Porque é que os bons líderes são tão raros?

  • João Costa
  • 14 Julho 2022

Ser líder deixou de ser um posto. É um verdadeiro percurso de desenvolvimento na qual o carisma, aprendizagem contínua e humanismo são essenciais.

Escolher a liderança é uma das decisões mais importantes de qualquer empresa. Ser um líder capaz parece algo difícil de encontrar. Não é de estranhar que 82% das tentativas para encontrar um novo líder falhem. Um inquérito da Gallup de 2012 apontava que apenas 10% das pessoas nascem com talento natural de liderança. Os restantes adquirem e desenvolvem competências ao longo da vida.

Já se escreveu bastante sobre as características de um bom líder. Nascemos com elas ou vamos ganhando competências de liderança ao longo da vida? Líder é quem dirige e dá a cara pela empresa, gere pessoas e comportamentos. É sem dúvida um cargo importante e influente, de grande responsabilidade, e a quem cabe muitas vezes fazer a ponte entre pessoas e os objetivos da empresa. Mas será a liderança de facto uma capacidade nata ou algo que podemos ir construindo? Com tantas pressões pode ser difícil manter o foco, e o instinto acaba por ser o principal guia.

Qualquer organização é composta por diferentes pessoas com diferentes necessidades. Sempre que uma empresa investe e melhora a sua relação com os colaboradores, o negócio sente melhorias. Em dois estudos de grande escala realizados pela Gallup em 2012, um mostrou que apenas 30% dos funcionários nos EUA estariam realmente empenhados no seu trabalho. Esse número cai para 13% no estudo a nível global. Apesar de ser um estudo com 10 anos, os números continuam bastante atuais.

Como podemos então aumentar a probabilidade de contratar a pessoa certa? Quando inquiridos, no mesmo estudo, por que motivo acreditam que foram convidados para o cargo de liderança, a grande maioria responde o sucesso em cargos anteriores de não liderança. O facto de funcionários merecerem progressão na carreira, serem muito bons na sua área ou algo mais não se traduz num bom líder. Claro que a experiência e conhecimento são importantes, mas é preciso mais.

A Gallup destaca as capacidades que considera imprescindíveis:

  • Capacidade de motivar e envolver a equipa;
  • Tomar decisões com base na produtividade;
  • Construir relações de confiança, transparentes e de diálogo aberto; – Responsabilidade;
  • Assertividade para impulsionar os resultados, capacidade de superar as adversidades e resistência.

É difícil encontrar um bom líder, mas muitas vezes está mesmo à vista. Encontrar bons profissionais não depende só do mercado, muitas vezes são as empresas que não têm a capacidade de identificar e investir nas pessoas com potencial. O talento de gestão existe em todas as empresas. Esconde-se é muitas vezes à vista de todos.

Uma equipa é constituída por indivíduos com necessidades distintas e muitas vezes divergentes relacionadas com a moral, motivação e clareza – tudo isto conduz a diferentes graus de desempenho. Embora muitas pessoas sejam dotadas de algumas das características necessárias, poucas têm a combinação única de talento necessária para ajudar uma equipa a alcançar a excelência de uma forma que melhore significativamente o desempenho de uma empresa. Esses tais 10%, quando colocados em funções de liderança, envolvem naturalmente os membros da equipa e os clientes, mantêm os melhores desempenhos, e sustentam uma cultura de alta produtividade.

Numa entrevista no ano passado, Indra Nooyi recordou a sua experiência enquanto CEO da PepsiCo e abordou ainda a temática da liderança. Discute a sua trajetória para se tornar a primeira mulher de cor e imigrante a gerir uma empresa da Fortune 50, as dificuldades que surgiram na gestão de um trabalho exigente com uma família em crescimento, e o que aprendeu ao longo do caminho. Apesar de haver mais mulheres a estudar, com estudos concluídos e de serem uma grande parte da força de trabalho, a maioria não é considerada para cargos mais elevados. Como ela defende, não se considerar mulheres para cargos de topo é desperdiçar talento muito necessário.

Cargos de liderança são solitários. A McKinsey partilhou recentemente, numa newsletter, a entrevista com Jennifer Pharr Davis – dona e fundadora da Blue Ridge Hiking Company, onde partilha as suas metodologias e destaca também que a sua voz interior é essencial para manter o foco e atingir objetivos. Claramente podemostambém destacar um padrão quanto à importância do instinto nestes cargos.

Ser líder deixou de ser um posto. É a verdadeira jornada de desenvolvimento onde o carisma, aprendizagem contínua e humanismo são essenciais. Com organizações cada vez mais planas, há mais oportunidades de se chegar a um cargo de liderança. É essencial criar novas metodologias de recrutamento para uma correspondência perfeita entre liderança e empresa.

  • João Costa
  • Country Manager da Expense Reduction Analysts

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Porque é que os bons líderes são tão raros?

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião