêntimos que ganha são merecidos. Porque são o fruto honesto do seu trabalho.
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