Inovação, regulação, instabilidade e geopolítica: a energia em constante transformação

  • Eduardo Ferreira Lemos
  • 14 Fevereiro 2025

Nos últimos anos, o setor da energia passou por uma transformação sem precedentes.

Nos últimos anos, o setor da Energia passou por uma transformação sem precedentes, moldada por inovações tecnológicas, mudanças regulatórias, instabilidade económica e as crescentes exigências da transição energética. À medida que entramos em 2025, identificamos várias tendências e desafios que irão redefinir o futuro da energia, criando um ambiente rico em oportunidades para aqueles que souberem adaptar-se e inovar.

Um dos fatores mais determinantes será a consolidação no setor, com fusões e aquisições a ganhar protagonismo. Empresas em todas as áreas da cadeia de valor procuram ganhos de escala para ganhar eficiência, diversificar geograficamente e fortalecer competências tecnológicas. O acesso a capital mais barato e o aumento da competitividade global tornam esta estratégia indispensável. Além disso, a integração vertical será uma prioridade, à medida que consumidores de energia tentam assegurar a continuidade do fornecimento a preços previsíveis e competitivos, favorecendo as ofertas integradas por parte das utilities.

A energia renovável continuará a ser um motor de crescimento essencial, recuperando de um período de instabilidade marcado por taxas de juro elevadas, tarifas e perturbações na cadeia de abastecimento. O foco renovado em soluções de baixo carbono reflete não apenas o compromisso com a sustentabilidade, mas também a resposta às exigências crescentes da eletrificação, industrialização e expansão de data centers impulsionados pela inteligência artificial. Este dinamismo sublinha a importância de soluções que equilibrem inovação tecnológica e viabilidade económica.

Outro elemento crítico será o valor crescente das infraestruturas existentes. Em um contexto em que a construção de novos projetos enfrenta entraves burocráticos e falta de consenso público, os ativos existentes ganharão uma valorização significativa. Contudo, reformas urgentes nos processos de licenciamento serão necessárias para atender à procura crescente e para permitir novos investimentos em infraestruturas modernas e resilientes.

A geopolítica continuará a desempenhar um papel central, influenciando mercados e decisões estratégicas em todo o setor. Desde tensões comerciais até o impacto das políticas de grandes economias, a necessidade de incorporar uma visão global nas estratégias empresariais será maior do que nunca. O exemplo recente da aquisição da U.S. Steel pela Nippon Steel é uma prova clara de como decisões políticas e económicas têm impacto direto nas estruturas empresariais globais.

Simultaneamente, a gestão da cadeia de abastecimento será um diferencial competitivo. A dependência de minerais críticos e a volatilidade nas cadeias globais de produção destacam a importância de estratégias robustas que garantam a continuidade operacional e a resiliência frente a choques externos. Empresas que dominarem este campo estarão mais bem posicionadas para capitalizar as oportunidades de crescimento.

Finalmente, não podemos ignorar a pressão de acionistas e o ativismo corporativo, que continuam a moldar a governança no setor. À medida que os investidores procuram maximizar retornos e promover práticas sustentáveis, as empresas precisarão equilibrar a necessidade de inovação com a gestão de riscos e uma comunicação estratégica com os stakeholders.

O setor de energia está a entrar numa nova era marcada por desafios consideráveis, nomeadamente o trilema de segurança, acessibilidade e descarbonização, mas também por oportunidades extraordinárias. Para prosperar, será essencial que empresas e governos trabalhem em conjunto, fomentando a colaboração, a inovação e o investimento estratégico. O futuro do setor será definido pela capacidade de responder de forma ágil a um cenário em constante evolução, garantindo que o progresso energético esteja alinhado com os objetivos económicos e ambientais globais.

  • Eduardo Ferreira Lemos
  • Líder da prática de Energia da Bain & Company em Portugal

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