WSJ: Portugal, uma lição para os eurocéticos britânicos
"Portugal conseguiu uma reviravolta com a qual os conservadores britânicos só conseguem sonhar", considera o The Wall Street Journal. Mas até a melhor lição tem falhas.
A recuperação da economia portuguesa e a surpreendente decisão da Standard and Poor’s de subir o rating de Portugal, retirando-a do “lixo”, continua a merecer citações na imprensa internacional. Desta vez foi a vez do The Wall Street Journal (WSJ) destacar Portugal como um exemplo que os eurocéticos devem ter em atenção, nomeadamente dos britânicos, que no ano passado decidiram divorciar-se da União Europeia.
Numa peça intitulada “A Portuguese Lesson for Britain’s Euroskeptics” (acesso condicionado), ou em Português, “uma lição portuguesa para os eurocéticos britânicos”, o jornal afirma que o nosso país não precisou das ferramentas europeias que os descrentes na união económica e monetária criticam, como a desvalorização da moeda, integração fiscal ou mutualização da dívida, para recuperar.
"Na verdade, Portugal conseguiu uma reviravolta com a qual os conservadores britânicos só conseguem sonhar.”
“Na verdade, Portugal conseguiu uma reviravolta com a qual os conservadores britânicos só conseguem sonhar”, pode ler-se no artigo, que enumera a redução do défice e o equilíbrio da balança fiscal como as provas dessa reviravolta. “Fez isto sem a ajuda da desvalorização, ou sequer da integração fiscal ou da mutualização da dívida”.
Considerando que “os eurocéticos britânicos têm vindo a prever o fim do euro desde que a moeda foi lançada”, “avisando que está condenado ao falhanço, que é ‘uma ponte a arder sem saída”, o jornal contraria o determinismo com o facto de “um dos elos mais fracos da Zona Euro parecer cada vez mais seguro”. Com a libra a afundar e o país a tentar mostrar resultados num período conturbado, os valores económicos defendidos pelo Reino Unido “são a lição errada”.
A melhor lição também tem falhas
Ainda que seja uma lição a aprender, não quer dizer que esta não apresente falhas. O WJS afirma que o Banco Central Europeu “demorou muito tempo a resolver os problemas no sistema bancário da Zona Euro”, o que manteve “o fluxo de crédito constrangido”. Em conjunto com as “ineficiências nos regimes de insolvência nacionais que continuam a atrasar a reestruturação de dívida”, fez com que os países não conseguissem recuperar a tempo de evitar consequências piores.
"Tal como muito países da zona euro, tem de aumentar a produtividade para reduzir todas as dúvidas acerca da sustentabilidade da dívida a longo prazo.”
“E ninguém pode alegar que Portugal ou a Zona Euro está a salvo”, diz o jornal, apontando para o malparado dos setores público e privado portugueses como um motivo para este continuar “vulnerável a um choque”. “Tal como muito países da Zona Euro, tem de aumentar a produtividade para reduzir todas as dúvidas acerca da sustentabilidade da dívida a longo prazo”.
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