CGD foi o banco que mais recursos perdeu
Os clientes retiraram dinheiro dos grandes bancos. Desapareceram mais de 2.500 milhões de euros em 2016, com a CGD a ser a principal responsável pela evolução. O Estado foi o principal beneficiado.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) apresentou os piores resultados da sua história. Registou prejuízos de 1.859 milhões de euros, penalizada por elevadas imparidades. Foi um ano conturbado para o banco estatal que ao mesmo tempo que viu o malparado arrasar-lhe as contas, viu os clientes reduzirem os recursos no banco. Foi, entre os grandes, aquele em que os valores confiados mais caíram. Mais de 2,5 mil milhões de euros.
Recursos de clientes dos maiores bancos encolhe
O banco liderado por Paulo Macedo fechou o ano com recursos totais de clientes num montante de 70.260 milhões de euros. É o valor mais elevado entre os grandes bancos nacionais, sendo que encolheu em 3,38% face ao final do ano anterior. São menos 2.457 milhões de euros, isto num período em que também BCP e BPI sentiram uma redução nos recursos dos clientes (797 e 676 milhões de euros, respetivamente). Só o Santander Totta os aumentou em 1.151 milhões, evolução que poderá ficar a dever-se à incorporação do Banif. O saldo global é negativo em 2.780 milhões.
Esta quebra na CGD é explicada essencialmente devido aos clientes institucionais. “A descida dos recursos deve-se precisamente à descida de investidores institucionais, por natureza mais voláteis“, refere fonte oficial da instituição ao ECO. Os recursos deste segmento encolheram 2.939 milhões de euros (35,15%) na totalidade do ano passado, para os 5.448 milhões de euros, ao mesmo tempo que os recursos de clientes particulares e das empresas registaram uma tendência contrária. Subiram 0,58% e 2,44%, respetivamente, para se fixarem em 58.061 e 6.751 milhões de euros no final de 2016.
Recursos de clientes por banco
Olhando exclusivamente para os depósitos, a CGD volta a destacar-se. O banco público apresentou uma quebra de 3.105 milhões de euros, ou 5,24%, para 56.165 milhões de euros, uma quebra mais expressiva do que a do BCP (2,3%, ou 814 milhões), isto quando BPI e Santander Totta apresentaram um crescimento das aplicações por parte dos seus clientes, sejam eles institucionais, empresas ou particulares. Conseguiram aumentá-los apesar do contexto de taxas de juro muito baixas. A remuneração média está em mínimo histórico, sendo que o BPI não paga qualquer juro nas aplicações a prazo.
No caso da CGD, a quebra nos depósitos é explicada, mais uma vez, com a retirada de dinheiro por parte de institucionais (-35,89%). Mas o valor dos depósitos dos particulares no banco do Estado também encolheu (-1,81%), isto apesar de os recursos totais dos particulares crescerem. Confuso? É que houve muitos clientes que perante a queda das taxas das aplicações optaram por manter o dinheiro na instituição, mas noutros produtos como fundos de investimento, PPR, ou outras aplicações fora do balanço dos bancos como as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) lançadas pelo Estado e outras obrigações. Isso mesmo aconteceu no caso do BCP que viu os depósitos caírem 2,34%, mas os recursos só encolheram em 1,66%.
Menos recursos no banco do Estado, mais no Estado
Entre os grandes bancos, a CGD foi a instituição que assistiu à maior quebra nos recursos e depósitos de clientes. BCP e BPI também registaram uma quebra, sendo o Totta a exceção. O saldo global do último ano é negativo para os grandes bancos, isto num ano em que o Estado ficou a ganhar. O leque de produtos de dívida portuguesa, com taxas bastante mais atrativas face às que estão a ser praticadas pelas instituições financeiras, levou muitos aforradores a trocarem os balcões dos bancos pelos certificados, mas especialmente pelas OTRV.
Em 2016, o Estado conseguiu captar quase sete mil milhões de euros em produtos financeiros colocados junto do retalho, contando com um grande empurrão das OTRV. Só com este produto, o Estado conseguiu mais 3.450 milhões de euros através das três operações lançadas durante o último ano. A outra metade do dinheiro foi canalizada para os certificados, com os Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) a captarem a maior parte dos valores investidos. Em 2016, os portugueses aplicaram 3.355 milhões de euros em CTPM, procurando tirar partido da oferta de juros também acima da banca. A remuneração média é de 2,25%, quando mantidos durante cinco anos.
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