Almofada de liquidez deixa Portugal mais descansado, diz FMI

Apesar da visão otimista, o cenário favorável não vai durar para sempre e são necessários mais esforços para garantir uma consolidação orçamental sustentável, alerta o FMI.

A elevada almofada de liquidez de Portugal deixa o país confortável para suportar flutuações de mercado e os custos de financiamento no mercado da dívida deverão manter-se estáveis nos próximos tempos. O país está até bem posicionado para uma redução mais rápida da dívida pública. A visão otimista é do Fundo Monetário Internacional (FMI), que, ainda assim, volta a deixar avisos: este cenário favorável não vai durar para sempre e são necessários mais esforços para aumentar a resiliência do setor financeiro e garantir uma consolidação orçamental duradoura.

“A estrutura relativamente favorável da maturidade da dívida pública de Portugal limita os riscos de curto de prazo de um aumento das yields, mas um ambiente de financiamento menos favorável aumenta o risco de flutuações súbitas nas condições de mercado, caso haja surpresas negativas internas ou choques externos”, aponta o relatório do FMI feito ao abrigo do Artigo IV, publicado esta sexta-feira.

Contudo, admitem os peritos, Portugal está preparado para estas flutuações. “A elevada almofada de liquidez deixa Portugal bem posicionado para suportar flutuações temporárias de mercado”, referem, ressalvando que “as necessidades de financiamento se mantêm elevadas e vão aumentar no médio prazo”. Esta almofada de liquidez é, aliás, um dos critérios que poderá levar as agências de notação financeira a melhorar a avaliação feita a Portugal. Este mês, a Moody’s melhorou a perspetiva do rating de Portugal de “estável” para “positiva”, referindo que a melhoria na estrutura da dívida portuguesa e as “consideráveis” almofadas de liquidez reduzem os riscos de financiamento do país.

Mas o objetivo não é manter a almofada tão elevada eternamente. Em entrevista ao ECO, Cristina Casalinho, presidente do IGCP, admitiu que “não faz sentido ter uma almofada de liquidez considerada demasiado generosa” e que “é preciso encontrar um equilíbrio a esse respeito”.

Redução da dívida vai acelerar

Na avaliação que publica esta sexta-feira, o FMI prevê que os custos de financiamento se mantenham “geríveis”, mas alerta que “mais esforços para melhorar a resiliência do setor financeiro, garantir uma consolidação orçamental duradoura e aumentar o potencial de crescimento são essenciais para manter a confiança dos investidores e reduzir as vulnerabilidades de médio prazo“.

O fundo reconhece, por outro lado, que o ritmo de crescimento da economia nacional, bem como as condições favoráveis dos mercados financeiros facilitaram a redução do défice orçamental em 2016 e 2017. Contudo, “a dívida pública mantém-se como uma vulnerabilidade significativa e deverá manter-se elevada no médio prazo”. Ainda assim, a atual conjuntura traz uma oportunidade favorável para “uma consolidação estrutural mais ambiciosa e uma redução mais rápida da dívida pública”.

E o FMI prevê mesmo que a redução da dívida venha a acelerar nos próximos cinco anos. No último relatório com as previsões económicas mundiais, o fundo antecipava que a dívida pública se fixasse em 122,9% do PIB português em 2022. Já no relatório publicado esta sexta-feira, o FMI revê esta previsão em baixa, antecipando agora que o rácio da dívida pública em relação ao PIB seja de 114% em 2022. Já em 2017, o FMI antecipa que a dívida fique em 125,7% do PIB, uma revisão em ligeira baixa face aos 125,8% que tinha previsto em junho.

“A redução da dívida que projetamos é maior do que a que foi feita na altura da quinta avaliação [pós-programa de assistência financeira], o que reflete a revisão em alta do crescimento do PIB para o período de 2017 a 2020”, justifica o FMI.

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