FiDA: Um Passo Decisivo para a Inovação e Competitividade no Setor Segurador

  • Patrícia Azevedo Lopes
  • 17:10

Patrícia Azevedo Lopes está otimista com o prometido Regulamento de Acesso a Dados Financeiros (“FiDA”) e considera que para Portugal poderá ser um diferencial competitivo positivo a nível europeu.

A transformação digital do setor segurador tem sido marcada por avanços significativos na forma como os dados são utilizados para oferecer produtos e serviços mais eficientes e personalizados.

A revolução dos dados é não apenas inevitável, mas necessária, para garantir a competitividade das empresas de seguros e a melhor experiência para os consumidores. Nesse contexto, o projeto do Regulamento de Acesso a Dados Financeiros (“FiDA”) surge como uma oportunidade inestimável para acelerar a inovação e fomentar um mercado mais dinâmico e competitivo.

A regulação FiDA tem um impacto significativo no setor segurador, trazendo tanto desafios como oportunidades, permitindo que os clientes partilhem dados adicionais, como nomeadamente produtos de investimento baseados em seguros.

As instituições financeiras que possuem esses dados precisam partilhá-los com os utilizadores de dados autorizados, enfrentando desafios em termos de segurança, privacidade e conformidade regulatória. A regulação FiDA promove a competição e a inovação no setor financeiro, permitindo que novos participantes entrem no mercado e ofereçam serviços financeiros personalizados e baseados em dados.

De facto, o FiDA visa estabelecer um quadro normativo para o acesso e partilha de dados financeiros de clientes, com o devido consentimento, promovendo um ambiente mais transparente e seguro.

O acesso a um conjunto mais amplo de dados permitirá que as empresas de seguros criem produtos mais adaptados ao perfil de risco individual de cada cliente, promovendo uma tarifação mais justa, melhorando simultaneamente a relação preço/qualidade dos produtos de seguros.

Inspirado nos princípios da Diretiva de Serviços de Pagamento (“PSD2”), que revolucionou o setor bancário com o open banking, o FiDA poderá desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento do open finance, beneficiando empresas de seguros, intermediários e consumidores.

O acesso a um conjunto mais amplo de dados permitirá que as empresas de seguros criem produtos mais adaptados ao perfil de risco individual de cada cliente, promovendo uma tarifação mais justa, melhorando simultaneamente a relação preço/qualidade dos produtos de seguros.

Com a interoperabilidade dos dados financeiros, novas empresas de seguros poderão entrar no mercado, incentivando a inovação e obrigando os players estabelecidos a melhorarem continuamente os seus serviços.

A simplificação do acesso a dados reduzirá a burocracia na subscrição e na gestão dos produtos de seguros, tornando os processos mais ágeis, melhorando igualmente a experiência do consumidor.

A partilha estruturada de dados pode contribuir para uma melhor deteção de fraudes, bem como para uma avaliação mais precisa das carteiras de risco, reforçando a sustentabilidade financeira das empresas de seguros.

Contudo, apesar das vantagens evidentes, é crucial garantir que a implementação do FiDA é acompanhada por medidas robustas de proteção de dados e segurança cibernética.

O sucesso da regulamentação dependerá da criação de um ambiente de confiança, onde os consumidores tenham a certeza de que os seus dados serão tratados com responsabilidade e apenas para os fins autorizados.

A digitalização e a partilha inteligente de dados não são apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica para um setor segurador mais moderno, competitivo e centrado no cliente.

Assim, a adoção do FiDA exigirá um esforço de adaptação por parte das empresas de seguros e dos reguladores, mas os benefícios superam amplamente os desafios.

O FiDA representa uma evolução natural no caminho para um ecossistema financeiro mais aberto e eficiente. No setor segurador, a sua adoção poderá redefinir a forma como os produtos são concebidos, comercializados e geridos, tornando a proteção e a segurança financeira mais acessíveis e personalizadas.

Para Portugal, que tem demonstrado liderança na inovação regulatória da atividade seguradora, a implementação bem-sucedida do FiDA poderá constituir um diferencial competitivo positivo a nível europeu. Cabe agora às empresas de seguros, reguladores e demais stakeholders abraçarem esta oportunidade com visão estratégica e compromisso com a transformação digital.

  • Patrícia Azevedo Lopes
  • Sócia ATLAW

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