A metamorfose profissional

Ao longo da vida, passamos por transformações inevitáveis que moldam quem somos. Estas mudanças não se limitam à esfera pessoal; Também marcam as nossas jornadas profissionais e, curiosamente, a forma como as navegamos pode espelhar a forma como nos preparamos e lidamos com transições de carreira. Herminia Ibarra, no seu artigo intitulado de “The 3 Phases of Making a Major Life Change” (em português, “As 3 fases de fazer uma grande mudança de vida”), descreve três etapas que encontramos inevitavelmente neste processo: separação, transição e reintegração. Estas três peças não só são essenciais para o nosso crescimento pessoal, mas servem também como uma bússola para compreender as dinâmicas profissionais.

Todas as grandes mudanças requerem um momento de separação, onde abandonamos o familiar, tais como velhas rotinas, práticas e mentalidades que, embora sejam confortáveis, podem já não servir os nossos objetivos. No mundo profissional, este passo pode ser especialmente complexo, uma vez que requer deixar para trás uma identidade construída ao longo de anos para abraçar algo desconhecido. No entanto, ao deixarmos para trás o que já não nos serve, criamos espaço necessário para nos reinventarmos. Seja numa transição para uma nova área ou num reposicionamento de carreira, esta fase é marcada por um sentimento de perda, mas também de potencial. É o momento em que reconhecemos que, para crescer, precisamos de abrir espaço para o novo.

Após a separação, entramos num período de transição que pode parecer incerto, mas que é rico em oportunidades. Esta é, talvez, a fase mais desafiante, porque já não estamos ligados ao passado, mas ainda não nos encontramos totalmente integrados no nosso novo papel. Devemos encarar esta “zona neutra” como um momento de exploração, experimentação e aprendizagem. É um período de crescimento, onde a curiosidade desempenha um papel fundamental, pois através da experimentação, desenvolvemos competências que se tornam pilares para o próximo capítulo da nossa carreira e encontramos a nossa voz e abordagem única no âmbito da estrutura ampla e inovadora da empresa.

A fase final neste processo é a reintegração, onde consolidamos essa nova identidade e nos comprometemos com uma mudança duradoura. Esta fase não é apenas um retorno à estabilidade, mas uma reafirmação de quem nos tornámos no processo. Depois de abandonar as velhas rotinas e navegar num período de incerteza, é expectável que assumamos plenamente este novo papel. Isto significa adotarmos uma mentalidade que dá prioridade à transparência, à inovação e constante evolução e a resultados mensuráveis. Já não estamos à deriva, mas sim comprometidos com um caminho que reflete os nossos valores, competências e objetivos e, através desse compromisso, conseguimos nos posicionar como peças fundamentais para garantir mudanças sustentáveis e com impacto positivo para a empresa na qual nos inserimos.

Esta jornada não é apenas profissional, mas também emocional. É um reflexo mais amplo da forma como lidamos com o desconhecido e como nos adaptamos em momentos de transição. Transformações profissionais, tal como pessoais, são complexas e a incerteza pode ser intimidante, mas é fundamental nesta viagem e torna a fase de reintegração ainda mais gratificante. Ao abraçarmos estas mudanças com coragem e curiosidade, somos capazes de reimaginar o nosso papel no mundo profissional e encontrar propósito no processo.