Autárquicas 2017: Não vote em candidatos com mau gosto!

Uma análise às campanhas autárquicas passadas revela que são do mais amador que existe. Portanto, não vamos votar em candidaturas que comuniquem de forma foleira!

Para o ano temos eleições autárquicas. A boa notícia é que poderá voltar a escolher livremente os seus eleitos (ao contrário dos cubanos), a má notícia é que as autarquias vão ser invadidas por campanhas políticas mal feitas, de gosto duvidoso e com zero de profissionalismo.

Há sete anos, o meu amigo, e destacado profissional das Relações Públicas, Rodrigo Saraiva, convidou-me a integrar o blog Imagens de Campanha. Um espaço onde eu, o Rodrigo e mais uns amigos, analisávamos as campanhas eleitorais na ótica da comunicação e da criatividade.

Durante esta viagem ao mundo das campanhas políticas, consegui comprovar aquilo que sempre suspeitei: as nossas campanhas políticas são do mais amador que existe. A direção de arte dos cartazes é péssima, os slogans são foleiros, as fotografias parecem tiradas por fotógrafos de batizados, os jingles são mal produzidos, os filmes parecem tempos de antena da década de 90, as redes sociais são mal tratadas e os brindes são as mesmas canetas e isqueiros que se davam nas eleições para a constituinte de 1975.

Estou farto de todo este amadorismo. Ele é o candidato com a gravata da cor do partido, os fundos dos cartazes com nuvens, os jingles que utilizam melodias de artistas pop sem pagarem direitos e as cidades poluídas visualmente com tralha a que os eleitores não ligam nenhuma.

Mas como redator publicitário de origem, o que mais me chateia são os slogans, ou, como dizemos em publicidade, “os headlines”. Porque raio é que são sempre iguais e nunca querem dizer absolutamente nada?! Basta de “mais ambição”, “fazer melhor”, “novos horizontes”, “um novo rumo”, “um novo impulso”, “sempre consigo”, “estamos juntos”, “equipa de trabalho” e coisas do género! O meu voto não é valioso o suficiente para que mereça que me digam algo que no mínimo seja original?

Mas porque raio é que isto é sempre assim? É fácil de explicar: “if you pay peanuts, you get monkeys”. A maioria das candidaturas não se preocupa em contratar profissionais para fazer estes trabalhos, recorrendo antes a curiosos. Vocês perguntam: mas porquê?! Para isto, há várias respostas: muitas vezes “porque é alguém lá da terra”; ou porque é “sobrinho da dona Maria”; ou até porque “os porcos no espeto já vão custar um balúrdio”.

Sejamos sinceros: se um candidato não tem a capacidade de perceber que a sua campanha é foleira, como será capaz de governar uma autarquia? A culpa do mau gosto urbanístico das nossas cidades não é só uma questão urbanística, parte também do problema de elegermos tipos que têm por e simplesmente mau gosto.

O candidato que hoje tem um cartaz com o fundo lilás e o slogan “Um novo rumo para X”, é o mesmo tipo que amanhã vai gastar o dinheiro dos nossos impostos a contratar cantores pimba para as festas lá da terra e estourar o orçamento municipal a fazer rotundas com fontes iluminadas com leds de várias cores.

Perante este pesadelo proponho-vos um desafio: nestas autárquicas não vamos votar em candidaturas que comuniquem de forma foleira! Podemos não mudar o país com este gesto, mas teremos certamente concelhos e freguesias geridos por pessoas com bom gosto.

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