Robôs usam eletricidade estática para produzir ténis Nike

  • Bloomberg
  • 2 Setembro 2017

Estes robôs são capazes de trabalhar a um ritmo 20 vezes superior ao dos trabalhadores humanos e estão a revolucionar a maneira como a Nike produz uma parte específica do seu calçado.

A parte que mais exige mão-de-obra na fabricação de um par de ténis da Nike é montar a parte flexível do calçado que fica sobre o pé. Em muitos ténis, essa parte superior parece um único pedaço de material sem costura visível, mas na verdade esta pode ser feita de até 40 peças armadas de uma determinada forma e depois aquecidas para se fundirem.

Apesar de os robôs executarem boa parte do processo de fabricação de calçado, esta tarefa específica ainda estava fora do radar das suas capacidades. Até agora, os humanos continuavam no comando.

Contudo, os robôs estão a chegar lá. Há quatro anos, a Nike investiu numa startup chamada Grabit, com sede em Sunnyvale, Califórnia, que usa eletroadesão — o tipo de eletricidade estática que faz com que cabelo se levante quando se esfrega um balão — para ajudar as máquinas a manipularem objetos de novas formas. Mais recentemente, a Nike tornou-se uma das primeiras clientes da startup.

No último mês, a Grabit começou a fornecer às instalações que produzem calçados Nike algumas máquinas de montagem da parte superior do ténis capazes de trabalhar a um ritmo 20 vezes superior ao dos trabalhadores humanos. Até ao fim do ano, cerca de uma dúzia destas máquinas estará a operar na China e no México.

Este pode ser um avanço para a Nike na sua tentativa de mudar os custos de fabrico de calçado para poder realocar o processo de manufatura para mais perto dos grandes mercados consumidores dos EUA e da Europa.

Praticamente todas as empresas que fabricam objetos físicos estão interessadas em automação. Os braços robóticos realizam boa parte do trabalho nas fábricas de automóveis há anos e a Amazon patrocina um concurso anual para estimular académicos a tornarem os robôs suficientemente inteligentes para pegarem objetos que nunca viram. No caso da Grabit, a parceria com a Nike mostra que esse trabalho está a chamar a atenção das empresas de vestuário mais conhecidas do mundo.

Cerca de um milhão de pessoas produzem calçados Nike em 591 fábricas em todo o mundo, segundo a empresa, e essa produção inclina-se fortemente em direção aos mercados de trabalho baratos da Ásia. A Nike mantém um projeto de inovação para fabricação avançada no Oregon, EUA, e em 2015 anunciou uma parceria com a Flex, uma de suas parceiras de fabricação, para desenvolvimento de novas tecnologias.

Segundo o diretor de operações da Nike, Eric Sprunk, numa declaração por e-mail, a Grabit “encaixa-se estrategicamente ao impulso da Nike para acelerar a fabricação avançada”. Grandes concorrentes da Nike como Adidas e Under Armour estão a fazer esforços próprios de fabricação avançada com objetivos semelhantes em mente.

Até o momento os robôs são caros demais para justificar um desempenho regular na fabricação de vestuário, diz Dan Kara, diretor de investigação de robótica, automação e sistemas inteligentes da ABI Research. Mas a tecnologia e os incentivos financeiros estão a mudar de tal forma que apontam para uma grande mudança no equilíbrio entre o trabalho de humanos e máquinas. “Este é um mercado enorme, inexplorado, e as fábricas estão sob pressão para trabalharem de maneira mais eficiente”, disse.

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