BES: Nova associação de lesados critica solução para papel comercial
A Associação de Lesados do Papel Comercial crítica a solução por implicar um teto máximo e uma menor compensação aos lesados com maiores investimentos.
A Associação de Lesados do Papel Comercial (ALPC) do BES, criada na quarta-feira, critica a solução encontrada para compensar os investidores, por considerar que não há igual tratamento para todos.
“Não achamos correta a solução porque deveria ser igual para todos. Não concordamos com o teto máximo dos 250 mil euros [que cada lesado poderá receber]”, disse Rui Alves, um dos sócio-fundadores e dinamizadores desta associação, à Lusa.
Apesar da crítica à solução por implicar um teto máximo e uma menor compensação aos lesados com maiores investimentos, acima de 500 mil euros, Rui Alves afirmou que a ALPC não tem uma posição conjunta contra a adesão à solução. “A solução é de cada um, cada cliente é que saberá a posição que tomar”, de aderir ou não ao contrato de adesão, disse.
Rui Alves disse ainda que a ALPC tem sócios com vários montantes de investimento em papel comercial vendido pelo BES, desde os 200 mil euros e que aceita sócios de montantes de investimento mais baixos se estes se quiserem juntar à associação.
Questionado sobre se esta associação é feita por dissidentes da mais conhecida Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC), Rui Alves explicou que decidiram formar um grupo independente por consideraram que havia princípios que não eram respeitados. “Temos um lema que é clareza, informação e é transparência e esse lema fez com que nos afastássemos da associação”, disse.
Segundo o registo da conservatória, a ALPC tem como presidente da direção Mário Filipe Simões Lopes, Luís Miguel Ferreira como presidente da mesa da assembleia-geral e Carlos Lourenço como responsável do conselho fiscal.
No final de 2016 foi encontrada uma solução, com o beneplácito do Governo, para compensar os mais de 4.000 clientes que investiram, aos balcões do BES, 434 milhões de euros em papel comercial das empresas Espírito Santo Financial e Rio Forte, do Grupo Espírito Santo (GES), poucos meses antes do colapso
Desde o início de 2017 que o grupo de trabalho dos lesados do papel comercial (constituído por Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial, Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários, Banco de Portugal, ‘banco mau’ BES e Governo) se reúne regularmente para operacionalizar a solução.
O contrato de adesão a esta solução deverá ser apresentado a cada lesado até final deste mês, de acordo com o calendário inicial.
Os clientes que aceitem o mecanismo proposto irão recuperar 75% do valor investido, num máximo de 250 mil euros, isto se tiverem aplicações até 500 mil euros. Já acima desse valor, irão recuperar 50% do valor investido.
Por exemplo, para uma aplicação de 400 mil euros serão pagos 250 mil euros, o valor máximo possível para esse montante, ainda que seja abaixo dos 75%. Já para uma aplicação de 600 mil, serão pagos 300 mil euros.
Ou seja, os clientes assumem perdas, mas recebem desde já dinheiro por que teriam de esperar anos, provavelmente, para recuperar em processos em tribunal e de forma incerta.
A intenção é que a primeira parcela (cerca de 30% do total) seja paga já este ano, no momento de assinatura do contrato de adesão por cada lesado, sendo o restante valor reembolsado até 2019. O valor será pago aos clientes lesados por um fundo de indemnizações que está a ser criado.
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