Passos: “Se ficasse, diriam que estava agarrado ao lugar”

Pedro Passos Coelho diz que quis que a reflexão fosse rápida de modo a não deixar o partido numa situação de suspensão sobre a decisão. Não se demite, mas não vai recandidatar-se à liderança do PSD.

Foto: Paula Nunes/ECO

Pedro Passos Coelho confirma: não vai recandidatar-se à liderança do PSD no seguimento dos resultados nas eleições autárquicas, que classificou de “maus” e “pesados”. “É a decisão que faz sentido”, afirmou Passos Coelho, salientando que não se demite, mas abre caminho uma “nova liderança do PSD terá melhores possibilidades de progressão do que uma que eu pudesse encabeçar”. “A minha obstinação não é com os lugares”, rematou, sugerindo diretas já em dezembro.

Passos quis começar por expressar a sua “surpresa com os resultados. Não foi um resultado que esperasse. Este resultado pode, dois dias depois, parecer não tão pesado para o PSD como no domingo. Pode achar-se que tendo igualado os votos de 2013, o resultado possa não ter sido tão mau. Mas creio que o resultado foi pesado”, disse.

"Disse que não me demitia. Mantenho. Não apresentei a minha demissão, mas não saio ileso deste resultado. Não posso deixar de tirar consequências. A consequência exprime-se na minha decisão de não apresentar a minha recandidatura à liderança do PSD.”

Pedro Passos Coelho

Presidente do PSD

“Só temos um resultado comparável em número de câmaras em 1982 na sequência de uma situação complexa. Foi o pior resultado desde 1982. Isto chega para quem gosta de assumir responsabilidade… não dá grande margem de manobra. Foi mau e foi pesado“, disse, criticando depois o BE e PCP por não reconhecerem resultados negativos, destacando pela positiva o CDS e Assunção Cristas em Lisboa.

Estes resultados de eleições locais “também penalizam a liderança nacional. Disse que não me demitia. Mantenho. Não apresentei a minha demissão, mas não saio ileso deste resultado. Não posso deixar de tirar consequências. A consequência exprime-se na minha decisão de não apresentar a minha recandidatura” à liderança do PSD.

Esta decisão prende-se não só com a assunção da responsabilidade na sequência deste resultado, mas com a assunção de que uma nova liderança do PSD terá melhores possibilidades de progressão do que uma que eu pudesse encabeçar“, diz Passos. “Penso isso porque o ambiente que se gerou ao longo destes dois anos torna os resultados das eleições a afirmação de uma alternativa em vez de libertar o PSD para a construção de uma alternativa.”

Passos diz que esta decisão de não se recandidatar “é a decisão que faz sentido”, até porque diz que não está agarrado ao lugar. “Se eu permanecesse como líder do PSD, em vez de estar a construir uma alternativa de Governo, estaria a combater a ideia de que estava agarrado ao poder, a resistir à mudança para quem quer levar o partido a melhor porto. A minha obstinação não é com os lugares”, rematou.

Diretas em dezembro

“Sinto esta decisão como lúcida”, refere Passos, aproveitando para apontar para a marcação das eleições internas. “Quero mostrar a minha disponibilidade para sair mais cedo se o partido achar por bem“, disse o ainda líder do PSD, sugerindo que as eleições diretas sejam em dezembro. Estas eleições poderão acontecer a 2 de dezembro.

Passos quer sair para dar lugar a uma nova liderança, mas a sua saída “não significa que me vá calar para sempre. Não deixarei de lutar pelo meu partido. Não ficarei cá a rondar nem a assombrar. Desejo o melhor para o meu partido e para o meu país. E quaisquer que sejam os novos protagonistas do PSD, poderão contar com a minha lealdade”.

(Notícia atualizada às 21h46)

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