Estamos menos gulosos por chocolate e o preço vai descer

Há menos consumo de chocolate na Europa e mais produção em África, circunstância que deverá levar à primeira queda anual do preço da matéria-prima desde 2012.

Pelo segundo ano consecutivo, a produção de chocolate em todo o mundo deverá exceder o consumo global. Não só os gulosos europeus estão a consumir menos, como também as plantações em África, onde estão os principais exportadores desta matéria-prima, estão a ter um bom ano, construindo um cenário de excesso que deverá provocar a primeira descida anual da cotação nos mercados internacionais em cinco anos.

Com abundância de chocolate nos mercados, os hedge funds, investidores tradicionalmente especulativos, estão a apostar numa descida dos preços. Estão a comprar posições curtas, antecipando uma baixa na cotação desta matéria-prima. Pela primeira vez desde fevereiro de 2012 há sinais bearish no mercado do chocolate.

Os futuros do chocolate cedem 11% em novembro e vão a caminho da maior desvalorização mensal desde 2011. Na sessão desta segunda-feira, o contrato para entrega em março recuava mais de 1% para cerca de 1.997 libras por tonelada.

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De acordo com os dados da Commodities Risk Analysis, a produção global deverá exceder o consumo em 211 mil toneladas nos 12 meses iniciados em outubro, invertendo o défice de 160 mil toneladas do último período.

“Estamos perante dois anos de excesso estimado, sobretudo por causa das elevadas colheitas na África Ocidental, mas também por causa dos inventários na Europa que não caíram o que esperávamos”, referiu Carlos Mera, analista do Rabobank, à Bloomberg.

"Estamos perante dois anos de excesso estimado, sobretudo por causa das elevadas colheitas na África Ocidental, mas também por causa dos inventários na Europa que não caíram o que esperávamos.”

Carlos Mera

Analista do Rabobank

Produtores como a Cargill e a Olam International estão a antecipar uma temporada de colheitas em grande. No caso da Cargill, as duas maiores colheitas do ano deverão ser “muito melhores” do que o ano passado. A produção deverá ficar acima das 200 mil toneladas métricas, disse a empresa. “Esperamos ter, em todos os países da África Ocidental, bons volumes a chegar aos portos muito brevemente, com um pico a partir de novembro até ao final do ano”, disse a Cargill.

Na Olam, a terceira maior processadora de cacau do mundo, a presidente executiva, Sunny Verghese, fala numa temporada “relativamente boa”.

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