A Revolução ESG: O Papel do Setor Segurador para um Futuro Sustentável
Patrícia Azevedo Lopes, Sócia da ATLAW, detalha todos os passos ESG que uma empresa precisa saber e dar para estar confortavelmente sustentável. Exigências da Lei e de stakeholders estão a aumentar.
A crescente importância dos critérios ESG (Ambiental, Social e de Governança) no setor segurador é inegável. A adoção de práticas ESG é essencial para a sustentabilidade a longo prazo e para a criação de valor para todos os stakeholders, especialmente na subscrição de riscos de seguro de commercial lines e nos ativos a investir.
No campo ambiental, a gestão eficiente e sustentável dos recursos naturais, a redução das emissões de carbono e outros poluentes e o incentivo ao uso de fontes de energia renováveis são fundamentais para mitigar as mudanças climáticas e promover a sustentabilidade.
No âmbito social, as políticas que assegurem a diversidade e a inclusão no local de trabalho, a criação de um ambiente de trabalho seguro e saudável e práticas éticas e responsáveis nas relações com clientes, fornecedores e a comunidade são essenciais para o bem-estar dos colaboradores e a responsabilidade social corporativa.
Em termos de governança, a transparência na gestão, o cumprimento de todas as leis e regulamentos aplicáveis e a promoção de uma cultura de integridade e ética, em todas as operações empresariais, são cruciais para a confiança e a reputação da empresa de seguros.
A implementação de critérios ESG traz inúmeros benefícios:
- Melhoria da Imagem e Reputação: A implementação de critérios ESG melhora a imagem e a reputação da empresa de seguros, demonstrando um compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social;
- Atração por Investimentos Sustentáveis: Empresas que adotam práticas ESG são mais atraentes para investidores que buscam oportunidades sustentáveis e responsáveis;
- Mitigação de Riscos: A adoção de critérios ESG ajuda a mitigar riscos associados a questões ambientais, sociais e de governança, promovendo uma gestão mais eficiente e sustentável.
A União Europeia tem desenvolvido várias iniciativas legislativas para promover e regular as finanças sustentáveis, incluindo a taxonomia europeia, o SFDR (Sustainable Finance Disclosure Regulation) e o CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive). Estas iniciativas têm implicações significativas para as empresas de seguros que precisam adaptar os seus negócios aos novos requisitos ESG e ao reporte e divulgação de sustentabilidade, em vigor desde 1 de janeiro de 2024.
Principais iniciativas legislativas
A taxonomia europeia é um sistema de classificação que define quais são as atividades económicas ambientalmente sustentáveis, alinhadas com os objetivos do Acordo de Paris e do Pacto Ecológico Europeu. Visa facilitar e incentivar o investimento sustentável, evitando o greenwashing e aumentando a transparência e a responsabilidade das instituições financeiras. Para que uma atividade económica seja considerada sustentável deve contribuir significativamente para, pelo menos, um dos seis objetivos ambientais estabelecidos, sem causar danos significativos aos outros e cumprir com padrões mínimos de governança social. Existe um dever de diligência por parte das empresas de seguros na aferição e classificação prévios, quer aquando do underwriting, quer no investimento de ativos.
O SFDR é uma lei da União Europeia que visa aumentar a transparência e a responsabilidade das instituições financeiras sobre os impactos ESG dos seus produtos e serviços. Complementa a taxonomia europeia ao estabelecer regras e padrões para a divulgação de sustentabilidade, representando um desafio para os gestores de ativos que precisam adaptar os seus modelos operacionais, políticas e processos para cumprir com os novos requisitos de divulgação.
O CSRD exige que todas as grandes empresas e empresas de interesse público publiquem relatórios regulares sobre as suas atividades de impacto ambiental, social e de governança. Visa aumentar a transparência e a responsabilidade das empresas sobre os impactos ESG dos seus produtos e serviços, ajudando investidores, consumidores, legisladores e outros stakeholders a avaliar o desempenho não financeiro das empresas. As empresas devem reportar de acordo com as ESRS (European Sustainability Reporting Standards), desenvolvidos pela EFRAG (European Financial Reporting Advisory Group) e as informações de sustentabilidade devem ser certificadas por um revisor oficial de contas.
Os ESRS são um conjunto de padrões que definem os conteúdos, formatos e métodos para a divulgação de informações de sustentabilidade pelas empresas, de acordo com a CSRD. Incluem padrões transversais e setoriais que trazem benefícios como a melhoria da transparência e responsabilidade, a atração de mais investidores interessados em sustentabilidade e o alinhamento com as políticas e regulamentos da União Europeia.
Adotar critérios ESG não é apenas uma tendência, mas uma necessidade imperativa para garantir a resiliência e a relevância das empresas de seguros no futuro. A sustentabilidade não é um destino mas uma jornada contínua que exige compromisso, inovação e responsabilidade compartilhada.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
A Revolução ESG: O Papel do Setor Segurador para um Futuro Sustentável
{{ noCommentsLabel }}