Talento, o bem mais precioso da nossa indústria
Conceitos como inovação, digital, inteligência artificial, wellbeing, entre outros, passaram de notas de rodapé a entradas a negrito nas agendas dos escritórios de advogados portugueses.
Falemos sem preconceitos, deixemos o cheiro a mofo e naftalina no seu lugar – num armário que não o nosso – e chamemos as coisas pelo que são: falemos do “negócio” da advocacia. Ou da “indústria”. Se este artigo fosse escrito em inglês talvez fosse mais fácil trocar a palavra “profissão” por qualquer uma daquelas duas. Mesmo não sendo, mantenho a intenção: é mesmo do nosso negócio, da nossa indústria e da sua evolução que quero falar.
Conceitos como inovação, digital, inteligência artificial, wellbeing, entre outros, passaram de notas de rodapé a entradas a negrito nas agendas dos escritórios de advogados portugueses. Entre novas preocupações e conceitos, um continua a ser vital para o sucesso de qualquer escritório – o talento. Mas se pode parecer que quanto a talento nada mudou – continua a ser peça-chave na nossa indústria – não é esse o caso. E a alteração não é de pormenor, é de paradigma.
Numa fase em que a capacidade de adaptação e evolução podem ser a diferença entre sobrevivência e diferenciação, é fundamental reunir e reter talento. Mas é igualmente crucial tê-lo ao serviço das diferentes dimensões que hoje um escritório deve reforçar para se diferenciar.
Se em tempos se olhava para o talento de forma unidimensional – um perfil, uma carreira -, se em tempos era o tudo ou nada – ou sócio, ou coisa nenhuma –, hoje não é esse já o paradigma. As carreiras alternativas são não apenas uma realidade, são um fator de diferenciação e uma ferramenta de retenção de talento. E há uma em especial de que quero falar. Não só porque é recente e inovadora, mas essencialmente porque é uma ferramenta fundamental para reter e potenciar talento.
No final de 2019 criou-se na PLMJ a carreira de Professional Support Lawyer. Apesar do nome ser um conhecido dos grandes escritórios anglo-saxónicos, tratou-se de uma dupla inovação: por um lado a carreira não existia em Portugal, por outro, a própria conceção das funções deu um passo além da experiência do Magic Circle.
Os PSL’s da PLMJ são verdadeiros chief operational officers das respetivas áreas de prática, com responsabilidades na gestão de conhecimento, business development (BD), inovação, recursos humanos e no âmbito do compliance.
O papel de pivô que o paralelo com os COO’s deixa antecipar, é duplo.
Por um lado, os PSL’s fomentam a eficiência das suas próprias equipas pela sua proximidade com os advogados, pelo conhecimento do seu dia-a-dia e dos obstáculos ou fatores de ineficiência que os podem afetar. São uma ferramenta de proximidade entre sócios coordenadores e advogados.
Por outro lado, são a ponte entre advogados e equipas de gestão (inovação, gestão de conhecimento, BD, comunicação, recursos humanos, comunicação, compliance, e IT). Estas equipas são uma peça absolutamente crucial no desenvolvimento e modernização dos escritórios e na missão de potenciar o talento dos seus advogados. O papel dos PSL’s, enquanto elo de ligação entre aquelas duas dimensões, reforça o impacto do contributo inestimável das equipas de gestão, tornando-o ainda mais efetivo.
Não é controverso afirmar que o talento é um dos grandes fatores de sucesso e diferenciação na nossa indústria. E não será por isso estranho sustentar-se que o caminho mais certo para a felicidade no negócio da advocacia passa por reunir, potenciar e reter mais talento. Com a criação da carreira de PSL encontrou-se o palco certo para reter alguns talentos, mas acima de tudo, encontrou-se a chave para uma orgânica interna mais coesa e mais próxima, e desse modo potenciar, de forma transversal, o bem mais precioso da nossa indústria: o talento.
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