Career Cushioning: a nova tendência que tem como solução as pessoas
Dado que o talento é escasso e que o que existe é cada vez mais cobiçado, o "Career Cushioning" apresenta, sem dúvida, um novo desafio para as empresas. E dos grandes.
2023 já vai a mais de meio, mas continuam a surgir novas tendências e movimentações no mercado de trabalho. Depois da “Great Resignation” e do “Quiet Quitting”, nasce agora o “Career Cushioning”. E este movimento despoleta precisamente num momento em que o mercado está cada vez mais volátil, em que há uma crescente necessidade de tirar o trabalho do centro da vida e sente-se, além da instabilidade económica, política, etc., ainda o efeito da ansiedade causada pela Covid-19.
O “Career Cushioning” é, traduzido à letra, o “amortecimento da carreira” — o caminho que os profissionais de hoje percorrem para amenizar o seu descontentamento no trabalho. Esta tendência vem sugerir que, apesar de os profissionais terem um emprego a tempo integral, estão constantemente à procura de um “plano B”: de novas oportunidades profissionais. Para tal, empenham-se na procura de novas vagas, na estruturação de um plano de mudança de carreira, no planeamento de um negócio próprio, ou simplesmente na procura de uma atividade complementar aliciante a nível pessoal ou profissional que signifique um aumento salarial.
Ora, consciente de que o mercado de trabalho atravessa por si só um período instável, dado que o talento é escasso e que o que existe é cada vez mais cobiçado, o “Career Cushioning” apresenta, sem dúvida, um novo desafio para as empresas. E dos grandes. No entanto, se esta nova tendência mostra que os profissionais procuram cada vez mais novas oportunidades — se pensarmos bem — a solução para os atrair e reter pode não ser tão distante e estar mesmo “ao virar da esquina”. Dar aos profissionais o investimento e confiança que estes procuram pode traçar o caminho.
Para tal, há que aplicar nas empresas estratégias que vão ao encontro das necessidades do talento, sendo a formação e o seu desenvolvimento pessoal uma das mais urgentes. Em Portugal, algumas empresas ainda não o fazem, mas é urgente desbloquear o potencial da formação para dar o próximo passo na retenção. Este elemento não só vem melhorar as competências e conhecimentos dos profissionais, como desempenha um papel essencial no aumento da sua satisfação e alivia a sua tendência incessante de procura por “planos B”.
Assim, apesar de não ser matemático, a valorização dos colaboradores vem motivar, certamente, a sua retenção e a formação e desenvolvimento podem mesmo ser a peça que falta e que acaba por os fidelizar. Além disso, fornecem ainda aos colaboradores as ferramentas necessárias para a progressão de carreira. Isto beneficia, por um lado, a organização porque lhe confere talento qualificado e, por outro, os colaboradores, que veem um caminho claro de progressão na sua empresa atual, o que torna menos provável a sua procura por oportunidades externas.
Neste sentido, é necessário que as empresas percebam que também a formação e desenvolvimento podem assumir várias formas, que vão desde as tradicionais em formato presencial até aos formatos online. Estes modelos devem assegurar o acesso a formatos de aprendizagem variados, flexibilizando a resposta a diferentes necessidades de desenvolvimento, de diferentes perfis de aprendizagem.
Por tudo isto, a formação tem, indiscutivelmente, um potencial amplo enquanto resposta ao “Career Cushioning” — e a outras tendências que irão surgir ao longo dos próximos anos. Ao investirem em formação e desenvolvimento, as empresas estão a promover valores como a satisfação, a redução da rotatividade e ainda a lealdade dos colaboradores para com os projetos. Aliar a libertação do potencial da formação e desenvolvimento a outros benefícios que vão ao encontro do que os profissionais procuram traçará o caminho para a satisfação e realização a longo prazo, promovendo que os profissionais estejam apenas focados no seu único e inicial plano: a sua empresa atual.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Career Cushioning: a nova tendência que tem como solução as pessoas
{{ noCommentsLabel }}