TSU: PSD devia arranjar uma alternativa, diz Van Zeller
O antigo presidente da CIP não gosta da posição do PSD e entende que o partido devia agora dar um sinal de que está preocupado com as empresas.
Francisco Van Zeller entende que o PSD devia propor uma alternativa às empresas, agora que assumiu que vai chumbar a redução das contribuições patronais ligada ao salário mínimo.
“O PSD devia propor uma alternativa imediatamente, e há muitas”, afirmou o antigo presidente da CIP — Confederação Empresarial de Portugal, apontando para medidas na área dos impostos ou outras “facilidades que podem ser feitas”. Aliás, o próprio acordo tripartido não abrange apenas a baixa da TSU que os partidos mais à esquerda e o PSD já avisaram que vão chumbar no Parlamento, recorda.
O partido liderado por Passos Coelho devia então falar com os parceiros sociais, “ver o que têm a pedir que seja razoável” e depois “fazer força no Parlamento” para que a medida passe — isto dá um sinal de que o PSD “está preocupado”, indica.
Van Zeller esteve à frente da CIP — na altura Confederação da Indústria Portuguesa — entre 2002 e o início de 2010. A confederação é hoje liderada por António Saraiva, um dos parceiros patronais a assinar o acordo tripartido que admite o aumento do salário mínimo de 530 para 557 euros, já em vigor, e a redução, durante um ano, das contribuições em 1,25 pontos para empresas que suportam esta subida.
O antigo presidente da CIP não se lembra de um acordo de concertação social que tenha sido chumbado no Parlamento mas recorda que, naquele tempo, os parceiros sociais falavam com os partidos para tentar perceber se as medidas poderiam ter futuro. E isso devia ter acontecido agora também, sublinha, apontando para um “erro de procedimento”.
O empresário salienta que o maior partido do Parlamento foi “desconsiderado” mas admite: “não gosto da posição do PSD”. Não só porque se junta aos partidos mais à esquerda mas também porque, no passado, os social-democratas já propuseram descidas da TSU. E, além disto, porque a medida agora legislada pelo atual Governo é importante para as empresas, sobretudo para as de menor dimensão, defende.
Van Zeller diz mesmo que a decisão de chumbar uma medida decidida entre parceiros sociais é “péssima para a concertação”, que era “ultra-respeitada”. “Quando chegava um acordo ao Parlamento, só o PCP votava contra”, afirma.
"Havia um respeito absoluto pelos acordos de concertação.”
Estarão os futuros acordos de concertação social ameaçados? Van Zeller acredita que sim: “não sei como se vai partir para novos acordos de concertação social com medo da Assembleia da República”.
O ex-líder da CIP entende que “a concertação social levou um grande rombo”, antevendo que “o PS, quando for oposição, vá fazer o mesmo” que o PSD fez agora.
Este precedente “reduz a confiança com qualquer Governo”, a não ser que se trate de um acordo em torno de “uma coisa óbvia”, exemplificou.
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