Seguros: modernização com vista para a cloud
Jorge Tavares, diretor na NTT Data, enfrenta como inevitável que modernas organizações financeiras, incluindo de seguros, estejam a recorrer à cloud. Explica como as empresas se devem organizar.
A adoção da tecnologia cloud pelas entidades financeiras já não é uma novidade e a generalidade das organizações já iniciou a sua jornada de modernização nessa perspetiva. Esta transformação foi dinamizada nos últimos anos, pela necessidade de adaptação que as organizações tiveram de fazer aos seus processos, em resultado da pandemia e com a entrada de novos players no mercado financeiro, que, por natureza, tiram partido das novas tecnologias para terem mais agilidade e proporcionarem uma melhor experiência aos seus clientes. Estes fatores vieram desafiar as organizações tradicionais a evoluírem e a dinamizar um setor historicamente mais conservador.
Esta modernização dos sistemas com tecnologia/arquiteturas cloud é um movimento que está a decorrer transversalmente em diferentes setores, tal como demonstram os analistas de mercado, que avançam que os serviços cloud vão captar mais investimento, do que aquele que será efetuado em domínios mais tradicionais de tecnologia.
Considerando esta nova realidade, a NTT DATA procurou compreender como as entidades financeiras em Portugal se têm estado a adaptar, e, num estudo recente – Adoção Cloud por Entidades Financeiras – revela que, apesar da maioria das entidades portuguesas já adotar serviços cloud, o volume de processos e sistemas core suportados em tecnologia cloud ainda é reduzido, verificando-se a existência de uma abordagem de adoção mais focada em ferramentas de produtividade disponibilizadas em software-as-a-service (SaaS), componentes de inteligência artificial e soluções de front-end.
Esta abordagem beneficia as atividades diárias das entidades financeiras, enquanto minimiza os impactos de alteração dos sistemas core, os quais são maioritariamente suportados por arquiteturas complexas. Contudo, a evolução destes sistemas é fundamental para a modernização das organizações e, para isso, é necessário um planeamento estratégico, que envolva as diferentes áreas da organização (negócio e sistemas de informação), que procure tirar partido dos novos paradigmas e assegure a inclusão de todas as mais valias nos processos de negócio da organização. O estudo evidencia também que a maioria das entidades não tem ainda uma estratégia definida e que mais de 50% das entidades inquiridas reconhecem os CIO’s (Chief Information Officers) como os grandes impulsionadores da migração para a cloud.
Mas porque é que a adoção cloud não está mais generalizada?
- 22% das organizações apontaram a falta de talento qualificado em tecnologias cloud, fenómeno que decorre da escassez de talento que se verifica nas tecnologias de informação e que é mais visível em novas tecnologias e arquiteturas.
- 39% das organizações mencionaram a complexidade dos sistemas legados, que exigem um grande esforço de evolução em termos financeiros e de duração.
Apesar destes desafios, a migração para a cloud é fundamental para as organizações financeiras portuguesas acompanharem a evolução do mercado. Esta evolução permitirá às organizações adotarem arquiteturas mais ágeis, melhorando o time-to-market associado à definição e lançamento de novos produtos e escalar soluções, adequando-se mais rapidamente às reais necessidades do mercado, ao mesmo tempo que terão acesso a um conjunto de serviços mais avançados, capazes de melhorar a experiência de utilização dos sistemas e de otimizar os processos (e.g. subscrição ou identificação de fraude). Para que tal aconteça, estes processos de transformação não podem ser vistos como iniciativas puramente técnicas e têm de ser suportados por estruturas específicas, constituídas por equipas multidisciplinares, com especialistas de negócio e tecnologia a trabalharem lado a lado, num departamento de modernização, a analisarem em conjunto a cadeia de valor, para identificarem os processos que são elegíveis para essa modernização e para definirem a abordagem a adotar.
É evidente que entidades financeiras portuguesas estão empenhadas em fazer esta evolução e que o caminho é exigente, mas, ao fazerem-no, ganharão certamente mais agilidade, escalabilidade, capacidade de resposta e resiliência, para fazer face a um mercado cada vez mais exigente e globalizado.
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