Um legado extraordinário

O legado maior de Alexandre Soares dos Santos é a FFMS, uma Fundação essencial para compreender o Portugal de hoje.

Não conheci Alexandre Soares dos Santos para lá de um par de conversas de circunstância. Mas conheço bem o maior património que deixou ao país: a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS). O empresário desaparece quando a Fundação está a fazer dez anos, completando um ciclo extraordinário que merece ser recordado pela sua excecionalidade.

A FFMS ocupou um espaço único que tem melhorado muito a qualidade da democracia portuguesa. O esforço na construção e partilha de conhecimento tem ajudado todos os que se interessam pelo mundo que nos rodeia – e o trabalho que está feito é exemplar. As coleções de Ensaios e Retratos que a Fundação publica são um acervo de conhecimento impressionante que apresentam perspetivas que pedem para ser discutidas.

A Pordata é um instrumento essencial para qualquer estudante, investigador ou jornalista que queira perceber melhor o lugar onde vive.

O único problema do programa Fronteiras XXI é ser apenas mensal, porque é do melhor que passa nos 300 e muitos canais a que temos acesso.

Só este ano, já decorreram três conferências de exceção tendo como tema as Mulheres, a Segurança Social, a Ética e a Política – e ainda aí vem uma grande discussão sobre o futuro do Planeta que trazem a Portugal Sylvia Earle, John Kerry e Paul Theroux. Noutros anos debateu-se o Trabalho, a Igualdade, Democracia, a Tecnologia e a Ciência, etc, trazendo a Portugal nomes como Jared Diamond, Richard Baldwin, Mario Vargas Llosa, Evgueni Morozov, Tyler Cowen ou Bruce Sterling (em nome da transparência devo referir que fui convidado para moderar um painel numa dessas conferências há alguns anos).

Mais importante do que tudo isto é assinalar que o compromisso da Fundação com o digital é total – o que implica que tudo esteja disponível online, reforçando o caráter democrático e educativo da sua missão. Para além de tudo o que já se referiu, são da responsabilidade da Fundação os sites Sons da História, GPS, Portal da Opinião Pública, Portugal Desigual, Direitos e Deveres, Cronologias, entre vários outros. Tudo isto constitui aquele que será um dos acervos mais sólido e de maior qualidade da internet em português – garantidamente o mais importante desta década, o que só reforça o valor da obra que é a FFMS.

É verdade que os tempos pré-eleitorais não são propícios à glorificação de capitalistas e a silly season não ajuda. Mas era bom que se percebesse a dimensão do património que está na FFMS e que foi construída por uma extraordinária equipa graças a Alexandre Soares dos Santos. Muitos outros, também bastante ricos, não souberam ou não quiseram deixar obra social relevante. Soares dos Santos quis fazer e fez, com muita qualidade.

Aqui no ECO, António Costa já explicou muito bem o que distinguiu este empreendedor, algo que também pode ser lido nas palavras do próprio neste texto sobre o trabalho. Faltam, em Portugal, mais homens como Alexandre Soares dos Santos. Somos melhores graças a ele.

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