Governo espanhol atribui apagão a “combinação de fatores” e má gestão da rede

  • Lusa
  • 17 Junho 2025

Espanha afasta um ciberataque na origem do apagão de abril e apontou a má planificação do operador do sistema e a atuação “indevida” das energias elétricas. Empresas renováveis celebram conclusões.

O apagão de abril resultou de uma “combinação de fatores” que provocaram elevada sobrecarga de tensão que o sistema elétrico de Espanha foi incapaz de absorver por diversos motivos, incluindo “má planificação” do operador, a REE (Red Eléctrica de España), revelou esta terça-feira o Governo espanhol.

Além de falhas por parte do operador da rede elétrica espanhola a nível de gestão e planificação, houve também falhas na resposta de outros operadores e distribuidores de energia em Espanha, com suspeitas de incumprimento dos protocolos previstos para situações de sobrecarga de tensão, segundo a ministra da Transição Ecológica de Espanha, Sara Aagesen.

Havia parque de geração suficiente para responder”, sinalizou Aagesen, deixando claro que o problema não foi a falta de geração, mas sim o facto de a Red Eléctrica não ter programado toda a energia que deveria ter no dia anterior ou nas horas que antecederam o incidente. Havia centrais disponíveis mais do que suficientes, mas a gestora da rede não as considerou no seu cronograma.

O governo também apontou ações “impróprias” das distribuidoras de energia. Por um lado, as centrais de geração síncrona (ciclo combinado, nuclear ou hidrelétrica) não estavam a absorver a tensão como deveriam, o que contribuiu para a sobrecarga que causou o apagão.

Por outro lado, Aagesen destacou que algumas das centrais que foram encerradas devido aos picos de energia às 12h33 (11h33, em Portugal) não o deveriam ter feito, dados os níveis de potência necessários para garantir a operação do sistema, colocando, mais uma vez, parte das culpas nas empresas de energia.

A análise realizada pelo Governo concluiu, assim, que o apagão foi causado por um problema que resultou de vários fatores. No entanto, a ministra destacou para a má regulação da rede devido ao planeamento desadequado (referindo-se claramente à gestora da rede) e ao facto de várias operadoras não estarem a fazer uma boa regulação (referindo-se às empresas de eletricidade).

A ministra disse ainda que a comissão para investigar o apagão na Península Ibérica criada pelo Governo espanhol concluiu, por outro lado, que não houve qualquer ciberataque no dia 28 de abril, como o executivo espanhol já tinha adiantado anteriormente.

Sara Aagesen falava numa conferência de imprensa em Madrid, no final da reunião semanal do Conselho de Ministros de Espanha, em que apresentou as conclusões da comissão de investigação ao apagão de 28 de abril criada pelo Governo espanhol.

Renováveis congratulam-se e pedem investimentos

As empresas de energia renovável de Portugal, Espanha e outros países já se congratularam com as conclusões da investigação espanhola às causas do apagão e apelaram a mais investimentos nas redes elétricas e baterias.

“Sejamos claros: a energia solar fotovoltaica não foi a causa do apagão”, lê-se num comunicado conjunto de diversas associações, nomeadamente, a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), a União Espanhola Fotovoltaica (UNEF), a SolarPower Europe, a Global Solar Council e a Global Renewables Alliance.

“A investigação confirma que a gestão de um sistema elétrico é uma tarefa complexa e multifacetada” e “o apagão ibérico deve ser um momento de aprendizagem”, lê-se no comunicado divulgado pelas associações do setor das energias renováveis, que realçam que “a energia solar fotovoltaica já tem a capacidade de controlar a tensão, mas a regulamentação não permitiu a sua aplicação” neste caso.

Para estas entidades, o apagão e as conclusões do relatório são “um apelo para um investimento acelerado na resiliência da rede e na flexibilidade do sistema”, em especial na tecnologia grid-forming e em baterias de armazenamento.

“Estas tecnologias já estão disponíveis e são fundamentais para suportar níveis de tensão estáveis, gerir a variabilidade e garantir a segurança energética com base em energias renováveis”, lê-se no mesmo comunicado.

As associações realçam ainda que “a energia solar é a tecnologia energética que regista o crescimento mais rápido de sempre” e “é a fonte de energia mais barata na maior parte do mundo e oferece uma tábua de salvação à indústria europeia e mundial que enfrenta custos de energia estruturalmente elevados”, além de garantir “segurança energética”, por não ser “um gasoduto que se pode fechar”.

(Notícia atualizada às 18h30 com reação das empresas de energia renovável)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marcas automóveis chinesas Nio e Firefly entram em Portugal através do Grupo JAP

  • ECO e Lusa
  • 17 Junho 2025

As marcas de automóveis chinesas Nio e Firefly vão passar a ser importadas para Portugal pelo Grupo JAP.

As marcas de automóveis Nio e Firefly, da China, vão ser importadas para Portugal pelo Grupo JAP, que apontou a estreia para o último trimestre deste ano.

As duas marcas, elétricas, apresentam públicos-alvo diferentes, com a Nio a apostar num segmento mais alto, enquanto a Firefly se assume “orientada para o público urbano e digital”.

A entrada das duas marcas, do mesmo grupo, surge depois de o Grupo JAP também ter sido escolhido para a entrada no mercado português pela Foton e a GAC.

O diretor da Nio para a Europa, Thijs Meijling, destacou que o continente europeu é “um pilar fundamental” da sua estratégia e tem “um forte potencial para uma mobilidade inteligente e centrada no utilizador”.

“A Nio representa o futuro da mobilidade premium e estamos orgulhosos por liderar a sua entrada em Portugal”, disse o administrador do Grupo JAP Jan Oehmicke, citado em comunicado.

Com uma oferta exclusivamente de elétricos, a Nio tem ainda soluções como estações de troca de baterias em cerca de três minutos, uma solução que o Grupo JAP diz estar em análise, “podendo ser introduzida aos clientes portugueses no futuro”.

Fundado em 1904, o Grupo JAP abrange marcas como a Carby, Matrizauto, SIXT Portugal, Foton, a GAC e Entreposto Máquinas, estando ainda presente em diversos países de África, somando mais de 3.500 colaboradores.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo dança com todos mas privilegia PS. Quer baixar IRS e apertar regras na greve e imigração

Montenegro lançou um "desafio histórico" ao PS para dar condições de governabilidade. Aprova em breve novo alívio fiscal, admite tirar a nacionalidade a criminosos e vai fiscalizar "abusos" no RSI.

O Executivo da Aliança Democrática (AD) – coligação PSD/CDS quer dançar com todos, mas não esconde a preferência pelo parceiro socialista a quem lançou um “desafio histórico” para dar condições de governabilidade. O “diálogo aberto, leal e genuíno” que o primeiro-ministro quer firmar com o PS será essencial para viabilizar medidas futuras como a descida do IRS em 500 milhões de euros já com efeitos este ano. Mas, se necessário, o primeiro-ministro também aceita uma valsa com o Chega para tirar a nacionalidade a criminosos graves, apertar as regras da greve ou fiscalizar “abusos” nos apoios sociais, com mira no Rendimento Social de Inserção (RSI), propostas que também terão de passar pelo escrutínio dos deputados. Assim foi a manhã desta terça-feira no Parlamento, o primeiro dia de debate do programa do Governo.

Apesar da “maioria maior”, com 91 eleitos, Montenegro não tem um poder absoluto, só alcançado com 116 cadeiras das 230 do hemiciclo. Por isso, precisa de consensos com o Chega, que subiu a líder da oposição, com 60 parlamentares, ou com o PS, que caiu para terceira força política, com 58 deputados, para conseguir passar propostas como reduções de impostos ou mudanças à política imigratória, às regras da greve ou das prestações sociais.

Durante a apresentação e discussão do programa do Governo, o primeiro-ministro indicou que irá dialogar com “todas as forças políticas”. No entanto, não esquece “as responsabilidades históricas e o sentido que o PS teve em vários aspetos de convergência”, ressalvou. “Não excluímos ninguém e sabemos quem esteve a altura dessa responsabilidade e logo veremos se há novas forças e novos protagonistas a mostrar essa responsabilidade”, afirmou. E, dirigindo-se ao Chega, insistiu: “Logo veremos quem tem esse sentido de responsabilidade.” À margem do debate, o único candidato à liderança do PS, José Luís Carneiro, desafiou o “PSD a clarificar com que parceiro quer dialogar”.

Mas antes, dentro plenário, Montenegro deixou claro que tem consciência da primazia do PS nas pontes de convergência. “Nós nunca vamos diminuir o PS, nunca vamos deixar de fazer o diálogo franco, aberto, leal e genuíno com o PS”. E elencou as áreas onde será possível firmar pactos com os socialistas: “Não será difícil convergir na política externa e europeia e temos uma posição comum, de alinhamento com os objetivos na área da defesa. E fico satisfeito, porque o deputado José Luís Carneiro evidenciou disponibilidade para uma aproximação nas políticas da administração interna. É importante que o PS queira colaborar na reforma do Estado, da Justiça.”

Contudo, os entendimentos dependem agora mais do PS do que do Governo, atirou, em resposta ao líder da bancada parlamentar socialista, Pedro Delgado Alves. O PS vai mesmo ter “um desafio histórico perante si próprio”. “Talvez seja a primeira vez que o PS, na oposição, possa dar a Portugal uma demonstração de verdadeira e genuína disponibilidade para colaboração com o Governo. Aquilo que tem acontecido ao longo dos últimos anos é precisamente o contrário: O PS está sempre pronto para receber a colaboração quando o PSD está na oposição, mas nunca esteve pronto para fazer o mesmo, com o mesmo significado e alcance, em sentido contrário”, sustentou.

“A estabilidade política é uma tarefa de todos, é um bem a proteger tanto pela maioria que apoia o Governo como pelas diferentes oposições. O Governo está aqui para cumprir a legislatura de quatro anos”, sublinhou. E avisou, atirando contra Chega e PS: “O Governo só não terá a duração de quatro anos se os dois maiores partidos da oposição assumirem entre si uma coligação deliberada e cúmplice politicamente.”

Luís Montenegro espera, no entanto, que o “amplo consenso” na eleição do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, seja “o prenúncio de muitos outros consensos que venham a ser alcançados nesta casa em benefícios dos portugueses”. Até porque o Executivo incluiu “80 medidas” da oposição no seu programa. “Dizemo-lo sem qualquer arrogância, fá-lo-emos com humildade democrática e abertura para o diálogo construtivo”, afirmou. Não obstante, salientou, “cabe às oposições corresponder com igual humildade espírito de diálogo”.

Redução do IRS em 500 milhões de euros avança nas próximas duas semanas

Primeiro-ministro Luís Montenegro, na apresentação do programa do Governo, com Carlos Amorim e Miranda SarmentoHugo Amaral/ECO 17 junho, 2025

Montenegro aproveitou o debate para anunciar algumas medidas que serão aprovadas brevemente em Conselho de Ministros e que só poderão sair do papel se tiverem o apoio de Chega ou PS — desde logo, a redução do IRS em 500 milhões de euros já este ano. De lembrar que, no ano passado, o Parlamento aprovou uma iniciativa do PS que passou com a abstenção do Chega à revelia do PSD.

Nas próximas duas semanas, vamos decidir a redução de mais de 500 milhões de euros de IRS já este ano, em 2025, até ao 8.º escalão, beneficiando os rendimentos mais baixos, mas sobretudo a classe média, revelou Luís Montenegro. A medida terá efeitos retroativos a janeiro através da redução das tabelas de retenção na fonte, à semelhança do que aconteceu no ano passado.

A medida já constava do programa eleitoral com que a Aliança Democrática (AD) – coligação PSD/CDS ganhou as legislativas de 18 de maio. E agora é vertida no caderno de encargos do Executivo para os próximos quatro anos.

O programa do Governo consagra assim uma nova descida do IRS até ao 8.º escalão em dois mil milhões de euros até 2029, com uma redução de 500 milhões já em 2025, sendo este um adicional ao Orçamento do Estado para 2025 (OE2025). O 8.º penúltimo nível de tributação abrange matéria coletável até 83.696 euros anuais, o que corresponde a um salário bruto mensal de cerca de 7.000 euros. E as taxas variam entre 13% e 45% para o mesmo intervalo de rendimentos.

A par desta medida, o Governo quer ainda avançar A força política liderada por Luís Montenegro pretende continuar a trajetória de descida do IRC à razão de um ponto percentual ao ano, até chegar aos 17%, no final da legislatura, e aos 15% nos primeiros 50 mil euros de lucro tributável. O impacto para este ano da descida da taxa de 20% para 19% deverá rondar os 250 milhões de euros. Com o IRS, os cofres do Estado deverão perder 750 milhões de euros em receita fiscal este ano, mas Montenegro garantiu que “não será necessário um Orçamento retificativo”.

Alterações à lei da greve

Outra das matérias sensíveis e que mereceu críticas por parte de José Luís Carneiro prende-se com a intenção do Executivo mexer no direito à greve, uma medida que não estava no programa eleitoral da AD. Depois das mortes provocadas pela falha do socorro do INEM, devido a uma paralisação dos trabalhadores, e da greve dos maquinistas da CP em plena campanha eleitoral, e sem direito a serviços mínimos, o Executivo quer alterar algumas regras mas sem detalhar o quê em concreto.

O poder político tem de assumir as suas responsabilidades. As normas e leis têm de ser alteradas quando funcionam mal.

Luís Montenegro

Primeiro-ministro

O Governo “não quer ofender os direitos dos trabalhadores com possíveis alterações na lei da greve”, começou por se defender. E depois atirou: “Queremos conciliar os direitos dos trabalhadores com os direitos dos ouros trabalhadores a trabalhar, de forma a não colocar um prejuízo desproporcionado a todos os outros face àquilo que alguns decidem”, defendeu.

Luís Montenegro criticou depois a decisão dos trabalhadores do Metro de Lisboa em marcar, “num dia de festa, um plenário à noite até às 6h”. Na noite de Santo António, dia 12 de junho, o metropolitano teve de encerrar às 20h e só abriu na manhã do dia seguinte. Perante esta desproporcionalidade, “o poder político tem de assumir as suas responsabilidades”. “As normas e leis têm de ser alteradas quando funcionam mal”, reforçou.

Perda de nacionalidade para criminosos graves

Sobre as alterações à lei da nacionalidade, Luís Montenegro adiantou que o Governo vai avançar com “o alargamento do prazo para que seja efetuado o pedido de nacionalidade, para haja um reforço da ligação efetiva dos candidatos que têm de mostrar do ponto de vista da nossa cultura, hábitos cívicos e sociais e daquilo é a demonstração da sua plena integração”.

Mas, para além disso, a proposta de lei que será em breve aprovada em Conselho de Ministros também prevê “situações em que pode haver perda da nacionalidade em função de comportamento muito graves, nomeadamente de natureza criminal“. “Nas próximas semanas, tomaremos essa decisão e será enviada à Assembleia da República”.

Para além disso, o primeiro-ministro esclareceu que o Governo quer “julgamentos mais rápidos para a criminalidade mais grave”. “Propomos que haja julgamentos mais rápidos para a criminalidade mais grave desde que tenha ocorrido a sua detenção em flagrante delito”, esclareceu. Para Montenegro, “é preciso” que os criminosos “percebam que há repressão”.

Ainda na política migratória, o Governo vai avançar com “uma proposta da lei da nacionalidade e limitação ao reagrupamento familiar e voltará a propor a criação de uma Unidade de Estrangeiros e Fronteiras na PSP”. O objetivo, esclarece, “é apertar mais as regras, mas não é suspender a possibilidade de haver reagrupamento familiar”.

“Termos famílias bem integradas é bom para a economia, o que é mau é termos imigrantes ilegais, falta de regras, incapacidade de fazer cumprir as regras. Por isso, vamos apresentar alterações a lei da nacionalidade”, reforçou Luís Montenegro. E lançou um desafio ao partido de André Ventura para aprovar a proposta do Governo de criação de uma Unidade de Estrangeiros e Fronteiras: “Vamos dar uma segunda oportunidade ao Chega”.

Governo vai fiscalizar “abusos” nos apoios sociais

Em resposta à oposição, designadamente ao Chega, Luís Montenegro reiterou que o “programa é claro sobre a necessidade de rever a atribuição e fiscalização das prestações sociais, nomeadamente o rendimento social de inserção (RSI)”. “Sabemos que há abusos e há dificuldades práticas no terreno em combater esses abusos e vamos ter de intervir nesse domínio“, afirmou.

E mostrou abertura para acolher a proposta do partido de André Ventura de colocar os beneficiários a contribuir para a sociedade: “Há a possibilidade de haver uma solidariedade recíproca de quem recebe para quem dá e estamos disponíveis para isso”.

Sabemos que há abusos e há dificuldades práticas no terreno em combater esses abusos e vamos ter de intervir nesse domínio.

Luís Montenegro

Primeiro-ministro

Na área da defesa, Luís Montenegro reiterou que “Portugal propõe-se a respeitar já em 2025 a meta de 2% do produto em investimento em defesa”.

“Num quadro europeu e internacional marcado pela instabilidade e incerteza, Portugal, na margem que depende de si próprio, vai preservar a estabilidade e agir com visão, propósito e consequência. É para isso que apresentamos este programa. Sentimos o ímpeto de superação e uma vontade incessante de cuidar melhor da nossa gente”, remata.

Além disso, o Executivo vai integrar “mais 1.500 elementos da GNR e PSP, correspondendo a 60% a guardas da GNR e agentes da PSP e 30% a oficiais, sargentos e chefe”. Será ainda aberta formação para mais 600 guardas e 800 agentes, acrescentou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fundo espanhol entra no capital do grupo Sanfil Medicina

O MCH Private Equity adquiriu uma posição minoritária na empresa de saúde, que conta com uma rede de hospitais e clínicas na região centro de Portugal.

Um mês depois de a Padaria Portuguesa passar para mãos espanholas, surge um novo investimento do país vizinho, desta vez no setor da saúde. O fundo espanhol de private equity MCH adquiriu uma participação minoritária no grupo português Global Health Company (GHC) – Sanfil Medicina, que tem três hospitais e seis clínicas em Coimbra, Leiria, Alcobaça, Cantanhede, Lousã e Pombal.

Esta é uma estreia dos investidores de Madrid na saúde em Portugal e escolheram a região centro para a entrada, de acordo com a informação avançada pelo jornal espanhol El Confidencial. A gestora de fundos, criada por Jaime Hernández Soto e José María Muñoz, juntou-se ao grupo BBT Investimentos, que até então era o único acionista da empresa de Coimbra.

A operação, cujo valor não foi mencionado, ainda está sujeita à aprovação da Autoridade da Concorrência. Segundo a mesma publicação, este investimento marca uma nova fase na expansão da empresa portuguesa, que tem em marcha um plano de crescimento, nomeadamente através da ampliação dos hospitais em Coimbra e Leiria e a construção de um novo em Beja, além de entrar noutras zonas do país.

Por exemplo, a nova unidade hospitalar de Leiria começou a ser construída no final de janeiro. Num único edifício (norte) composto por quatro pisos concentrar-se-á o bloco operatório, o espaço de internamento, o serviço de farmácia e aprovisionamento e os estacionamentos.

“Este projeto ambicioso visa melhorar e expandir os serviços de saúde oferecidos para responder à crescente procura da população local. Esta infraestrutura incorporará as mais recentes inovações tecnológicas, proporcionando um ambiente moderno e funcional para utentes e profissionais de saúde”, garante a Sanfil Medicina.

O GHC opera no ramo da saúde clínico-hospitalar através das marcas Sanfil Medicina, Diaton e Nefrovida. O seu modelo de negócio abrange desde cuidados hospitalares gerais a especialidades como radiologia, medicina nuclear (Diaton) e diálise (Nefrovida). O volume de negócios anual ronda os 67 milhões de euros, enquanto o EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) é de oito milhões de euros.

O MCH Private Equity foi assessorado pela Garrigues (jurídico) e pela Clearwater (financeiro), sabe o ECO.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Torres Vedras constrói variante de 18 milhões de euros entre a A8 e zona industrial

  • Lusa
  • 17 Junho 2025

A Câmara Municipal de Torres Vedras vai adjudicar a construção da variante de ligação da autoestrada A8 à área empresarial das Palhagueiras, com a primeira pedra a ser lançada em 27 de junho.

A Câmara Municipal de Torres Vedras decidiu nesta terça-feira adjudicar por 17,7 milhões de euros a construção da variante de ligação da autoestrada A8 à área empresarial das Palhagueiras, com a primeira pedra a ser lançada em 27 de junho.

A proposta de adjudicação à empresa Construções Pragosa por 16,7 milhões de euros, acrescido de IVA, o que perfaz 17,7 milhões, foi aprovada por unanimidade em reunião pública do executivo municipal.

O município do distrito de Lisboa vai repartir os encargos da empreitada por 2025 (9,5 milhões de euros) e 2026 (7,2 milhões).

A oposição na Câmara de Torres Vedras tem vindo a criticar a maioria socialista por atrasos no processo de construção da variante rodoviária, comprometendo o financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência, cujo calendário aponta para junho de 2026 a conclusão das obras que financia.

Em abril, o município aprovou um empréstimo de médio e longo prazo de 14,5 milhões de euros, a 20 anos.

A autarquia justificou o recurso ao crédito bancário tendo em conta que “a estimativa de investimento é superior ao valor do financiamento contratualizado” no PRR.

O empréstimo pode vir a contar para a capacidade de endividamento se a autarquia não cumprir os prazos e perder o financiamento do PRR, o que implicaria recorrer a novo empréstimo bancário para conseguir concluir a empreitada.

O município estima que o investimento possa ultrapassar os 21 milhões de euros, já que aos quase 18 milhoes da execução da empreitada, juntam-se 1,3 milhões de euros na revisão de preços e 1,8 milhões em expropriações — em dezembro, o município aprovou o projeto da variante e declarou a utilidade pública de 58 parcelas de terreno, numa extensão de cerca de 40 hectares, necessárias à construção da variante rodoviária.

A variante vai permitir melhorar as acessibilidades para quem reside e trabalha na freguesia de A-dos-Cunhados e Maceira, onde se localiza a maioria das centrais hortofrutícolas do concelho, um importante abastecedor do país e do mercado da exportação.

Em setembro, a APA autorizou a construção sem avaliação ambiental.

Em janeiro de 2023, o município obteve financiamento do PRR para o projeto, tendo a comparticipação aumentado dos iniciais 7 milhões de euros para 11,6 milhões.

Em 2022, foi aprovado o seu traçado, com uma extensão de seis quilómetros e duas faixas em cada sentido, o que vai permitir desviar muitos veículos da vila de A-dos-Cunhados.

O município está também a planear prolongar a variante até Santa Cruz.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Apenas 10% dos portugueses dizem pagar por notícias online

  • + M e Lusa
  • 17 Junho 2025

A franja de 10% de portugueses que afirmam pagar por notícias online espelha uma diferença negativa de oito pontos percentuais face à média global. Potencial de expansão também parece limitado.

Portugal surge na cauda da Europa no que dizem respeito a pagar por notícias online. “Portugal continua a apresentar uma das taxas mais baixas de pagamento por notícias em formato digital entre os 48 países analisados no Reuters Institute Digital News Report 2025, com apenas 10% dos portugueses a afirmarem ter pago por notícias online no ano anterior — uma quebra de 2 pontos percentuais face a 2024″, aponta-se no relatório.

Esta tendência “confirma o cenário de estagnação observado nos últimos anos, em linha com o que se verifica também em vários mercados europeus, incluindo países tradicionalmente mais fortes em subscrição digital, como a Suécia ou a Noruega”, lê-se ainda.

A franja de 10% de portugueses que afirmam ter pago por notícias online espelha uma diferença negativa de oito pontos percentuais face à média global de 18%, ligeiramente acima de 2024 (+1 pp.), com a Suíça a destacar-se como uma das poucas exceções a esta tendência de estagnação, ao registar um crescimento expressivo (+5 pp.)”.

Em Portugal, um terço opta pela opção de subscrição contínua de notícias digitais, “embora tenha aumentado a proporção daqueles que acedem a notícias através de serviços que incluem este conteúdo de forma indireta (33%)“. O pagamento por pacotes combinados de impresso e digital também cresceu (23%), assim como o pagamento isolado por artigo ou edição (20%).

“A doação para apoiar marcas ou serviços jornalísticos mantém expressão residual (10%), embora tenha aumentado ligeiramente”, refere o relatório. Mais de dois terços (70%) dos que pagam por notícias digitais “mantêm esse compromisso de forma contínua, o que sugere fidelização entre a base de subscritores existentes”.

Contudo, o potencial de expansão continua limitado: “66% dos não pagantes afirmam não ter interesse em qualquer das condições propostas para virem a pagar por notícias online, o que reforça a persistência de barreiras culturais e económicas à monetização digital de notícias em Portugal”.

O Expresso e Público “destacam-se como as marcas que os portugueses mais subscrevem de forma regular (Expresso de forma acentuada, com 39% face aos 26% do Público), seguindo-se o Observador (19%) e Correio da Manhã (18%)”, refere o DNRPT25, sendo que este indicador não pretende ser uma fonte fiável sobre o desempenho na circulação digital paga.

Televisão mantém-se como a principal fonte de acesso a notícias em Portugal

A televisão continua também, segundo o relatório deste ano, a ser a “principal fonte de acesso a notícias em Portugal, sendo utilizada por 67% dos portugueses e assumindo-se como a principal via de acesso para 53% da população“. Portugal, aliás, destaca-se na utilização da televisão como principal fonte de notícias, ficando apenas atrás do Japão.

E apesar de a internet igualar a televisão em termos de utilização geral (67%), “apenas 19% a apontam como fonte principal, confirmando a persistência da hegemonia da televisão, sobretudo entre os mais velhos“.

nos jovens entre os 18 e 24 anos regista-se uma propensão para o digital: mais de quarto (26%) privilegia a Internet (sem redes sociais) e 24% as redes sociais como vias principais de acesso a notícias.

A rádio e a imprensa “mantêm papéis mais marginais (7% e 4%, respetivamente), enquanto os podcasts e os chatbots de IA [inteligência artificial), introduzidos pela primeira vez na medição em 2025, revelam uma utilização residual como fonte principal (1% cada), apesar de 6% e 4% dizerem ter usado estas opções na semana anterior, respetivamente”.

Os motores de busca (28%) lideram como porta de entrada para as notícias, seguidos pelo acesso direto a sites (19%) e pelas redes sociais (20%), “um padrão que contrasta com o cenário global, onde as redes sociais lideram”.

Por sua vez, o consumo de notícias locais e regionais em Portugal este ano “confirma a relevância deste segmento para uma parte significativa da audiência”, com algumas diferenças marcantes entre perfis sociodemográficos.

No geral, “38% dos portugueses dizem ter interesse por notícias locais e regionais, com maior prevalência entre homens, pessoas mais velhas, com rendimentos mais altos, maior escolaridade e com posicionamento político declarado”. Entre os temas mais procurados estão a cultura local (38%), informações sobre serviços locais (35%) e notícias locais (34%).

Estes dados revelam que, “apesar da atenção que o crime ou a política local possam atrair, os conteúdos mais procurados estão associados à vida cultural, à utilidade prática e ao quotidiano das comunidades”, seguida da política local/administração (27%).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Confiança nas notícias atinge valor mais baixo em 10 anos

  • Lusa e + M
  • 17 Junho 2025

Pouco mais de metade dos portugueses diz confiar em notícias na maioria das vezes. Mesmo assim, Portugal está entre os países onde se regista maior confiança, ocupando o 7º lugar entre 48 mercados.

A confiança nas notícias em Portugal atingiu o seu valor mais baixo em 10 anos — desde o início do Digital News Report Portugal –, com pouco mais de metade (54%) dos portugueses a declarar confiar em notícias na maioria das vezes.

Regista-se assim uma descida de dois pontos percentuais face a 2024 e de 10 pontos percentuais face a 2015, mas mesmo assim Portugal mantém-se entre os países onde se regista maior confiança, segundo o Digital News Report Portugal 2025 (DNRPT25) divulgadoesta terça-feira.

Apesar desta quebra, Portugal mantém-se entre os países onde se regista maior confiança, ocupando o sétimo lugar entre 48 mercados analisados, destacando-se sobretudo pela confiança líquida, é dos países onde a proporção de pessoas que confia em notícias é maior por comparação com a de pessoas que não confiam em notícias”, refere o relatório que inquiriu cerca de 97 mil indivíduos utilizadores de internet de 48 países. Em Portugal foram inquiridos 2.012 indivíduos.

Numa análise sociodemográfica, “os mais velhos, pessoas com rendimentos e escolaridade mais altos, e os portugueses de orientação política à esquerda e ao centro são os que mais confiam em notícias”, refere o estudo. Inversamente, “os mais jovens (25-44 anos), os de escolaridade e rendimento mais baixos e os politicamente indefinidos são os segmentos que apresentam menor confiança”.

Quanto à relação com as notícias, metade dos portugueses afirma este ano ter interesse por notícias, “mantendo-se este indicador praticamente inalterado face a 2024 e consolidando a estabilização registada nos últimos três anos, após a acentuada quebra verificada em 2022”.

Os mais velhos, os indivíduos com maior escolaridade, rendimentos mais elevados e aqueles com orientação política declarada são os que manifestam um maior interesse por notícias. Nos indivíduos com mais de 65 anos o interesse ascende a 62%, o que compara com os 39% para a faixa etária entre os 18 e os 24 anos.

“O interesse é também superior entre os homens face às mulheres e bastante menor entre os politicamente indecisos ou indefinidos”, refere o relatório, que afirma que a política e a confiança em notícias “continuam a ser fatores preditores centrais do interesse por notícias”.

Estes grupos “revelam ainda comportamentos distintos: recorrem mais a fontes diretas para aceder a notícias, utilizam com maior frequência verificadores de factos e estão mais preocupados com a desinformação ‘online'”.

Portugueses recorrem a media de confiança e fontes oficiais para verificar informação

A maioria dos portugueses recorre a marcas de notícias da sua confiança e fontes oficiais e uma minoria consulta mais de três fontes diferentes para confirmar informações suspeitas, com os jovens a diversificar mais as suas fontes.

De acordo com o relatório, a verificação de factos continua a ser uma “prática relevante” entre os portugueses este ano, “mas marcada por forte heterogeneidade nos recursos utilizados e pelas características sociodemográficas dos utilizadores“.

A maioria “recorre sobretudo a marcas de notícias da sua confiança (38%) e a fontes oficiais (38%), como ‘sites’ institucionais, seguidas dos motores de busca (35%) e dos verificadores de factos independentes”, como é o caso do Polígrafo (22%), e “uma minoria consulta mais de três fontes diferentes para confirmar informações suspeitas”.

Segundo o relatório, “as respostas evidenciam que os jovens (18-24 anos) tendem a diversificar mais as suas fontes, recorrendo com maior frequência a redes sociais, comentários de outros utilizadores e ‘chatbots’ de inteligência artificial (20% face a 10% da média geral)”.

Os públicos com mais rendimento e escolaridade têm “maior propensão para recorrer a marcas em que confiam e fontes oficiais”. Os homens mais velhos (55+) “recorrem mais a fontes institucionais e a marcas de confiança do que as mulheres da mesma idade e os ‘chatbots’ de IA para verificação são mais utilizados” por jovens (18-24 anos) do género masculino (25%) e feminino (15%).

Tal como no ano passado, “em 2025 o ranking da confiança em marcas de notícias continua a ser liderado pela RTP, com 75% dos portugueses a afirmarem confiar na sua informação, registando uma queda homóloga de quatro pontos percentuais, seguida do Jornal de Notícias (74%), Expresso (73%), SIC (73%), Rádio Comercial (72%), Público (71%) e Rádio Renascença (70%).

A Lusa soma a confiança de 69% dos portugueses, sendo que, “como agência noticiosa, não tende a chegar junto dos consumidores de forma direta, mas por intermédio da utilização da sua produção noticiosa por outras marcas de media”. A TSF, com 69%, e a RDP Antena 1, com 68%, completam o top 10.

Existe uma “tendência preocupante que abrange praticamente todas as marcas de notícias em estudo: a confiança nas marcas está a cair de forma generalizada, com três exceções”, o Correio da Manhã, Observador e Notícias ao Minuto são desde 2018, ano em que se deu início à utilização deste indicador, “as únicas marcas de notícias que aumentam e melhoram a sua situação em termos de confiança atribuída pelos portugueses”.

Portugal entre os países mais preocupados com desinformação na Internet

Portugal continua entre os países mais preocupados com a desinformação na Internet, com 71% dos portugueses a manifestarem preocupação com o fenómeno, nomeadamente com influenciadores e políticos, refere também o relatório.

“Em 2025, 71% dos portugueses afirmam estar preocupados com a desinformação e com o que é real ou falso na Internet, um nível de preocupação superior à média global (58%) e que coloca Portugal entre os países mais preocupados com este fenómeno”, destaca o relatório.

O nível de preocupação com a desinformação “mantém-se praticamente inalterado face a anos anteriores” e é “particularmente elevado entre os mais velhos, os mais escolarizados, os que têm rendimentos mais altos e os que possuem uma orientação política definida”.

A relação entre confiança em notícias e preocupação com desinformação “também se mantém consistente: quem confia em notícias tende a demonstrar níveis mais elevados de preocupação (79%) face a quem não confia (74%)”, lê-se no documento.

No que respeita às principais ameaças em termos de desinformação, “os portugueses apontam sobretudo os influencers e personalidades online (51%) e os políticos nacionais (44%), seguidos de governos ou atores estrangeiros e ativistas (ambos com 39%)”.

Em termos de preocupação com as redes sociais como veículo de desinformação, esta “mantém-se elevada, destacando-se o Facebook (56%) e o TikTok (55%) como as plataformas mais associadas a esse risco”.

Tendência para evitar notícias mantém-se em Portugal e mulheres lideram

A tendência para evitar notícias de forma frequente ou ocasional também se mantém em Portugal, embora com um ligeiro decréscimo face a 2024. Mais de um terço (35%) dos portugueses “afirmam evitar notícias de forma frequente ou ocasional, um ligeiro decréscimo face a 2024 (37%), mas confirmando a tendência crescente de evitar notícias observada na última década (70% evitam independentemente da frequência)”, refere o relatório.

A tendência de evitar notícias “é mais comum entre as mulheres, pessoas com escolaridade baixa ou média e quem aufere baixos rendimentos”, lê-se no documento. O cansaço com a quantidade de notícias (39%), a saturação com temas de guerra e conflitos (38%) e o impacto negativo no humor (32%) estão entre as razões apontadas para o evitar ativo de notícias.

“Estas razões variam consoante género e idade: as mulheres e os mais velhos referem mais frequentemente o cansaço e o impacto emocional, enquanto os mais jovens destacam a falta de relevância das notícias, a perceção de polarização, a sensação de impotência e a dificuldade em acompanhar os conteúdos”, aponta.

 

O tema da guerra, nomeadamente o conflito na Ucrânia, “continua a ser uma das principais fontes de saturação informativa”, segundo do DNRPT25. “A fadiga perante este tema é mais acentuada na Europa (com Portugal a situar-se acima da média europeia e global), o que reflete o efeito da proximidade geográfica na perceção e no consumo noticioso”, destaca o documento.

Em termos globais, quatro em cada 10 (40%) pessoas afirmam que “às vezes ou muitas vezes evitam as notícias – acima dos 29% em 2017 –, este é o valor mais elevado que alguma foi registado no âmbito do DNR”.

Muitos dos que evitam (39%) “dizem que as notícias têm um efeito negativo no seu humor, enquanto outros (31%) dizem que se sentem esgotados pela quantidade de notícias ou pensam que há demasiada cobertura de guerras e conflitos (30%) ou política nacional (29%)”.

Globalmente, a confiança global nas notícias (40%) manteve-se pelo terceiro ano consecutivo, apesar de ainda ser quatro pontos mais baixa do que no auge da pandemia.

“A Finlândia e a Nigéria registam os níveis mais elevados de confiança global (67% e 68%, respetivamente), enquanto a Grécia (22%) e a Hungria (22%) registam os níveis mais baixos”, segundo o estudo.

“Os inquiridos são claros quanto ao facto de a melhor forma das organizações noticiosas aumentarem a confiança seria aumentar a exatidão, a transparência e o jornalismo original, reduzindo simultaneamente o que muitos consideram ser uma cobertura tendenciosa”, refere o relatório.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Prazo limite para último pedido de pagamento do PDR 2020 alargado para 30 de setembro

  • Lusa
  • 17 Junho 2025

Governo alargou até 30 de setembro o prazo limite para entrega do último pedido de pagamento no âmbito de várias medidas do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020).

O Governo alargou até 30 de setembro o prazo limite para entrega do último pedido de pagamento no âmbito de várias medidas do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), que se encontra em fase de encerramento.

De acordo com a portaria n.º 261/2025/1, publicada esta terça-feira em Diário da República (DR), os prazos de execução física e financeira dos projetos apresentados no âmbito de algumas medidas PDR 2020 têm vindo a ser prorrogados pela autoridade de gestão do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) no continente, “visando flexibilizar a execução, pelos particulares, dos projetos aprovados”.

Uma vez que, relativamente a algumas medidas do PDR 2020, a legislação específica prevê, para o ano de encerramento do programa, a exigência de apresentação do último pedido de pagamento até seis meses antes da data de encerramento, torna-se necessário alterar este prazo para três meses, “de forma a acompanhar o novo quadro temporal criado com as referidas prorrogações”.

Assim, o novo prazo de 30 de setembro abrange os últimos pedidos de pagamento no âmbito da ação n.º 1.0.1, “Grupos operacionais”, da medida n.º 1, “Inovação”, do apoio n.º 2.1.4, “Ações de informação”, inserido na ação n.º 2.1, “Capacitação e divulgação”, da medida n.º 2, “Conhecimento”, da ação n.º 5.1, “Criação de agrupamentos e organizações de produtores”, e da ação n.º 5.2, “Organizações interprofissionais”, da medida n.º 5, “Organização da produção”.

Igualmente abrangidos estão os pedidos no âmbito do apoio 6.2.1, “Prevenção de calamidades e catástrofes naturais”, da medida n.º 6, “Gestão do risco e restabelecimento do potencial produtivo”, à operação 7.8.5, “Conservação e melhoramento de recursos genéticos florestais”, da medida n.º 7, “Agricultura e recursos naturais”, e à operação 8.1.1 “Florestação de terras agrícolas e não agrícolas”, da medida 8, “Proteção e reabilitação dos povoamentos florestais”.

De forma a acomodar o novo prazo, são ainda alteradas as portarias relativas à ação n.º 10.2, “Implementação das estratégias”, à ação 10.3, “Atividades de cooperação dos GAL” e à ação n.º 10.4, “Funcionamento e animação”, da medida 10 “LEADER”.

Por fim, procede-se à alteração do prazo limite no âmbito da operação 20.2.4, “Observação da Agricultura e dos Territórios Rurais”, da medida “Assistência Técnica”.

Emitida pelo Ministério da Agricultura e Mar, a portaria publicada esta terça-feira entra em vigor na quarta-feira.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Municípios prometem entregar 13.429 casas do PRR até final de junho

"Havia muitos constrangimentos no IHRU", disse Luís Montenegro. "Esse foi o motivo do atraso, não foi apenas a falta de capacidade de execução. É o Estado a criar um problema a si próprio", atirou.

O primeiro-ministro Luís Montenegro reconheceu que “a execução dos 26 mil fogos” financiada com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “tem sido difícil”. No debate de apresentação do Programa de Governo esta terça-feira, disse que a execução “está agora a aumentar”, situando-se nos 27%. “Até ao final do mês de junho 13.429 habitações estão prontas”, revelou.

No setor público a taxa de execução está agora a aumentar. A taxa de execução, no universo das 26 mil casas, está nos 27% e segundo informação que os municípios transmitiram, até ao final do mês de junho 13.429 habitações estão prontas nesse programa”, disse Luís Montenegro em resposta à agora deputada única do Bloco de Esquerda (BE) Mariana Mortágua, fazendo questão de dizer que os eleitores não aprovaram o programa do BE para a habitação. Recorde-se que a campanha do Bloco assentou muito na defesa da introdução de mecanismos de controlo nas rendas.

Sublinhando que o Executivo ainda tem “capacidade para estimular a construção no setor público e no setor privado”, Luís Montenegro recordou que o Executivo agilizou “os procedimentos para que pudessem ser lançadas as obras”.

Segundo o IHRU, em abril “estavam contratados com os municípios 1.386 projetos, que no conjunto perfazem 21.162 fogos”, sendo que 1.950 já foram entregues às famílias.

“Havia muitos constrangimentos no IHRU a esse propósito”, frisou. “Esse foi o motivo do atraso, não foi apenas a falta de capacidade de execução. Foi também um dos bloqueios administrativos e burocráticos criados no Estado por um serviço público para executar uma política pública. É o Estado a criar um problema a si próprio”, atirou.

Apesar da reprogramação da bazuca europeia, o Executivo manteve o objetivo de entregar 26 mil casas às famílias até junho de 2026. Segundo informação do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), em abril “estavam contratados com os municípios 1.386 projetos, que no conjunto perfazem 21.162 fogos”, sendo que 1.950 já foram entregues às famílias. Mas a estes projetos contratados é preciso somar mais 138 projetos aprovados, que representam 1.218 fogos, mas que ainda não têm o contrato assinado.

O Governo criou um mecanismo especial de entrada e saída de projetos no financiamento PRR, consoante a maturidade e o respetivo prazo de finalização que garante o financiamento a 100% das casas que fiquem prontas até junho de 2026 e que permitam ao Executivo cumprir a meta das 26 mil casas entregues às famílias.

No limite, este mecanismo vai permitir a construção/reabilitação de 59 mil casas, mas as que ultrapassam o limite de junho de 2026 terão apenas um financiamento de 60% assegurado pelo Orçamento do Estado e/ou um empréstimo do Banco Europeu de Investimento (BEI). Esta meta de 59 mil casas tem como limite temporal 2030.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sérgio Figueiredo regressa ao jornalismo. ‘Conta Lá’ quer juntar televisão, digital e eventos

Sérgio Figueiredo propõe-se "Contar Portugal" através de um projeto que junta televisão, digital e eventos. Luís Santos e Luís Fernandes, donos da New Anderthal, são os acionistas de referência.

O antigo diretor de informação da TVI, Sérgio Figueiredo, está a preparar o lançamento de um novo projeto de media, para “transformar a forma como se consome media regional, rural e turístico”. Chama-se ‘Conta Lá’ — ainda nome de trabalho –, é um projeto que vai juntar televisão, plataforma OTT com personalização assistida por IA, eventos presenciais e uma rede editorial e tecnológica unificada. “Não é apenas um canal, é uma plataforma feita para aproximar, dar palco e iluminar o que tantas vezes fica fora do radar mediático. Nasce das pessoas. E para as pessoas”, descreve fonte oficial do ‘Conta Lá’ ao ECO/+M.

Sérgio Figueiredo foi diretor do Diário Económico e Jornal de Negócios, diretor de informação da TVI, esteve, depois, a um passo de ser consultor de Fernando Medina nas Finanças, mas acabou por renunciar, e é agora o CEO e promotor do projeto. A este junta-se, como chief operating officer, Maurício Ribeiro, produtor e fundador da MauMauMia, produtora que será responsável pela criação de conteúdos originais para os diferentes canais. “Sérgio Figueiredo e Maurício Portugal Ribeiro lideram o projeto com o objetivo de transformar a forma de criar, distribuir comunicação em Portugal, promovendo conteúdos relevantes e localizados, sustentados por tecnologia emergente”, descreve a mesma fonte.

Os empresários Luís Santos e Luís Fernandes, donos da holding New Anderthal, grupo de consultoria de TI, são dois dos acionistas de referência e entram no Conta Lá através de holdings pessoais. “Está em curso a entrada de novos acionistas, com forte ligação a áreas-chave do projeto como o setor rural e inovação tecnológica. Esta abertura à participação especializada procura reforçar o compromisso do Conta Lá com a coesão territorial, a sustentabilidade do modelo e o impacto real no país”, adiantam ao ECO/+M. O volume de investimento envolvido no lançamento do projeto não foi revelado.

Quanto ao modelo de negócio, a viabilização assenta numa lógica híbrida, combinando parcerias com stakeholders locais, monetização de conteúdos, publicidade segmentada e subscrições. “O projeto foi desenhado com um modelo de negócio sólido, assente em eficiência tecnológica, diversificação de receitas e impacto territorial real. A aposta estratégica com base tecnológica permite escalar a operação com custo marginal reduzido. Produzir com autonomia, segmentar com precisão e distribuir com mais alcance é um modelo inovador e sustentável”, acredita a mesma fonte.

Rita Ferro Rodrigues, Paulo Salvador, Sérgio Figueiredo, Maurício ribeiro e Luís Mira (Confederação dos Agricultores de Portugal), durante a Feira de Agricultura de Portugal

Com uma emissão experimental na Meo, Nos e Vodafone durante quatro dias na Feira Nacional da Agricultura, que decorreu na última semana no Ribatejo, o projeto que quer “Contar Portugal” tem como rostos iniciais Paulo Salvador, Rita Ferro Rodrigues, Marcos Pinto e Luís Varela de Almeida. “A Conta Lá aposta numa equipa clean, descentralizada e altamente tecnológica. Privilegiamos talento especializado, agilidade e ligação com o território”, avança, sem detalhar mais pormenores a mesma fonte.

A data de arranque oficial, que decorrerá ainda este ano, não está fechada. “O calendário de arranque está alinhado com o plano de desenvolvimento da plataforma e com a consolidação das parcerias operacionais. O objetivo é garantir que o lançamento aconteça com a robustez tecnológica, editorial e logística necessária para cumprir a ambição do projeto”, descreve, adiantando que as conversações com as operadoras estão em curso, “com o propósito claro de assegurar uma presença destacada e acessível nas grelhas de televisão”. Esta será “complementada por uma forte distribuição digital”. “O projeto chegará ao público quando estiver pronto para cumprir plenamente a sua missão: dar voz ao país, com escala e qualidade”, resume.

No manifesto inicial, o ‘Conta Lá’ escreve que pretende “transformar a forma como se consome media regional, rural e turístico”. Mas, na prática, de que forma? “Queremos substituir o modelo tradicional — centralizado, massificado e desconectado com o território — por um ecossistema inteligente, personalizado e multicanal, onde cada utilizador tem acesso a conteúdos relevantes para a sua região, os seus interesses e a sua vivência. Através da distribuição simultânea em canais de televisão e plataformas digitais, vamos unir o impacto da TV linear ao potencial das novas comunidades digitais. A nossa proposta é “escrever uma vez e publicar em todo o lado”, com conteúdos adaptados automaticamente a cada canal, dispositivo e contexto de consumo”, pormenoriza nas respostas enviadas por escrito ao ECO/+M.

“Esta transformação é possível impulsionada por inteligência artificial, capaz de personalizar experiências, gerar conteúdos em múltiplos formatos, automatizar metadados e permitir segmentação com base em comportamento real. Se juntarmos a produção local feita em todos os territórios, criamos um modelo escalável, eficiente e comprometido com todo o país. Em vez de um media que “fala para todos da mesma forma”, vamos oferecer uma nova forma de ver Portugal — mais próxima, mais justa e mais envolvente”, prossegue.

Em resumo, “o projeto será a nova voz do país real, uma plataforma para ouvir Portugal por inteiro e dar-lhe palco com inteligência, emoção e impacto. Destina-se a todos os que constroem Portugal — no interior ou na diáspora — e nasce para transformar a forma como comunicamos enquanto nação”, prometem os promotores deste projeto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Critical Software e Airbus vão criar empresa para desenvolver aplicações aeroespaciais

Nova entidade está sujeita à aprovação dos reguladores. Tecnológica nacional irá contribuir para o desenvolvimento de aplicações aeroespaciais para a gigante aeronáutica francesa.

Da esquerda para a direita, João Carreira, CEO da Critical Software, e Nathalie Hellard-Lambic, head of Airbus para Portugal.

A portuguesa Critical Software e a francesa Airbus fecharam um acordo para a criação de uma nova “entidade conjunta” dedicada ao desenvolvimento de software embebido para aplicações aeroespaciais. A nova estrutura está sujeita à “avaliação adicional e a aprovação por parte das autoridades reguladoras”.

“É com orgulho que anunciamos um novo capítulo na nossa colaboração com a Airbus – uma parceria que reflete a ambição partilhada de moldar o futuro do software aeroespacial. Ao combinar a nossa experiência em sistemas embebidos e críticos com a liderança da Airbus, queremos impulsionar a inovação onde a segurança e a fiabilidade são essenciais. Juntos, reafirmamos o compromisso com a construção de um mundo mais seguro, avançado e sustentável”, diz João Carreira, CEO da Critical Software, citado em comunicado.

A tecnológica nacional mantém há 15 anos uma ligação com a companhia francesa, com este novo acordo irá fornecer o seu conhecimento no desenvolvimento de software e sistemas para projetos aeroespaciais, como, por exemplo, o desenvolvimento de aplicações de gestão de cabine.

“Esta parceria pretende combinar as competências de ambas as empresas na arquitetura e oferta de software crítico e certificado no que diz respeito à segurança, e abrangendo domínios como os sistemas de aviónica, sistemas de cabine e soluções de conectividade, tanto para as aeronaves atuais como para as futuras”, pode ler-se em comunicado.

O acordo prevê a criação de uma entidade conjunta, cujos detalhes ainda não são conhecidos e está sujeita ainda a aprovação dos reguladores. Na área automóvel, recorde-se, a tecnológica nacional tem, desde 2018, uma joint venture com a BMW, a Critical TechWorks.

“Num contexto em que o software embebido assume um papel cada vez mais central para os nossos produtos, garantir as competências e a capacidade certas torna-se fundamental. Esta iniciativa reflete a nossa intenção de construir capacidades robustas e duradouras num domínio altamente especializado, contando com a expertise de classe mundial de parceiros como a Critical Software”, afirma Sabine Klauke, Chief Technology Officer da Airbus, citado em comunicado.

Parceria “reforça o compromisso da Airbus com Portugal”, país onde a companhia francesa está há mais de 50 anos, criando mais de 1.500 postos de trabalho diretos e cerca de 6.000 indiretos através da sua rede de parceiros. No país, além da fábrica Airbus Atlantic em Santo Tirso, a companhia francesa tem ainda um hub de serviços partilhados (Airbus GBS). As duas empresas têm desde o início de junho a mesma liderança: Nathalie Hellard-Lambic.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Unicórnio Sword Health levanta 35 milhões de euros e avança com solução IA para saúde mental

A unicórnio nacional está ainda a "explorar ativamente oportunidades de M&A". Nova injeção de capital chuta para cerca de 3,5 mil milhões a avaliação da health tech liderada por Virgílio Bento.

Virgílio Bento, fundador e CEO da Sword Health

A Sword Health levantou 40 milhões de dólares (cerca de 35 milhões de euros), elevando para 4 mil milhões de dólares (3,5 mil milhões de euros) a sua avaliação. Depois de usar a inteligência artificial para cuidados de fisioterapia e saúde pélvica, a ‘unicórnio’ nacional avança agora para cuidados na área de saúde mental e está a “explorar ativamente oportunidades de M&A”.

“Tratar mais de meio milhão de pessoas e poupar aos nossos clientes perto de mil milhões de dólares em custos de saúde desnecessários provou que o modelo pioneiro de AI Care da Sword é o futuro dos cuidados de saúde”, diz Virgílio Bento.

“Este investimento é um marco que nos permite aprofundar a investigação em IA de base e acelerar a nossa expansão para novas áreas, como a saúde mental — um setor ainda dominado por modelos ineficazes e pouco escaláveis —, assegurando cuidados verdadeiramente transformadores aos milhões de pessoas em todo o mundo que enfrentam desafios de saúde mental, tal como já fizemos com milhões de pacientes que sofriam de dor física”, diz o fundador e CEO da Sword Health, citado em comunicado.

Liderada pela General Catalyst, esta nova ronda contou com a participação da Khosla Ventures, Comcast Ventures e dos fundos de investimento nacionais Lince Capital, Oxy Capital, Armilar, Indico Capital e Shilling, elevando para 4 mil milhões de dólares a avaliação da unicórnio nacional.

Este investimento é um marco que nos permite aprofundar a investigação em IA de base e acelerar a nossa expansão para novas áreas, como a saúde mental — um setor ainda dominado por modelos ineficazes e pouco escaláveis.

Virgílio Bento

CEO da Sword Health

A injeção de capital tem como objetivo “acelerar a estratégia de fusões e aquisições da Sword, apoiar a expansão global e reforçar o desenvolvimento contínuo de modelos de IA em todas as principais áreas dos cuidados de saúde”.

Entrada na saúde mental

Com esta ronda, a health tech anuncia a entrada noutra área de cuidados de saúde: a saúde mental, através da “Mind”, solução que combina inteligência artificial (IA) e especialistas clínicos.

“Neste momento, estamos focados em, tal como já fizemos com o tratamento da dor física, reinventar os cuidados de saúde mental. De momento, o Mind está disponível nos EUA, o nosso principal mercado. Tal como acontece nas outras soluções disponíveis, queremos explorar novos mercados brevemente“, adianta fonte oficial da Sword Health ao ECO, quando questionado sobre os objetivos de negócio para este novo serviço que pretende dar uma resposta a um mercado potencial de milhões de pessoas.

Só nos EUA, país onde o serviço arranca, mais de 60 milhões de adultos sofreram com algum tipo de doença mental no último ano, mas a maioria não recebeu acompanhamento, segundo dados partilhados pela empresa. Globalmente, cerca de mil milhões de pessoas vivem com uma condição de saúde mental.

A solução, assente em IA, “tal como acontece com as restantes soluções da plataforma de AI Care da Sword, o Mind funciona com o mesmo modelo B2B2C“, precisa a mesma fonte oficial. Ou seja, é um serviço ‘comprado’ por empresas, que depois o disponibiliza aos colaboradores.

O serviço junta-se aos cuidados de saúde de fisioterapia e de saúde pélvica, através da Bloom, já prestados pela empresa que tem como objetivo reforçar com novos serviços. Quais, não adianta. “Continuamos a reforçar o investimento em R&D e em novas soluções de saúde, que anunciaremos em breve”, diz apenas.

Nem adianta se será por via de M&A, um dos focos da companhia. “Estamos a explorar ativamente oportunidades de M&A. A mais recente ocorreu no Reino Unido, com a aquisição da Surgery Hero”, afirma fonte oficial da empresa, sem detalhar se a unicórnio já tem empresas-alvo identificadas.

Com a compra em janeiro da britânica Surgery Hero, uma espécie de clínica digital para a preparação para intervenções cirúrgicas, a Sword Health passou a colaborar com 18 entidades do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), que dão assistência a cerca de 10 milhões de pessoas, adiantou a empresa nessa altura.

Neste mercado, a Sword anunciou mais recentemente uma parceria com o Guy’s and St Thomas’ NHS Foundation Trust (unidade organizacional hospitalar dentro do NHS), cobrindo mais de 1,3 milhões pessoas, no projeto PATH, em colaboração com a General Catalyst (que liderou a mais recente ronda), a NVIDIA e a Hippocratic AI.

“Como parte do plano de crescimento da Sword, [globalmente] estamos à procura de mais de 130 novos profissionais, entre os quais mais de 100 em Portugal. A Sword Health conta atualmente com mais de 1.000 colaboradores a nível global, dos quais cerca de metade estão localizados em Portugal”, diz ainda fonte oficial quando questionada sobre eventuais reforços de equipa.

A Sword Health conta com mais de 500.000 pacientes em três continentes e 6,5 milhões de sessões de IA realizadas desde 2020, segundo os dados partilhados pela health tech. Com 40 estudos clínicos e mais de 40 patentes, já recebeu mais de 300 milhões de dólares de investidores.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.