Investimento: “Portugueses têm produtos sem saberem”
Carlos Tavares afirma que muitos portugueses subscrevem produtos de investimento sem saberem o que estão realmente a comprar. Alguns nem sabem que os têm.
Cerca de 90% dos portugueses afirma não ter nem nunca ter tido produtos de investimento financeiro, de acordo com o relatório relativo à literacia financeira da população portuguesa do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros. No entanto, Carlos Tavares, presidente da CMVM, afirma que muitos têm e nem o sabem. Outros, aqueles que compram este tipo de produtos, muitas vezes não têm consciência do que compraram.
As pessoas têm produtos [de investimento] sem saberem e não têm consciência do que têm.
Carlos Tavares deu o exemplo da aceitação dos termos de responsabilidade que muitas vezes se tem de confirmar para aceder a algo na internet e que, na maioria das vezes, não é lido. “As pessoas têm de ter consciência do que estão a assinar“, alerta.
Para o presidente da CMVM algumas das soluções passam pela responsabilização das instituições, formação e certificação dos vendedores, até porque a “má conduta do vendedor recai sobre as instituições financeiras”, e referiu que, em 2018, deverá ser aprovada a possibilidade de os supervisores impedirem a venda de determinados produtos que sejam muito complexos para os consumidores. No entanto, garante que a Comissão está já a tentar antecipar essa medida para alguns destes investimentos. Por outro lado, é importante que se identifiquem eventuais conflitos de interesse: “É preciso ter capacidade para identificar as situações anómalas e combatê-las”. Sem nunca referir concretamente nenhum caso do panorama português, nomeadamente o que aconteceu no BES, Taveiras acrescenta: “temos perceção do problema e consciência de que o problema nunca está resolvido porque temos de estar sempre atentos”.
Além disso, Carlos Tavares está “convicto de que, muitas vezes, nem os colaboradores sabem bem o que estão a vender aos clientes“. Algo que pode ser preocupante tendo em conta outra conclusão do inquérito que refere que o fator que mais determina a tomada de decisão na aquisição de um produto é o conselho do gestor de conta ou de outro colaborador da instituição financeira da qual é cliente.
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