Banca e seguradoras podem e devem colaborar com as fintechs

  • Marta Santos Silva
  • 3 Abril 2017

James Dickerson explica que os incumbentes na banca e na área dos seguros beneficiariam com colaboração com as startups, e que essa transição está a acontecer mais rapidamente do lado das seguradoras.

Colaborar faz mais sentido do que competir com os incumbentes para as pequenas fintechs e insurtechs, startups dedicadas à tecnologia para a área financeira ou de seguros, respetivamente. Segundo explica James Dickerson, responsável pela aceleradora de fintechs londrina da Accenture, todos têm a ganhar com uma maior colaboração, e esse modelo de negócio está já a ganhar terreno, com diferentes modos de construção dessa relação.

“Nos serviços financeiros fala-se sempre de grandes players contra grandes players”, afirma James Dickerson, keynote speaker na conferência NEWmoney que o ECO organiza esta segunda-feira no Museu do Dinheiro.

“Um gigante monolítico contra outro. Mas temos visto a emergência da fintech, que traz muitos players pequenos a irem contra os grandes”. Qual é a pergunta? Se vão competir ou colaborar. Para Dickerson, embora inicialmente o modelo preferido fosse o da concorrência, a colaboração traz mais benefícios a todos, e é por isso que já se vê esse modelo a tornar-se mais prevalente.

“Quando os incumbentes”, ou seja, os grandes bancos ou seguradoras que já estavam no mercado antes de a inovação tecnológica lhes ter apresentado estas novas alternativas, “trabalham bem com estes pequenos, pode-se digitalizar rapidamente os dinossauros e ao mesmo tempo dar escala às empresas mais pequenas com rapidez”, afirma James Dickerson. Trabalharem juntos beneficia, assim, tanto os incumbentes como as empresas.

Para o dirigente de uma das maiores aceleradoras de startups desta área, as startups da área da fintech devem procurar relacionar-se com os bancos, e vice-versa, havendo quatro modelos principais como isso pode acontecer.

  1. Aquisição: Não se têm visto muitas aquisições de startups da fintech por parte da banca, mas é um modelo possível de relacionamento, embora não seja o que Dickerson favorece.
  2. Construção: Os bancos e players incumbentes podem construir eles próprios as fintech e fazer depois spin-offs desses negócios, afirma o orador. No entanto, este é um modelo que não tem sido bem-sucedido no ocidente. É mais no oriente, por exemplo na China, onde os bancos têm tido “um sucesso tremendo” neste campo.
  3. Investimento: Há uma grande ressalva que Dickerson faz no campo do investimento por incumbentes em fintech: não pode ser motivado por um desejo de influenciar o destino da empresa mais pequena, o que acaba a prejudicar todos. O objetivo do investimento deve ser o da aprendizagem e da cooperação, e “quanto mais pequeno o investimento melhor”.
  4. Colaboração: Este é o modelo preferido de Dickerson, que pode assumir várias formas. “Muitas das empresas que antes eram competitivas tiveram dificuldades mais tarde”, assinala o dirigente. “Há muitos modelos de colaboração, é um espetro”, continuou, e todos têm a ganhar. “Não estou a dizer que não se pode ser bem-sucedido sem colaborar, só estou a dizer que é muito mais fácil”, terminou.

James Dickerson sublinhou ainda o que os bancos podem ter a ganhar se procurarem a ajuda das fintech: desde logo, podem relacionar-se com os seus clientes de uma forma mais próxima e noutros moldes, fora dos balcões e dos agentes. Além disso, podem expandir o seu negócio para chegarem a clientes que anteriormente não davam lucro — não só os mais ricos da sociedade mas também o cidadão comum que precisa de outros serviços. As fintech podem ainda ajudar a aumentar a eficiência dos gigantes do mundo financeiro.

Seguradoras modernizam-se mais depressa

Para James Dickerson uma das tendências mais importantes a assinalar nos últimos anos é a o emergir da insurtech — as empresas ligadas à tecnologia para os seguros. “Os seguros têm sido capazes de inovar” a uma maior velocidade do que os bancos o fizeram há quatro ou cinco anos, afirmou o diretor da aceleradora.

A insurtech tem ultrapassado rapidamente desafios que dificultaram o avanço da primeira vaga de fintech, assinalou James Dickerson, e isso deve-se em parte a uma maior movimentação das seguradoras para se relacionarem com as startups. “Se olharmos para há três ou quatro anos, os bancos e as fintechs estavam totalmente separados”, refere Dickerson. “A insurtech é diferente. Veem a oportunidade para trabalharem juntos”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Banca e seguradoras podem e devem colaborar com as fintechs

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião