Iogurte grego (mas português) já dá lucro

  • Lusa
  • 2 Abril 2017

Filipe Botto, fundador da Yonest, conta com investidores para passar à segunda fase, a de crescimento, que envolve a instalação da capacidade que poderá triplicar produção.

Filipe Botto quis provar que iogurte se pode escrever com letra maiúscula e fundou a Yonest, marca que nasceu na sua cozinha, já atraiu investidores. Já está a dar lucro e, este ano, quer duplicar a faturação para um milhão de euros.

A Yonest, marca portuguesa de iogurte grego tradicional, nasceu com poupanças próprias e, em 2015, após um ano de mercado, alcançou os primeiros resultados operacionais positivos. No ano passado registou “um resultado líquido positivo”. “Curtinho, mas já conseguimos um pequeno lucro”, comentou à agência Lusa o empresário, sem adiantar o valor.

Para a primeira empresa do setor do comércio que se instalou na Startup Lisboa (incubadora de empresas apoiada pelo município) entraram recentemente três investidores – dois suíços e um francês -, “donos de grandes grupos familiares”, que juntos faturam cerca de mil milhões de euros anualmente e que ficaram com “cerca de 30%”, mediante uma avaliação de um milhão de euros.

Estes investidores – que Filipe Botto espera que sejam também mentores e conselheiros – são uma “força adicional” para a entrada da empresa na segunda fase, a de crescimento, que envolve a instalação da capacidade que poderá triplicar produção, num espaço de 500 metros quadrados na Venda do Pinheiro (concelho de Mafra).

Até ao final do ano, os planos passam ainda por aumentar o número de funcionários de 15 para 20 a 25, enquanto o “objetivo ambicioso” a nível da faturação é alcançar o milhão de euros, ou seja, uma duplicação em relação a 2016.

“Neste momento, ainda temos uma linha de produto bastante conceptual, ultra premium e ultra artesanal, mas o nosso objetivo é sermos uma marca de iogurte transversal para nos internacionalizarmos e entrarmos na grande distribuição”, afirmou à Lusa o empresário, que deixou para trás uma carreira na banca.

Ser um “ultra nicho” no pequeno mercado português é um “tiro no pé”, pelo que os planos são agora chegar a “mais bolsas e mais momentos de consumo”, ao demonstrar, por exemplo, que o iogurte pode substituir as natas ou a maionese e ser utilizado como sobremesa. Para 2018, podem até surgir cremes salgados, antecipou Filipe Botto.

Atualmente, a Yonest conta com clientes que totalizam 100 espaços em todo o país, mas “muitos são pequenas lojas, pequenas cafetarias que não trazem massa crítica”.

“O nosso caminho vai ser aumentar a rede, aumentar a dimensão dos nossos clientes e aumentar as vendas por cliente”, assim como trabalhar com hotelaria e restauração e iniciar as exportações, estando previsto para breve um teste em Angola. Com parcerias estabelecidas com distribuidoras espanholas, a empresa espera também chegar ao país vizinho.

Já fora da incubação na Startup Lisboa, o empresário prevê continuar a sentir-se como startup (empresa recente com rápido potencial de crescimento) “durante bastante tempo” por associar o conceito ao empreendedorismo e irreverência.

Outra ‘promessa’ é continuar a provar que há “iogurte com ‘i’ maiúsculo”, que passa por uma receita que usa dois litros de leite num quilo de iogurte, através de processo artesanal.

Outros “ingredientes” usados até agora para afirmar a Yonest foram vender fora das prateleiras do supermercado e em embalagens diferenciadas.

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