Diversidade de Idade: A eficácia de Reverse Mentoring

  • Cláudia Lucas
  • 21 Novembro 2022

Empresas devem conjugar colaboradores de várias gerações para permitir que estes saiam das suas zonas de conforto e estabelecer um ambiente de trabalho dinâmico.

O conceito de Reverse Mentoring pode ser bastante complexo e, de alguma forma, delicado à primeira vista. No entanto, num mundo em constante mudança, marcado pela digitalização, o conhecimento deve ser desenvolvido e transmitido entre colegas e isso requer uma estratégia de longo prazo para a transmissão de conhecimento. É aqui que ocorre o Reverse Mentoring, pois permite que uma geração mais jovem transmita conhecimentos à mais sénior e experiente — especialmente quando se trata de lidar com a digitalização e inovações tecnológicas. Este processo é oposto aos programas comuns de formação interna, que normalmente são concebidos para formar colaboradores mais novos dentro da empresa – comummente de cima para baixo, de “sénior” para “júnior”.

Portanto, para que o Reverse Mentoring seja bem-sucedido, as duas partes devem primeiro estabelecer uma boa relação e uma sólida base de confiança, uma vez que os colaboradores mais seniores podem sentir-se desconfortáveis em admitir determinadas lacunas de conhecimento. Além disso, cada um dos dois colaboradores deve ter sempre em mente o propósito do mentor. Não se trata de saber mais ou menos do que o outro. Pelo contrário, diferentes conhecimentos devem ser partilhados para que ambos possam continuar a crescer profissionalmente.

O mentorado beneficia do Reverse Mentoring porque adquire insights sobre uma geração ou cultura diferente, assim como aprende mais sobre práticas e ideias de alguém fora do seu ambiente habitual. O Reverse Mentoring é também uma ótima técnica para ajudar a melhorar relacionamentos pessoais numa empresa, que se irão traduzir em melhorias na comunicação e, consequentemente, na produtividade e motivação dos colaboradores.

Com o crescimento da Geração Z, há mais colaboradores seniores a repensar a forma como se relacionam com os seus colegas de trabalho mais jovens e a adotar uma abordagem mais estimulante e atual da mentoria. Além disso, as consequências da pandemia fizeram com que as empresas reavaliassem o tipo de apoio que oferecem aos seus colaboradores para que estes ultrapassem constrangimentos e contribuam para a organização e a sociedade.

As empresas devem conjugar colaboradores de várias gerações para permitir que estes saiam das suas zonas de conforto e estabelecer um ambiente de trabalho dinâmico e envolvente para gerar um contexto de desenvolvimento e aprendizagem. Embora possa ser difícil para um profissional com quinze anos, ou mais, numa empresa, aceitar conselhos de um colega aparentemente inexperiente, os Gen-Zers têm muito a contribuir em diversas competências, como o seu conhecimento dos meios digitais e sociais.

Esta metodologia tem sido adotada por grandes empresas internacionais, como a PwC, que lançou o seu programa de Reverse Mentoring alguns anos atrás com o objetivo de melhorar a diversidade e a inclusão, e a Deloitte, com o objetivo de apoiar as mulheres e as minorias étnicas entre os seus colaboradores.

Estes casos concretos demonstram que o Reverse Mentoring também ajuda a quebrar estereótipos geracionais entre os colaboradores, resultando numa melhor cooperação a todos os níveis. As empresas podem produzir uma força de trabalho mais talentosa, instruída e flexível, numa cultura de trabalho inovadora onde as gerações trocam experiências, informações e competências, permitindo o crescimento das equipas e dos colaboradores individuais. Sem dúvida, este é um aspeto importante da cultura de uma empresa para incentivar a diversidade e a inclusão, o que pode melhorar a produtividade, o bem-estar e a felicidade da equipa e a retenção de talento.

  • Cláudia Lucas
  • Marketing & Admissions Director, The Lisbon MBA | NOVA

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