Marques Guedes acusa Governo de António Costa de “miséria ética”

  • Lusa
  • 13 Fevereiro 2017

Luís Marques Guedes acusa o Governo de António Costa de "miséria ética", apontando para casos como o da CGD. Diz que para o primeiro-ministro "as questões éticas não passam de tricas".

Luís Marques Guedes, ex-ministro do PSD, aconselhou o Presidente da República a desconfiar das boas notícias que lhe são “vendidas pelo primeiro-ministro”, acusando o Governo liderado por António Costa de “miséria ética”.

“O Presidente da República que se cuide”, afirma o deputado social-democrata Marques Guedes, num artigo de opinião publicado hoje na newsletter do PSD intitulado “Um Governo sem honra nem palavra”.

Numa referência a uma passagem do novo livro do anterior Presidente da República Cavaco Silva já divulgada, – e que será lançado na quinta-feira – Marques Guedes diz que “quando as palavras deixam de se conformar com a realidade dos factos, convém passar a olhar com desconfiança para a ‘narrativa’ e as ‘boas notícias’ que lhe são vendidas pelo primeiro-ministro”.

Depois da lamentável versão desportiva de que o fairplay é uma treta, temos agora a vergonhosa versão política do primeiro-ministro para quem as questões éticas não passam de tricas.

Luís Marques Guedes

Ex-ministro do PSD

“É que os portugueses não merecem ser constantemente tomados por parvos, e o país não se aguenta por muito tempo na beira do precipício”, refere o antigo ministro de Pedro Passos Coelho, acrescentando que “este exuberante exemplo de miséria ética” não o surpreende.

“Afinal de contas, este primeiro-ministro e este Governo são legítimos e orgulhosos herdeiros da escola Sócrates”, afirma.

Na newsletter do PSD, Marques Guedes refere-se a vários casos e, em concreto, a recentes declarações do primeiro-ministro a propósito da polémica à volta da Caixa Geral de Depósitos e da correspondência trocada entre o Ministério das Finanças e o ex-administrador do banco público, António Domingues.

“Depois da lamentável versão desportiva de que o fairplay é uma treta, temos agora a vergonhosa versão política do primeiro-ministro para quem as questões éticas não passam de tricas”, disse.

Luís Marques Guedes, que já desempenhou as funções de líder parlamentar do PSD, questiona ainda “a cumplicidade” de PCP e BE, que suportam no parlamento o Governo minoritário do PS.

“Na boa doutrina leninista e estalinista os fins justificam os meios, e desde que continue garantido o seu objetivo último de manter fora do poder quem os portugueses escolheram para governar, tudo engolem e tudo correm, solícitos a branquear”, disse.

“Ver o PS capturado por esta velha cartilha comunista, isso sim é uma triste novidade”, acrescentou.

Ainda sobre o caso da Caixa, Marques Guedes lamenta que o primeiro-ministro tenha dito que não tira conclusões sobre a posição do ministro das Finanças, Mário Centeno, “com base em acordos invocados por terceiros, até que se exiba a prova escrita do compromisso ministerial”.

“Quer isto dizer que, pela sua parte, a negociação feita, os acordos firmados e até a aceitação pelo Conselho de Ministros da lei à medida, redigida pelos interessados, que os concretizaram, não provam nada, não valem nada”, lamenta.

Para Marques Guedes, “a palavra dada por este governo não é palavra honrada, ou há prova escrita, ou nada feito”.

O primeiro-ministro confirmou hoje a confiança em Mário Centeno no exercício das suas funções governativas, após um contacto com o Presidente da República.

“Tendo lido a comunicação do senhor ministro das Finanças e após contacto com Sua Excelência o Presidente da República, entendo confirmar a minha confiança no professor Mário Centeno no exercício das suas funções governativas”, refere o primeiro-ministro, num comunicado enviado à comunicação social, pouco depois de terminar uma conferência de imprensa do ministro das Finanças a propósito da polémica à volta da Caixa Geral de Depósitos.

Em conferência de imprensa, o ministro das Finanças tinha afirmado que o seu lugar “está à disposição” desde que assumiu funções e reiterou que o acordo com António Domingues para a liderança da CGD não envolvia a eliminação da entrega das declarações de rendimentos.

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