Montepio vende dívida do Benfica antes de ter o ok da CMVM
O Benfica vai voltar a emitir obrigações para o retalho... segundo o Montepio. O banco está a publicitar a nova operação ainda sem haver sequer a aprovação do prospeto pela CMVM.
Um ano depois de ter obtido 50 milhões de euros com obrigações colocadas junto do retalho, o Benfica vai voltar a pedir financiamento aos pequenos investidores. É, pelo menos, essa a informação apresentada pelo Montepio, no seu site. O banco está a vender os títulos de dívida do clube da Luz que vão pagar uma taxa de 4%, apesar de não haver ainda a aprovação do prospeto da operação por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A SAD “lançou uma oferta pública de subscrição de obrigações, destinada ao público em geral, denominada ‘Benfica SAD 2016-2019′”, diz o banco liderado por Félix Morgado — no título de entrada é “Benfica SAD 2017-2020”. “A oferta pública de subscrição decorre entre 27 de março e 5 de abril de 2017 com um montante máximo de até dez milhões de euros“, acrescenta no site, na secção de Modalidade Mutualistas de Poupança. O prospeto associado, contudo, remete para uma operação de 2015. Porquê? Porque ainda não há sequer um prospeto aprovado.
Esta operação não foi ainda oficialmente comunicada ao mercado. No site da CMVM não há ainda qualquer prospeto publicado, não havendo também qualquer informação sobre a operação na página do Benfica. Contactado, o clube da Luz remeteu para mais tarde informações. Já fonte oficial da CMVM, contactada pelo ECO, diz que não foi aprovado qualquer prospeto relativamente a esta emissão de dívida do Benfica. Não foi possível obter esclarecimentos por parte do Montepio que minutos depois da publicação da notícia do ECO retirou a ligação do site.
No site, no final da informação sobre a emissão que o Benfica irá realizar, há um botão para subscrever este produto que ainda não foi sequer validado pelo regulador do mercado de capitais, liderado por Gabriela Figueiredo Dias. Contudo, após selecionar o botão de subscrição, os utilizadores são enviados para a página de login no banco. Depois de se identificarem e colocarem a palavra-chave surge, no entanto, a indicação de que não há produtos em subscrição.
Dez milhões… com juro de 4%
As obrigações a emitir em mais esta operação de financiamento são bastante menos do que as que disponibilizou no ano passado. Em 2016, o Benfica avançou com uma emissão de 50 milhões de euros, mas desta vez, de acordo com a informação avançada pelo Montepio, o total deverá ascender a apenas dez milhões de euros.
Estes títulos “assumem um valor nominal e preço de subscrição de cinco euros cada”, sendo que o prazo da emissão é de três anos (realizando-se o reembolso em 10 de abril de 2020). Por este empréstimo, o Benfica compromete-se a pagar uma taxa bruta anual de 4%, inferior aos 4,25% da emissão de 2016.
Esta taxa, apesar de inferior aos juros pagos em operações anteriores, é elevada num contexto em que os bancos estão a praticar juros muito reduzidos nas aplicações a prazo — que estão, contudo, isentas de risco. Nestas obrigações, além do risco de incumprimento, os investidores devem ter em conta que ao juro é preciso deduzir as comissões cobradas pelos bancos.
(Notícia atualizada às 23h25 com a informação de que o Montepio retirou do site o link para a emissão do Benfica)
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