Os fundos na primeira pessoa

Filomena Marques ajuda empresas a candidatarem-se aos fundos comunitários há anos. Na sua opinião, o Portugal 2020 trouxe mudanças importantes. Este ano decidiu concorrer ela própria.

“Para as empresas, a principal alteração do Portugal 2020 face ao QREN são os indicadores contratualizados para a verificação final do projeto, mas também a possibilidade de adiantamento de 10% do valor do incentivo, sem necessidade de garantia bancária”, defende Filomena Marques da M&G Consulting.

Ou seja, no momento de preencher as candidaturas, as empresas já não podem colocar os indicadores no máximo só para garantir a aprovação, porque, no final, dois ou três anos depois, haverá uma verificação dos resultados alcançados. Caso não sejam cumpridos é descontado ao valor que as empresas contavam receber, explica Filomena Marques. “No QREN a verificação do projeto final era mais ligeira”, lembra.

A responsável, que há anos ajuda empresas a preencher as suas candidaturas, elege como um ponto muito positivo o facto de as empresas poderem agora usufruir de 10% de adiantamento do incentivo, sem exigência de garantias bancárias como acontecia no QREN, até porque “as garantias são muito caras e difíceis de obter”.

Já no capítulo de validação das faturas está praticamente na mesma, embora com mais exigências ao nível da explicação das despesas, nomeadamente das viagens para a prospeção de novos mercados. “É preciso explicar quais os indicadores definidos para essa viagem, o que se pretendia atingir. É um pouco mais burocrático, mas é um exercício de equilíbrio necessário”, garante, já que as empresas passam a ter um descritivo histórico do que fizeram, importante para que todos saibam o que se fez.

Filomena Marques garante que “o processo de execução é muito mais complicado do que se pensa”. “O adiantamento de 45% por adiantamento ou contra-fatura, não é simples, é doloroso. É preciso fazer tudo como deve ser, não posso pagar a fatura antes, o que contabilisticamente não é um problema mas tecnicamente é”, alerta.

A desmaterialização do processo é outro dos pontos positivos, cada vez mais é tudo feito diretamente na plataforma do Portugal 2020 — embora por vezes sejam pedidos alguns documentos, algo que a responsável atribui à falta de tempo dos técnicos que analisam os processos –, mas Filomena Marques lamenta que a assinatura digital ainda não esteja em funcionamento. Assim é preciso imprimir os documentos, assinar, reconhecer a assinatura e voltar a digitalizar para introduzir na plataforma.

Mudar de pele

No concurso que fechou segunda-feira, Filomena Marques estreou-se no papel de candidata. Pela primeira vez, em vez de ajudar os outros a entregar as suas candidaturas, apresentou o seu próprio projeto de internacionalização. A ideia é simples, escoar diretamente para o mercado, através de uma plataforma online, produtos gourmet premium.

peixe

“A ideia é fazer linhas de produtos agroalimentares com chefs estrelados internacionais”, explica a responsável da M&G Consulting. “Organizamos painéis de prova e criamos linhas próprias para chefs“, à semelhança do que acontece com Gordon Ramsay. O projeto já existe mas agora vai ser “formalizado” e colocado “à séria, no mercado, em 2017”. “A injeção financeira que os fundos podem dar é muito importante” para levar a cabo o projeto, reconhece.

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Cinco conselhos de Mexia para as startups

António Mexia, presidente executivo da EDP, deixou cinco conselhos aos empreendedores para perseguirem o sucesso. Conheça-as.

António Mexia a dar conselhos a startups? Sim. Em antecipação ao Web Summit, o presidente executivo da EDP recebeu um conjunto de novas empresas, apresentando-lhe de como podem rumar ao sucesso.

Os conselhos do presidente da elétrica nacional foram dados esta quarta-feira, de manhã, durante um encontro entre o gestor e oito das 11 startups que a EDP vai levar à Web Summit.

No encontro — onde estiveram também presentes António Vidigal, Luís Manuel e Carla Pimenta, da EDP Inovação — marcado pelo espírito de abertura, António Mexia deu a sua visão sobre o mundo do empreendedorismo e da inovação.

Para Mexia, para uma startup ter sucesso tem que estar focada, pensar global, ser pioneira, ser inovadora e nunca desistir. Veja o vídeo.

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Governo deixa cair provedor dos fundos comunitários

José Soeiro saiu em fevereiro e já não deverá ser substituído. A estrutura do provedor do beneficiário deverá desaparecer com a revisão estratégica do Portugal 2020, no próximo ano.

O Governo vai deixar cair a estrutura do provedor do beneficiário, criada pelo Executivo anterior. A operacionalização da decisão será feira no momento da revisão estratégica do Portugal 2020.

“O Portugal 2020 tem outros mecanismos de reclamação, auditoria e controlo, por isso esta estrutura é redundante”, disse ao Eco fonte do Executivo.

Não é bom sinal para o futuro da estrutura que, desde fevereiro, com a passagem à reforma de José Soeiro, ninguém o tenha substituído. E apesar de haver outros mecanismos de reclamação, auditoria e controlo, houve de facto uma redução significativa das queixas dos beneficiários. São já quase 170 reclamações.

Fonte: Portugal 2020
Fonte: Portugal 2020

No último relatório do curador, de 30 de junho, é explicado que “a vacatura da função de Curador do Beneficiário e a consequente impossibilidade de a estrutura de apoio concluir de forma consequente a análise das queixas apresentadas encontra expressão crescente na acentuada redução do ritmo mensal de apresentação de queixas”. Ainda assim, são as empresas quem mais queixas apresentam. Em conjunto com os consultores são responsáveis por 72% das queixas apresentadas. A falha nos prazos de atos de gestão, como validação ou aprovação dos pagamentos, dominam as queixas.

Fonte: Portugal 2020
Fonte: Portugal 2020

Quase metade das queixas analisadas (44,9%) deram origem a uma “recomendação formal do Curador ou o órgão de governação visado acolheu a reclamação formulada”. Este valor não muda há vários meses porque simplesmente não há curador em funções. José Soeiro passou à reforma, tendo apenas permanecido em funções, enquanto curador, oito meses. Recorde-se que antes, fora responsável pela Agência da Coesão.

A pesar na decisão do Executivo estão os custos associados a esta estrutura. Segundo o relatório de atividades de 2015, os custos ascenderam a 174 mil euros, onde se inclui o lançamento do próprio portal, mas também o salário do curador e dos funcionários.

O acesso ao Curador era livre, direto e gratuito. Os beneficiários apresentavam queixas no portal e aguardavam a intervenção do Curador que apreciava as queixas. Uma das peculiaridades desta figura, criada durante o Executivo de Pedro Passos Coelho, era fazer recomendações ao decisor político sem recurso ao superior hierárquico.

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“Acordo secreto” UE-França deixa défice derrapar

Durão Barroso e Juncker permitiram que França apresentasse previsões de défices "intencionalmente falsas" para maquilhar as contas e, assim, escapar ao Procedimento por Défices Excessivos.

Um alegado “acordo secreto” entre a Comissão Europeia e o Governo francês permitiu a François Hollande não olhar para o défice. Em França, as metas europeias não são para ser cumpridas. É esta a revelação — que não foi desmentida – do livro “Um Presidente não deveria dizer isso”, noticia o Expresso Diário.

Durão Barroso e Jean-Claude Juncker deixaram que França apresentasse previsões de défices “intencionalmente falsas” para maquilhar as contas e, assim, escapar ao Procedimento por Défices Excessivos (PDE), ao qual Portugal, entre outros países, está sujeito. A situação acontece desde que François Hollande foi eleito Presidente em 2012.

As revelações são da autoria de dois jornalistas de investigação do jornal le Monde, Gérard Davet e Fabrice Lhomme. No livro, os autores escrevem que “durante todo o quinquénio, as autoridades francesas apresentaram com efeito previsões do défice intencionalmente falsas, e isso com a aprovação das próprias autoridades europeias”. Ou seja, da Comissão Europeia e, provavelmente, do Eurostat que é quem apura os défices anuais dos Estados-membros.

Durante todo o quinquénio, as autoridades francesas apresentaram com efeito previsões do défice intencionalmente falsas, e isso com a aprovação das próprias autoridades europeias.

Gérard Davet e Fabrice Lhomme

Jornalistas do Le Monde

“Eles (na Comissão) disseram-nos: o que vos pedimos é que apontem para 3% e o que vos concederemos é uma certa bondade sobre o ritmo da vossa trajetória”, admitiu François Hollande aos dois jornalistas. Houve “benevolência sobre os números que tínhamos apresentado”, disse: “Eles sabiam que não atingiríamos os 3% em 2015!”.

Segundo Hollande, a Comissão Europeia pediu para apontarem para os 3% para poder “fazer frente a outros países”, prometendo não “atacar” os números franceses. O objetivo era inibir outros países da Zona Euro de pedirem a mesma exceção ao PDE e, por isso, perturbar a união monetária.

Quando confrontado pelos jornalistas sobre se Hollande faz o que quer com a Comissão, o Presidente francês respondeu que “é o privilégio dos grandes países (…) os europeus sabem que precisam de nós e portanto isso paga-se”.

Além de referir o défice fictício, o livro revela informações comprometedoras sobre elementos do Governo e pessoas ligadas ao partido socialista francês. Ao todo foram cinco anos de investigação, com 61 entrevistas e mais de 100 horas de entrevistas a Hollande, refere o Expresso.

Editado por Mónica Silvares

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63.806.103.028 euros

Esta é a dotação que a UE tem para a competitividade das PME até 2020. Portugal lidera na atribuição de verbas.

São 63.806.103.028 euros. Sim o valor é gigante.

Esta é a dotação que a União Europeia reserva para promover a competitividade das PME. Portugal é de todos os beneficiários aquele que já alocou uma percentagem mais significativa de fundos às PME (22,2%). Em causa está um bolo total de 6,2 mil milhões de euros. Em segundo lugar surge a Finlândia (20,4% de 657 milhões). Mas a Polónia é, de longe, o país que mais fundos tem para investir nesta prioridade entre 2014 e 2020 (10,79 mil milhões, dos quais alocou apenas 7,6%).

Estas verbas têm por objetivo ajudar as PME a aceder a investimentos, garantias, empréstimos e capital de risco. Mas também explorar novas formas de crescimento, investir em capital humano, melhorar o acesso às cadeias de valor internacional e ainda criar laços com centros de investigação e universidades para promover a inovação.

Fonte: Portugal 2020
Fonte: DG Regio

 

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BCP adia resultados para depois da AG

O banco liderado por Nuno Amado deveria apresentar as contas a 7 de novembro. Passou para dia 9, um dia depois da assembleia geral onde vai ser votada a entrada da Fosun.

O BCP decidiu adiar a data de apresentação dos resultados dos primeiros nove meses. Em vez de revelar as contas a 7 de novembro, só vai dar a conhecer os números aos investidores já depois da assembleia geral em que será votado o aumento do limite dos direitos de voto.

Em comunicado enviado à CMVM, o BCP “informa que decidiu alterar a data de apresentação dos resultados consolidados dos primeiros nove meses de 2016, por forma a fazer coincidir a divulgação da informação relevante relativa aos resultados consolidados dos primeiros nove meses de 2016 com as deliberações decorrentes da assembleia geral de acionistas”.

O BCP convocou para dia 9 de novembro uma assembleia geral, para as 14h30, sendo que a divulgação das contas será feita o mesmo dia, mas já depois do fecho do mercado, após as 17h00.

Nesta assembleia geral, os acionistas do banco são chamados a votar o aumento do limite dos direitos de voto. Atualmente, esse limite está nos 20%, mas a proposta é que seja revisto para 30% de forma a permitir a entrada da Fosun.

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Incerteza nas eleições passa fatura às bolsas

Bolsas do Velho Continente somaram a oitava sessão consecutiva de quedas, com os investidores a assumirem uma postura mais conservadora. Stoxx Europe 600 e PSI-20 perderam mais de 1%.

As últimas sondagens colocam os dois candidatos presidenciais dos EUA em posições muito próximas, o que está levar os investidores a assumirem uma postura mais conservadora. Foi neste contexto que as ações europeias somaram esta quarta-feira a oitava sessão de quedas, o que já não acontecia há dois anos. A praça lisboeta também fecho no vermelho, com o PSI 20 a desvalorizar mais de 1%, com todos os títulos do índice o vermelho.

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Decisão do caso das ‘swaps’ só em 2017

  • Lusa
  • 2 Novembro 2016

O Tribunal Superior de Londres só vai decidir no próximo ano o recurso das quatro empresas públicas de transporte envolvidas no caso das 'swap'. Conflito com o Santander remonta ao início de 2013.

O Tribunal Superior (High Court) em Londres só deverá decidir em 2017 o recurso de quatro empresas públicas de transporte portuguesas que querem que sejam considerados nulos os contratos ‘swap’ com o Banco Santander Totta. As empresas públicas de transportes Metropolitano de Lisboa, Carris, Metro do Porto e STCP recorreram à alta instância, equivalente ao Supremo Tribunal de Justiça, para que fosse reconhecido o direito de aplicar aos contratos a lei portuguesa e não jurisdição inglesa.

As quatro empresas públicas de transportes questionaram a decisão do Tribunal Comercial britânico tomada em março, que dizia que o artigo 3 da Convenção de Roma não se aplica neste caso porque os elementos relevantes para esta situação na altura da escolha [dos ‘swaps’] não estavam apenas relacionados a Portugal, o que faz com que os contratos não sejam exclusivamente domésticos.

Mas, na sentença, o próprio juiz William Blair admitiu que, se fosse aplicado o artigo 437.º do Código Civil [português], seria admissível o argumento de que a crise financeira global constitui uma “alteração anormal de circunstâncias” que ocorreu após a subscrição dos ‘swaps’, entre 2005 e 2007, o que poderia anular sete dos nove contratos. As audições de segunda e terça-feira serviram para a apresentação pelas duas partes de argumentos técnicos jurídicos e interpretações essencialmente destes dois artigos.

As empresas públicas de transportes argumentaram que, no caso destes ‘swaps’, a Convenção de Roma permite e prevê a aplicação da lei doméstica, neste caso a portuguesa, o que os advogados do Banco Santander Totta contra-argumentaram, alegando que, na assinatura dos contratos, a jurisdição inglesa foi aceite por mútuo acordo.

O conflito remonta ao início de 2013, altura em que as referidas empresas públicas de transportes de passageiros consideraram inválidos os contratos ‘swap’ celebrados com o banco, suspendendo os respetivos pagamentos. O processo judicial iniciado pelo banco nos tribunais ingleses visou a apreciação da validade de nove contratos de ‘swap’ de taxa de juro, instrumentos derivados de taxa de juro complexos que as empresas contrataram para reduzir os encargos com a dívida.

Um ‘swap’ é um contrato de cobertura de risco que consiste em fixar uma taxa de juro de um empréstimo com a obrigação de uma das partes pagar a diferença entre a taxa fixa e taxa que varia de acordo com as taxas de juro de referência.

Caso vejam este recurso indeferido, as empresas públicas de transportes podem recorrer ao Supremo Tribunal de Justiça britânico e para o Tribunal de Justiça da União Europeia.

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Galp fará 1,1 mil milhões até 2026 com contratos de gás natural

  • Marta Santos Silva e Lusa
  • 2 Novembro 2016

Os contratos de importação de gás natural darão um lucro de 68 milhões de euros à Galp cada ano, estima a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.

Nos próximos dez anos, o Grupo Galp vai lucrar mais de 1,1 mil milhões de euros através da revenda dos excedentes de gás natural que provém dos seus contratos com a Nigéria e a Argélia.

É esta a estimativa da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), que realizou os cálculos com base nos volumes mínimos de gás natural que se prevê importar nos contratos com a Nigéria e a Argélia, comparando-os com o consumo de gás natural em Portugal. Depois, calculou uma estimativa dos lucros de revender os excedentes do gás importado.

Conclusão? Entre 2010 e 2026, o Grupo Galp vai lucrar cerca de 1,158 mil milhões de euros com o uso em mercado dos excedentes do gás natural destes contratos. Um valor que é significativo — resultando numa média de cerca de 68,2 milhões por ano — e que pode ser útil ao Governo na disputa acerca da Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético (CESE), que a Galp se recusa a pagar e pretende contestar em tribunal.

O comunicado da ERSE divulgado esta quarta-feira explica que os contratos de fornecimento de gás natural que foram realizados com a Argélia e a Nigéria preveem um consumo mínimo que deve acontecer e que, mesmo caso não aconteça, deve ser pago — custos que, legalmente, podem ser “partilhados” pela empresa importadora, no caso, o Grupo Galp, com os consumidores de gás natural e os consumidores de eletricidade em geral. A lei também prevê que os excedentes que não sejam consumidos em Portugal sejam revendidos fora do regime de partilha de riscos.

A ERSE acrescenta que, tendo em conta uma queda, particularmente a partir do final de 2009, do consumo de gás natural em Portugal, os excedentes a serem revendidos pela Galp aumentaram, ao mesmo tempo que aumentava também a procura de gás natural em países estrangeiros “em especial no Japão (…) a partir do início desta década”, lê-se no documento.

O tema dos contratos de gás natural foi levantado ainda pelo Executivo liderado por Passos Coelho, que defendeu a partilha com os consumidores dos benefícios resultantes da revenda aos mercados asiáticos, o que aconteceria através da descida das tarifas a cobrar nos próximos anos.

A tutela pediu os contratos de compra de gás natural à Galp Energia para poder fazer as contas, que se recusava a entregá-los alegando a confidencialidade, mas a 23 de setembro enviou ao regulador uma cópia integral. A ERSE analisou então esses contratos para poder chegar a estas estimativas de lucro.

Para o Governo, esta compensação é devida porque os consumidores de gás natural não beneficiaram das mais-valias que a petrolífera portuguesa terá obtido com a venda de gás natural adquirido através de contratos de longo prazo, que obrigam à compra e pagamento de volumes mínimos estabelecidos.

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Fed não mexe nos juros. Prefere esperar por mais sinais da economia

A entidade liderada por Janet Yellen manteve os juros, adiando para dezembro uma eventual mexida. A Fed espera por mais sinais da economia, apesar de já haverem evidências a suportar essa subida.

A Reserva Federal dos EUA decidiu, esta quarta-feira, manter as taxas de juro inalteradas, mas salientou que os argumentos para uma subida dos custos dos empréstimos estão a ser reforçados face à aceleração da inflação. Este cenário faz antecipar uma revisão em alta dos juros na reunião do próximo mês.

“O comité considerou que o cenário para uma subida da taxa de juro da Fed continuou a fortalecer-se mas decidiu, para já, esperar para mais evidências dos progressos contínuos no sentido dos seus objetivos”, referiu o Federal Open Market Committee (FOMC) numa declaração divulgada esta quarta-feira. A decisão foi de 8 contra 2.

Os responsáveis deste organismo revelaram uma confiança crescente de que a inflação está no caminho de atingir a meta dos 2%. O banco central norte-americano afirmou que o ritmo do crescimento dos preços “aumentou em alguma medida desde o início deste ano” e que as medidas do mercado de compensação da inflação “subiram”. O comité ignorou ainda alguma linguagem utilizada anteriormente em que afirmava que a inflação iria provavelmente “manter-se baixa no médio prazo”.

A decisão de renunciar a uma subida dos juros nesta reunião já era antecipada, tendo em conta a proximidade das eleições presidenciais nos EUA que acontecem na próxima semana.

Na declaração deste mês, a Fed afirma que irá esperar por “mais algumas evidências” dos progressos da economia antes de avançar com uma subida das taxas de juro, acrescentando a expressão “algumas” à declaração proferida após a reunião de setembro. Os analistas olham para isto como um sinal de que os responsáveis da Fed se aproximaram consideravelmente do cenário de subida.

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Vendas de automóveis crescem 6,9% em outubro

As vendas continuam a crescer, na comparação homóloga, mas o aumento é cada vez menor. Este é já o sétimo mês em que o número de veículos vendidos em Portugal é inferior à média anual, diz a ACAP.

As vendas de automóveis aumentaram em outubro. Registaram, segundo a ACAP, um crescimento de 6,9% face ao mesmo mês do ano passado, mas o crescimento está a ser cada vez menor. “Este é já o sétimo mês em que o número de veículos vendidos em Portugal é inferior à média anual”, que está em 14,3%, nota a associação.

“No mês de outubro foram colocados no mercado 18.121 veículos automóveis ligeiros e pesados“, refere o comunicado. Foram vendidos em Portugal 14.936 automóveis ligeiros de passageiros, ou seja, mais 8,9 por cento do que no mês homólogo do ano anterior, já no que toca aos pesados foram comercializados 2.564 ligeiros e 621 pesados.

“Este é já o sétimo mês em que o número de veículos vendidos em Portugal é inferior à média anual. Recorde-se que esta tendência de desaceleração fora antecipada pela ACAP aquando da entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2016“, diz a ACAP. E para 2017 há mais uma vaga de aumento de impostos sobre o setor.

Em termos acumulados, “nos últimos dez meses, foram comercializados em Portugal 205.203 veículos automóveis, o que representou uma variação homóloga positiva de 14,3%”, nota a ACAP.

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Angola dos mais afetados pelo desinvestimento no petróleo

  • Lusa
  • 2 Novembro 2016

Angola e Nigéria vão ser os principais afetados por uma queda de 100 mil milhões de dólares nas despesas de capital das petrolíferas, diz consultora.

Angola e Nigéria vão ser os países mais afetados pela quebra do investimento no setor petrolífero, que vai cair 100 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos, segundo a consultora Wood Mackenzie.

“Os governos na África subsaariana têm de reavivar a indústria de exploração de petróleo, oferecendo vantagens fiscais atrativas em vez de procurar aumentar as receitas fiscais no atual contexto“, disse o investigador principal da Wood Mackenzie para a região, Femi Oso, na Africa Oil Week, que decorre até sábado na Cidade do Cabo.

As despesas de capital das principais empresas petrolíferas vão cair 100 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos, considera a consultora, especificando que Angola e Nigéria, os dois maiores produtores, vão ser os mais afetados, de acordo com uma notícia do jornal sul-africano Business Day, que não explicita o valor atual do investimento na região.

Esta região do mundo, que atualmente produz quase cinco milhões de barris por dia, pode ver a produção cair para 2,6 milhões em 2030 devido ao desinvestimento dos grandes produtores, sendo que Angola e Nigéria deverão ser os mais afetados, pois a exploração de petróleo nestes países é feita em águas ultraprofundas, tendo por isso um custo mais elevado.

“Os cortes na exploração na região vão também contribuir para uma descida da produção a longo prazo, já que os produtores afastaram-se de novas descobertas, preferindo apostas nas já existentes“, continua o analista, apontando, no entanto, que “a recente confirmação da gigantesca descoberta do campo Owowo (estimada em mil milhões de barris), na Nigéria, mostra bem a qualidade dos recursos naturais que a África subsaariana ainda tem para oferecer”.

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