Construir um novo futuro socialmente responsável através do ensino superior

  • André Almeida
  • 10 Abril 2024

A responsabilidade social e ambiental não podem ser vistas como uma preocupação externa, mas sim com algo intrínseco que atravessa todas as áreas do conhecimento.

A consciência social e ambiental tem vindo ganhar cada vez mais destaque na sociedade, seja nas empresas, seja no governo e, principalmente, nas universidades. O conceito de universidade cívica é precisamente esse, construir um mundo melhor, sustentável e integrado junto das instituições de ensino superior, estabelecendo-se uma comunidade em que todos os intervenientes ganham. É desta forma que vemos a ciência produzida a ser aplicada diretamente na comunidade, na universidade e o governo local a apoiar e ganhar com toda a dinâmica.

Numa sociedade que se idealiza igualitária, cada vez mais vemos desigualdade, e existe um alheamento total dos cidadãos da vida comunitária, da vida política e da vida social, sendo que nesta ótica todos os envolvidos no ambiente universitário conseguem fazer a diferença, através de um forte cariz inovador, integrativo e social. Só é possível quebrar ciclos de pobreza e exclusão social com ações locais, dirigidas à comunidade e permitindo o acesso à informação, saúde e à partilha.

Mas como é que uma instituição de ensino superior consegue ter este impacto social? Quando se estabelece contacto com a comunidade, nomeadamente, através de projetos sociais com associações, voluntariado, poder político local desde Câmaras Municipais a Juntas de Freguesia que identificam os focos e as áreas onde podemos atuar.

Um dos maiores e mais antigos exemplos do impacto social que criamos são os serviços clínicos abertos ao público em geral, com preços acessíveis e adequados à realidade económica onde nos enquadramos. Desta forma podemos igualmente reforçar a formação dos próprios estudantes e os laços entre a universidade e a sociedade.

Nesta perspetiva, dou o exemplo da iniciativa “Há Margem”, um projeto de intervenção psicossocial promovido pela Egas Moniz School of Health and Science na Trafaria e Caparica, que é realizado pelos docentes e alunos, que abrange toda a potencialidade dos cursos de saúde da Egas Moniz, no fundo estamos a intervir em vários setores de uma sociedade para quebrar barreiras de desconhecimento na literacia em saúde.

Aliada à responsabilidade social está também a responsabilidade ambiental, isto porque estes dois conceitos complementam-se. Quando uma instituição de ensino superior procura ter um impacto positivo na comunidade através de uma ação de responsabilidade social é necessário reduzir o impacto ambiental e humano dessas iniciativas, de forma que sejam o mais sustentáveis possível. Para além disso, as ações promovidas durante o ano, como a doação de roupas e materiais que já não são utilizados, contribuem para construção de uma universidade que tem um forte compromisso com o meio ambiente e, consequentemente, com a comunidade envolvente.

É decisivo que a implementação de práticas sustentáveis comece desde cedo, com o objetivo de capacitar os estudantes da importância destes mesmos valores. Desta forma, a responsabilidade social e ambiental não podem ser vistas como uma preocupação externa, mas sim com algo intrínseco que atravessa todas as áreas do conhecimento.

Conforme a envolvência dos indivíduos nas suas comunidades, os mesmos não se tornam apenas profissionais mais competentes, mas acabam por cultivar uma consciência mais perspicaz e uma compreensão muito mais realista ao seu redor. Assim sendo, ao integrar ativamente as comunidades locais, acaba-se por se conseguir obter resultados positivos, para além de se aprimorar as habilidades profissionais, fortalecer laços comunitários e promover mudanças para o ambiente.

  • André Almeida
  • Professor e investigador na Egas Moniz School of Health & Science

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