Bruxelas já deu luz verde à reprogramação do PRR português

"Hoje a Comissão deu uma avaliação positiva do plano revisto de Portugal", avançou ao ECO fonte oficial da Comissão Europeia, remetendo para as próximas horas a publicação dos "documentos relevantes".

A Comissão Europeia já deu luz verde à proposta de reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que o Governo tinha submetido a 1 de fevereiro. Está agora aberto o caminho para a análise do sexto pedido de pagamento, submetido a 14 de novembro.

“Hoje a Comissão deu uma avaliação positiva do plano revisto de Portugal”, avançou ao ECO fonte oficial da Comissão Europeia, remetendo para as próximas horas a publicação “dos documentos relevantes”.

O ECO já tinha avançado que a Comissão Europeia ia decidir esta sexta-feira sobre a reprogramação.

Portugal, na sua proposta de revisão manteve como objetivo continua a executar os 22,2 mil milhões de euros do PRR até junho de 2026. Mas, em vez de 463 metas e marcos, Portugal propôs à Comissão Europeia cumprir 450, concentrando um maior número no último pedido de pagamento. Além disso, retirou 1.483 milhões de euros (cerca de 6,7% do montante global da bazuca) em investimentos, cujo cumprimento não podia ser assegurado até junho de 2026 e integrou outro tanto em novas apostas ou reforço das já existentes.

Em traços gerais, a Saúde e as empresas foram as principais beneficiárias deste exercício, em detrimento das casas, das barragens e dos metros.

O ministro Adjunto e da Coesão, Manuel Castro Almeida, reconheceu que a Comissão Europeia suscitou algumas questões na reprogramação. “Mas são pouco relevantes”, disse no ECO dos Fundos. Manuel Castro Almeida explicou que espera luz verde ainda em abril ou maio, dependendo de se a reprogramação fosse aprovada no Ecofin ou no Conselho de Assuntos Gerais. Há que aguardar pela documentação para se perceber o que Bruxelas aceitou de facto.

A proposta do Governo era de que a Saúde tenha um reforço de 336 milhões de euros para a compra de equipamentos para as Unidades Locais de Saúde (ULS), “modernizando as infraestruturas e garantindo um melhor acesso aos cuidados de saúde”. A Ciência e Ensino Superior receba um investimento adicional de 110 milhões para “equipamentos e modernização tecnológica das universidades, reforçando a capacidade científica e de investigação do país”. E para fomentar a inovação empresarial, a competitividade e o crescimento das empresas é sugerida a criação um novo instrumento financeiro com uma dotação de cerca de 230 milhões de euros.

Como o prazo de execução limite é de junho de 2026, a opção do Governo foi retirar à componente da habitação 391 milhões de euros. Das 6.800 casas do parque habitacional a custos acessíveis apenas 3.500 serão financiadas pelo PRR, o financiamento das restantes 3.300 será assegurado através de um empréstimo do BEI. “O problema é não ter havido a procura que se pretendia para estas habitações”, explicou Hélder Reis no Parlamento, a semana passada. “Em causa estão empréstimos aos municípios e a procura foi inferior àquela que se pretendia”, acrescentou.

Já ao nível da gestão hídrica serão retirados 224,4 milhões de euros. A Barragem do Pisão já não vai ser financiada pelo PRR, a dessalinizadora do Algarve e a barragem do Pomarão também vão ter de encontrar fontes de financiamento alternativas.

Um dos cortes mais significativos é ao nível da mobilidade sustentável (-416 milhões de euros) fruta da “redução de financiamento PRR nos investimentos relacionados com a Linha Violeta (Odivelas-Loures) e parte da expansão da Linha Vermelha (São Sebastião-Alcântara) do Metro de Lisboa”. “Estes projetos, considerados estruturantes para o país, seguem o seu percurso normal de execução embora com recurso a fontes de financiamento alternativas, nomeadamente através de fontes de Fundos Europeus ou Orçamento de Estado”, lê-se na reprogramação entregue em Bruxelas.

O metro de superfície que liga Odivelas a Loures vai sair integramente do PRR, um projeto que ascende a 390 milhões de euros, porque no final do ano, no concurso público, “surgiram duas candidaturas pelo dobro do preço de referência”. Mas, por outro lado, entram 66,4 milhões para a “digitalização do transporte ferroviário”, onde se encaixam projetos de sinalética e outras infraestruturas tecnológicas.

No exercício de reprogramação há ainda dois investimentos que entram. São destinados 137 milhões da componente REPowerEU para a compra de 390 autocarros elétricos para o país, “o que elevará para 835 os autocarros elétricos financiados pelo PRR” e são 78 milhões de euros para reforçar o programa E-lar para “ajudar as pessoas mais vulneráveis a trocar equipamentos que, do ponto de vista climáticos não são os ideais”.

A ditadura dos prazos levou ainda a que a construção de dois barcos elétricos para a empresa de transporte marítimo de passageiros e viaturas nos Açores também vai saltar fora do financiamento do PRR, porque o concurso foi lançado por três vezes e acabou por não ser escolhido nenhum candidato, até porque as especificidades técnicas eram excessivas, segundo o responsável já tinha explicado.

Mas o navio de investigação multifuncional, na região Autónoma da Madeira, cujo concurso também teve problemas mantém-se porque o Executivo está “confiante que ainda se vai concretizar”. Estes dois investimentos faziam parte do sexto pedido de pagamento já entregue em Bruxelas e eram dois dos quatro marcos que ficaram por cumprir.

(Notícia atualizada com mais informação)

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Espanhola Castellana Properties paga 63 milhões para comprar Forum Madeira

  • Joana Abrantes Gomes
  • 11 Abril 2025

É a quinta aquisição da empresa espanhola em Portugal, desde que, em outubro passado, comprou três centros comerciais e, dois meses depois, se tornou proprietário do Alegro Sintra.

Forum Madeira

A Castellana Properties, sociedade de investimento imobiliário cotada em Espanha, anunciou esta sexta-feira a aquisição do Forum Madeira por 63,3 milhões de euros à DWS. O negócio deverá ficar concluído até ao fim deste mês.

A transação apresenta uma rentabilidade de entrada sobre o rendimento líquido operacional (NOI) de 9,5%, estando o fecho efetivo da mesma previsto para 30 de abril”, assinala a socimi (sociedade de investimento imobiliário cotada) espanhola, em comunicado.

Com um total de 21 ativos, incluindo já o centro comercial localizado no Funchal, o valor da carteira da Castellana Properties situa-se em torno dos 1.700 milhões de euros.

Esta é a quinta aquisição da empresa em Portugal desde a sua entrada em outubro do ano passado, quando adquiriu três centros comerciais – RioSul Shopping, LoureShopping e 8ª Avenida – por 176,5 milhões de euros. Em dezembro, comprou o Alegro Sintra.

O Forum Madeira tem uma Área Bruta Locável (SBA) de 21.472 metros quadrados, distribuída por três pisos, e contabiliza cerca de 5,4 milhões de visitas por ano, das quais mais de 33% são de turistas internacionais. Conta ainda com 800 lugares de estacionamento.

Quando foi construído, este centro comercial custou cerca de 70 milhões de euros e foi inaugurado a 5 de Abril de 2005, segundo o Diário de Notícias da Madeira.

Citado no comunicado, o CEO da Castellana Properties, Alfonso Brunet, explica que este ativo “reforça a estratégia de diversificação geográfica e expansão internacional” e “reflete a visão a longo prazo e o compromisso com um crescimento sólido e sustentável” da empresa. “Continuamos a apostar em mercados dinâmicos e promissores como o português, onde queremos continuar a gerar valor e construir o futuro”, garante.

A socimi espanhola é dona de 20 centros e parques comerciais em Espanha e Portugal, que no seu conjunto têm uma área bruta de aluguer de 540.191 m². Nesta transação, foi assessorada pela sociedade de advogados PLMJ.

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Ouro e franco suíço disparam à velocidade a que o dólar afunda

As políticas de Trump estão a potenciar a incerteza, levando o ouro e o franco suíço para máximos históricos, enquanto o dólar perde força e afunda para mínimos de três anos contra o euro.

Os mercados enfrentam uma nova onda de turbulência, com os investidores a procurarem refúgio no ouro e no franco suíço. A imposição de tarifas comerciais agressivas por Donald Trump está a gerar incerteza económica e geopolítica, levando a uma valorização expressiva destes ativos que têm sido vistos como um refúgio e, ao mesmo tempo, a atirar o dólar para mínimos históricos.

O ouro voltou a atingir novos máximos históricos nos últimos dias. Na última semana, os contratos futuros do metal precioso chegaram aos 3.241,50 dólares por onça, superando o recorde anterior de 3.201,60 dólares registado no início do mês. Só esta sexta-feira está a subir 1,35% até aos 3.216,79 dólares, depois de no dia anterior ter valorizado quase 3%.

Desde o início do ano, o ouro já valorizou mais de 22,6%, refletindo a crescente procura por parte de investidores que procuram proteção contra os riscos económicos e cambiais associados à guerra comercial entre os EUA e a China.

O franco suíço também tem registado ganhos notáveis, consolidando-se como uma das moedas mais procuradas em tempos de incerteza. Em apenas dois meses, o franco suíço apreciou-se cerca de 12,4% face à moeda norte-americana, passando de 1,09 para 1,22 dólares americanos, estando atualmente em máximos de setembro de 2011.

Só esta quinta-feira registou uma valorização de 4,2%, a maior subida diária desde 15 de janeiro de 2015. e esta sexta-feira sobe novamente 1,4%. Esta valorização reflete a fuga dos investidores para ativos considerados estáveis perante o aumento das tensões comerciais globais.

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Relativamente ao euro, a moeda suíça mantém-se estável, negociando nos 1,08 euros por cada unidade de franco suíço, que se traduz numa valorização de 1% face à moeda única desde o arranque o ano, reforçando a posição do franco suíço como uma das moedas mais fortes no cenário internacional.

A origem desta corrida aos ativos de refúgio está na política comercial agressiva da administração Trump, marcada por uma subida generalizada e cega das tarifas sobre importações – que, entretanto, teve uma pausa de 90 dias para avaliação –, e que gerou retaliações por parte da China e da União Europeia, aumentando os receios de uma recessão global.

Além disso, as tarifas estão a pressionar o dólar e as ações norte-americanas. O índice S&P 500 acumula perdas superiores a 10% este ano, enquanto o dólar acumula uma perda superior a 8,3% face a um cabaz de seis moedas em apenas dois meses.

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Só contra a moeda única, o dólar acumula uma desvalorização de 10% desde 10 de fevereiro, sendo que na quinta-feira perdeu 2,21% e esta sexta-feira está a perder 2,37%, contabilizando assim a maior queda diária desde 18 de março de 2015. Esta perda de valor da moeda verde nos mercados internacionais nos últimos dias está a atirar o dólar para em mínimos de três anos contra a moeda única, com uma unidade de dólar a ser atualmente trocada por 0,8777 euros.

Os analistas preveem que tanto o ouro quanto o franco suíço continuem a beneficiar deste clima de incerteza. O ouro poderá atingir novos máximos até ao final do ano caso as tensões comerciais persistam ou se agravem, vaticinam os especialistas. Já o franco suíço deverá manter-se forte enquanto os mercados globais permanecerem voláteis.

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Liderança feminina e as mulheres fortes da “Casa Ermelinda Freitas”. ECO magazine de abril nas bancas

  • ECO
  • 11 Abril 2025

O ECO magazine de abril chega às bancas, numa edição especial sobre liderança feminina, com destaque para a entrevista com Leonor e Joana Freitas, a quarta e quinta geração da Casa Ermelinda Freitas.

“As mulheres habituaram-se a ser muito lutadoras e a conseguir chegar lá”. A afirmação é de Leonor Freitas, CEO da Casa Ermelinda Freitas, na grande entrevista desta edição especial do ECO magazine dedicada à liderança feminina.

Aos 73 anos, Leonor Freitas está a fazer a transição de poder para a sua filha Joana, a quinta geração da Casa Ermelinda Freitas, empresa centenária que sempre foi marcada pela liderança feminina.

Nesta grande entrevista, a empresária recorda o seu regresso a casa no final da década de 90, após a morte do pai e numa tentativa de ajudar a mãe, que acabou por resultar no grande impulso que ditou o crescimento da marca de vinhos Casa Ermelinda Freitas.

Com a filha Joana, falou com o ECO magazine acerca do vinho, da família, da partilha de poder e da importância da liderança feminina, num mundo ainda cheio de desafios para se atingir a igualdade de oportunidades.

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Numa altura em que nos Estados Unidos estão a acabar com as suas políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), navegando ao sabor da corrente impulsionada pela Administração Trump, fomos ouvir empresárias, fundadoras de startups e gestoras de topo sobre o impacto que antecipam que o fim destas políticas possa vir a ter na Europa e em Portugal. Hoje, a disparidade salarial de género continua a aumentar e apenas 27% das mulheres em Portugal ocupam cargos de liderança. A ler no Capital: “Dos EUA sopram ventos anti-DEI. E agora mulheres?”.

Na opinião, ouvimos Cristina Siza Vieira (Associação da Hotelaria de Portugal), Vera Pinto Pereira (EDP) e Inês Oom de Sousa (Fundação Santander) sobre os desafios que antecipam no mundo do trabalho e para as lideranças femininas e o seu papel na dinamização da economia.

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Depois mergulhamos na indústria e rumamos a Caldas das Taipas, a dez quilómetros de Guimarães, mais especificamente à Herdmar. A empresa familiar — uma das maiores produtoras europeias de cutelaria a atravessar uma fase de “renascimento” enquanto player industrial, liderada por Clara Marques — já produziu talheres para a Casa Branca ou para celebridades como Cameron Diaz. A reportagem pode ser lida (e vista) no Chão de Fábrica: “Herdeiros ‘metem a colher’ na Herdmar”.

Nesta edição especial dedicada à liderança feminina ouvimos Mulheres com ECO. Advogadas, empreendedoras, mulheres da comunicação, da publicidade ou CEO, estas mulheres líderes falam sobre os desafios que (ainda) hoje enfrentam no mercado de trabalho onde a paridade de género está longe de ser atingida. O estabelecimento de quotas é uma ferramenta aceleradora para
a mudar a atual desigualdade de género na liderança das empresas e combater o fosso salarial entre homens e mulheres que ainda persiste, acreditam. Mas não só. Mais mentoria ou criação de redes de apoio são algumas das sugestões apontadas por estas Mulheres com ECO para mudar o status quo.

Há ainda espaço nesta edição para analisar a volatilidade nas bolsas que gera receios, mas também abre portas únicas para investidores. Fomos analisar as oportunidades em Portefólio Perfeito: “Mercados nervosos são oportunidades para investidores inteligentes”.

E revelamos um novo projeto no setor de jogos nacional: um espaço âncora a Norte para este setor que já gera 50 milhões de euros de volume de negócios. Pode conhecer melhor o projeto em Saber Fazer: “Game on. Há uma ‘Casa de Gaming’ a nascer em Gaia”.

O ECO magazine traz também os contributos das diversas marcas que fazem parte do universo ECO.

“Quo vadis, lixo?” é o tema desta edição do Local Online onde fazemos uma radiografia ao estado dos aterros municipais, alguns deles a atingir a capacidade máxima já em 2025; enquanto em Trabalho by ECO a análise incidiu sobre o teletrabalho como benefício: “Teletrabalho. Só para as ‘estrelas’ das equipas?”.

“IA nos seguros. Torna as indemnizações menos justas?” é o tema no ECO Seguros; Já “O futuro dos megaprocessos. Reformar ou eliminar?” é a proposta de leitura da Advocatus.

Em Capital Verde fomos ver como as operadoras estão a tornar a indústria solar mais sustentável: “Abelhas, vinha e gado. Os painéis solares estão (ainda) mais verdes”; em Fundos Europeus analisamos o plano de transformação do Banco de Fomento: “1.000 dias para dar a volta ao Banco de Fomento”; e em +M “Na publicidade, os mais velhos não entram. Uma oportunidade perdida para as marcas?”.

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A marca Fora de Série volta a marcar presença nesta nova edição em banca com propostas que fazem sonhar e refletir sobre os negócios do setor do luxo. Fomos ao Marlene experimentar o menu de 12 momentos criado pela chef estrelada do momento, Marlene Vieira e o resultado pode ser saboreado em “É preciso coragem para pôr mulheres à frente dos negócios”.

Pedimos a três experts em vinhos para selecionarem os imperdíveis, aqueles cujo aroma e paladar vamos levar connosco para a eternidade. De Rieslings a Chardonnays, prepare a garrafeira em “Vinhos que não podemos morrer sem saborear”.

Rumamos ao Dubai numa viagem para todos os sentidos, terapias revigorantes e uma gastronomia vibrante. A conhecer melhor “Entre o ritmo frenético e o silêncio (uma jornada de wellness no Dubai)”.

“Espero que daqui a 200 anos a Leitão tenha lojas noutro planeta” atira Jorge Leitão. Em entrevista, o sócio-gerente da Leitão & Irmão, joalheira portuguesa com mais de 200 anos de história, fala dos planos para o futuro da antiga joalheira da Coroa.

Celebramos o tempo com Nikita Choraria e a Pro Hunter em “O tempo na palma da mão (a jornada de Nikita Choraria na relojoaria de luxo)” e viajamos com Smart #3 Brabus “O SUV elétrico mais irreverente do mercado”.

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Editorial

O Dia da Marmota

No filme “Groundhog Day”, conhecido entre nós como “Feitiço do Tempo”, Bill Murray é um cansado jornalista televisivo que dá por si a reviver todos os dias o mesmo dia. Ficou encalhado, acorda sempre ao som da mesma música de Sonny & Cher e, faça o que faça, na manhã seguinte tudo está igual, exatamente no mesmo ponto que 24 horas antes.

Vivemos nós, também, uma espécie de Dia da Marmota (a tal groundhog), em que não conseguimos andar para a frente.

Há inúmeros exemplos na nossa vida pública (e nem vou pegar nesta inenarrável crise política que nos levará em breve, de novo, às urnas). Um deles acaba por servir de mote a esta edição especial do ECO magazine. Falamos de liderança feminina mas, mais do que isso, é tempo de voltar aos básicos, e falar mesmo de igualdade de género, não apenas no topo.

Com a ascensão ao poder do trio Trump, Musk & Vance, aquilo que era uma corrente de trolls de internet e de pessoas ressabiadas com o “progresso” em geral ganhou contornos institucionais, de políticas públicas. Ansiosos por destruir toda e qualquer bandeira dos democratas — mesmo que tal não cause mal algum — as políticas de diversidade foram as primeiras a serem derrubadas. Há uma espécie de febre revanchista de um homem branco que se sente ameaçado, e que quer tudo travar, tudo destruir, tudo regredir, tudo parar, num dia que começa sempre com a mesma música de Sonny & Cher.

Os alvos são os óbvios, começando pelos estrangeiros, imigrantes, pessoas LGBT, negros e, cada vez com mais desfaçatez, pessoas genericamente pobres (ironicamente, algumas comunidades que elegeram Trump). É uma corrente que prima pela ausência de mulheres fortes, e as que estão na linha da frente não perdem a oportunidade de reforçar o papel que acham que as mulheres devem ter: família primeiro, depois o esposo, depois logo se vê.

Com esta mudança política no país mais poderoso do mundo, as políticas de diversidade e inclusão foram sendo abandonadas por algumas grandes empresas, desejosas de cair nas boas graças do vingativo Trump, que é moço para as perseguir apenas por não gostar de alguns dos seus valores inclusivos declarados. Tudo muda, e também isto mudará. Quando os fanáticos MAGA finalmente caírem em desgraça, e cairão, lá voltarão as empresas que agora recuam a apregoar aos sete ventos a sua preocupação com a diversidade e a inclusão. É bom que não nos esqueçamos de quem são, que não nos esqueçamos deste momento. Como diz o grande Groucho Marx: “Estes são os meus valores! Se não gosta, tenho outros.” Mas Groucho era apenas um comediante e não tinha o poder de potencialmente impactar milhões de pessoas.

No que toca às mulheres, não bastava viver num permanente Dia da Marmota (que progressos reais fizemos desde 1993, quando o filme saiu?), e levam agora com uma efetiva regressão dos seus direitos.

Nesta edição, dizemos com o nosso trabalho de que lado estamos. Que todos, no seu dia a dia, possam fazer a sua parte. O mundo está assustador, mas também isso passará.

Tiago Freire — Subdiretor

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⛽ Com petróleo em queda, gasolina desce 7,5 cêntimos e o diesel 6,5 cêntimos para a semana

A partir de segunda-feira, quando for abastecer, deverá passar a pagar 1,522 euros por litro de gasóleo simples e 1,669 euros por litro de gasolina simples 95.

Na próxima semana os preços dos combustíveis vão sofrer uma forte queda. A gasolina deverá descer 7,5 cêntimos e o gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, 6,5 cêntimos, segundo os dados do ACP. Já fonte do mercado, avançou ao ECO que, com base nas cotações desta manhã, as decidas podem ser um pouco menos pronunciadas: a gasolina desde sete cêntimos e o gasóleo seis. Em qualquer dos casos, há mais de dois anos que os combustíveis não tinham uma queda tão acentuada. O trambolhão dos mercados e a a forte descida dos preços da matéria-prima explicam esta descida.

Quando for abastecer, usando por base os dados do ACP, passará assim a pagar 1,522 euros por litro de gasóleo simples e 1,669 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). Caso esta tendência se venha a confirmar, é preciso recuar à semana de 10 de julho de 2023 para encontrar o litro do gasóleo mais barato (1,519) e não se assistia a uma quebra tão significativa do preço do diesel desde 30 de janeiro de 2023. Já em relação à gasolina a queda é a maior desde 14 de novembro de 2022 e o preço não estava tão baixo desde 30 de setembro do ano passado (1,659).

Os preços podem ainda sofrer alterações para ter em conta o fecho das cotações do petróleo brent esta sexta-feira e o comportamento do mercado cambial. Mas também porque os preços finais resultam da média dos valores praticados por todas as gasolineiras. Além disso, os preços cobrados ao consumidor final podem variar consoante o posto de abastecimento.

Esta semana, o gasóleo desceu 1,1 cêntimos e a gasolina 0,1 cêntimos, um desempenho próximo das expectativas do mercado, que apontava para uma estabilização dos preços da gasolina e uma descida de 1,5 cêntimos dos preços da gasolina. Não era certo se os operadores no mercado iam optar por tomar uma decisão “mais comercial do que tecnocrática”, ou seja, antecipar um pouco a descida da próxima semana, que já se antecipava muito significativa.

O preço do brent, que serve de referência para o mercado europeu, estava esta sexta-feira a descer 0,24% pelas 10h32, para os 63,18 dólares por barril, e caminhava para a segunda perda semanal consecutiva, em torno 4%, de acordo com a Reuters, uma queda significativa, mas não tão impressionante como os 11% da semana anterior. Os mercados reagiram mal à ofensiva tarifária de Trump, embora tenham estabilizado um pouco depois de o Presidente dos EUA ter anunciado uma pausa de 90 dias nas taxas.

“Embora a pausa ofereça algum alívio aos mercados, ainda há muita incerteza na frente comercial”, frisam os analistas de matérias-primas do ING, Warren Patterson e Ewa Manthey. Esta incerteza poderá prejudicar o crescimento global, e consequentemente a procura de petróleo. O principal fator a pressionar os preços do crude continua a ser o receio de uma recessão global, uma vez que o efeito da pausa das tarifas ainda não foi totalmente processado pelos agentes do mercado e a os acontecimentos na frente de batalha tarifária estão longe de terminados. Esta sexta-feira a China aumentou de 84% para 125% as taxas impostas sobre produtos oriundos dos Estados Unidos, mantendo a política de retaliar os aumentos das tarifas sobre bens chineses decretados por Washington.

Os analistas do ANZ estimaram que se o crescimento mundial cair para um nível inferior a 3%, o consumo de petróleo cairá 1%.

(Notícia atualizada às 11h08 com as previsões de fonte do mercado)

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Maior cliente da Spinumviva no top de financiadores do PSD

  • ECO
  • 11 Abril 2025

Família Barros Rodrigues, dona de uma gasolineira em Braga, foi o cliente responsável pelo salto de faturação da empresa de Montenegro em 2022, tendo feito vários donativos ao PSD nos últimos anos.

A família Barros Rodrigues, que detém uma gasolineira em Braga responsável pelo pico de faturação da Spinumviva em 2022 e por cerca de metade da faturação enquanto Luís Montenegro liderava a empresa, doou 30.500 euros ao PSD desde 2018, revela o Expresso (acesso pago). Ao todo, seis pessoas da família fizeram donativos ao partido ao longo dos últimos anos: Jorge Barros Rodrigues, o dono da gasolineira; o filho João Rodrigues e a nora (que chegou a trabalhar na Spinumviva); dois irmãos de João Rodrigues; e outra nora.

A esmagadora maioria dos donativos, porém, foi feita desde 2021, sendo que 14.500 euros foram entregues em apenas dois anos, desde que Luís Montenegro anunciou a sua candidatura à liderança dos sociais-democratas. Só João Rodrigues, vereador da Câmara Municipal de Braga desde 2017 e agora candidato à presidência do município, fez quatro donativos nos seis anos em análise: em 2018 no valor de 2 mil euros, em 2019 e 2021 de 1.500 euros e no verão de 2022 de 2.500 euros.

João Rodrigues, no entanto, recusa que haja uma relação entre os donativos ao PSD e a liderança de Luís Montenegro. O donativo “não é feito ao PSD nacional”, pois os “donativos das secções são atribuídos em apoios às respetivas secções e não são ‘retidos’ pela nacional”, afirmou, esclarecendo que, na secção de Braga, “angariar donativos de forma transparente e legal junto dos simpatizantes e autarcas é uma prática já muito antiga”.

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Bruxelas estima impacto das tarifas de até 0,6% do PIB na União Europeia até 2027

  • Lusa
  • 11 Abril 2025

Numa das primeiras previsões de Bruxelas sobre as atuais tensões comerciais transatlânticas, baseadas na taxa de 25%, Comissão Europeia prevê que impacto económico seria cinco vezes pior nos EUA.

A Comissão Europeia estima um impacto económico de até 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) da União Europeia por novos direitos aduaneiros norte-americanos permanentes, que seria cinco vezes pior nos Estados Unidos pela ‘guerra’ tarifária iniciada pelo país.

“De acordo com as nossas últimas simulações de modelos sobre o impacto dos direitos aduaneiros nos Estados Unidos, o PIB norte-americano seria reduzido entre 0,8 a 1,4% até 2027, enquanto o impacto negativo na UE seria menor, de cerca de 0,2% do PIB”, começou por dizer esta sexta-feira o comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis, em Varsóvia, na Polónia.

Falando no final da reunião informal dos ministros das Finanças do euro e antes do encontro esta tarde dos governantes europeus da tutela, Valdis Dombrovskis acrescentou: “Se os direitos aduaneiros forem considerados permanentes ou se forem tomadas novas contramedidas, as consequências económicas seriam mais negativas, podendo atingir 3,1% a 3,3% para os Estados Unidos e 0,5% a 0,6% para a UE e 1,2% para o PIB mundial”.

Ao mesmo tempo, “o comércio mundial diminuiria 7,7% em três anos”, destacou, numa das primeiras previsões de Bruxelas sobre as atuais tensões comerciais transatlânticas, baseadas na taxa de 25%.

Valdis Dombrovskis salvaguardou, porém, que “estas simulações não têm em conta a perda adicional de confiança dos investidores e das empresas na economia dos Estados Unidos, o que poderia aumentar o impacto negativo no PIB”.

Além disso, “dada a extraordinária incerteza e a rápida mudança das suas decisões, as nossas simulações de modelo não podem ser totalmente precisas, mas mostram a tendência geral de que as tarifas são prejudiciais para a economia e para a prosperidade”, adiantou.

Bruxelas avisa EUA que retaliará se não houver “soluções mutuamente aceitáveis”

O comissário europeu avisou também que a UE avançará com um primeiro conjunto de direitos aduaneiros se, na atual pausa nas tarifas dos Estados Unidos, os dois blocos não chegarem a “soluções construtivas e mutuamente aceitáveis”.

“Do lado da UE, estamos dispostos a trabalhar connosco e a encontrar soluções construtivas, soluções mutuamente aceitáveis e, para tal, também suspendemos por 90 dias o nosso primeiro conjunto de direitos aduaneiros. Mas, obviamente, também estamos a passar a mensagem de que, se não virmos movimento do lado dos Estados Unidos e vontade de se afastar deste tipo de política, não hesitaremos a defender a nossa economia, ajudaremos a defender as nossas empresas”, avisou Valdis Dombrovskis.

Em declarações à chegada à reunião informal dos ministros das Finanças do euro, em Varsóvia, o responsável apontou que “o tema mais urgente” em cima da mesa está relacionado com “as tarifas de Trump [Presidente norte-americano] e as suas implicações macroeconómicas, bem como a resposta da UE para, de certa forma, minimizar o contributo económico negativo”.

“Em todo o caso, vemos o efeito macroeconómico negativo na economia da UE e dos Estados Unidos. E, na verdade, na economia norte-americana, os efeitos negativos são maiores do que na UE, uma vez que os Estados Unidos estão a aplicar amplamente essas tarifas”, observou, sem quantificar.

Valdis Dombrovskis admitiu tratar-se de uma “situação muito volátil e incerta” e reforçou que a UE está “pronta para defender os seus interesses económicos e as suas empresas, se for necessário, se não vir qualquer movimento por parte dos Estados Unidos”.

Numa entrevista publicada no jornal britânico Financial Times, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, admitiu taxas às empresas digitais norte-americanas, caso não se consiga chegar a um acordo nestes 90 dias que reduza a vaga de tarifas de Donald Trump contra a Europa.

Os ministros das Finanças da zona euro discutem esta sexta-feira o impacto económico das novas tarifas aduaneiras dos Estados Unidos, num contexto de alívio após o anúncio norte-americano de suspensão temporária, pausa também adotada pelo bloco comunitário.

Realizada em Varsóvia pela presidência do Conselho da UE assumida pela Polónia, a reunião informal do Eurogrupo — dos ministros do euro — acontece num momento de acentuadas tensões comerciais após anúncios de Donald Trump, de taxas de 25% ao aço, alumínio e automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas entretanto suspensas por 90 dias.

 

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“Estamos confiantes que manteremos superávites nos próximos anos”. Governo desvaloriza previsões do CFP

  • Lusa
  • 11 Abril 2025

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, afirmou esta sexta-feira estar “confortável” e “confiante” em excedentes neste e nos próximos anos.

O Governo desvalorizou esta sexta-feira a previsão de saldo orçamental nulo para este ano e um regresso aos défices em 2026 do Conselho de Finanças Públicas (CFP), apontando estar “confortável” e “confiante” em excedentes neste e nos próximos anos.

“Estamos confortáveis, [mas] naturalmente atentos. Naturalmente, a incerteza sobre a economia gera maior dificuldade, mas com crescimentos na ordem dos 2% [do Produto Interno Bruto – PIB], que é também a projeção do Conselho de Finanças Públicas e a projeção de todas as entidades que seguem a economia portuguesa, nós estamos confiantes que manteremos superávites nos próximos anos”, disse o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, à margem da reunião informal do Eurogrupo, em Varsóvia.

Um dia após o CFP ter previsto um saldo orçamental equilibrado este ano e o regresso a uma situação de défices orçamentais a partir de 2026, o governante reagiu: “Posso garantir que, com estas condições económicas, com a informação que temos hoje, nós projetamos excedentes orçamentais para os próximos anos”.

“E recordo que em outubro nós entregámos um plano orçamental médio prazo a Bruxelas, […] que prevê superávites nos próximos anos – menos em 2026, é verdade, por causa do efeito dos empréstimos PRR –, mas prevê superávites nos próximos anos e prevê um crescimento da despesa líquida primária dentro daquilo que era o teto assumido pela Comissão Europeia”, elencou ainda Joaquim Miranda Sarmento.

Na quinta-feira, o CFP também anteviu que a economia portuguesa cresça 2,2% em 2025, revendo em baixa as projeções feitas em setembro.

Sobre esta questão, o ministro das Finanças lembrou as projeções “robustas” do Governo, mas admitiu que, “naturalmente a incerteza internacional prejudica as previsões de crescimento e as decisões dos agentes económicos”.

“Nós estamos muito comprometidos em manter o equilíbrio das contas públicas. Superámos as expectativas em 2024, temos uma posição orçamental robusta em 2025 e temos confiança que, obviamente, com o crescimento económico de 2% ou até acima de 2% as contas públicas continuarão equilibradas”, concluiu.

No Orçamento do Estado para este ano, o Governo estimou um excedente orçamental de 0,3% do PIB em 2025 e de 0,1% do PIB no ano seguinte. Em 2024, Portugal registou um excedente de 0,7% do PIB, superando a previsão de 0,4%.

Segundo dados divulgados na quinta-feira, o Conselho de Finanças Públicas antecipa um excedente orçamental de 0,1% do PIB em 2026 devido ao impacto de medidas aprovadas, como o IRS Jovem.

Também o Banco de Portugal já veio prever um défice orçamental de 1% do PIB em 2026, assentando esta estimativa num aumento da despesa pública.

Por seu lado, o Governo tem vindo a garantir que mantém o compromisso com o equilíbrio orçamental, desvalorizando previsões de défice.

As previsões macroeconómicas estão a ser influenciadas por uma combinação de fatores, incluindo as políticas protecionistas dos Estados Unidos devido à imposição de tarifas elevadas, que têm desencadeado tensões comerciais e instabilidade nos mercados financeiros, com receios de desaceleração económica e inflação persistente.

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China volta a retaliar. Sobe para 125% as tarifas para os produtos dos EUA

Novo episódio na guerra comercial com Pequim a aumentar de 84% para 125% as taxas aduaneiras sobre produtos norte-americanos, que já não têm "qualquer possibilidade de aceitação" pelos consumidores.

A China vai subir as tarifas sobre os produtos norte-americanos de 84% para 125%. A medida vai entrar em vigor a 12 de abril, segundo anunciou esta sexta-feira o Ministério das Finanças chinês, acrescentando que Pequim vai ignorar futuros aumentos das taxas que visem o país asiático por parte da administração liderada por Donald Trump.

A decisão chinesa acontece depois de, na quarta-feira, a Casa Branca ter voltado a aumentar as tarifas sobre a China para 125% com efeito imediato — ao mesmo tempo que declarou uma trégua de 90 dias na aplicação da maioria das tarifas anunciadas a 2 de abril aos restantes países do mundo — e de no dia seguinte ter esclarecido que, afinal, cada produto importado da China está a ser taxado a 145% à entrada da maior economia do mundo, uma vez que teve de ser acrescentada a tarifa de 20% que tinha sido antes imposta à China devido à crise do fentanil.

Esta nova subida das taxas surge 24 horas depois a China, entre avisos a Trump de que iria “fracassar” na guerra comercial, ter advertido que não teme que os Estados Unidos continuem com as ameaças tarifárias e avisado que “não se vai acomodar nem deixar que os direitos e os interesses legítimos do povo chinês sejam violados”.

Porém, no comunicado emitido esta manhã, assinala que “dado já não existir qualquer possibilidade de aceitação pelo mercado dos produtos americanos exportados para a China com os atuais níveis de tarifas”, se os EUA continuarem a impor direitos aduaneiros sobre os produtos chineses exportados para os EUA, “a parte chinesa não prestará qualquer atenção a esse facto”.

Por outro lado, o Ministério das Finanças assinalou na mesma nota que “a imposição de tarifas anormalmente altas pelos EUA à China viola seriamente as regras comerciais internacionais, as leis económicas básicas e o bom senso, além de ser uma forma completamente unilateral de intimidação e coerção”.

A China assinala ainda que Washington deve “assumir toda a responsabilidade” pela “turbulência” económica mundial, com o Ministério do Comércio a resumir que as taxas alfandegárias anunciadas por Trump causaram “graves choques na economia global, nos mercados mundiais e no sistema comercial multilateral”.

A imprensa oficial chinesa assinala que o país asiático diversificou os destinos das suas exportações nos últimos cinco anos, pelo que já não é agora tão vulnerável a uma guerra comercial com os Estados Unidos como foi durante a primeira presidência de Donald Trump, entre 2017 e 2021.

Entretanto, a missão da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) já apresentou uma queixa adicional relativamente às tarifas dos EUA. “A 10 de abril, os Estados Unidos emitiram uma ordem executiva, anunciando um novo aumento da chamada tarifa recíproca sobre produtos chineses. A China apresentou uma queixa na OMC contra as últimas medidas tarifárias dos EUA”, referiu um porta-voz na organização.

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Espanhóis da Naturgy cobiçam EDP. Já abordaram a maior acionista e o Governo português

  • ECO
  • 11 Abril 2025

CriteriaCaixa, que detém 26,7% da energética espanhola Naturgy, já abordou a China Three Gorges para avaliar a abertura à operação na elétrica portuguesa. Governo remeteu o tema para os acionistas.

A CriteriaCaixa — maior acionista da energética espanhola Naturgy, com uma participação de 26,7% — voltou a explorar a possibilidade de uma fusão com a EDP, no atual contexto de desvalorização bolsista e de insatisfação com a gestão de Miguel Stilwell d’Andrade. De acordo com o Jornal Económico (acesso pago), o grupo espanhol contactou acionistas da elétrica portuguesa, nomeadamente a China Three Gorges (CTG), que detém 21,8% do capital da EDP e é a sua maior acionista, para avaliar a abertura para uma operação de aquisição da empresa.

Fontes com conhecimento do processo dizem que o Governo português também terá sido abordado informalmente, mas terá dito que a aquisição da EDP é um tema dos acionistas, que se reuniram na quinta-feira em assembleia geral. A possibilidade de uma oferta pública de aquisição (OPA) à EDP ainda não está decidida. Já dentro da EDP discute-se mais o cenário de retirar a Renováveis de bolsa, protegendo-a de um momento turbulento.

A chegada de Donald Trump à Casa Branca criou instabilidade num dos principais mercados da EDP e incerteza, em particular, quanto ao futuro das energias renováveis, tecnologias que servem de pilar ao negócio da cotada portuguesa. Segundo dados do mais recente inquérito interno, respondido por 90% dos trabalhadores, o índice de confiança na administração deteriorou-se substancialmente em 2024.

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Miranda Sarmento promete pacote anti tarifas “operacional dentro de algumas semanas”

  • Lusa
  • 11 Abril 2025

Ministro das Finanças diz que falta o "diálogo com a Comissão Europeia e verificar qual é o resultado final das decisões sobre tarifas" e depois avançará a "operacionalização mais administrativa".

O pacote de cerca de 10 mil milhões de euros do Governo para apoiar as empresas exportadoras portuguesas face às tarifas anunciadas pelos Estados Unidos estará em vigor “dentro de algumas semanas”, anunciou hoje o ministro das Finanças.

“Ontem [quinta-feira] tivemos a oportunidade de responder com um programa muito ambicioso de apoio às empresas – cerca de 10 mil milhões de euros, 3% do PIB, muito maior do que o que Espanha tinha apresentado há uns dias – e esse pacote de medidas “estará operacional dentro de algumas semanas”, disse o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento.

Na chegada à reunião informal dos ministros das Finanças do euro, em Varsóvia, o governante apontou que estão em causa “cerca de 10 mil milhões de euros que empréstimos, linhas de seguros e fundos europeus” que permitirá “responder de forma firme” à incerteza comercial relacionada com as decisões da administração norte-americana.

Para estar operacional, “falta sobretudo, por um lado, o diálogo com a Comissão Europeia e verificar qual é o resultado final das decisões sobre tarifas e depois, obviamente, a operacionalização mais administrativa”, especificou Joaquim Miranda Sarmento, assegurando que “rapidamente estes apoios chegarão às empresas portuguesas”.

Segundo o ministro, este “foi um trabalho feito em colaboração com as associações empresariais e responsável, pensado e preparado ao longo do tempo e não uma resposta rápida e imediata, sem ponderação que alguns exigiram logo”.

Saudando a pausa de 90 dias anunciada pelos Estados Unidos nas novas tarifas recíprocas à UE, passo que foi também depois dado pelo bloco comunitário, Joaquim Miranda Sarmento adiantou que “agora é o momento de encontrar pontos comuns e de manter unido o maior bloco comercial que existe no mundo”.

E, apesar dos eventuais impactos na economia portuguesa, que ainda estão a ser calculados, a zona euro tem um quadro orçamental “estável”, garantiu ainda, tal como havia feito minutos antes o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, que salientou a estabilidade da área da moeda única.

Os ministros das Finanças da zona euro discutem esta sexta-feira o impacto económico das novas tarifas aduaneiras dos Estados Unidos, num contexto de alívio após o anúncio norte-americano de suspensão temporária, pausa também adotada pela UE.

Realizada em Varsóvia pela presidência do Conselho da UE assumida pela Polónia, a reunião informal do Eurogrupo – dos ministros do euro – acontece num momento de acentuadas tensões comerciais após anúncios do Presidente norte-americano, Donald Trump, de taxas de 25% ao aço, alumínio e automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas entretanto suspensas por 90 dias.

Esta suspensão acalmou os mercados, que têm vindo a registar graves perdas, e foi saudada e secundada pela UE, que suspendeu, durante o mesmo período, as tarifas de 25% a produtos norte-americanos que havia aprovado na quarta-feira em resposta às aplicadas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio europeus.

A Comissão Europeia, que detém a competência da política comercial na UE, tem optado pela prudência e essa cautela é apoiada por países como Portugal. Bruxelas quer, neste período de pausa de 90 dias, conseguir negociar com Washington, após ter já proposto tarifas zero para bens industriais nas trocas comerciais entre ambos os blocos.

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CCP quer por Portugal a refletir estrategicamente o seu lugar na Europa

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  • 11 Abril 2025

Inspirada nas conclusões do Relatório Draghi, a Confederação do Comércio e Serviços reuniu personalidades da economia, da sociedade civil e da academia para construir uma agenda de ação.

A adaptação das conclusões do Relatório Draghi à realidade europeia e portuguesa foi o mote para debater, quarta-feira, cerca de meia centena de personalidades para refletir sobre “O Futuro da Europa… e de Portugal: riscos e desafios”. O debate, organizado pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), visou discutir as soluções para os desafios estruturais que a Europa e Portugal enfrentam, nomeadamente em termos de políticas económicas, geopolíticas e sociais, bem como lançar as bases para um documento estratégico com impacto real na economia portuguesa e na competitividade das empresas.

João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal

Na sessão de abertura, o presidente da CCP, João Vieira Lopes, explicou que a iniciativa surge num momento particularmente desafiante, num mundo marcado por mudanças rápidas e constantes, referindo-se a uma “época de sobressaltos permanentes”. Após uma retrospetiva histórica, o responsável sublinhou que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o Ocidente viveu num quadro de relativa estabilidade, assente em alianças como a NATO, em parceiros internacionais como os Estados Unidos da América e na construção europeia. “Construímos um Estado social que muitos consideram o mais avançado da humanidade”, disse, referindo também o conforto energético e de defesa que a Europa teve durante décadas. No entanto, alertou que esse modelo está hoje em crise. O “velho continente” enfrenta desafios estratégicos e perdeu claramente a guerra tecnológica e digital, “em especial no que toca à inteligência artificial”.

Neste contexto, a CCP decidiu abrir um debate interno, tendo elaborado um documento de base para reflexão coletiva. “Portugal tem limitações, mas precisa de perceber como se posicionar neste xadrez internacional, explorando os seus potenciais.” José António Cortez, do Gabinete de Estudos e diretor do Observatório da CCP, abordou o tema “Que Futuro para a Europa”, sublinhando que o momento vigente, apesar de caracterizado por uma aceleração constante de acontecimentos, pode ser uma oportunidade para a União Europeia (UE) mas que não se pode descartar a hipótese de se desintegrar, defendendo mudanças substantivas na sua política externa e nas orientações da sua política económica ao nível interno.

A conjuntura atual é, por isso, simultaneamente uma oportunidade e um risco: a UE pode renovar-se e ganhar novo fôlego, ou “fracassar e colapsar”

O responsável apontou que a Europa atravessa um período de “recessão estrutural”, com crescimento baixo e necessidade de reformular os pilares do projeto europeu, que estão hoje sob escrutínio: o financeiro, baseado em regras rígidas sobre défices e dívida pública; o da coesão e convergência entre Estados e regiões; o modelo económico, fortemente influenciado pelo paradigma industrial alemão; o modelo social europeu, agora sujeito a novas pressões; e, por fim, a política externa, hoje confrontada com o declínio do multilateralismo. A conjuntura atual é, por isso, simultaneamente uma oportunidade e um risco: a UE pode renovar-se e ganhar novo fôlego, ou “fracassar e colapsar”.

O diretor do Observatório da CCP destacou ainda a complexidade do equilíbrio entre maior centralização das decisões e a autonomia dos Estados-membros, num espaço europeu marcado por assimetrias. Em Portugal, lamentou que o debate político sobre estas questões seja ainda “claramente frouxo”, mesmo no contexto da campanha eleitoral.

A propósito do modelo económico, destacou a fragilidade do “neomercantilismo” alemão, assente na criação de excedentes comerciais e exportações, cuja sustentabilidade está agora em causa. Observou que a Europa perdeu protagonismo na economia global, sendo notória a ausência de empresas europeias entre as maiores do mundo, já que “não tem nenhuma empresa entre as 25 maiores”.

Relatório Draghi: a urgência de uma nova competitividade para a UE

José António Cortez disse que o relatório de Mario Draghi — economista e antigo presidente do Banco Central Europeu (BCE) —, publicado em setembro, constitui o diagnóstico mais recente da situação europeia, o qual rompe com a visão otimista da Comissão e afirma que a Europa está a perder competitividade. Sublinha-se, neste relatório, a necessidade de passar de uma competitividade baseada em setores tradicionais para uma lógica de “criação de valor”, associada às novas atividades económicas, como as tecnologias digitais, além de defender que “o modelo económico atual está esgotado”. A Comissão Europeia, através da “Bússola para a Competitividade”, seguiu parte das propostas de Draghi, mas com menor ênfase na rutura e maior insistência na aceleração — ou seja, na gestão mais eficiente do que já existe, sem mudanças estruturais profundas.

José António Cortez, do Gabinete de Estudos e diretor do Observatório da CCP

Nas novas orientações estratégicas, destacam-se duas linhas principais: a promoção de uma nova política económica orientada para a competitividade através do aumento do investimento, e o reforço da “autonomia estratégica” da Europa, incluindo a capacidade produtiva interna e a adoção de medidas protecionistas quando necessário. A este respeito, Cortez assinalou que a UE, ao adotar esta postura, antecipou alguns dos traços da política do Presidente dos EUA, Donald Trump, e que poderá tirar partido do “tiro no pé” norte-americano ou, pelo contrário, agravar a sua própria fragilidade. Acrescem prioridades com a defesa e o respetivo aumento significativo das despesas com armamento, que podem impactar na gestão dos recursos financeiros, obrigando a um maior endividamento, a uma redistribuição de recurso comunitários por países e objetivos e a uma redução das trocas da UE com o exterior.

José Cortez concluiu que, embora a Comissão Europeia tenha acolhido parte do espírito do relatório de Draghi, o discurso oficial permanece “moderado” e hesitante quanto a mudanças de fundo.

Desafios da Europa no novo contexto global

A debate nos cinco painéis desta conferência da CCP estiveram outros temas relacionados, entre eles “As dinâmicas geopolíticas e geoeconómicas à escala global e o seu impacto no futuro da Europa (UE)”. O novo contexto global está sobretudo marcado por três grandes fatores que o têm vindo a delinear. O primeiro diz respeito ao enfraquecimento da posição dos EUA, iniciado com a crise financeira de 2008 e consolidado ao longo das presidências seguintes, resultou numa estratégia de retraimento. Isso tem afetado a ordem internacional, com os EUA a focarem-se principalmente na China e no Indo-Pacífico, diminuindo a sua intervenção em outras regiões, como a Europa; por seu lado, a China deixou de ser apenas uma potência económica e passou a ser vista pelos EUA como a maior ameaça à sua segurança internacional.

A questão é saber se a Alemanha tem a capacidade e a vontade política para liderar a integração europeia, dado o histórico de resistência à maior autonomia e à nuclearização.

Na análise do segundo grande tema que finalizou a parte da manhã da sessão de debate, “A economia europeia (UE): diagnóstico e desafios de um reposicionamento competitivo“, foi abordada a evolução do pensamento económico, desde a necessidade de intervenção política para corrigir falhas de mercado, até à valorização de um equilíbrio entre o funcionamento do mercado e das políticas públicas.

A transição para um novo modelo de produção de riqueza e governação foi outro dos assuntos, referindo-se a posição dos Estados Unidos, que enfrentam desafios devido à sua função como emissor da moeda de reserva mundial, e a Europa, que se construiu como um projeto de paz e bem-estar, mas agora se vê confrontada com a necessidade de redefinir o seu papel global, especialmente no que diz respeito à moeda única e à sua afirmação no mercado internacional. A questão da coesão e convergência dentro da UE também foi levantada, destacando-se os desafios de garantir o crescimento económico sem sacrificar a coesão territorial. A globalização tem mostrado sinais de desaceleração desde 2015, com a maior queda no investimento internacional em indústria transformadora. O futuro económico da Europa passa, portanto, por uma adaptação a uma economia centrada no valor, e não em volume.

A economia portuguesa no quadro europeu

O primeiro painel da tarde, sobre “A economia portuguesa no quadro da nova política da UE: fragilidades, pontos fortes e mudanças necessárias“, desenhou um retrato da economia portuguesa nos últimos 20 anos, durante os quais cresceu 22%, o que corresponde a uma taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto, em média, de 1% ao ano. Entre 2014 e 2024, o país cresceu, em média, 2,1% por ano, ou seja, o desempenho foi melhor na segunda década.

Num contexto económico internacional complexo e desafiante para o mundo e para Portugal em particular, os países de língua portuguesa estão a registar um crescimento populacional significativo, representando potenciais economias de escala para o nosso país, ganhando maior relevância económica, social e política. Apesar das fragilidades da economia portuguesa, o contexto orçamental e externo do presente são uma oportunidade única para imprimir um novo dinamismo à economia portuguesa.

Por outro lado, os intervenientes no painel defenderam que “não podemos continuar na mesma”, olhando para a Europa como uma mera origem de fundos e não como uma forma de transformação estrutural, sendo necessárias mudanças ao nível da autonomia de recursos, simplificação administrativa e consensos “duros”. Portugal tem um conjunto de pontos fortes e de ativos estratégicos de que deve tirar valor, pelo que já “é tempo de começarmos a pensar o que podemos fazer pela Europa e não apenas no que a Europa pode fazer por nós”.

A sessão continuou com a apresentação do documento “O Futuro de Portugal: impactos e desafios”, com propostas da CCP para debate e reflexão, chamando a atenção para as fragilidades e as valências e capacidades de Portugal e questionando até que ponto é possível ao país ter uma estratégia própria e quais os recursos financeiros de que pode dispor. O documento analisa também os efeitos na economia portuguesa de um “novo ciclo” de políticas europeias e os seus aspetos potencialmente positivos e negativos; as orientações com efeito estruturante que Portugal deve adotar, inclusive o seu posicionamento no debate e em defesa de alguma autonomia, além das prioridades estratégicas ao nível do modelo económico; e a política seletiva de investimentos que privilegie projetos integrados e colaborativos.

Para José António Cortez, a atratividade é talvez o conceito que melhor define hoje aquilo que são as grandes valências do nosso país, a que se junta a sua capacidade de ser competitivo e de afirmar o seu próprio percurso que em parte passa por atrair investimentos, mas também competências e talentos. “Esse é um dos desafios mais importantes. As pessoas são o verdadeiro ativo que permite fazer uma coisa que é cada vez mais decisivo para haver a tal mudança, que é o empreendedorismo, que é a criação de startups, que é a criação de coisas novas e não apenas fazer mais do mesmo”, apontou.

Na política externa, uma saída para o país é procurar uma resposta no plano da diversificação. “Já temos uma concentração, nomeadamente, das nossas trocas, demasiado concentrada na Europa. Temos um potencial, até geográfico, geoeconómico, que nos permite virar para fora da Europa, diversificar mais as nossas relações económicas. Penso que isso tem de ser feito, que responda à nossa situação geoeconómica, que responda à nossa história. Há um conjunto de valências que Portugal pode potenciar nesse domínio”, acrescenta o diretor do Observatório do CCP.

No tema final, “Que respostas e prioridades de política pública deve Portugal ter?”, os contributos dos participantes sublinharam a importância de reforçar o papel da iniciativa privada, através da redução da carga fiscal sobre as empresas, da eliminação progressiva dos incentivos ao endividamento e da simplificação dos processos fiscais. Destacaram ainda a necessidade de fortalecer a capacidade industrial em cadeias de valor com relevância geoestratégica, intensificando o investimento na economia azul, aperfeiçoando os modelos de transição energética e consolidando setores onde o país já possui competências comprovadas, como as indústrias tradicionais, a extração mineral e o turismo. A valorização do rendimento líquido das famílias e o desenvolvimento de instrumentos que aumentem a liquidez dos ativos e incentivem a assunção de risco foram igualmente apontados como eixos estratégicos para o futuro.

José Félix Ribeiro, economista e consultor da CCP

Perante as incertezas que hoje marcam o futuro da União Europeia, Portugal encontra uma oportunidade para redefinir a sua posição no espaço europeu, passando da periferia para uma maior centralidade.

"Podemos, por exemplo, ter centros de investigação e de apoio à inovação e explorar mais oportunidades na área energética”

José Félix Ribeiro, economista e consultor da CCP

Entre os caminhos identificados pelos participantes, ganha relevo a aposta nos serviços de valor acrescentado e na capacidade de tirar partido da política industrial europeia para captar investimento direto estrangeiro, com o objetivo de consolidar novas áreas de especialização com elevado potencial de crescimento. “Podemos, por exemplo, ter centros de investigação e de apoio à inovação e explorar mais oportunidades na área energética”, aponta José Félix Ribeiro, economista e consultor da CCP.

Organizada sob as regras de Chatham House, de forma a assegurar um debate aberto e reservado entre os participantes, esta iniciativa assinala o início das comemorações dos 50 anos da CCP. “Serviu de ponto de partida para aprofundarmos perspetivas sobre o futuro da economia portuguesa”, conclui João Vieira Lopes, adiantando que está já em preparação uma nova iniciativa para os próximos meses: “Vamos continuar a estruturar esta luta”.

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